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  • Todo dia é um novo 7 x 1

    Ou o Varguismo não dá folga Um dos assuntos que mais vêm movimentando as redes sociais brasileiras recentemente é o fim da escala 6 x 1, onde o trabalhador tem um dia de descanso após seis dias consecutivos de trabalho. A proposta, de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), prevê inicialmente a substituição dessa escala por outra que, supostamente, trará mais qualidade de vida aos trabalhadores. Segundo a própria autora, a ideia seria apresentar uma proposta bastante ambiciosa para, após muitos debates, definir um projeto mais adequado à realidade. A princípio, a escala proposta é a 4 x 3, que visa ampliar o período de descanso e recuperação, esperando-se um aumento significativo de produtividade, dignidade e qualidade de vida para o trabalhador. A questão que tem gerado muitas discussões é a viabilidade do projeto, diante da relação custo-benefício. Muitos alegam que a demanda por serviços aos fins de semana impõe a necessidade de manutenção do comércio e até mesmo de setores da indústria em funcionamento aos sábados, domingos e feriados. Assim, para garantir a continuidade da oferta, seriam necessárias contratações de mão de obra (o que seria muito bom) ou horas extras. Em qualquer dos casos, poderia haver elevação dos custos de oferta, que seriam, possivelmente, repassados aos usuários ou consumidores, podendo gerar inflação e/ou desemprego. De fato, segundo estudo elaborado  pelo International Institute for Management Development (IMD), em parceria com o Núcleo de Inovação e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral (FDC), o Brasil ocupa a posição 62 dentre 67 países analisados. Contudo, ainda de acordo com o estudo, os fatores que puxam para baixo a classificação brasileira são: ineficiência do estado e das empresas, intervencionismo estatal, alta carga tributária, elevada burocracia, índices educacionais ruins, baixo domínio de outros idiomas, e a lista prossegue. Não é possível interpretar e agir sobre problemas fundamentais que afetam a maior parte da população com decisões rápidas ou emocionais. Usando um aforismo que já se tornou " meme " nas redes sociais: " problemas difíceis não são fáceis ". Não pretendemos dar um veredito sobre este tema, nem tampouco agir publicitariamente afirmando, como temos visto em diversos canais de mídia, " o que não te disseram sobre o fim da escala 6x1 ", ou ainda " tudo o que você precisa saber sobre o fim da escala 6x1 ". Ainda que este texto seja opinativo, nosso objetivo é agregar mais informações para que você, leitor, decida o que pensar sobre este tema. Ainda não se passaram 10 anos desde a aprovação da Lei Complementar 150/2015, que regulamentou a Emenda Constitucional nº 72, agregando novos direitos às empregadas domésticas. Naquela época, da mesma forma, pretendeu-se agregar cidadania e qualidade de vida às trabalhadoras domésticas, regulando sua participação no mercado de trabalho. Entretanto, segundo informado pela Agência Brasil em 02/04/2023: " Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, em dez anos, o número de empregadas domésticas diminuiu. Neste período, houve crescimento da atuação de diaristas. Atualmente, três em cada quatro trabalhadoras domésticas no Brasil ". Entendemos que, após a regulamentação, os empregadores buscaram os serviços de diaristas, limitando a dois dias por semana para evitar os custos agregados pela formalização. Na mesma publicação, a Agência Brasil também informa que a crise da pandemia agravou o problema: "A classe média foi o segmento que mais perdeu renda durante a pandemia, afetando as contratações de domésticas mensalistas. Além disso, com a adoção do home office, muitos assumiram parte das tarefas domésticas antes desempenhadas pelas trabalhadoras domésticas". Assim, as empregadas domésticas se tornaram reféns e soterradas sob o concreto da legislação trabalhista. Para falar de legislação trabalhista, precisaremos iniciar com Getúlio Dornelles Vargas, nosso 14º e 17º presidente. É muito comum ouvirmos dizer que foi graças à benemerência de Vargas que o trabalhador pôde ser protegido das agruras do mercado de trabalho. Bem, as coisas não são exatamente assim. O governo de Getúlio Vargas, ao sancionar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1º de maio de 1943 em pleno estádio de São Januário no Rio de Janeiro, não pode ser considerado o criador das leis de proteção ao trabalhador no Brasil, como muitas vezes é retratado. A CLT foi, na verdade, uma consolidação das normas trabalhistas que já existiam antes de sua sanção, reunindo-as em um único texto legal. Ainda que algumas novas regras tenham sido criadas àquela época, consolidar e criar são conceitos diametralmente opostos, e é fundamental entender essa distinção ao analisar a evolução do direito trabalhista brasileiro. O Decreto nº 1.313  de 1891 iniciou a regulamentação do trabalho de crianças e adolescentes exclusivamente na Capital Federal (RJ), assinado pelo chefe do governo provisório, Deodoro da Fonseca. Esse decreto foi uma das primeiras normativas no Brasil que estabeleceu restrições ao trabalho infantil, proibindo o emprego de crianças menores de 12 anos em fábricas. A primeira grande lei voltada para os direitos dos trabalhadores foi a Lei nº 3.724/1919 , que estabeleceu as bases para a proteção do trabalhador em caso de acidente de trabalho. Foi a primeira legislação brasileira a regular as obrigações decorrentes de acidentes de trabalho, estabelecendo o seguro obrigatório contra acidentes do trabalho em algumas atividades. O Decreto nº 16.300  de 1923, assinado por Arthur Bernardes, regulamentava o Departamento Nacional de Saúde Pública, o trabalho nas fábricas e oficinas, incluindo medidas para proteger mulheres e crianças, estabelecendo limitações para jornadas e condições de trabalho. O Decreto nº 4.982 , de 24 de dezembro de 1925, foi o primeiro a estabelecer o direito a férias remuneradas para os trabalhadores do setor privado no Brasil. O decreto estabelecia que os empregados e operários de estabelecimentos comerciais, industriais, bancários e de instituições de caridade e beneficência deveriam receber 15 dias de férias anualmente, sem prejuízo do seu salário. As férias podiam ser concedidas de uma só vez ou parceladas. Em 1943, o governo Vargas, por meio do Decreto-Lei nº 5.452, consolidou essas leis dispersas em um único código, tornando o direito trabalhista mais claro e acessível. Portanto, tratava-se essencialmente de um aprimoramento. Embora a CLT tenha sido responsável por algumas inovações, como o estabelecimento de um terço de férias ou a criação da Justiça do Trabalho, como vimos, muitas dessas inovações estavam dentro de um contexto maior de aperfeiçoamento das leis já existentes. A eleição direta e com voto secreto que escolheu os deputados constituintes, os quais elaboraram a nova Carta Constitucional de 1934, incluiu em seu texto diversos artigos que contemplavam aqueles decretos e leis de proteção ao trabalhador. Vargas, naquele momento, sancionou o que os constituintes democraticamente escolhidos redigiram e aprovaram. Esse entendimento é fundamental para esclarecer que, ao contrário do que muitas vezes é sugerido, as leis de proteção ao trabalhador no Brasil não surgiram apenas com Getúlio Vargas, mas sim com um processo gradual e progressivo de regulamentação trabalhista que já estava em curso nas décadas anteriores, muito antes de 1943. Não se pode negar que, para aquele tempo, a legislação trabalhista foi fundamental para estabelecer os moldes e resguardar a dignidade, formatando o trabalho em caracteres cidadãos e protegendo a saúde e a vida dos trabalhadores. Mas vivemos novos tempos. Novos trabalhos, modalidades e formatos surgiram ao longo do tempo, tornando explícito o dinamismo das novas relações de trabalho. Conforme vimos, as legislações, a cada ano mais ampliadas, têm reforçado os baixos índices de produtividade e competitividade. O estudo citado reflete este problema quando destaca a " ineficiência do estado e das empresas, intervencionismo estatal, alta carga tributária, elevada burocracia, índices educacionais ruins, baixo domínio de outros idiomas " (...). Se tomarmos por base a realidade e a história, e não apenas as boas intenções, relembraremos o exemplo das empregadas domésticas citadas anteriormente. Constataremos que, em um dos países menos burocráticos nas questões trabalhistas, os Estados Unidos, atraem-se ano após ano massas de trabalhadores brasileiros, muitos deles ilegais, buscando na quase total ausência de regulamentações uma oportunidade de ganhos financeiros reais. O Brasil, como fornecedor de commodities, tem sido bem-sucedido, mas quando entra na disputa por mercados internacionais de produtos industrializados, se vê ancorado pela sua legislação. Nossos custos são maiores. Se observamos o setor terciário da economia, que abrange o comércio e a prestação de serviços, percebemos que a geração de vagas está sujeita às limitações de demanda de consumo, e esta se vincula aos custos da produção industrial. Temos um círculo vicioso que vai estagnando nosso ambiente econômico e de trabalho. Finalmente, é fundamental refletir sobre as propostas regulamentadoras, para além dos benefícios imediatos, do raciocínio simplista e da satisfação dos desejos mais imediatos. O assunto é sério, envolve nosso presente, mas principalmente nosso futuro. Se não atentarmos para a escala 6 x 1 agora, teremos em breve mais um 7 x 1. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 48 – Edição de Novembro de 2024 - ISSN 2764-3867

  • Quando Governos Democráticos Mentem

    Antes que o leitor, baseado somente no título do presente artigo, tire precipitadas conclusões, este articulista já responde: não, não trataremos no presente artigo de nada que envolva questões político/partidárias/eleitoreiras no contexto nacional. Pelo cargo exercido pelo articulista, impedido está de imiscuir-se nesta seara. A Lei nacional não impede, no entanto, intromissões do articulista em assuntos internacionais, mormente daqueles muito em destaque no atual contexto momentâneo: a invasão da Ucrânia. Porém, antes mesmo de iniciarmos as discussões que intencionamos, mister explicar as razões que levaram o subscritor deste a tal assunto. É cediço que a grande mídia, há tempos, não mais preocupa-se em divulgar a verdade. Seja por interesses comerciais ou mesmo ideológicos, a mídia atualmente preocupa-se mais com narrativas, escândalos, futilidades direcionadas e notícias tendenciosas do que, propriamente, com a séria divulgação de fatos. A posição de Juca Chaves mostra-se totalmente atual quando, tempos atrás, disse que “a imprensa é muito séria, se pagar eles publicam até a verdade”. Porém, como em todas as atividades humanas onde há uma grande gama de participantes, a imprensa ainda detém instituições e profissionais sérios que, a despeito de não seguirem o que podemos qualificar como politicamente correto (que, muitas vezes, de correto não tem nada), cumprem com o papel de informar e divulgar a verdade. No atual contexto, o que se reverbera na grade mídia é o absurdo da invasão da Ucrânia pela Federação Russa. Demonstra-se, de forma muito incisiva, as inúmeras e tristes mortes de civis, a destruição de imóveis e infraestrutura, a crise de refugiados, dentre outras abomináveis situações causadas por qualquer guerra, que tem na população a sua maior vítima. Divulga-se que a principal justificativa para a invasão seriam as intenções da Ucrânia de passar a fazer parte da OTAN, a aliança militar de vários países ocidentais, e defende-se a autonomia de qualquer país para tal. Nesse conturbado ambiente de informações, temos, no entanto, que buscar alguma concretude, salientando que, muitas vezes, não há lado certo em uma guerra. Que fique bem claro: não defendemos as atitudes da Federação Russa e muito menos os argumentos de seu Presidente, até pelo contexto histórico da Rússia. Para quem desconhece, a Rússia é uma nação que, após a revolução de 1917, não somente passou a ter a desinformação como política de Estado, quanto também fez com que referido tipo de política atingisse níveis absurdos. Durante a guerra fria, houveram períodos em que a União Soviética tivera mais agentes ativos de desinformação do que militares em suas forças armadas. Portanto, tudo o que vem da Rússia deve ser visto com grande desconfiança, principalmente se considerarmos que as premissas totalitárias do comunismo que alega-se não mais existente em referida nação ainda encontram-se plenamente em vigor. Assim concluímos pois a forma como a Federação é gerida está longe de autorizar que seja ela qualificada como uma democracia plena, seja pela perseguição à desafetos políticos, membros da própria imprensa bem como de grupos “indesejados” pelo núcleo do Estado, e ainda pela inexistência de razoável liberdade partidária de oposição ao estamento atual. Soma-se a tudo isso a mantença indistinta, mesmo após o findar da União Soviética e, por conseguinte, da Guerra Fria, da consideração do ocidente como um inimigo. Quanto ao seu Presidente, deixaremos que sua qualificação opinativa fique sob a responsabilidade do leitor, para que não pessoalizemos a discussão. Por tais nuances, o mote da presente discussão não serão as alegações do Estado Russo. O título do artigo remete-nos a um outro Estado: os Estados Unidos da América. Ainda que o incauto enxergue, muitas vezes contaminado por inclinações ideológicas, os Estados Unidos como sendo sinônimo de imperialismo (apesar de nunca ter, efetivamente, agido como uma potência colonialista, assim como eram o Império Britânico, a França e, em menor grau, a Holanda e a Bélgica) e guerras, não podemos olvidar que tal nação é, em nosso mundo contemporâneo, a que mais concretamente espelha o conceito de liberdade (que muitos confundem com libertinagem). É claro que, assim como todas as outras nações do mundo, detém eles sérios problemas sociais, o que não impede de reconhecermos os ganhos advindos com a liberdade, seja de pensamento e opinião, ou mesmo a liberdade econômica e empresarial. Dentre as revoluções da segunda metade do milênio passado, fora somente a revolução americana, com a posterior independência das treze colônias, a emissão da declaração de independência e a promulgação de uma Constituição, que realmente espelhara no mundo ocidental uma revolução realmente libertadora e que primara, com considerável preocupação, pela efetivação de instrumentos garantidores dessa liberdade. Qualquer pessoa minimamente esclarecida tem conhecimento dos frutos gerados por essa liberdade, alguns amargos mas, em sua grande maioria, doces e saborosos. A liberdade, enquanto conceito, não é uma carta branca para o indivíduo fazer o que bem entender. Com liberdades, advém responsabilidades. É justamente o correto balanço entre liberdades enquanto direitos, e responsabilidades enquanto obrigações, que induz ao desenvolvimento de qualquer sociedade. O por tratar de responsabilidades, temos que uma responsabilidade de grande monta é a do chefe de uma nação democrática, escolhido pelo voto popular. Referido mandatário recebe do povo, o verdadeiro detentor do poder em qualquer país livre, uma especial autorização para agir em seu nome. Justamente pela natureza de tal representação, cabe ao mandatário agir com a maior transparência possível, deixando bem claro ao povo as razões de seus atos. Surge então uma importante indagação, que ilustra o título do presente artigo: o que ocorre, então, quando governos democráticos mentem? A mentira é tão antiga quanto o ser humano, e detém, além de várias formas de se externar, diferentes graus e consequências. Mas, o que dizer de uma mentira deliberada, com interesses escusos, e que pode causar sérias consequências para toda a humanidade, para não dizer a sua possível extinção? E se tal mentira tiver como percussor àquele quem mais deveria espelhar os ideais de transparência? Para responder a essas perguntas, temos que retornar ao motivo que ensejou a sua discussão. Como é de conhecimento público, a Federação Russa invadiu o território da Ucrânia na data de 24 de Fevereiro de 2022, iniciando um conflito armado de severas proporções. Midiaticamente, a razão de tal invasão seria a intenção Russa de evitar a entrada da Ucrânia na OTAN, e ainda a discussão acerca de territórios separatistas, além da questão da Crimeia. No início do conflito, no entanto, algumas notícias nos levavam a induzir que a invasão poderia ter tido o seu estopim com a constatação de que os Estados Unidos estariam mantendo laboratórios de armas biológicas em território ucraniano. O porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, chegou a dizer em 13 de Março que “Durante a condução da operação militar especial, foram encontradas evidências de que o regime de Kiev se apressou para eliminar vestígios do programa biológico militar financiado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos na Ucrânia”. A grande mídia, extremamente preocupada com notícias falsas (contém sarcasmo, para que fique bem claro) logo tratou de refutar referidas “teorias da conspiração”. As fontes que refutaram tais informações, conforme divulgado pela rede de notícias “USA TODAY”, seriam membros não identificados do Governo Ucraniano, bem como funcionários do Departamento de Estado Americano, os quais, podemos concluir, não têm muita credibilidade quando o assunto é negar algo que os possa implicar. Apesar do recorrente afastamento dessa “teoria conspiratória”, ainda assim diversos outros atores entraram em cena. Até a União Europeia negou a existência de tais laboratórios, tratando tal teoria como pura desinformação Russa aumentada pela China. Porém, algumas questões chamaram a atenção desse articulista. A primeira delas, a qual buscamos verificar diretamente, fora uma mensagem divulgada no ano de 2020 na página oficial da embaixada dos Estados Unidos na Ucrânia, mencionando o auxílio americano, através do Programa de Redução de Ameaças Biológicas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, no “programa de redução de ameaças biológicas na Ucrânia”. Menciona a notícia que: “ O Programa de Redução de Ameaças Biológicas do Departamento de Defesa dos EUA colabora com países parceiros para combater a ameaça de surtos (deliberados, acidentais ou naturais) das doenças infecciosas mais perigosas do mundo. O programa cumpre sua missão de redução de bio-ameaças através do desenvolvimento de uma cultura de gestão de bio-risco; parcerias internacionais de pesquisa; e capacidade de parceiro para medidas aprimoradas de bio-segurança, bio-salvaguarda e biovigilância. As prioridades do Programa de Redução de Ameaças Biológicas na Ucrânia são consolidar e proteger patógenos e toxinas cuja segurança gere preocupação, e continuar a garantir que a Ucrânia possa detectar e relatar surtos causados por patógenos perigosos antes que representem ameaças à segurança ou à estabilidade”. Como podemos ver, o Programa de Redução de Ameaças Biológicas (Biological Threat Reduction Program – BTRP, no original) é um programa do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, e não um programa científico qualquer. Segue a notícia aduzindo que, ainda em 2020, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos atualizou laboratórios e construiu outros na Ucrânia: “ A BTRP atualizou muitos laboratórios para o Ministério da Saúde e o Serviço Estadual de Segurança Alimentar e Defesa do Consumidor da Ucrânia, atingindo o Nível 2 de Biossegurança. Em 2019, a BTRP construiu dois laboratórios para este último, um em Kiev e outro em Odesa”. A primeira pergunta que nos vem à mente: se é um programa científico que visa reduzir riscos de patógenos potencialmente causadores de danos à população, qual a razão de tal programa ser patrocinado (conduzido, na verdade) pelo Departamento de Defesa? Voltando um pouco no tempo, fora possível encontrar uma postagem do próprio Departamento de Defesa em seu sítio eletrônico institucional, em 2010, que mencionava que: “ o senador norte-americano Dick Lugar aplaudiu a abertura do Laboratório Central Interino de Referência em Odessa, Ucrânia, esta semana, anunciando que será fundamental na pesquisa de patógenos perigosos usados por bioterroristas. O laboratório de biossegurança nível 3 será usado para estudar antraz, tularemia, febre Q, bem como outros patógenos perigosos”. Mas as questões não param por aí. O início da ofensiva russa ocorrera com intenso bombardeio de algumas áreas em todo o país, sendo possível notar que alguns dos ataques deram-se em locais sem qualquer interesse aparentemente estratégico, sem que também tenha atingido qualquer infraestrutura civil. Naquele momento, o próprio ofensor alegou que visava estruturas militares, principalmente aeródromos. Tempos antes, o Ministério das Relações Exteriores da China publicou que os Estados Unidos teriam 336 laboratórios sob seu controle, distribuídos em 30 países. Somente na Ucrânia haveriam 26 de tais laboratórios. Coincidentemente, os bombardeios iniciais ocorreram justamente nos locais onde supostamente existiriam laboratórios patrocinados (ou conduzidos) pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos: A fotografia mostra os primeiros locais bombardeados pela Rússia quando do início da invasão a Ucrânia. É claro que tal coincidência entra as alegações Chinesas e os atos Russos podem, claramente, tratar-se de estratagema de desinformação, razão pela qual não poderíamos considerá-la como fidedigna. Porém, no último dia 10 de Março, tornara-se pública uma recomendação da Organização Mundial da Saúde dirigida ao Governo Ucraniano, onde este era instado a destruir patógenos de alta ameaça alojados nos laboratórios de saúde pública do país. A recomendação visava evitar “qualquer derramamento potencial” de patógenos que poderiam espalhar doenças entre a população. Ao ser questionada sobre referida recomendação, a OMS não dera detalhes sobre quais tipos de patógenos estariam alojados nos laboratórios ucranianos. O fato mais sério de toda essa celeuma, no entanto, dera-se em razão do testemunho prestado por uma alta funcionária do Governo Americano perante o Comitê de Relações Exteriores do Senado no dia 08 de Março de 2022. O nome de tal funcionária é Victoria Jane Nuland, que atualmente exerce a função de subsecretária de Estado do governo Americano, responsável pela Ucrânia. Para o público brasileiro, que não conhece bem os integrantes da estrutura do Governo dos Estados Unidos (este articulista nunca antes ouvira dela falar), temos que explicar quem é a pessoa carinhosamente conhecida por Toria Nuland. Toria Nuland é uma diplomata norte-americana, casada com o influente escritor e conselheiro eventual de política externa de governos americanos Robert Kagan. Kagan foi, juntamente com Bill Kristol e Jeffrey Goldberg, o responsável por divulgar publicamente a mentira de que o regime iraquiano detinha relação com o ataque de 11 de Setembro, convencendo a opinião pública americana de que a invasão do Iraque era uma necessidade. Kagan é membro do Conselho das Relações Exteriores. Para quem não conhece ou não sabe o que faz o Conselho de Relações Exteriores, mais conhecido pela sua sigla no original em inglês, CFR (Council on Foreign Relations), temos uma má notícia: o Google não te ajudará! Se pesquisarmos notícias sobre o CRE em português, a principal referir-se-á ao fato de que George Clooney passou a integrá-lo. Quem quiser saber um pouco mais, sugerimos a leitura dos livros “Política, Ideologia e Conspirações”, escrito em 1971 por Gary Allen e Larry Abraham, ou então o mais recente “Os Donos do Mundo”, de Cristina Martin Jimenez. Voltemos à esposa de Kagan: Nuland atua na alta administração do Governo americano há anos. Foi assessora de segurança nacional adjunta do ex-vice-presidente Dick Cheney, bem como embaixadora na OTAN durante o governo Bush. Na atualidade, enquanto responsável pela política externa em relação à Ucrânia, resta claro que tem conhecimento específico do que ocorre lá. Aliás, é de bom alvitre mencionar, Nuland atuou incisivamente nos atos que culminaram com a revolta ucraniana que ficou conhecida como “Euromaidan”. As manifestações em questão, que iniciaram-se em 2013, deixaram um saldo de mais de 100 mortos, e culminaram no ano seguinte com a deposição do então presidente Viktor Yanukovych, outrora apoiado pelo Kremlin. No mês seguinte à deposição de Yanukovych, a Rússia anexou a península da Crimeia. Na citada audiência no senado, ao ser diretamente questionada pelo Senador Marco Rubio se a Ucrânia tinha armas biológicas, a resposta fora tanto inesperada quanto surpreendente. Mister transcrevê-la: “ A Ucrânia tem instalações de pesquisa biológica que, de fato, agora estamos bastante preocupados que as tropas russas, as forças russas, possam estar tentando obter o controle. Portanto, estamos trabalhando com os ucranianos em como eles podem impedir que qualquer um desses materiais de pesquisa caia nas mãos das forças russas, caso se aproximem” Ora, para um entendedor médio, a confirmação de que a Ucrânia tem “instalações de pesquisa biológica” cujo material teme-se poder cair em poder Russo é, definitivamente, contrário ao discurso de que não há laboratórios de armas biológicas na Ucrânia. Para quem assistiu o vídeo, vemos claramente o desconforto da subsecretária ao responder tal questão, desconforto esse que não coaduna, minimamente, com o fato de alguém com seu currículo falar em público ou mesmo em uma audiência no Senado. Infelizmente, e num comportamento que parecia quase que planejado, o senador inquiridor mudou de assunto, chegando ao ponto de perguntar se, eventualmente, ocorresse um acidente onde fossem espalhados patógenos externamente, se isso seria culpa da Rússia, tendo Nuland prontamente respondido que sim. Pois bem: a Ucrânia é um dos países mais carentes da Europa, razão pela qual dificilmente poderíamos acreditar que ali encontravam-se sendo desenvolvidas pesquisas biomédicas e/ou farmacêuticas de ponta. E o pior de tudo é saber que referidas instalações não são patrocinadas por indústrias farmacêuticas, mas por nada mais nada menos do que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos. Ligando todos esses pontos, vemos que alguma concretude há nessas notícias. A recomendação da Organização Mundial de Saúde ao Governo Ucraniano supostamente decorrera da total inabilidade do Governo Americano, já fartamente demonstrada na retirada das tropas do Afeganistão, em proteger os patógenos que encontravam-se em referidos laboratórios, mesmo diante da iminência da invasão russa. O fato do Departamento de Defesa dos Estados Unidos patrocinar e incentivar a instalação dos laboratórios já demostra qual seria a sua finalidade. A confissão da subsecretária de Estado de que a Ucrânia, de fato, tem instalações de pesquisas biológicas cujos materiais de pesquisa teme-se caírem em poder russo, aliado ao fato que de referidas instalações são vinculadas ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos, nos dá uma pequena dimensão do problema. Mas, o pior de tudo, é o Governo democrático, mesmo diante de tudo isso, continuar negando o inegável. O porta-voz do Pentágono, John Kirby, no dia 14 de Março, falou claramente, sobre a questão das armas biológicas na Ucrânia, narrando que: “ as acusações russas são absurdas, elas são risíveis e, nas palavras do meu avô católico irlandês, muita besteira. Não há nada disso. É a clássica propaganda russa e eu não, se fosse você, eu não perderia meu tempo”. O canal FoxNews, ao perguntar formalmente ao Departamento de Defesa dos Estados Unidos sobre tais instalações, recebera como resposta: “ O Departamento de Defesa dos EUA não possui ou opera laboratórios biológicos na Ucrânia. A subsecretária Nuland estava se referindo aos laboratórios Ucranianos de diagnóstico e biodefesa durante o seu depoimento, que não são instalações de armas biológicas. Essas instituições combatem as ameaças biológicas em todo o país.” Tucker Carlson, apresentador da FoxNews, em um dos seus programas, fez uma feliz comparação. Ele sustentou que podemos citar que o estoque de armas nucleares dos Estados Unidos são somente para defesa, pois não são projetadas para matar ninguém especificamente e/ou preventivamente. Elas são projetadas para impedir que outras pessoas os matem, mas ainda assim são armas nucleares. Da mesma, se podemos considerar eventuais “pesquisa de patógenos perigosos usados por bioterroristas” como estudos biológicos defensivos, é fácil concluir que não perdem eles a capacidade de utilização como armas ofensivas. A forma de utilização (defensiva ou ofensiva) não transmuta a qualidade de nenhuma arma. E, se realmente o propósito fosse somente uma ingênua pesquisa defensiva, qual a razão da grande preocupação de que tais pesquisas sejam encontradas pelas forças armadas russas? Ora, ao constatarmos que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, por mais que não “possua” ou “opere” laboratórios biológicos na Ucrânia, atua incisivamente em seu patrocínio na condição de parceiro, resta evidente a sua participação no que lá é ou possa ser produzido. Ao tentar o Governo Americano sustentar que tais laboratórios não intencionam produzir armas biológicas, mas simples pesquisas de patógenos que podem ser utilizados por bioterroristas, vislumbra-se uma clara incongruência em tal discurso. Ora, por suposições muito mais vagas os Estados Unidos envolveram-se em vários eventos de maiores proporções. Podemos, só de forma exemplificativa, citar o incidente no golfo de Tonkin, cujas investigações posteriores concluíram nunca ter de fato ocorrido, mas que serviu de pretexto para o Congresso dos Estados Unidos aprovar a entrada do país na guerra do Vietnã. Temos ainda a suspeita, posteriormente confirmada como fato inexistente, da existência de armas de destruição em massa no Iraque. E, por falar em suposições, não nos esqueçamos do caso dos e-mails extraídos do computador do filho do presidente Joe Biden, demonstrando uma suposta influência do presidente nas relações comerciais de seu filho com a empresa de gás ucraniana Burisma. Estranhamente, tal caso não fora devidamente apurado e, ao revés, fora utilizado como arma política contra Donald Trump por supostamente ter pedido ao Presidente da Ucrânia que reabrisse a investigação. Concitamos o leitor: use sua inteligência e ligue os pontos! Não sabemos quais serão as consequências da guerra, e até onde pode ela chegar. No entanto, o fato por si só já dividiu o mundo como não se via – abertamente – desde o fim da União Soviética. Por mais que não defendamos nenhuma guerra, cujas consequências e sofrimentos primários são atribuídos mais diretamente àqueles que menos tem participação em sua eclosão, temos que entender as reais razões que levaram a sua existência. O que não podemos, de maneira alguma, é elegermos um lado como certo, baseado exclusivamente no que a grande mídia divulga. E é justamente por não podermos acreditar cegamente na mídia, que esperamos que, no mínimo, um governo eleito democraticamente não minta. Da afirmação do título finalizamos com uma pergunta: o que fazer quando governos democráticos mentem? Rogamos que referia pergunta possa ser respondida por quem ainda tenha possibilidade de evitar as suas consequências, e não por historiadores do futuro (se é que existirão). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 08 – Edição de março de 2022 - ISSN 2764-3867

  • O deep state do deep state

    Sociedades secretas existem desde que o mundo é mundo, e grupos de extermínio altamente sofisticados, surgidos quase que paralelamente a elas, também. Eles são o lado mais obscuro do sistema. O cinema tem tratado esses grupos de uma forma bem crua e até certo ponto poética, como convém à arte, dando a eles uma roupagem, às vezes espiritual, como em “Assassin's Creed ” (2016), onde uma sociedade ancestral de assassinos se vê às voltas com – outra sociedade secreta – os Templários por conta de um imbróglio envolvendo a maçã que estava no Jardim do Éden. Podemos ver também a presença desse submundo quase que onipresente em “Vidas em Jogo” (1997), um dos filmes mais subestimados do sempre excelente David Fincher, e também no irregular “O Pacto” (2012), do bom, mas irregular Roger Donaldson. São bons exemplos de confrarias que agem nas sombras determinando sua própria justiça e descumprindo todas as regras possíveis. Talvez um dos exemplos mais crus desse sistema seja “O Procurado” (2008), uma pérola ainda desconhecida do grande público, com Morgan Freeman, James McAvoy e Angelina Jolie. Enredo padrão: uma sociedade antiquíssima de assassinos sempre agindo além das linhas para impor algum tipo de “justiça” ao mundo. Nada, porém, consegue ser mais didático nesse ponto, do que a tetralogia “John Wick”, a maior já feita no cinema. A série que começa em 2014 com “De Volta ao Jogo” e termina em 2023 com o absurdo “Baba Yaga”, apresenta ao mundo uma sociedade secreta de assassinos que, segundo a minissérie “Continental” (2023), que conta eventos antes da franquia original, remonta a um período “anterior ao Império Romano”. Em resumo, a “Alta Cúpula” é mais antiga do que Cristo. Com os filmes vamos entendendo que a “Alta Cúpula” é uma organização formada por grupos e famílias que trabalham para ela em troca de certos privilégios. É uma milícia de mercenários com alcance global, regras rígidas, hierarquia bem definida e legislação própria. Em suma, a “Alta Cúpula” é o sistema dentro do sistema, o deep state dentro do deep state, que não responde para ninguém. Ela junta a mística das sociedades secretas, a tradição das genealogias e o pragmatismo dos assassinos de aluguel. Ao se virar contra ela, John Wick nos apresenta a um mundo completamente aparelhado pelo sistema, como já avisava as Escrituras: “ O mundo inteiro jaz no maligno ” ( I João 5:19 ), com olhos e ouvidos em todos os lugares, completamente conectado e interdependente. O mundo da “Alta Cúpula” é o mesmo mundo governado pela “Matrix”, só que na vida real. Seus assassinos alistados são como o agente Smith, estão em toda parte, de modo que você cruza com eles a todo instante, mas não sabe de quem se tratam, até que eles tentem te destruir. Se a Matrix tem seu “analista”, a Alta Cúpula tem seu “ancião” (ou superintendente). No final, ambas falam da mesma coisa e mandam o mesmo recado. Tanto a Alta Cúpula como a Matrix esbarram em você o tempo inteiro. Eles estão nas megacorporações que controlam suas finanças, nas multinacionais que você ajuda a manter com suas compras, na grande mídia que está da sua TV ao seu smartphone. Quando você resmunga algo perto do seu aparelho celular, e logo em seguida ele te oferece um produto referente ao que você resmungou, é a Matrix dizendo: “Olá, estamos aqui!”. Quando gente famosa some ou morre de forma inexplicada/inesperada, como JFK, Gandhi ou Martin Luther King, é a Alta Cúpula. Esse é o primeiro recado: ninguém está seguro. Mesmo quem acha que tudo não passa de mais uma teoria da conspiração, não está livre de se deparar com mais essa “teoria”. É só entrar no caminho do sistema. Não precisa ser muito inteligente para entender que, embora esses eventos não estejam especificamente ou diretamente ligados, eles ocorrem em padrões semelhantes as mostrados nos filmes. Assim como não sabemos quem controla a Matrix ou a Alta Cúpula, uma informação deixada no limbo de forma proposital, porque no final das contas tudo e todos os envolvidos servem ao mesmo patrão, Satanás, a ideia é deixar tudo no campo da imaginação, para reforçar ainda mais a ideia de paranoia, enquanto eles seguem agindo. O segundo recado é mais sombrio. John Wick e Neo morrem ao final. Ainda que “Matrix” o ressuscite no quarto episódio, para pagar aquele mico colossal, a verdade é que quem tem um pouco de experiência com filmes sabe que a coisa foi pensada para acabar no terceiro, assim como Wick acaba no quarto episódio. Trazer Neo de volta para agradar à narrativa woke/feminista foi um fiasco. Não por acaso custo cerca de 200 milhões de dólares e não rendeu nem perto de disso. Fracasso retumbante e merecido. O cinema, assim como na história, no mundo real, mostra que os “bugs” e “outsiders” podem fazer o estrago que quiserem, mas ao final serão sumariamente eliminados por um mundo que eles – desgraçadamente – ajudaram a criar. Ampliando os horizontes cinematográficos, foi assim com Spartacus e o General Maximus. Todos traídos pelo deep state de sua época. Isso ocorre porque a humanidade ainda não se deu conta (ou se perdeu dela) de que o pano de fundo para tudo isso é mais espiritual do que se pensa. Yeshua, o único ‘outsider’ que encarou o sistema e venceu, expôs isso, ao mostrar a influência satânica por trás do deep state de sua época, composto por Judas, fariseus e romanos. O primeiro ficou possesso, aos segundos ele chamou de filhos do Diabo ( João 8:44 ) e os outros dispensam apresentação. Quando em João 16:33 ele, Yeshua, diz: “ Eu venci o mundo! ”, entre outras coisas está querendo dizer: “Eu venci o sistema!”, mas também “Vocês também podem vencer, mas tem que vir comigo!”. É o conceito de fé exposto pelo personagem Morpheu, vivido por Laurence Fishburne, e devidamente desconstruído (propositalmente) no quarto episódio, em que fazem o favor de tornar essa fé e o sacrifício de Neo completamente inúteis, e até prejudiciais. Porque a fé em Yeshua, o único venceu o mundo, o sistema e o deep state, e voltou para nos provar que é possível, é a arma mais poderosa que temos para lidar com o que nos cerca, ou, como diz a Escritura, “anda ao nosso derredor” ( I pedro 5:8 ). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 48 – ISSN 2764-3867

  • Zumbi dos Palmares

    Herói ou Vilão? O dia 20 de novembro é comemorado no Brasil como o Dia da Consciência Negra, uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Zumbi é frequentemente celebrado como um herói da resistência contra a escravidão, líder do Quilombo dos Palmares, um refúgio de escravos fugidos que resistiu à colonização portuguesa por quase um século. No entanto, a figura de Zumbi é controversa. Alguns historiadores argumentam que, além de ser um líder de resistência, ele também cometeu atos violentos e cruéis, como a execução de prisioneiros e ataques a fazendas e povoados. Enquanto Zumbi é lembrado, muitos verdadeiros heróis negros são frequentemente esquecidos pela história. Um exemplo notável é Maria Firmina dos Reis, uma escritora maranhense e romântica do século XIX. Nascida em 11 de março de 1822 e falecida em 11 de novembro de 1917, Maria Firmina não só publicou o primeiro romance escrito por uma mulher negra no Brasil, "Úrsula", como também foi uma professora, musicista e pioneira na educação inclusiva. Maria Firmina dos Reis fundou a primeira escola mista do Brasil, uma instituição que acolhia crianças de diferentes origens, promovendo a inclusão e a igualdade. Sua obra "Úrsula" é precursora da temática abolicionista na literatura brasileira, tratando de questões relacionadas à escravidão e à luta pela liberdade com uma sensibilidade única. Este romance é considerado o primeiro no gênero a ser publicado por uma mulher negra em todos os países de língua portuguesa. Visto como um exemplo de superação e contribuição cultural, Maria Firmina dos Reis deveria ser lembrada e celebrada por suas realizações e seu impacto duradouro na educação e na literatura. Outro negro de destaque, mas esquecido pela esquerda brasileira foi André Rebouças. André Rebouças foi um engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro, nascido em 13 de janeiro de 1838, em Cachoeira, Bahia. Ele é conhecido por ser um dos principais articuladores do movimento abolicionista no Brasil e um dos primeiros engenheiros negros a se formar pela Escola Militar. Alguns dos principais feitos de André Rebouças incluem: Contribuições para a abolição da escravidão: Ele ajudou a fundar a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco e outros abolicionistas. Projetos de engenharia: Ele trabalhou em projetos importantes, como a construção de docas e a solução de problemas de abastecimento de água no Rio de Janeiro. Participação na Guerra do Paraguai: Durante a guerra, ele desenvolveu um torpedo que foi utilizado com sucesso. Exílio na Europa: Após a Proclamação da República em 1889, ele se exilou na Europa junto com a família imperial e passou os últimos anos de sua vida trabalhando pelo desenvolvimento de territórios africanos. André Rebouças também deveria ser lembrado como uma figura importante na história do Brasil, tanto por suas contribuições técnicas quanto por seu compromisso com a causa abolicionista. Mais um nome esquecido: Teodoro Fernandes Sampaio. Engenheiro, geógrafo, escritor e historiador brasileiro, nascido em 7 de janeiro de 1855 em Santo Amaro da Purificação, Bahia. Filho de Domingas da Paixão do Carmo, uma mulher negra escravizada, e possivelmente do padre Manuel Fernandes Sampaio, Teodoro teve uma infância marcada por desafios, mas também por uma forte dedicação à educação. Ele estudou no Colégio São Salvador e depois ingressou no curso de Engenharia do Colégio Central no Rio de Janeiro, onde se formou em 1878. Durante seus estudos, Teodoro também lecionou e trabalhou como desenhista no Museu Nacional. Após se formar, ele retornou à sua cidade natal e libertou alguns de seus irmãos que ainda estavam escravizados. Teodoro Sampaio teve uma carreira prolífica, participando de várias comissões importantes, como a Comissão Hidrológica nomeada pelo imperador Dom Pedro II e a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, onde realizou a primeira medição de base geodésica do Brasil. Ele também foi engenheiro-chefe da Companhia Cantareira e Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo. Além de suas contribuições técnicas, Teodoro Sampaio também foi um escritor e historiador, publicando obras sobre o rio São Francisco e a Chapada Diamantina, além de estudos sobre povos indígenas como os Tupis e os Krahôs. Ele foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico de São Paulo e do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, e atuou na política, sendo deputado federal entre 1927 e 1929. Teodoro Sampaio é mais um nome descartado pela esquerda brasileira, mas que deixou um legado significativo na engenharia, geografia e história do Brasil. Como podemos notar, existem muitos nomes e figuras negras que tiveram grandes contribuições em nosso país. Mas infelizmente foram desconsiderados, pois não viveram alinhados com as narrativas que a política brasileira de esquerda gosta de exaltar. A celebração do Dia da Consciência Negra deveria ser uma ocasião para refletir sobre a verdadeira história e as contribuições dos negros na formação do Brasil. Infelizmente, às vezes parece que estamos mais inclinados a transformar esse dia em um desfile de assombrações zumbis, esquecendo o significado profundo da data e dos sacrifícios de tantos. Por falar em zumbi, essa tendência de desvirtuar datas importantes não é uma atitude dos dias de hoje. Ao longo da história vivenciamos esse tipo de atitude inúmeras vezes. Coincidência ou não, recentemente passamos por uma onda de exaltação de uma data sombria. Confundir valores e mentes é um artifício bem antigo. Estamos falando sobre a data do Halloween. Mas o que o Halloween tem a ver com a figura de Zumbi dos Palmares? Vejamos. Essa tática das trevas de recontar histórias e endeusar vilões não é exclusividade apenas do Dia da Consciência Negra no Brasil. A data do Halloween já foi uma festa adotada no calendário cristão. Isso mesmo. Essa tendência de desvirtuar datas importantes pode ser comparada ao que aconteceu com o Halloween. O Halloween tem suas raízes em uma antiga celebração celta chamada Samhain, que marcava o fim da colheita e o início do inverno, uma época frequentemente associada à morte. Os celtas acreditavam que, na noite de 31 de outubro, o véu entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos era mais fino, permitindo que os espíritos retornassem à terra. Logo, tem origens pagãs. Contudo, em um momento da história “se aproveitou essa comemoração” e tornou-se uma celebração religiosa conhecida como a véspera de Todos os Santos (All Hallows' Eve). As fantasias sombrias inicialmente foram adotadas como uma catequese em teatrinhos para lembrar aos fiéis a dicotomia Céu x Inferno. Quando o cristianismo se espalhou pela Europa, a Igreja Católica tentou dar uma nova contextualização a essas celebrações pagãs, estabelecendo o dia de Todos os Santos em 1º de novembro para honrar todos os santos e mártires cristãos. A véspera dessa festa, 31 de outubro, passou a ser conhecida como All Hallows' Eve, que mais tarde se transformou em Halloween. Passado muitos anos, o Halloween foi transformando-se em uma festa secular e comercial, cheia de fantasias e atividades que pouco têm a ver com seu propósito inicial de honrar os santos e lembrar os mortos. Os cinemas de Hollywood começaram a dar glamour ao lado sombrio da vida (realmente é de pasmar!!!). Para os cristãos, a véspera de Todos os Santos deveria ser uma noite de reflexão e preparação espiritual, onde se honra a memória dos santos e se reza pelos entes queridos falecidos. Houve uma época que era celebrada uma missa de Halloween, com liturgia dedicada a essa data!!! No entanto, a comercialização e popularização do Halloween têm levado muitos a verem a festa moderna como algo que promove práticas incompatíveis com a fé cristã, como a invocação de espíritos e a glorificação do macabro. Muitos cristãos argumentam que o envolvimento com elementos como fantasmas, demônios e bruxas pode abrir portas para influências espirituais negativas e afastar as pessoas dos verdadeiros ensinamentos de Cristo. Além disso, há a preocupação de que a celebração do Halloween possa banalizar a seriedade da vida após a morte e a importância do respeito pelos mortos. Por isso, é muito importante sabermos escolher quem exaltamos como nossos heróis. Exaltar figuras desvirtuadas como Zumbi de Palmares nos abre inúmeras brechas no mundo espiritual. Aplaudir a barbárie e a crueldade é renegar tudo aquilo que Cristo nos ensinou durante sua estadia na Terra. A fé cristã já é completa e conta com inúmeras festas. Não há necessidade de incluirmos mais celebrações em nossa rotina. Contamos com o Natal, celebração do nascimento de Jesus Cristo que é uma época de grande alegria e reflexão espiritual. Além das celebrações litúrgicas, muitas comunidades realizam atividades que envolvem caridade e ajuda ao próximo. Em seguida temos a Páscoa, a maior festa do cristianismo, que comemora a ressurreição de Jesus Cristo. É um período de renovação espiritual e celebrações que incluem missas, vigílias e atividades comunitárias. Essas festas, entre outras, mostram que o cristianismo oferece uma rica tapeçaria de celebrações e rituais que são profundamente significativos e espiritualmente enriquecedores, sem a necessidade de adotar festividades que se desviem dos ensinamentos e valores da fé. Não precisamos de uma festa que exalte figuras diabólicas. O dia de São Cosme e Damião que até pouco tempo era celebrado em escolas e distribuídas sacolinhas de doces tem total repúdio porque o “Estado é Laico”. Mas o Halloween pode? Contraditório, não? Vivemos tempos de profunda reflexão e que nos chamam a viver em constante vigília para não caímos em armadilhas que parecem bobas, mas que não são nada inocentes. Devemos sempre buscar o discernimento na escolha de como celebrar e lembrar de datas significativas, garantindo que o foco permaneça nas práticas e significados espirituais autênticos e cristãos. Em suma, o dia da Consciência Negra foi pensando com um propósito – talvez até bem intencionado – infelizmente virou arma na mão de pessoas mal intencionadas que, ao invés de enaltecer “os pobres e oprimidos”, escolhem enaltecer bandidos e pessoas demoníacas. Não se iluda, o Halloween não é somente dia 31 de outubro. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 48 – ISSN 2764-3867

  • SOY LOCO POR TI, AMERICA

    A vitória de Donald Trump, eleito 47º Presidente dos Estados Unidos da América, encerra em si várias lições, que o mundo precisa aprender, antes que seja tarde demais. Sobretudo, acerca dos rumos que temos escolhido como civilização, diante de tanta polarização. Trump veio comprovar, com sua expressiva votação, que a lacração e a agenda woke, repleta de ideologias e “desconstruções do mundo como nós o conhecemos”, tornou-se insuportável e ameaçadora, para as pessoas comuns, que trabalham, criam filhos, vão à igreja, cuidam da casa e têm sido submetidas a todo tipo de bizarrice, ouvindo os discursos e narrativas e vendo transformações que pipocam por todo canto. A verdade é uma só: a tradição, a religião e a família importam, e por mais que se tente destruir esses três pilares civilizatórios, em algum momento, as coisas irão explodir, pois não é possível viver em um mundo em que não há regras e valores. A liberdade, como dizia Ronald Reagan, está a apenas uma geração da extinção, caso não se tenha consciência do que realmente importa e precisa ser preservado. Trump, desde seu primeiro mandato, em 2016, firmou-se como conservador nos costumes e liberal na política, defendendo a livre concorrência, menores impostos e intervenção estatal na economia, queda da inflação e medidas que incentivem o crescimento dos EUA, como nação e potência. Também foi um feroz crítico das transformações sociais que a agenda progressista quer promover, na medida que sempre compreendeu que o cidadão comum não quer conviver com as loucuras e excessos que várias minorias tentam impor. Aliás, o conservadorismo está se fortalecendo em todo o mundo, bem como a Igreja Católica, em decorrência dos abusos que tem sido propagados por toda parte, e pela submissão de governos de esquerda a essas pautas, tornando seus países extremamente vulneráveis as mudanças que, no futuro mostram-se demolidoras. Um exemplo é o Canadá, com suas políticas de liberação total do aborto e das drogas, livre imigração e tolerância à criminalidade. Agora, em um ponto já sem retorno, em que os drogados invadiram as ruas das grandes cidades e ameaçam a segurança dos moradores, os imigrantes do mundo todo tomaram o país de assalto, aumentando o desemprego e a criminalidade e gerando uma grave crise de moradias e a taxa de natalidade despencou a níveis extremamente preocupantes, tenta tomar medidas para restringir o mal que foi implantado pelo próprio governo, sem muito sucesso. Há bolsas de auxílio a drogados e imigrantes, abortos feitos gratuitamente e de forma indiscriminada e a terrível sensação de que não há solução a curto prazo. Lojas são saqueadas à luz do dia, pela política de não punibilidade dos delitos pequenos e furtos de baixo valor e a população tornou-se refém do monstro que o governo canadense criou. O que Donald Trump sinaliza é tudo que a esquerda quer ocultar: as ideologias perversas não funcionam na prática, e somente políticos inescrupulosos e pesquisadores de gabinete e ar-condicionado, que vivem em uma bolha e não irão experimentar as mudanças que defendem, acreditam que isso pode dar certo. E, infelizmente, vão capturando a população com seus discursos fantasiosos. Entretanto, o americano médio cansou-se disso, por sentir na pele e no bolso, o que o partido democrática fez com seu país. Kamala Harris, uma despreparada alucinada, que sucederia um presidente senil e caquético, não conseguiu convencer o povo americano de que teria pulso e competência para governar a maior potência do mundo. Com o avanço do comunismo chinês e russo, as guerras da Ucrânia e do Oriente Médio e a imigração desenfreada, a percepção de que tempos difíceis pedem medidas extremas e que só Donald Trump pode ajudar a frear isso e proteger os Estados Unidos, deu-lhe uma vitória arrasadora nos colégios eleitorais e no Parlamento, bem como no voto popular. Desejo ao Presidente Donald Trump um excelente governo, com prosperidade, paz e sucesso em todas as delicadas medidas que precisará adotar, mas que não só tornarão a América grande novamente, mas também protegerão o resto do mundo dos perigos que estão à espreita. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 48 – ISSN 2764-3867

  • Desonrados

    Durante a Copa do Mundo de futebol em 1986, as seleções da Argentina e da Inglaterra se enfrentaram pelas quartas de finais no Estádio Asteca, restando vitoriosa a equipe sul-americana que, ao final do campeonato, se sagraria a campeã do torneio, entretanto, foi durante aquela apertada vitória sobre os ingleses que um episódio entrou para a história do futebol. A estrela da seleção auriceleste, Diego Maradona, marcara o primeiro gol com a mão, de punho cerrado, o astro do futebol argentino conseguiu atingir a bola em uma dividida com o goleiro inglês. Ao deixar o gramado, Maradona respondeu aos repórteres que o gol, validado e que resultou na vitória argentina por dois a um, foi feito com a “mão de Deus”, atribuindo, de forma jocosa, a vitória da seleção de seu país à vontade divina. A galhofa do jogar é irrelevante, uma vez que o erro da arbitragem não poderia ser desfeito após o apito final, em verdade, à vitória se resume a uma passagem do futebol mundial e sua relevância se resume ao universo estrito daquele esporte em particular. A Argentina chegaria ao título daquele campeonato, mas garantir que a Inglaterra se sagraria vencedora da partida não fosse o gol irregular validado, ou ainda, chegaria ao título caso vitoriosa naquela partida é um exercício de mera especulação, sem quaisquer fundamentos práticos. A falha do árbitro, naquela situação, torna-se irreversível, portanto, a seleção argentina, que de fato se beneficiou do erro, seguiu no campeonato, mas o chocante foi a forma pela qual grande parte da imprensa, esportiva ou não, tentou justificar o injustificável, relativizando o erro e, de certa forma, dando ar de seriedade às palavras do jogador. Se por um lado, alguns poderiam argumentar que Diego Maradona não tinha a intenção jocosa quando se referiu à “mão de Deus”, acreditando, de fato, que a vitória veio pela intervenção divina ao favor de seu time, de maneira que, o jogador realmente tinha em seu íntimo que a Argentina merecia e precisava da vitória e, por isso, Deus decidiu dar uma “pequena ajuda” naquela partida. Tratar como uma brincadeira diante de uma pergunta que não tem como ser respondida sem admitir que sua vitória decorrera de um erro e não da competência de marcar gols, fator determinante no futebol. O erro de arbitragem que classificou a argentina poderia ser explicado, não pelo jogador ou torcedores, que devido a sua ligação romântica com a vitória poderiam atribuí-la a algo maior, mas por analistas em geral, de forma simples. Bastava admitir que se tratava de uma simples falha do árbitro e deixar aos entusiasmados torcedores argentinos a tarefa de tornar o momento lúdico em suas lendas futebolísticas. Todavia, movidos por um sentimento de revanche diante da derrota da Argentina na Guerra das Malvinas, na qual o país sul-americano saiu derrotado do confronto em que disputava a soberania das Ilhas Malvinas, ou Ilhas Falkland, com a mesma Inglaterra, grande parte dos analistas passaram a narrar a vitória na Copa do Mundo como uma resposta dos argentinos aos ingleses, uma forma de revanche, o que justificaria, no imaginário transloucado daqueles que conseguem transpor uma guerra para uma partida de futebol sem maiores constrangimentos, a aceitação de uma vitória conquistada através de um erro como sendo justa e limpa. De certa forma, não querendo admitir que se comemorava uma vitória advinda de um erro, para não lhe retirar a nobreza da conquista, despiram-se da lógica de que falhas no esporte acontecem e que a vitória injusta, irremediável, deveria ser aceita e todos deveriam apenas seguir adiante, o que criaria apenas mais uma lenda comum ao futebol, em que os lamentos dos injustiçados, sevem apenas para aos vitoriosos, mesmo que consciente da natureza contestável da vitória, façam troça dos vencidos, grande parte dos que discorreram sobre o tema preferiam usar da guerra para dar, falsamente, um ar glorioso ao gol irregular e a vitória questionável. Cabe ressaltar que na Guerra das Malvinas, ao que apontam as estimativas, o número de baixas da Argentina foi o triplo das inglesas, o que, de certa forma, indicaria que a ajuda divina em favor do país europeu teria sido consideravelmente maior, dando aos argentinos um prêmio de consolação que sequer mereceria um lugar em uma estante velha e tomada por teias. Seria, de fato, pensar pequeno demais considerar que uma vitória desportiva equiparar-se-ia ao infortúnio da derrota em campo de batalha, ou mesmo, significar uma revanche digna de menção. Na realidade, articulistas reduzidos ao mundo do desporto, ou ávidos por comemorar qualquer sopro de vitória sobre o rival, usaram a narrativa de que era sim digno de se vangloriar da vitória conquistada através de um erro ante a justiça divina feita contra os vencedores da guerra. Muito mais digno fora a simples atitude dos torcedores mais simplórios que, de forma sincera, comemoravam a vitória sem se importar em justificá-la moralmente. O simplista, que acolhe como mero golpe de sorte ou consequência de um erro a dádiva do título, em que pese possa ser acusado de despreocupado, é, sem dúvida, mais integro que aquele que, buscando justificar a vitória por artifícios obscuros, relativizando que a injustiça do futebol fora mera injustiça ao seu favor e não goza de qualquer vestígio de reparação divina. A relativização da moral está no cerne da desonestidade, um sujeito amoral é, em sua pior face, aquele que tenta transparecer como alguém que possui valores, entretanto, os relativiza tão somente para não se submeter às regras que, indispensavelmente, imporá sob outrem. Adotando a máxima de que “os fins justificam os meios”, sem qualquer apreciação de quais os fins se pretende alcançar, ou mesmo, quais os meios podem ser tolerados, o relativista assume que tudo é válido quando for a seu favor, portanto, não há quaisquer obstáculos que justifiquem a reversão ou arrefecimento de sua intenta revolucionária. Se, na mente de tais indivíduos, o bem e o mal são relativos, ou seja, a depender do ângulo pelo qual se observa, o bem tornar-se-á mal e vice-versa, de maneira que, pode-se, em busca de um “bem maior”, ainda que tal busca, nitidamente, se resuma a um engodo ou algo que a história provou que se trata de uma empreitada que almeja a utopia, mas que trará a desgraça, como os regimes totalitários e coletivistas que se tentaram implementar no século passado, o socialismo, o nazismo e o fascismo, na mentalidade relativista, admitir que indivíduos sejam solapados em suas liberdades, garantias e mesmo vidas, pois, como não há limites para o mal que se pratica em nome do bem, tudo é permitido quando favorável à luta revolucionária. Não por acaso o Holocausto e o Holodomor foram práticas de extermínio em massa, adotadas por regimes revolucionários em que seus líderes tiranos dizimaram números alarmantes de vidas para “livrar o mundo” daqueles que eram indesejados pelo regime. Seja o povo judeu, apontado pelos nazistas como seres humanos que mereciam a extinção para que a humanidade ascendesse a uma raça superior, ou mesmo, os agricultores ucranianos que se não foram muito simpáticos ao regime soviético e resistiam a entregar tudo o que possuíam e produziam à tirania de Moscou. O Japão também desumanizou tanto chineses como coreanos durante a Segunda Guerra Mundial, justamente, por considerar que não havia limites para sua intenta. Admitir que direitos básicos possam ser violados em nome de uma revolução doentia, que prega a falsa libertação de um grupo em razão do extermínio de outro, o qual apontam como opressor, de maneira que, basta indicar quem seria o alvo do ódio revolucionário para, desumanizando-o, destruí-lo sem qualquer pudor. Podemos citar o exemplo da Universidade de Liége, na Bélgica, que, em seu curso obrigatório sobre ecologia e sustentabilidade , aponta, em sua descrição, ser o “homem branco, cristão e heterossexual” o responsável pela degradação do planeta, demonizando um alvo que uma determinada agenda ideológica parece desejar exterminar. A leitura superficial nos leva a crer que a renomada instituição de ensino está a sugerir que uma forma de proteger o planeta é o extermínio do homem branco, cristão e heterossexual, o que, para os indivíduos acometidos pela doença do relativismo moral pode ser um gatilho para que se justifique a destruição de um grupo determinado, os homens brancos, cristãos e heterossexuais, em busca de um bem maior, que é salvar o ecossistema, e, portanto, o restante da humanidade. Imaginemos a substituição dos termos branco, cristão e heterossexual por judeus e estamos diante de uma clara propaganda nazista, ou, por outro prisma, se fossem os termos substituídos pela expressão “negro”, talvez acreditássemos ser um texto extraído das entranhas da odiosa Ku Klux Klan. Talvez não fosse de grande surpresa se o trecho fosse uma produção do doentio grupo ativista Black Lives Matter , entretanto, ao perceber que a autora da frase bestial é, na verdade, uma renomada universidade europeia, não há como ignorar o quão perigoso é o aval acadêmico entorno de um pensamento que pode servir como base para a eugenia, especialmente, em uma sociedade carente de base moral sólida e que deposita uma fé irracional naquilo que define como ciência, ou seja, se um pensamento absurdo, abjeto ou esquizofrênico é apresentado por alguém que ostenta títulos acadêmicos, há um risco real de ser acolhido como pensamento científico e, no cenário atual, irrefutável com base no argumento de autoridade, por mais que tal autoridade seja uma criação artificial das próprias universidades, devendo, para alguns, ser seguido cegamente. O experimento social totalitário bem-sucedido em âmbito global, que submetera milhares, talvez bilhões, a usarem métodos sem quaisquer explicações razoáveis, criando uma espécie de coerção científica, serve como alerta, no que tange, ao exacerbado poder conferido aos ocupantes de bancos acadêmicos, afirmando que títulos conferidos pelas universidades podem servir de chancela para que um pensamento nocivo seja recepcionado pela sociedade como um mote inquestionável. Ao produzir uma chamada no campo acadêmico que associa um grupo, que parece ser o alvo dos revolucionários, cria-se um arcabouço que serve de fundamento para a propositura de políticas que, de fato, promovam o extermínio do grupo em questão. Ao promover o pensamento de que o homem branco, cristão e heterossexual pode ser, ainda que de forma indireta, o responsável pela degradação do planeta, nutre-se o argumento, nas camadas mais rasas dos revolucionários que o extermínio de tal grupo se justifica por uma causa maior, por analogia, amputar um membro para salvar o corpo. O risco, conscientemente assumido pelos senhores revolucionários, ao propagarem ideias que pregam a eugenia de seus alvos do alto de sua “ torre de marfim ”, figura na interpretação das hordas bestializadas de vassalos da revolução, desprovidas de uma moral consistente, tornam-se agressores em potencial, buscando o “justiçamento” proposto por seus senhores. Em um trágico mundo tomado por pensamentos relativistas, no qual qualquer regra pode ser distorcida conforme os interesses revolucionários, é imperioso cuidar da honra daqueles que, por ventura, busquem o confronto face aos transloucados, de maneira que, a pergunta que devemos nos fazer se trata da linha entre a moralidade e a necessidade que não pode ser cruzada, bem como, considerar os meios pelo qual se pode vencer um desonesto conservando a honestidades. Diante de um confronto no qual, um lado, desprovido de moralidade, utiliza de todo tipo de ardil para chegar à vitória, mas clama para que o outro mantenha a retidão em suas ações, o controle emocional torna-se indispensável, posto que, o maior temor do justo é tornar-se ímpio quando na tentativa de vencer, ou resistir, o ímpio. Pode parecer algo confuso, mas não é um exercício tão complexo se imaginarmos diversos exemplos reais que nos cercam. Citamos os herdeiros ideológicos de anistiados pelo regime militar, alguns dos quais praticaram crimes violentos que resultaram até mesmo na morte de suas vítimas, que bradam para que não sejam anistiados indivíduos que são acusados por supostos crimes sem que estivessem armas, causando lesão a integridade de terceiro e cujo objeto sabe-se impossível. Na mesma toada, aqueles que alegavam lutar contra a censura e buscam criminalizar a zombaria, os chamados “memes”, para, na verdade calar qualquer voz dissonante de sua ideologia política. Como não se espantar com vozes que outrora reclamavam de um Estado policial, adulam inquéritos intermináveis e com objeto indeterminado, podendo incluir qualquer um no rol de investigados e indiciados, impedindo até mesmo que patronos tenham acesso à informações de inquéritos, suprimindo as prerrogativas da advocacia, que na verdade é do indivíduo assistido pelo casuístico. A tão aclamada atuação da Ordem dos Advogados como base de resistência durante o regime militar, ditatorial, parece ter se tornado uma página virada na história, permitindo que, mesmo os advogados sejam tolhidos de sua, até então, nobre missão. O exemplo do professor de Direito que, ao apresentar uma palestra fumando, sendo questionado por um aluno a respeito de exigir-se o cumprimento das normas mesmo praticando algo que era apontado como proibido, respondeu que a placa não se destinava ao professor, pois estava direcionada aos alunos, de maneira que não precisava se sujeitar a regra. O caso foi usado para ilustrar como a lei por ser interpretada conforme a ótica do interprete, dando clara impressão que alguns, ao menos, os que gozam de tal poder, não precisam se curvar aos ditames da lei, posto que, sendo o interprete, poderá relativizar a norma ao seu bel prazer. A grande dificuldade em se opor ao revolucionário reside, justamente, no ponto em que, por se tratar de um indivíduo cuja moral e as regras podem ser relativizadas, está no fato de não poder, o opositor, se rebaixar ao nível de desonestidade de seu adversário, de forma que, ao confrontar alguém que exige o cumprimento das normas de um certame, mas que está disposto a violá-las sem quaisquer constrangimentos, como alguém que, hasteia a bandeira branca, mas ataca de forma pérfida tão logo o seu oponente aceite a rendição, como um covarde que pede ao seu rival que se dispa de armas para tornar a luta equânime quando, em verdade, oculta sua arma para sacá-la logo após se certificar que seu inimigo está desarmado, ou seja, um duelista desonesto. Ao exemplo do que ocorrera na Venezuela, a evidente derrota da ditadura nas eleições não foi reconhecida pelo regime daquele país, haja vista que, o governo revolucionário não se dobrara as regras que foram previstas para o processo eleitoral, o que pode levantar a suspeita acerca de quaisquer eventos de igual natureza, posto que, se o poder está nas mão de relativistas, como não duvidar que estes não se sujeitam às derrotas, distorcendo as regras e resultados para que sirvam ao seu propósito, fazendo com que, tudo sofra a ingerência dos controladores do regime. No filme O Grande Dragão Branco , estrelado por Jean-Claude Van Damme, ator belga de filmes de luta, que interpreta Frank Dux, ao enfrentar o antagonista de nome Chong Li, na final do campeonato denominado Kumite, é surpreendido quando o vilão usa de um artifício para prejudicar a visão do Frank, entretanto, como tinha se preparado para lutar mesmo em condições adversas, o herói da película acaba sagrando-se vitorioso. Neste sentido, por mais que não se pretenda promover a violação das normas, deve-se ter em mente que o outro lado a violará, preparando-se para um inimigo capaz de qualquer medida para alcançar a vitória. Voltando ao caso do embate entre Argentina e Inglaterra, mesmo que a seleção brasileira, anfitriã da Copa do Mundo de 2014, tivesse a ajuda da arbitragem para ganhar o jogo contra a Alemanha, em nada surtiria efeito um gol irregular validado em favor do Brasil, pois, a larga vantagem da seleção europeia não permitiria que uma simples intervenção pudesse virar o resultado, logo, é preciso ter em mente que, uma vez preparado para um adversário ardilosos, deve-se esperar que o desonesto lance mão de todos os recursos, ainda que ilegais, para chegar ao seu objetivo, devendo manter-se forte o suficiente para vencê-lo mesmo diante da desvantagem de se cumprir as regras. Por outro lado, é sabido que algumas vezes, mesmo o árbitro pode ser um jogador disfarçado de imparcial, não cometendo erro que possam desequilibrar a partida, mas atuando diretamente em busca de um resultado favorável ao seu lado, algo que, salvo na mentalidade relativista, é inadmissível. No âmbito do futebol, seria fácil compreender que um árbitro, escalado para um jogo de duas seleções, jamais poderia ser oriundo de um dos países envolvidos, bem como, de um interessado no resultado, portanto, não seria razoável que o árbitro comemorasse a vitória sobre a seleção rival ao término da partida, mas para um relativista, como o outro lado sequer deve ser respeitado, não há problemas em uma violação de tal tipo, ainda que toda a sociedade seja diretamente afetada pelo resultado, uma vez que, não sempre se trata de um simples campeonato de futebol. Para uma sociedade corroída, parece que o senso de justiça é considerado quando se trata de um desporto e não em se tratando dos rumos da sociedade como nação ou civilização, restando claro que a contaminação do relativismo moral tomou as almas das pessoas como a ferrugem que condena engrenagens a não mais funcionarem. “Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti”. Friedrich Nietzsche . Mesmo guardando ressalvas ao pensamento de Nietzsche, a frase em questão se aplica muito bem ao que precisamos compreender na luta contra aqueles que não se dispõem a respeitar as regras, invocando as leis tão somente como obstáculos aos adversários. Como duelistas desonrados que pretendem alcançar a vitória ainda que negociem até com o diabo, dispostos a violarem direitos fundamentais ainda que supliquem que sejam cumpridos até mesmo aos mais atrozes dos criminosos. Cabe o exemplo do revolucionário e professor Elias Jabour que não vê problemas na aplicação da pena capital àqueles que se insurjam contra a revolução, mas que considera tal penalidade inválida em países não socialistas, ou seja, não sendo aplicáveis a crimes hediondos, contudo, aceitáveis, no imaginário relativista ao que não comunguem de sua crença ideológica doentia. O maior desafio dos bons não é apenas vencer o mal, mas não se corromperem no processo. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 – ISSN 2764-3867

  • Transformação e Liderança Cristã

    Em nosso último artigo , discutimos como a Igreja Católica tem sido um berço na formação de líderes. Contudo, é crucial lembrar que esse mérito não é exclusivo do catolicismo, mas de todo cristão que permite que o Espírito Santo atue em sua vida. A verdadeira transformação ocorre quando deixamos de viver para nós mesmos e permitimos que Deus habite em nós, renovando tudo em nossas vidas. A crença na mudança e na transformação é uma das características mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, mais belas da fé cristã. Quando permitimos que o Espírito Santo nos toque, nossa vida é profundamente transformada. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Paulo, ao escrever essa passagem, nos alerta contra a adoção das atitudes, valores e comportamentos do mundo que muitas vezes estão em desacordo com a vontade de Deus. O mundo, conforme a Bíblia, frequentemente se refere a um sistema sob a influência do pecado, onde imperam a vaidade, o egoísmo e a falta de moralidade. Conformar-se com o mundo pode nos desviar dos princípios de Cristo. Renovar a mente significa mudar nossa forma de pensar e reagir. É um processo contínuo e profundo, guiado pelo Espírito Santo, que nos ajuda a alinhar nossos pensamentos e ações com a vontade de Deus. Essa transformação permite que vejamos o mundo com os olhos de Deus, discernindo o que é verdadeiramente importante. O objetivo final é experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Acreditar que um simples carpinteiro poderia ser o Filho de Deus foi uma ideia perturbadora para muitos. Afinal, Ele parecia ser apenas mais um entre tantos. No entanto, sua vida e seu ministério provaram que Ele era, de fato, o Filho de Deus, capaz de transformar vidas e renovar corações. A dificuldade em acreditar na divindade de Jesus é ilustrada na famosa passagem sobre a dúvida de São Tomé. Após a ressurreição, Tomé, um dos doze discípulos, não estava presente quando Jesus apareceu pela primeira vez aos outros discípulos. Quando lhe contaram que viram o Senhor ressuscitado, ele respondeu: “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei” (João 20:25). Oito dias depois, Jesus apareceu novamente e disse a Tomé: “Coloca aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; estende a tua mão e coloca-a no meu lado. Não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:27). Tomé então respondeu: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28). Jesus disse: “Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Este episódio não só mostra a dúvida de Tomé, mas também a paciência e compaixão de Jesus em atender sua necessidade de provas. A resposta de Tomé, ao finalmente reconhecer Jesus como seu Senhor e Deus, é um dos testemunhos mais fortes da divindade de Cristo nas Escrituras. A transformação que o Espírito Santo opera não é algo superficial; é uma mudança que toca o âmago do ser, trazendo renovação e nova vida. Esse renascimento espiritual é fundamental para a formação de líderes que possam guiar com sabedoria e compaixão, refletindo o amor de Deus em suas ações. Ser cristão significa ser servo de um Deus que não só nos ensinou como viver, mas também nos mostrou como devemos agir. Jesus Cristo, durante sua vida terrena, não apenas pregou sobre o amor e a justiça, mas viveu esses valores de maneira exemplar. “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10:45). Hoje, assim como nos tempos de Jesus, somos frequentemente desafiados a ver além das aparências e a acreditar no poder transformador de Deus. Muitas vezes, estamos tão presos às nossas percepções limitadas que custa a acreditar que uma verdadeira transformação possa acontecer. No entanto, a fé nos chama a confiar e a ver com os olhos do coração. “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7). Os relatos de santos que mudaram radicalmente suas vidas são um testemunho poderoso do que significa permitir que Deus tome posse de nossa vida. Esses exemplos nos inspiram e nos mostram que a transformação é possível para todos, independentemente de nossos passados ou circunstâncias. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17). O Pentecostes é um marco importante na história cristã. Quando os apóstolos receberam o Espírito Santo, eles foram transformados e capacitados para pregar o evangelho com coragem e sabedoria. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava” (Atos 2:4). Esse evento não apenas marcou o nascimento da Igreja, mas também destacou a importância do Espírito Santo na vida de cada cristão. O Pentecostes nos lembra que, através do Espírito Santo, todos podemos ser renovados e capacitados para servir a Deus e aos outros. A jornada de fé cristã é, essencialmente, uma jornada de transformação. É um caminho que nos desafia a permitir que o Espírito Santo atue em nossas vidas, renovando e transformando nosso ser. Quando Deus toma posse de nossa vida, tudo nela se torna novo, e somos capacitados a viver de acordo com Sua vontade, servindo aos outros com amor e compaixão. Ao reconhecer que a formação de líderes é um mérito de todo cristão, reafirmamos a importância de nos abrirmos à ação do Espírito Santo, permitindo que Ele transforme nossas vidas e nos guie a sermos servos fiéis e líderes inspiradores. “Sejam transformados pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Que possamos, com fé e coragem, seguir o exemplo de Jesus Cristo e dos santos, vivendo de acordo com o plano de Deus para nós e para toda a humanidade. A transformação pela fé não é um processo simples ou fácil, mas é essencial para viver uma vida que reflita a vontade de Deus. É um chamado para todos os cristãos, independentemente de suas circunstâncias, a permitir que o Espírito Santo opere em suas vidas, guiando-os e fortalecendo-os a cada passo do caminho. Este processo de mudança contínua e profunda é o que nos permite experimentar a plenitude da vontade de Deus e nos capacita a servir e liderar com verdadeiro amor e compaixão. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • O eterno trabalho do Sísifo conservador

    Na mitologia grega, Sísifo era filho de Eolo de Tessália e Enarete. Sua astúcia e capacidade em encontrar artifícios para resolver situações difíceis, são os aspectos mais marcantes de sua personalidade mítica. Todavia, o encontro com o seu destino e a pena que a ele foi imposta são os temas que nos importam comentar e que, unidos serão o ponto de partida desta reflexão. Segundo os contos míticos, Sísifo conseguiu por duas vezes enganar a morte. Certo dia Sísifo testemunhara o rapto de Egina, filha de Asopo, por Zeus que se disfarçara como uma águia. Em sua busca por Egina, Asopo chega a Corinto (cidade de Sísifo) e, ao encontrá-lo pergunta se sabe do paradeiro de sua filha. Sísifo então revela que Zeus era o responsável pelo rapto. Com isso, Sísifo atrai sobre si a ira de Zeus. O deus dos deuses determina que Tânatos (o deus da morte) leve Sísifo prisioneiro e o entregue a Hades para ser mantido no submundo. Diante de seu trágico fim, a estratégia de Sísifo para fugir ao seu destino foi lisonjear Tânatos, elogiando sua beleza e oferecendo-lhe um colar como presente. Este colar na verdade manteve Tânatos aprisionado e Sísifo enganou a morte pela primeira vez. A malícia de Sísifo livrou-o de seu destino fatal, mas não permaneceria sem castigo. Com a prisão de Tânatos, a morte ficava impedida de cumprir sua missão. Hades o deus do submundo, assim como Ares o deus da guerra, perceberam o problema, já que as batalhas não podiam mais ser consumadas pela morte dos derrotados e o submundo não recebia mais as almas dos humanos. Assim, Hades liberta Tânatos e ordena-lhe que Sísifo seja trazido imediatamente aos seus domínios no submundo. Desta vez, Sísifo é enfim conduzido ao submundo pela morte, mas não sem antes pedir sorrateiramente à sua mulher (Mérope) que não desse a seu corpo um funeral, mantendo-o insepulto. Quando se vê diante de Hades no submundo e sabendo de seu destino, pede que Hades permita a sua volta ao mundo dos vivos para reclamar um sepultamento digno para seus despojos. Hades concede-lhe um prazo e Sísifo alcançando seu corpo, toma-o de volta e foge com sua mulher. Pela segunda vez a morte fora enganada por Sísifo. Após uma longa existência, Sísifo já velho encontra-se finalmente com Tânatos e é conduzido por Hermes (deus da velocidade e do comércio e patrono dos trapaceiros) até Hades. Sua punição por ter causado a ira dos deuses foi ser obrigado a subir ao ponto mais alto de uma montanha, conduzindo uma pesada pedra e lá depositá-la. Tarefa improfícua que jamais era concluída, pois sempre ao se aproximar de seu fim, a pedra rolava de volta ao início, obrigando Sísifo a eternamente recomeçar a dura jornada. Conhecedores da história de Sísifo, podemos prosseguir e refletir sobre a tarefa que cabe aos conservadores, de alertar aos incautos apoiadores dos governos de esquerda, assim como aos militantes da ideologia marxista, sobre os riscos que atraem para si e para o país como um todo. Tal como o mitológico trapaceiro, ao que parece o movimento conservador foi condenado eternamente a dura e improfícua tarefa de abrir os olhos aos opositores. Se as histórias divergem quanto aos seus enredos, ao menos a punição une Sísifo ao movimento conservador brasileiro. Expliquemos… Quem de nós, enquanto em conversa com alguma pessoa que tenha um ponto de vista diferente do nosso sobre determinado assunto político, não encontrou sérias dificuldades de convencimento? E não importa que tenhamos apresentado fatos e raciocínios lógicos, argumentos válidos e provas cabais, nada muda o ponto de vista ou o pensamento do nosso interlocutor. E quanto mais falamos (e nos repetimos), mais nossos interlocutores se tornam desconfortáveis, irritados, às vezes agressivos. Quem nunca experimentou tal dissabor? Vejamos, palavras ou termos como cidadania, direitos, democracia, estado democrático de direito, fascismo ou liberdade, aparentemente não tem os mesmos significados que poderíamos supor. Debatendo sobre o mesmo tema, falamos idiomas diferentes. Possivelmente tais pessoas tiveram parte de seu vocabulário sequestrado e sequer imaginam que isso aconteceu. Quem sabe estejamos alimentando um debate com bases e pressupostos viciados desde o princípio. Em situações normais, as palavras são compreendidas a partir do seu signo, seu significado e seu significante. Sendo o signo um objeto, o significado o seu conceito, e o significante o contexto em que a palavra é usada. Possivelmente em tais pessoas o significado e o significante tenham sido “sequestrados”, sendo substituídos por emoções. Assim por exemplo, associam-se pessoas ou palavras a emoções, o que no momento certo disparará um conjunto de reações mentais e emocionais que muito longe estarão da racionalidade. Diga-se “fascista”, ou o nome de algum político e um gatilho mental irá disparar uma enxurrada de emoções. Para tornar claro como o processo se dá, tomemos de um “caso hipotético”: se repetidamente o noticiário televisivo exibir reportagens tratando sobre os números de mortes de uma pandemia, o que por si só já carregará um contexto emocional dramático. Se em seguida apresentar a opinião de algum especialista que associe o volume de mortes a questões de genocídios no passado, parte do cenário mental do expectador estará montado. Se na sequência apresentar as medidas de controle sanitário promovidas pelo governo Federal, personificadas pelo presidente Bolsonaro, sutil e indiretamente ligando tais medidas às mortes anteriormente apresentadas. Se finalmente for repetida a receita, sempre que a vítima deste processo de sequestro ouvir a palavra-gatilho “Bolsonaro” automaticamente as palavras “genocídio” e “genocida” surgirão em sua mente. Os gatilhos emocionais serão disparados e toda a racionalidade será suprimida por um estado de emergência mental. Ironias à parte, inegável que os meios de comunicação prestaram com eficiência este nefasto serviço. Diuturnamente! Enquanto pessoas não “sequestradas” usam a razão para compreender aquele conjunto (signo, significado e significante), tais vítimas usam caminhos emocionais, que podem ser racionalizados, mas não são em si mesmos racionais. Em princípio não adiantará discutir, debater, explicar. São níveis diferentes de compreensão se contrapondo: Razão x Emoção. Há ainda alguma dúvida sobre como isto pode ter acontecido? Como dissemos, possivelmente pela repetição e associação sistemática e incansável de determinadas emoções a certas palavras-chave até que a cola das emoções a signos esteja completa. Todos os dias, várias vezes ao dia, nos rádios, emissoras de televisão, internet e, mesmo em salas de aula, é possível promover e consolidar o processo de sequestro mental do vocabulário. Concluído o processo, as vítimas sequer suspeitarão dos danos que lhes foram impingidos ao inconsciente. Há método! Como reverter? Tempo, paciência, repetição, exposição das vítimas aos fatos e a raciocínios lógicos embasados na realidade. Mostrando-as o mundo, comparando signos diferentes e seus significados. Nas palavras do humorista americano Groucho Marx: “Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”. A tarefa do movimento conservador é exibir insistentemente a realidade, repetidamente conduzindo nossos interlocutores montanha acima, ainda que eles voluntariamente rolem montanha abaixo. Se nossa pena, como Sísifos do mundo contemporâneo, é tentar conduzir as pessoas ao mundo como ele é, e não como tem sido exibido pelas narrativas, que seja. A tarefa pode ser infinita, até lá, paciência… Nunca devemos esquecer das bolhas midiáticas, dos guetos sociais, da matrix informacional que alimentam o caos e impedem a ascensão do povo. Àqueles que já tendo condições de compreender que estamos lutando uma guerra desigual, cujos argumentos são incompreensíveis aos nossos adversários, incapazes de compreender nosso discurso, posto que tem nas palavras sentidos diversos e sequestrados; àqueles diremos: adiante montanha acima, Monte Castelo será nosso! “Mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom. Abstende-vos de toda espécie de mal”. (1 Tessalonicenses 5 21:22). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 08 - ISSN 2764-3867

  • Eugenismo e identitarismo

    O que acontece quando seres humanos buscam melhorar a sociedade em que vivem, estudando a alteração de características genéticas ou defendendo o privilégio de certas características físicas? O que ocorre quando grupos tentam corrigir injustiças, defender minorias ou quitar dívidas históricas? Possivelmente, o resultado seria uma sociedade melhor e seres humanos perfeitos. O que poderia dar errado em projetos tão permeados por boas intenções? Hoje, falaremos sobre o eugenismo e os movimentos identitários. O eugenismo é uma filosofia social e um movimento que ganhou destaque no final do século XIX e no início do século XX, com o objetivo de melhorar as qualidades genéticas da população humana. O termo “eugenismo” foi cunhado por Francis Galton em 1883, um cientista britânico primo de Charles Darwin. Galton foi inspirado pela teoria da evolução das espécies de Darwin e acreditava que, assim como a seleção natural atuava nas espécies, a humanidade poderia melhorar sua própria espécie por meio da seleção artificial. Ele propôs que a sociedade promovesse a reprodução de indivíduos considerados “superiores” e desencorajasse a reprodução de indivíduos “inferiores”. O eugenismo supostamente se baseava em princípios de hereditariedade e genética. Galton e seus seguidores acreditavam que características como inteligência, saúde e moralidade eram hereditárias e, portanto, podiam ser aprimoradas por meio da manipulação cuidadosa das linhagens reprodutivas humanas. A ciência da genética ainda estava em sua infância, e muitos dos pressupostos do eugenismo eram baseados em entendimentos incompletos e frequentemente errôneos da hereditariedade. Por falta de uma sólida base científica, alicerçada no método científico, hoje se reconhece que o eugenismo nunca passou de pseudociência, no máximo um delírio filosófico propagado como se fosse ciência. Além de Francis Galton, outros nomes importantes no movimento eugenista incluem Charles Davenport, um biólogo zoologista americano, que foi um dos principais defensores do eugenismo nos Estados Unidos. Ele fundou o Laboratório de Eugenia em Cold Spring Harbor e advogou pela esterilização de pessoas consideradas geneticamente “defeituosas”. Também se destaca Karl Pearson, matemático e biólogo britânico, que contribuiu significativamente nos campos da estatística e biometria, apoiando o eugenismo por meio de suas pesquisas em hereditariedade. Incluímos Madison Grant, conservacionista e advogado americano, que escreveu "The Passing of the Great Race", um livro que defendia a preservação das raças “nórdicas” e teve grande influência nos círculos eugenistas. No Brasil, o eugenismo encontrou terreno fértil no início do século XX, influenciado por correntes intelectuais europeias e americanas. Intelectuais brasileiros, como Monteiro Lobato e Renato Kehl, defenderam a aplicação de princípios eugenistas para “melhorar” a população brasileira, frequentemente associados a ideais de branqueamento racial e progresso social. A Sociedade Eugênica de São Paulo, fundada em 1918, foi um marco importante, promovendo campanhas de educação e políticas de saúde pública, baseadas em princípios eugenistas. As políticas eugenistas tiveram consequências desastrosas em várias partes do mundo, e não é tão difícil deduzir por quê. Nos Estados Unidos, leis de esterilização forçada resultaram na esterilização de indivíduos, como no caso Buck v. Bell, de 1927. Na Alemanha nazista, o eugenismo foi levado ao extremo com o Holocausto, onde milhões de judeus, ciganos, pessoas com deficiências e outros foram exterminados em nome da “purificação racial”. Com os avanços na genética e biotecnologia, o eugenismo ressurgiu sob novas formas. Tecnologias como a edição genética (CRISPR), diagnósticos pré-implantacionais e testes genéticos sustentam debates sobre a ética da manipulação genética e o potencial de um novo eugenismo. Embora essas tecnologias ofereçam promessas de cura para doenças genéticas, também levantam preocupações sobre desigualdade, discriminação genética e a definição do que é considerado “normal” ou “desejável” em um ser humano. O eugenismo, em suas várias formas, continua sendo um desafio que nos leva a refletir sobre a essência da humanidade, a diversidade e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente de suas características genéticas. Tudo o que o eugenismo proporcionou até então foi a separação entre as pessoas, a falsa ideia de superioridade, e isso levou a ações desastrosas no passado. Agora, tendo visto o eugenismo em perspectiva, vamos analisar os efeitos das novas teorias sociais e suas possíveis consequências. O movimento eugenista do final do século XIX e início do século XX e os movimentos sociais contemporâneos, como o Woke, Black Lives Matter (BLM), movimento feminista e LGBTQIA+, parecem, à primeira vista, estar em posições diametralmente opostas. Enquanto o eugenismo promovia a separação e hierarquia baseadas em características biológicas e genéticas, os movimentos identitários atuais sustentam bandeiras que supostamente buscam igualdade e justiça social, baseadas em características raciais ou de gênero. No entanto, uma análise mais atenta pode revelar pontos de contato, especialmente na forma como ambos os conjuntos de ideologias influenciam a sociedade e a percepção das diferenças. Como já vimos, o eugenismo fundamentava-se na crença de que a humanidade poderia ser melhorada por meio da seleção genética, promovendo a reprodução de indivíduos considerados “superiores” e desencorajando ou impedindo a reprodução daqueles considerados “inferiores”. Essa filosofia justificava políticas de segregação e esterilização forçada. Por outro lado, movimentos como o BLM, o feminismo e o LGBTQIA+ visam corrigir desigualdades históricas e contemporâneas, combatendo a discriminação e promovendo a igualdade de oportunidades. Eles frequentemente exacerbam as diferenças entre grupos para chamar a atenção para as injustiças que esses grupos enfrentam, promovendo políticas e práticas que pretendem corrigir essas desigualdades, mas que, como tem sido facilmente constatável pela simples observação da realidade social, têm causado o afastamento e o isolamento em guetos virtuais e bolhas sociais. O eugenismo utilizava a separação como uma ferramenta para criar uma hierarquia rígida, onde características genéticas determinavam o valor e o papel de cada indivíduo na sociedade. Essa separação era física (através de segregação) e ideológica (por meio de políticas públicas e propaganda). Já os movimentos sociais atuais também utilizam a separação, mas de maneira funcional e estratégica. Eles destacam as diferenças entre grupos, alegando lutar para reconhecer e reduzir injustiças, quando, na verdade, estimulam a animosidade entre os membros da sociedade. Para os eugenistas, a separação era um princípio para alcançar um fim: o ser humano perfeito; para os movimentos identitários, a separação é uma consequência de suas políticas, que pretendem alcançar justiça social. Ambos os movimentos influenciam significativamente as políticas públicas. O eugenismo levou a políticas de esterilização e segregação, enquanto muitos movimentos sociais atuais promovem políticas de cancelamento, convites de adesão de empresas, onde ficam implícitas as consequências da não adesão, lobby no meio político, construção de narrativas, exposição social, vitimização, ressignificação de palavras e revisionismo histórico não pautado em evidências, mas em narrativas. Mas como tanto o eugenismo quanto, principalmente, os movimentos atuais têm alcançado tantas mentes incautas? Nossa principal suspeita recai sobre os meios de comunicação de massa. Recentemente, pudemos estudar um discurso proferido em Harvard em 1978 pelo escritor e historiador russo Aleksandr Solzhenitsyn, onde ele fez uma análise comparativa da situação no Leste Europeu em relação ao Ocidente, particularmente ao caso dos Estados Unidos. Daquele discurso, destacamos o seguinte trecho, que continua incrivelmente atual: (…) “Pressa e superficialidade são a doença psíquica do século 20, e mais do que em qualquer outro lugar esta doença é refletida na imprensa. Como é, no entanto, que a imprensa se tornou a maior potência dentro dos países ocidentais, mais poderosa que o poder legislativo, o executivo e o judiciário? E então gostaríamos de perguntar: por que lei foi eleito e a quem é responsável? No Leste comunista, um jornalista é nomeado francamente como funcionário do Estado. Mas quem concedeu a jornalistas ocidentais o poder deles? Por quanto tempo e com que prerrogativas? Há mais uma surpresa para alguém vindo do leste, onde a imprensa é rigorosamente unificada: onde gradualmente se descobre uma tendência comum de preferências dentro da imprensa ocidental como um todo. É uma moda. Geralmente são aceitos padrões de julgamento, pode haver interesses corporativos comuns, o efeito da soma não sendo concorrência, mas unificação. Existe uma enorme liberdade para a imprensa, mas não para os leitores, porque os jornais dão principalmente ‘estresse’ e ênfase suficientes àquelas opiniões que não contradizem muito abertamente a própria e a tendência geral. Sem censura, no Ocidente tendências da moda de pensamento e ideias são cuidadosamente separados daqueles que não estão na moda. Nada é proibido, mas o que não está na moda quase nunca encontra seu caminho em periódicos ou livros, ou ser ouvido em faculdades. Legalmente, seus pesquisadores são livres, mas eles são condicionados pela moda do dia. Não há violência aberta, como no Oriente. No entanto, uma seleção ditada pela moda e a necessidade de corresponder aos padrões de massa frequentemente impedem pessoas de mente independente de dar sua contribuição para a vida pública. Existe uma tendência perigosa de se travar e interromper o desenvolvimento bem-sucedido. Recebi cartas na América de pessoas altamente inteligentes, talvez um professor em uma pequena faculdade distante que poderia fazer muito pela renovação e salvação de seu país, mas seu país não pode ouvi-lo porque a mídia não está interessada nele. Isso gera fortes preconceitos de massa, cegueira, o que é mais perigoso em nossa era dinâmica. Existe, por exemplo, uma interpretação autoilusória da situação mundial contemporânea. Funciona como uma espécie de armadura petrificada nas mentes das pessoas. Vozes humanas de 17 países da Europa Oriental e a Ásia Oriental não podem perfurá-la. Só será quebrada pelo pé de cabra impiedoso de eventos.” (…) O cenário descrito por Solzhenitsyn já demonstrava o quanto a mídia direcionava o que deveria ser visto e quem deveria ser ouvido. Todavia, Solzhenitsyn não explicitou a quem esse movimento atendia. Tanto o eugenismo quanto os movimentos identitários têm na mídia seu principal aliado, mas pode ser ainda um tanto obscuro para a maioria das pessoas quem manipula as cordas. Das consequências do eugenismo, já temos conhecimento; das consequências dos movimentos identitários, podemos deduzi-las a partir do que sabemos sobre o passado. Esperaremos, como disse Solzhenitsyn, “pelo pé de cabra impiedoso dos eventos”? Esperamos que não! Quando testemunhamos grupos se dividindo, pessoas se odiando e a racionalidade cedendo espaço a teorias utópicas, nos vêm à mente os exemplos do passado. Eugenismo e identitarismos, aparentemente tão diferentes, mas com efeitos tão semelhantes. O primeiro foi superado; quanto aos últimos, precisaremos perseverar. “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mateus 24:13) Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • Uma vida maravilhosa

    Estive ausente por alguns meses, tratando das mudanças que ocorreram, recentemente, em minha vida. Precisava me organizar, por dentro e por fora, para voltar a escrever. E nada melhor para um retorno, do que uma coluna sobre um filme inspirador. Estou falando de A Felicidade Não se Compra , ou “It is a Wonderful Life” , em seu título original. Recomendado a mim pelo meu filho Felipe (de 16 anos!), esse belíssimo filme de Frank Capra, lançado em 1947, fala de George e sua trajetória. Nascido em Bedford Falls, desde menino o protagonista sonhava alto e desejava ganhar o mundo. Antes um solteirão convicto, acaba por casar-se com Mary, a quem conhecia desde criança, tendo com ela quatro filhos. Por diversas circunstâncias da vida e sempre em prol do que é melhor para todos ao seu redor, George acaba por nunca sair de Bedford Falls. Após inúmeras dificuldades e frustrações, atravessando problemas financeiros e vendo seus amigos mais próximos e seu irmão alcançarem fama, fortuna e sucesso, enquanto luta pela sobrevivência todos os dias, George decide por fim à própria vida, em uma noite de Natal, devido a uma dívida. Para ele, a falência e a prisão somente viriam coroar uma vida de fracassos e más escolhas. Afinal, ele não é ninguém importante. Acontece que, embora desejoso de um futuro diferente, George sempre fez o bem, ajudou o próximo, salvou inúmeras pessoas da ruína e da desgraça, criando em sua comunidade um círculo de amor e generosidade. À frente de uma cooperativa de dinheiro, juntamente com seu tio Billy, George ampara os outros, proporcionando-lhes recursos para a realização de seus sonhos e planos, mesmo que isso signifique uma vida com algumas privações para si e sua família. Preso aos problemas do dia a dia, George termina por não desfrutar das coisas que conquistou, junto a Mary, sempre de olho no que poderia ter tido e não teve. Por achar que a vida que leva é medíocre e desinteressante, na iminência de ser preso, ele termina por desesperar-se e acreditar que não vale mais a pena seguir desse jeito. Entretanto, o céu ouve as preces de sua esposa e de todos os moradores de Bedford Falls, enviando um anjo – Clarence - à Terra, para demovê-lo desse intento. Essa será a oportunidade de o anjo ganhar suas asas, pelas quais espera há duzentos anos. Não é uma tarefa fácil e Clarence tem, então, uma ideia genial: decide mostrar a George como seria a sua cidade, caso ele não houvesse nascido, e qual teria sido o destino de todas as pessoas às quais ele ajudou, não fosse a sua intervenção em suas vidas. George fica horrorizado com o que vê. Sua cidade destruída pela ganância de Potter, um velho milionário que encarna a figura do mal, da cobiça e da crueldade e é dono do banco local, e contra quem ele sempre lutou. As pessoas estão empobrecidas, desesperançosas, as mulheres prostituindo-se, os homens embriagados e de caráter duvidoso, face a toda a opressão e à falta de condições decentes de sobrevivência, na agora denominada Pottersville. E quanto a Mary… bem, sua esposa tornou-se uma solteirona e cuida da biblioteca local, sendo uma pessoa amarga e retraída, por nunca haver se casado ou tido filhos. Ao constatar tudo isso, George implora a Clarence que devolva-lhe sua vida, compreendendo algumas das lições mais importantes que podemos obter: Vida é o que acontece diariamente, em nossas relações corriqueiras, nosso cotidiano, no seio da família e no impacto que podemos causar, com nossas atitudes, em nosso entorno. Não viva com os olhos no futuro, esperando pela realização de sonhos e planos que deseja concretizar, ignorando o seu presente. Lute pelo que deseja, esforce-se, mas não deixe de estar completamente inserido na sua realidade e no que se desenrola, todos os dias, sob os seus olhos. Apure os seus sentidos. Aproveite a sua rotina e tudo que já conquistou até aqui. O futuro é incerto. O que nós temos para viver é o HOJE. Nós sempre podemos fazer a diferença no mundo. Nunca subestime o seu papel. Os heróis anônimos normalmente são as pessoas mais importantes, na fundação, na estruturação e na manutenção de tudo o que todos nós desfrutamos. George não pôde lutar na segunda guerra mundial, por ser surdo de um ouvido, mas operou nos bastidores, tendo um papel fundamental no suporte a sua comunidade, enquanto os demais homens estavam fora. Cada um torna-se essencial de um modo. O filme termina com todos os moradores da cidade indo à casa de George (que foi vítima de um golpe), para prestar seu testemunho sobre a sua importância em suas vidas, levando-lhe dinheiro e joias, para que quite sua dívida, mostrando-lhe que o que importa, no fim das contas, não é ser importante: o importante é ser BOM e espalhar o BEM. O protagonista teve, na verdade, uma vida maravilhosa. Essas são as lindas lições de A Felicidade Não se Compra. Todos nós, sobretudo em momentos de decisões ou de dificuldades, deveríamos assistir a esse filme, para compreendermos o que realmente IMPORTA e DÁ SENTIDO A NOSSAS VIDAS. Viva intensamente o seu presente, abrace a sua circunstância e faça dela o melhor que puder. Tudo vale a pena, seja como aprendizado, crescimento pessoal ou motivo para elevação moral. A felicidade pode estar ao seu lado, só precisa ser vista! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • O reino do lúmpen proletário

    A ditadura da degradação e a prisão da Sodoma contemporânea O Império Romano tinha um conhecido método para conquistar os populares que passou a ser conhecida, após denunciada em uma sátira literária, como “ panem et circenses ” (política do pão e circo), uma forma de manter na ignorância o povo, voltando sua visão para, tão somente, alimento e diversão. Desta forma, as pessoas não se debruçavam sobre as crises de natureza política, sendo gratos aos governantes por fornecerem sua “distração” e limitando-se a viver em busca do essencial. Naturalmente, aqueles que figuram na base da pirâmide hierárquica de necessidades de Maslow , não irão se imiscuir em questões complexas ou que pretendam alcançar resultados de longo prazo. Há uma tendência na qual construções mais sólidas demandem maior esforço e que projetos de longo prazo produzam resultados mais eficientes, eis o motivo da revolução, via de regra, redundar no fracasso, pois, seu avanço temerário deixa a lucidez de lado para alcançar o resultado pelo caminho mais célere, ignorando conceitos básicos, como no caso da fábula Os Três Porquinhos , caso em que a pressa ou a preguiça podem ser a ruína dos mais afoitos. Viver somente com o mínimo necessário, ou aquém, privará o indivíduo de preocupações que entende como distantes, como política, economia e outros temas que lhe deveria ser caro, não fosse a urgência em prover o essencial. Não há como debater macroeconomia ou ideologia de gênero com alguém que não tem acesso ao saneamento básico, talvez isso explique o motivo de um espectro político lutar tanto para que as pessoas sejam dependentes do Estado em questões tão primárias. Em outros tempos, o acesso à riqueza era bem mais tímido que atualmente, sendo que, mesmo os mais abastados vidadão não gozavam do conforto dos dias atuais, uma vez que, sequer existiam meios para tanto. Por óbvio que um nobre da idade média tinha uma vida bem mais confortável que um plebeu, entretanto, ao comparar suas condições com um assalariado dos dias atuais, é certo que os tempos fizeram do mundo um lugar menos inóspito. Foi relativamente fácil para os idealizadores e líderes revolucionários incutirem na classe trabalhadora, a qual chamaram de proletariado, um grande ressentimento pelos detentores de maior riqueza. Associando as dificuldades vividas pelo primeiro grupo a uma suposta expropriação por parte do segundo grupo, criando assim o imaginário de uma “riqueza geral” única e estática, de forma que, para que alguém tivesse mais que seu quinhão, teria de subtrair de outrem. Criando a narrativa que a riqueza é resultado da má distribuição de renda e por isso, o milionário faz sua fortuna empobrecendo  outras pessoas, o que está equivocado. Se tal premissa fosse verdadeira as classes mais pobres dos dias atuais teriam uma vida menos confortável que seus antepassados, uma vez que mais milionários surgem, mais miseráveis deveriam surgir. Claro que, tal regra se confirma se observado o enriquecimento daqueles que não produzem riquezas, sendo reais parasitas. A massa de trabalhadores foi condicionada a “odiar” os donos dos meios de produção em razão de uma falsa crença de que aqueles só poderiam enriquecer se tirassem uma vantagem indevida do trabalho alheio. Nasceu assim a rivalidade entre o proletariado e a burguesia. O proletário era o indivíduo que vendia sua força de trabalho ao burguês, dono dos meios de produção, por isso, cunhou-se a ideia que o problema estava justamente na propriedade dos meios de produção, de maneira que, se expropriado o burguês e distribuídas suas posses aos trabalhadores, estariam estes libertos da exploração e poderiam enriquecer juntos e de forma igualitária. Parece estúpido e é. A narrativa se destrói quando observa-se que há uma relação de troca, não exploração, entre trabalhadores e proprietários, bem como, pelo caos que emerge em decorrência da forçosa “distribuição de renda”. Há pontos que devem ser apresentados para corroborar a nocividade de tal relação, especialmente, os agentes que são encarregados de redistribuir riquezas, que, verdadeiramente, subtraem suas fontes da propriedade e do trabalho alheio. A narrativa desaba quando o proletário não se vê mais refém de um discurso revanchista quando percebe que pode obter bens através da relação de troca, que a riqueza disponível pode ser ampliada em razão da otimização da produção. Não há motivos para depender do agente expropriador, a produção de bens e a melhora na qualidade de vida propicia ao indivíduo libertar-se de mentiras, e ainda, não depender de uma espécie de “herói” para tirar dos ricos e dar aos pobres. A título de reflexão, seria no mínimo estranho acreditar em uma fábula de repartição de riquezas, posto que, aquele que subtrai dos mais ricos teria que ter meios para isso, ou seja, ser mais poderoso que suas vítimas e, possuindo tamanho poder, não teria motivo para quebrar a cadeia produtiva, que o sustentaria no topo da pirâmide. Nota-se que na fábula, embora o “herói” tire dos ricos para dar aos pobres, o mesmo e seu bando sustentam-se de parte, talvez a maior fração, da riqueza ora arrecadada, entretanto, apesar da simpatia daqueles que eram atingidos por suas benesses, não rejeitou as graças do monarca, reconquistando seu feudo. A fábula tem seu final com o regresso do “herói” a sua condição de senhor, o que, em tese, lhe impediria de praticar as infrações e distribuir seus resultados. Em síntese, poder-se-ia presumir, claro que trata-se de uma fábula e não tem motivos para mergulhar no tema, que Robin De Locksley  teria usado o seu bando de marginais, que poderiam ter sido agraciados ou não após sua ascensão ao feudo, e a simpatia dos mais pobres, ainda que comprada por uma falsa bondade, para recuperar seu poder, não havendo em seu íntimo uma vontade realmente caridosa, mas somente o desejo de reaver suas posses (claro que há mais de uma versão da lenda). De qualquer forma, o suposto herói e seu bando sustentava-se tão somente do espólio de suas ações criminosas, ou seja, nem tudo que era subtraído chegava aos mais pobres, logo, existia um grupo que, alegando distribuir riquezas e fazer uma justiça social, parasitava tanto a classe que produzia quanta aquela que acreditava se beneficiar de sua “benevolência”, um tipo de caridade com o esforço alheio. Qualquer semelhança com o socialismo é mera coincidência. Quando os trabalhadores percebem que podem se sustentar sem a ajuda dos tiranetes ou que estão sendo enganados por tal tipo de impostor, inicia-se a luta para livrar-se de tais parasitas. Como de costume, os seres que se sustentam do trabalho e da propriedade alheia não deixarão de sugar seus nutrientes sem luta. O conforto proporcionado pelos avanços tecnológicos acabam com as narrativas de uma elite política socialista, logo, precisam migrar para outro hospedeiro, ainda que seja aquele que outrora desprezavam. O socialismo, nos dias atuais, se sustenta no lumpemproletariado, esta nova vítima do maior parasita que já assolou a humanidade é um grupo que os próprios idealizadores da moléstia não escondiam seu asco. A palavra lúmpen tem origem no alemão e significa trapo, quando utilizada para um individuo, geralmente grafada “ lump”,  pode ser traduzida como trapo humano, pois inclui a ideia de improdutivo, marginal ou patife. Por falar em patife, para Karl Marx o lúmpen proletário define-se como: “Libertinos, arruinados, com duvidosos meios de vida e de duvidosa procedência, junto a descendentes degenerados e aventureiros da burguesia, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, escrevinhadores, tocadores de realejo, trapeiros, afiadores, caldeireiros, mendigos.” Não há como negar que tal grupo de pessoas era tratado, inicialmente, como uma subespécie da classe proletária, dejetos da principal, ou uma classe abaixo daquele que era alvo do desejo dos tiranos, descartável por ser imprestável aos anseios dos déspotas que ludibriavam os trabalhadores para ascender ao poder. Aqueles que eram considerados “trapos humanos”, apenas de fardo, aos trabalhadores seriam assim definidos como lúmpen proletários. Em um primeiro momento estas pessoas são tratadas com total desprezo, posto que, não teriam serventia nos planos de líderes e nos projetos dos pensadores. Ascender ao poder dependia de fazer com que um grupo, potencialmente forte, fosse convencido que o infortúnio de seus membros era consequência da existência de outro. Assim foi feito na Revolução Francesa , a qual o filósofo irlandês Edmund Burke identificou prematuramente como a subversão de valores que estruturavam a sociedade e resultaria em uma dramática passagem de nossa história. Infelizmente, o pensador estava certo e o caos que se abateu na França lavou o solo daquele país com o líquido rubro extraído dos corpos de seu povo, tragicamente, não se tratava de vinho. A culpa pelas mazelas de uma sociedade poderia ser facilmente creditada a um grupo de pessoas, sejam os nobres, os burgueses, os judeus e qualquer cuja a torpeza dos revolucionários elegesse como alvo. Assim, o povo condicionado a odiar um determinado grupo e aceitar que qualquer atrocidade fosse praticada contra ele em nome do bem comum (como acreditar que pessoas que não se submeteram a terapia gênica  poderia ter atendimento hospitalar negado  ou sofrer outras consequências por não se dobrarem as vontades coletivas). Como mencionado, os diversos fracassos dos regimes totalitários que usaram o ressentimento como bengala de apoio e enganaram os mais pobres para obter o poder, posteriormente deixando-os em condições piores em se comparando as que encontravam-se, provou que confiar o poder aos falsos preditores de fartura e paz é um grande erro. Mas a ilusão reconfortante em transferir as raízes de todo o infortúnio leva o indivíduo a apostar em soluções revolucionárias. A queda dos revolucionários se dá em razão de seu fracasso quando já assumiram todo o poder, infelizmente o custo são inúmeras vidas, já que tais déspotas abnegar-se-ão reconhecer sua falta e insistirão em manter-se no poder, não importando quantas vidas ceifarão para isso. Basta ver a tragédia venezuelana , na qual um tirano e sua claque derramam cada vez mais o sangue de um povo para sustentar sua ideologia assassina. O ideal é interromper a ascensão do totalitarismo ao poder, entretanto, como sua intenta, que deveria ser criminosa, é dissimulada, os autoproclamados progressistas, na verdade revolucionários, usaram de narrativas com a cosmética de justiça social, uma ratoeira para os incautos e um convite aos oportunistas, para controlar qualquer grupo que espie seu infortúnio em outro. Apenas quando há uma percepção dos males que o progressismo trará, ele pode ser freado. O alvo da claque revolucionária precisa ser alguém fácil de manipular ou disposto a negociar sua servidão, portanto, é necessário unir grupos ressentidos ou gananciosos para engrossar as fileiras das tropas do caos. Para isso, criar guerras de classes é essencial, não sendo viável movimento de conciliação ou que estimulem a introspecção para que o individuo conquiste suas próprias vitórias. O mérito deve ser demonizado , pois, alcançar o sucesso sem a bengala do progressismo liberta o indivíduo. A antiga massa de manobra dos revolucionários se viu liberta ao perceber que sua relação com o mundo depende muito mais de suas decisões que de pseudovisionários charlatões que só almejam a vida parasitária e o poder para manter outro na qualidade de escravos. A farsa socialista fracassa quando o “proletário” se liberta das mentiras de tal grupo. Sem o proletariado para cumprir o papel de levar a elite socialista ao poder, resta rebaixar-se para cooptar aqueles que os próprios revolucionários desprezavam, a classe dos inservíveis, o lumpemproletariado. Não dispondo da tropa desejada, recrutar-se-á o refugo, posto que, a persecução do poder é irrenunciável nas mentes doentias dos progressistas, ao ponto de tentarem justificar dezenas de milhões em mortes. É imperioso distinguir que seria o lúmpen proletário, uma vez que, na atualidade, cabe desmembrar três grupos, sendo dois deles objeto do desejo da fome totalitária. A primeira definição é usada de forma equivocada, porém intencional, como argumento dos progressistas atuais, haja vista a necessidade de manter o desprezo por aqueles que não fazem parte de seus planos, contudo, preservando a repulsa pelo termo como fizera o “messias” do socialismo, Karl Marx. Seria impossível esconder a forma como o mestre dos revolucionários tratava as pessoas que julgava como trapos da sociedade e, ao mesmo tempo, tentar seduzir tais indivíduos a alistarem-se na guerra de classes. Os progressistas, preservando somente uma narrativa de desprezo, tentam tratar como lúmpen proletário o indivíduo que não tem a vontade de se imiscuir na política, sendo mais uma de suas mentiras, pois, direcionam tal rótulo aos que, independentemente de seu interesse pela coisa pública, não coadunam das pautas dos revolucionários, logo, para a elite socialista e suas antenas repetidoras , os imprestáveis seriam todos aqueles que não se deixam seduzir por ideais revolucionários e rejeitam suas políticas. Fácil constatar como tal tipo de tirano tem facilidade em descartar pessoas somente por sua visão dissonante. Se Karl Marx chamou aqueles que não possuem consciência de classe de trapos, isso faz com que os progressistas usem tal grupo como alvo, tendo em vista que, assim como o citado, seus seguidores são seres capazes de perseguir qualquer um que considerem não servir à causa, espelhando a psicopatia do autor. No entanto, há dois tipos de definições que englobam o lumpemproletariado, mas que jazem afastadas dos discursos dos marxistas, que são os improdutivos e os marginais, estes que atualmente se tornaram a melhor espécie de idiotas úteis. O ativismo das chamadas minorias tenta cooptar uma gleba de pessoas que se marginalizaram, atribuindo às mais diversas situações o fato de estarem fora do corpo da sociedade, orbitando-o por simplesmente assumirem uma posição agressiva e vitimista que faz com que os mais cautelosos se afastem. As pautas minoritárias, que tentam angariar seguidores associando uma suposta rejeição social em relação à outra classe, ainda conseguem arregimentar militantes, entretanto, se faz mister marginalizar os mesmos para que não sigam o destino dos trabalhadores. As chamadas pautas identitárias criam um comportamento tribal que tem o efeito de excluir seus adeptos de um convívio social saudável e perseguir qualquer um que tente se libertar de tais grupos. Por outro lado, as lideranças de tais “minorias” parecem ter uma vida bem abastada, como o caso de duas cofundadoras do grupo Black Lives Matters, que adquiriram uma mansão de valor considerável  no estado da Califórnia, EUA. As duas possuem outras fontes de renda, mas também decorrem do ativismo que prega “combater” o racismo, por outro lado, verifica-se que as ativistas possuem outros bens de valores consideráveis, mesmo se dedicando exclusivamente à militância em favor dos “menos favorecidos”, tragicômico, mas os tolos ainda acreditam, embora seja fácil perceber o quão se tornou financeiramente interessante  a militância. Curioso como os grupos revolucionários perderam o pudor e servem aquilo que fingiam combater, com ver milionários mimados  ignorando suas raízes para assumir um falso sacerdócio perante as massas iludidas. Revoltados com um inimigo imaginário, juram vassalagem aos mesmos senhores que seus profetas dizem combater, mais uma vez, se deixam iludir por favores, como cotas e outras migalhas são prisões, ou pelo sentimento de pertencimento, acreditando ter um lugar nos salões nobres que conquistarão sem esforço. A sobra das torres de marfim  confortam os que foram convencidos que são vítimas de um mundo que os relegou ao sofrimento por suas escolhas ou sua natureza, como cor de pele, gênero, prática sexual ou qualquer outra característica que possa ser explorada para supressão de vontades individuais em nome de grupos, que nada mais são que feudos ou regimentos de serviçais que interiorizam as pautas de seus senhores como suas, passando a santificar líderes ao ponto de se submeterem a quaisquer abusos , a aceitação do “ rouba mais faz ” é um exemplo. O Partido Democrata dos EUA prova que é possível “ganhar” o amor das minorias, simplesmente, comprando seus líderes e oferecendo migalhas  que pareçam direitos, quando na verdade tensionam diferença entre os grupos ao passo que arregimentam os que por elas são favorecidos. Tal tática tem funcionado de maneira a permitir que o mencionado partido conseguira aproveitar do apoio da Ku Klux Khan e do Black Live Matters, dois grupos idênticos, em que pese tentem se dizer antagônicos. Exemplos não faltam, basta prestar atenção para constatar que as lideranças das “minorias” evitam o choque contra outra ala cujas rédeas são puxadas pelos revolucionários. Mais uma vez, usando um pouco da lógica, é possível se libertar da prisão das minorias, posto que, um indivíduo que busca através de seu esforço suas metas, abrindo mão de uma bengala estatal ou social, pode deixar de lado o chamado sentimento de pertencimento e, deixando a prisão que é a tribo, passará viver como membro da sociedade como um todo, achando em seus pares, independente de suas supostas marcas, um grupo maior do qual faz parte, a humanidade. Livre, poderá se associar com pessoas por interesse comum e saudável, sem que exista uma fogueira, alimentada pela revanche, a ganância e a inveja, para sentar-se à volta. Quando, por exemplo, uma mulher entende que o feminismo é mais uma prisão que um lugar em comum, ela encontrar-se-á livre, o mesmo ocorre com pautas raciais, LGBT e todas as outras. Deixando de ser um agente da revolução, um idiota útil, torna-se inalcançável aos tiranos, fazendo com que tenham de recrutar outros para sua intenta demoníaca. O lúmpen proletário pode estar vivendo de tal forma justamente pelo ostracismo que sua “tribo” lhe impõe, hipoteticamente, poder-se-ia admitir que uma feminista sofre rejeição de homens por ser uma acusadora em potencial, uma vez que, teria uma tendência antinatural a interpretar uma aproximação como assédio , não pense que isso prejudica os manipuladores, tal distanciamento lhes é favorável, justamente, por alimentar ainda mais o revanchismo entre os homens e mulheres, fazendo do feminismo a tábua de salvação  para estas mulheres deslocadas da sociedade. A expressão Deus, pátria e família tornou-se o pesadelo contemporâneo do progressista, exatamente porque a fé impede a submissão total do indivíduo aos grupos, os tais feudos, posto que, não se pode acatar algo contrário aos ensinamentos divinos para aceitar narrativas, é inconcebível curvar a vontade de Deus ou reeditar escrituras sagradas  em prol de uma pauta, seja ela qual for. Decorre daí uma resistência inerente àquele que crê, que se levantará face aos anseios totalitários, por tal motivo, é imperioso aos revolucionários corromper a fé. Especialistas dizem que Antônio Gramsci acreditava que o socialismo seria o herdeiro do cristianismo e não seu coveiro, data máxima vênia, sem destruir a fé cristã, o povo não assumiria como divinos os líderes políticos, tratando-os como inquestionáveis, como é o caso do regime norte-coreano, em que o governante tem status de divindade . Parece que o tal “herdeiro” ganancioso está disposto a eliminar aquele que tornar-se-á o autor da herança. “O Partido Comunista é atualmente a única instituição que pode se defrontar seriamente com a comunidade religiosa do cristianismo primitivo [...] Entre os militantes pela Cidade de Deus e os militantes pela cidade do homem, o comunista não é certamente inferior ao cristão das catacumbas”. A pátria também pode ser um pequeno incômodo, haja vista que, conservar sua identidade nacional fará com que o indivíduo se oponha aos planos transnacionais dos revolucionários, lutando para defender seu povo. Podemos citar o povo russo que resistiu a investida de Napoleão e das nações que compunham a extinta União Soviética, que conservaram sua identidade nacional após a dissolução daquela abominável confederação . Por fim, temos o conceito de família, que serve como porto seguro ao indivíduo, constrói sua base de valores e se traduz em pessoas que lhe são tão caras que seria capaz de confrontar o poder para protegê-las. A vontade em criar uma sociedade sem famílias, em que o sujeito esteja ligado apenas aos valores revolucionários chega a propor abertamente o fim da família , em uma psicopatia social digna da ficção, o discurso progressista ambiciona o poder de tal maneira que seria capaz de triturar quaisquer obstáculos. Não por acaso tal visão de mundo custou tantas vidas. A elite socialista sabe que precisa de uma massa incapaz de se libertar, os eternos decaídos, sendo os serviçais perfeitos, pois, desprovidos de valores morais, tornam-se facilmente corruptíveis e inaptos a desafiar seus mestres. São realmente impossibilitados de caminhar sem bengalas, precisam da ilusão de liberdade conquistada pela subserviência aos tiranos, que consideram seres admiráveis e altruístas, não se queixaram de viver de migalhas pois sua natureza é vagar pelas sombras catando-as com ratos. Identificar uma fonte de indivíduos em tal condição pode ser difícil, mas o próprio Karl Marx já tinha verificado tais pessoas e colocado-as no corpo de sua definição. Os marginais, não aqueles que foram seduzidos pela guerra de classes, ou mesmo, que acreditaram ser de um grupo que sofre o ostracismo por sua condição, mas aqueles que, das trevas, fazem seu meio de existência. Nas palavras do nefasto Marx, “os vagabundos , soldados dispensados, prisioneiros libertos, escravos fugidos de navios, malandros, charlatões , lazarentos, punguistas, trapaceiros, jogadores, cafetões, donos de bordel , carregadores, literatos, tocadores de realejo, trapeiros, amoladores de faca, funileiros, mendigos – em suma, toda a massa indefinida, desintegrada, jogada aqui e acolá, denominada pelos franceses de a boemia (Marx,1851-1852: 149)”. Percebe-se que a definição dos marginalizados já encontra-se na exposição do lumpemproletariado desde sua origem. Alistar o marginal é essencial quando não é mais possível socorrer-se do apoio de trabalhadores, que cada vez distanciam-se mais dos revolucionários, e das chamadas minorias, quando pessoas que eram levadas a crer estarem presos às tribos, começam a despertar e observar que são tratados como massas de manobra e rejeitam a subcultura  que lhes é imposta. Claro que tal rompimento gera uma reação daqueles que pretendem controlar tais nichos sociais e fazer deles seu capital político. A revolução decidiu se aliar com aquilo que desprezava, não que exista problema diante da relativização da moral progressista, mas precisavam esconder seu asco da massa que precisa conquistar, mesmo ciente que está lidando com pessoas que considera o resto, que serão descartadas caso volte a sua situação de poder. Da mesma forma que o senhor feudal da fábula mencionada, conquista o amor dos mais pobres para confrontar a nobreza, omitindo que ao reconquistar seu lugar no castelo, não se importará com estes desafortunados. Considerando que são seres abjetos e sua única serventia é servir de platô para que o revolucionário possa galgar um plano superior na escalada do poder. A grande vantagem em utilizar a mais baixa classe reside, justamente, na incapacidade de tais indivíduos se libertarem, são viciados, marginais e criminosos contumazes, tem com modo de vida a subsistência parasitaria e colocam-se como seres nocivos à cadeia produtiva. Não por acaso a representação política e cultural da esquerda insiste em minimizar os males das drogas, glamoriza a vida boemia e, literalmente, protege facções do crime organizado . A glamorizarão da vida boemia e das drogas é explicita na manifestação cultural, as embalagens vazias  (influenciadores que nada tem a oferecer e são colocados em tal condição para servir como o Flautista de Hamelin ), o chamado funk ostentação seduz os incautos a abraçarem uma cultura de orgias regada ao luxo, vendendo uma falsa ilusão. Uma forma de alistamento para o crime organizado e sua subcultura, arregimentam cada vez mais mão de obra para a revolução dos degenerados, uma classe disposta a culpar outrem por suas vicissitudes e de fácil descarte, serviçais inconscientes de déspotas que não encontram quaisquer traços de pudor em manobrar tais indivíduos. Um bom exemplo é o chamado funk ostentação, oriundo da periferia do São Paulo, apresenta um estilo de vida, ainda que de faixada, inalcançável para a maioria da população, especialmente os que vivem nas comunidades mais carentes, servindo como um canto da sereia para o consumismo desenfreado e, ao mesmo tempo, transferindo para a aqueles que produzem a responsabilidade pelas mazelas sociais. Os artistas do citado metiê, tendem a acusar a classe média , justamente aquela que os revolucionários pretendem subjugar, ao passo que, se rendem ao mainstream. Em um nível ainda mais alarmante temos o chamado funk carioca, este que desde seu nascimento anda de mão dadas com o crime organizado, basta uma pesquisa superficial sobre “ funk proibidão ” para constatar tal enlace, negar isso, além de mentiroso é canalha. É inequívoco que a sexualização, não só das letras, mas das figuras, do funk tem como função central servir de isca e seu comportamento, uma verdadeira ode ao crime e ao ódio a sociedade civilizada, é um convide ao declínio, muitas vezes direcionado aos mais indefesos, como jovens pobres, fingindo ser um movimento cultural. A degradação se agrava quando se observa o ambiente em que ocorre a celebração dos bailes funk, locais, via de regra, literalmente controlados por organizações criminosas dispostas a aliciar, envenenar e estabelecer uma cultura de admiração entre os frequentadores e sua podre nobreza, compostas por barões do crime. Por falar em nobreza do crime, o que dizer das escolas de samba, agremiações que fazem com que gangster do alto escalão desfilem diante de um povo entorpecido e ostentem seu poder, sem que sejam desafiados. O crime organizado aprendeu que, através da propaganda, é possível criar uma cultura própria estabelecendo uma relação de poder e culto a personalidade, antes, através de pequenas benfeitorias, comprar apoio sempre foi um “bom negócio”, nascendo o ideário de um caudilhismo do crime, dando a figura o “padrinho” ou “patrão” uma legitimidade anômala que decorre do assistencialismo e da violência marginal. A autoridade dos senhores feudais do crime é inquestionável dentro se suas jurisdições paralelas e pode estender-se além de suas fronteiras para causar um mal aos seus opositores. Não é por força do acaso a atração entre revolucionários e as organizações criminosas, não é uma coincidência que a subcultura destes artífices seja incutida como natural e a denunciação de seus males seja tratada como um tabu, carimbando como preconceituoso todo aquele que aponta o quão nocivo é a cultura do lumpemproletariado, pois ela é o convite para a degradação humana e indivíduos sem valores são escravos por sua incapacidade em perceber serem massa de manobra. Nada mais óbvio que expandir a cultura da degradação torna-se interessante aos que precisam, cada vez mais de uma sociedade degenerada, não há resistência ao totalitarismo em uma cracolândia , as pessoas naquele ambiente estão reduzidas à condições subumanas, bem como, aqueles que participam da orgia regada à entorpecentes  nas comunidades que são chamadas de baile funk e vendidas como simples como manifestações culturais. Recentemente, uma proposta de emenda a um projeto lei, feita por uma parlamentar progressistas tentou destinar verba de competições esportivas à torcidas organizadas, o que parece uma forma de cooptar as lideranças de tais grupos sabidamente violentos, coincidência ou não, os revolucionários chegaram a usar algumas destas facções para intimidar cidadão reduzindo a adesão daqueles que pretendiam se manifestavam pacificamente. Tais organizações já são infectadas pelas visões revolucionárias, não sendo nada além das demais, entretanto, muitos dos líderes de torcidas preferiram manter-se longe dos embates políticos, fazendo com que a elite progressista buscasse um meio de se aproximar deles. Interessante também o caso da governo da cidade do Rio de Janeiro, quando o então prefeito decidiu reduzir significativamente as verbas repassadas às escolas de samba, medida que era defendida pela maior parte da população carioca, incluindo opositores do chefe do executivo municipal, entretanto, a grande mídia e as lideranças progressistas não digeriram tal medida, posto que, retirava receita de agremiações que, de forma menos enfática, cumprem o mesmo papel dos bailes funk. Capturando consciências através de uma simpatia artificial para arrebatar os corações dos populares. A Lei Rouanet , muito questionada, também servira como uma forma de conquistar a simpatia dos populares através das antenas repetidores, muitas embalagens vazias, que, agraciados com considerável benefício faziam questão de manter o status quo, usando sua popularidade para entorpecer os menos esclarecidos e conduzi-los, gentilmente, ao matadouro. O convite para o reino do lúmpen proletário está em suas mãos, mas saiba, quando as luzes apagarem, você se reconhecerá como uma ferramenta que perdeu seu valor e será descartado como qualquer objeto inservível. Seja bem-vindo, aproveite bastante a festa, descubra-se um idiota útil e garanta seu lugar em um futuro sombrio cheio de sofrimento, ou, desperte e liberte-se. O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. Isaías 3:9 Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 05 - ISSN 2764-3867

  • Aos que bebem do PROGRESSISMO

    O CONSERVADORISMO, os aguarda no fundo da taça. Com o título parafraseando a célebre frase de Werner Heisenberg, a proposta do texto que trago é promover uma reflexão sobre o quanto estamos seguros na nossa caminhada, embora o mundo pareça estar desabando. O assunto do momento em todas as esferas da sociedade mundial é o chamado progressismo; assunto que tem rendido muitas reações, porém com pouco efeito pois parece proposital que a enxurrada de " novidades" tenha chegado em um momento de debilidade intelectual. O movimento, chamado de progressismo, tem prometido uma revolução cultural que trará ao menos em teoria, a tão sonhada paz social que é o ponto cardeal sociopolítico moderno. O que vemos é um show de horrores que nos faltam palavras para descrever. Neologismos, conceitos absurdos, relativização de quase tudo e a cereja do bolo é a falta de definição das palavras. Democracia relativa, justiça seletiva, fuga da realidade, entre outras aberrações. Tudo isto está preparado para o deleite daqueles inconsequentes que percebendo ou não, contribuem para a agenda do fracasso humano. Entre os espinhos deste movimento, vem surgindo vários “grupos sociais e instituições” para amparar a nova forma de sociedade; com tudo, nesse terreno de sofismas sociais vemos brotar algumas sementes que parecem ter caído por ali e insistem em brotar com uma força tão poderosa que só a natureza como ela é, poderia impor. Em um mundo onde honra, gentileza, ternura, bondade, política, medicina, ciência, religião, estado, democracia, família, justiça, liberdade e tantas outras palavras que de uma hora para outra deixaram de ser substantivos para terem o significado que a sociedade achar conveniente, parece que algumas tradições se impõem. Vejamos… Mesmo entre os grupos criminosos, sabemos que seria impossível que se mantivesse de pé sem que houvesse um código de honra, ética, moral, e por fim a cobrança exigente do seu cumprimento, sendo o desvio pago com a própria vida; então fica a pergunta: porque algo tão conservador é tão exigido em um grupo tido como revolucionário, (progressista)? Uma das respostas, é que o homem naturalmente vai buscar por força dessa mesma natureza, conservar o que ele tem de melhor, sua propriedade privada mais importante: sua essência, (pessoal e das relações). Talvez, por isso, todas as revoluções propostas pelos grupos progressistas fracassaram, pois se não houver uma estrutura conservadora amparando qualquer movimento social, ele tende ao fracasso. É preciso saber que a luta pelo conservadorismo – aqui não me refiro apenas ao movimento ideológico – não é apenas da sociedade, mas da própria natureza. Sabemos que se desmatamos toda uma floresta, a tendência é que ela se restabeleça naturalmente, e ainda que seu restabelecimento seja sabotado os ingredientes para que ela volte ao seu estado natural estarão sempre presentes e em algum momento a natureza encontrará um caminho; vemos isto na prática quando em meio a um deserto escaldante encontramos um oásis. Num cenário totalmente contrário encontramos o improvável. Neste sentido, propor uma revolução em ambiente natural é lutar contra a própria natureza, e a pergunta é: quem pode impedir o sol de nascer? Quem pode impedir que a noite venha? Quem pode impedir que o tempo passe? A resposta é: ninguém pode e jamais poderá!! Convido a leitura do livro de Mateus cap7 versos 27 e 29. Ali, o mestre Jesus, nos mostra o poder de estarmos amparados pelas leis da natureza e que não há motivos para ansiedade, ainda que o cenário seja o pior possível, há movimentos que independem de nós, pois estão acima do nosso campo de ação. É claro que há meios de interferir na natureza, porém apenas no imprescindível, no inexorável, jamais!! Em vias de conclusão, o objetivo do texto é aplicar nossos esforços naquilo que importa, é deixar que a natureza faça sua parte, restando apenas como nosso trabalho, manter de pé o ambiente, a atmosfera necessária para que a seu tempo a natureza sociopolítica do ser humano cumpra seu papel. Para tanto, basta que guardemos firmes os elementos que conservam nossa sociedade no caminho das virtudes humanas, onde na sua prática está o real sentido de “Ser humano.” No livro de Mateus cap6 v 33, está escrito: "Buscai primeiro o reino de Deus e todas as coisas boas serão acrescentadas. Entre as coisas a serem acrescentadas está um mundo melhor e uma sociedade mais justa. Nossa trilha não será fácil, mas também não será em vão. É característica de toda a revolução, revolver, bagunçar tudo que está posto, com isso nada de bom fica em seu caminho, já o caminho natural do conservadorismo é deixar que a própria natureza faça suas mudanças cabendo a nós a adaptação. Por esta razão é que estamos seguros em meio ao furacão revolucionário que assola o mundo; nosso abrigo está na natureza divina; Deus para que acredita, por todas essas razões nossa vitória é inevitável. Que Deus abençoe nossa jornada!!! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

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