A ciclotimia do sistema anticristão
O mundo subsiste em ciclos. Basta uma breve observação no macro para percebermos isso. Todas as peças absolutamente encaixadas e interdependentes de um sistema solar criado para que tivéssemos as condições necessárias à vida tal qual a conhecemos. Salomão afirma que “O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há de novo debaixo do sol.” (Eclesiastes 1:9).
Depois da primavera sempre virá o verão, e inverno nunca vem antes do outono, porque assim é. Foi o que Deus determinou quando as águas do dilúvio baixaram: “Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão.” (Gênesis 8:22).
O foi criado, literalmente, como uma forma de apoteose desse universo cíclico, perfeitamente ordenado, moldado para que ele, homem, tivesse todas as condições de viver uma vida plena e feliz. É a ordem divina que produz essas condições, e o homem, ao ser criado do pó da terra, nos deixa uma mensagem profunda de inteiração com o elemento de onde foi tirado. Não por acaso o termo “Adão” vem de “Adamah”, que significa “terra”, “barro”, “pó”. Deus poderia ter criado o homem da mesma forma que criou todas as coisas, apenas com a sua palavra, mas preferiu lhe dar um tratamento distinto do restante da criação, e fê-lo pessoalmente.
Poderia ter também ter escolhido qualquer outra matéria-prima para nos criar, mas optou pela menos valiosa e mais comum entre todas: o pó da terra. Ao fazer isso duas mensagens ficam claras. A primeira: não somos tão importantes como imaginamos. E a segunda, fomos tirados de um mundo preordenado criado antes de nós, não para modificar essa ordem, mas para interagir com ela, a partir de determinações claras e expressas do Criador.
“Ao criar o ser humano, o Criador o fez dentro de certas especificidades contextuais perfeitamente interdependentes, cuja ordem lhe garantiria a manutenção do status quo do Éden, ainda que por “Éden” se entenda uma imagem idealizada de um paraíso na terra” (Neto Curvina. A Velha Desordem Mundial: A Teologia do Caos. Autografia. 2024.).
De forma resumida podemos afirmar que a felicidade e a plenitude do homem está diretamente ligada com o modelo de terra original dos primeiros dias.
O sistema sabe disso, e por isso empenha todos os seus esforços para criar todo tipo de desvio que leve o homem a contestar, resistir, combater e rejeitar tudo aquilo que de alguma forma represente essa ordenação, que traga Deus e a fé nele para o centro do debate, que se centralize na tradição judaico-cristã, porque ele – o sistema – sabe que uma sociedade ancorada na Revelação Divina, não é presa fácil para os sistemas de manipulação, exploração e controle que ele implementa, a fim de exercer um controle cada vez maior sobre a humanidade, com o intuito de preparar o mundo para a chegada do “príncipe que há de vir” (Daniel 9:26).
Então aqui cabe uma análise mais ampla, que evolva os diversos aspectos da natureza e tradição humanas. Se há um conluio de entendimentos entre o que as forças anticristãs querem e o que querem os globalistas e toda a sua vasta gama de faces (comunismo, progressismo, ateísmo, baixo misticismo, etc.), não há prejuízo à lógica afirmar que, no fundo, tudo aquilo que milita contra nossos valores mas caros e ancestrais na verdade é de origem satânica.
O apóstolo Paulo dá o tom ao escrever que a nossa luta não é contra coisas visíveis, mas invisíveis (Efésios 6:12). Mas mesmo as coisas invisíveis estão sujeitas às leis do Criador, e não podem agir sozinhas, sem a contrapartida humana, que permite o intercâmbio e a interação de mundos, unidos pelo propósito de desafiar o Deus que gerou a vida e a mantém. Se os agentes das trevas são criaturas espirituais sem tempo de validade, seus instrumentos humanos são temporários, passageiros, por maior que seja sua crueldade e o legado de destruição e terror que deixaram na história, em algum momento ele se vão, e o sistema precisa se reorganizar para então reiniciar sua sanha diabólica de subverter o homem pelo pecado, pela negação de Deus, pela afronta à tradição judaico-cristã. É a ciclotimia do sistema anticristão, autodestrutivo, autofágico, suicida, posto que não tem nada a perder, desde que faça o maior número de vítimas possível.
Uma cena do filme “Matrix – Reloaded” (2003) chama à atenção. Nela, o personagem principal Neo tem um encontro com o Arquiteto, que é o responsável pela criação da Matrix, vivido pelo ator Helmut Bakaitis, que diz para o herói que ele não é o primeiro e nem será o último a se insurgir contra o sistema. Obviamente nunca saberemos se o que ele diz ou mesmo as imagens que ele mostra de outros “escolhidos” nas telas em volta da sala são verdades ou não passam de um jogo de desinformação. Mas a ideia de um ciclo de “perde e ganha” atemporal nos parece mais factível do que qualquer outra coisa. Quando Marx, um agente da Matrix, afirma que “A história se repete, a primeira vez como tragédia, e a segunda como farsa” (há quem conteste se a frase foi dita desse jeito), essa ciclotimia do sistema é exposta.
O principal teórico do comunismo, ao mesmo tempo uma farsa e uma tragédia, capturou a narrativa dos tempos e a moldou de forma a lidar com o lado caído do subconsciente da humanidade, talhado para o mal, como bem informam as Escrituras em diversas passagens. Sempre foi assim e sempre será. Daí a necessidade de uma produção cada vez maior de zumbis doutrinados. E aqui mais uma vez a arte dá o tom apocalíptico dos destinos da humanidade. Ou será que ninguém percebeu que todos esses filmes sobre um “apocalipse zumbi” não têm absolutamente nada a ver com zumbis, mas com manipulação mental? Há, pelo menos, três tipos de “zumbis”. O primeiro, fabricado pelas drogas, cada vez mais livres e liberadas. O segundo, fabricado pelas instituições de ensino, os zumbis militantes, caricaturas sociais dotadas de uma imbecilidade imensurável. E o terceiro, os zumbis espirituais. Esses são os agentes do sistema para um futuro agora já não mais tão distante. E, assim como nos filmes, não há nada que possa ser feito – além de uma intervenção divina – para evitar que eles se proliferem, tal qual os agentes Smith, que saíam de todos os cantos para infernizar a vida de Neo e seus aliados fora da Matrix.
Finalmente, podemos constatar o quanto o sistema é doentio, tal qual seu chefe maior, o diabo. Uma psicopatia que se revela na interdependência de pilares antagônicos e hostis entre si que, se trabalham pelo mesmo fim, hão de se matar ao final, porque de homogêneos não têm nada. Todos militam de forma feroz contra tudo o que remete à tradição judaico-cristã, ou, como diz Paulo, “Se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto” (II Tessalonicenses 2:4). E é aqui que se revela o traço mais ignóbil das narrativas anticristãs. Imagine que um lado temos o fundamentalismo religioso raivoso que impera no Oriente Médio, que apoia e sustenta o terrorismo e a barbárie contra mulheres, idosos e crianças, e do outro lado temos a militância progressista das “minorias”, com seu discurso patético sobre identidade de gênero, aborto e outras idiotices woke. Imagine se jogássemos esses dois grupos em uma ilha deserta. O que você acha que aconteceria?
Isso é o sistema.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N. 45 – ISSN 2764-3867
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