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A importante contribuição do renascimento italiano na religião


A importante contribuição do renascimento italiano na religião


Nesta edição, quero compartilhar um momento histórico que deveria ter mais exposição em nossa sociedade; quero compartilhar um pouco do movimento renascentista, especificamente a influência das ideias do renascimento na religião.

O objetivo é elevar a impressão que se tem da religião nos dias de hoje, já que tem sofrido um ataque constante de alguns interessados em denegrir a imagem de um aspecto tão importante para o resgate dos verdadeiros interesses do ser humano.

Para tanto, trago um pouco da influência da Academia neoplatônica de Florença e do movimento renascentista que fluíram entre os séculos XV e XVI.

A Academia de Florença, sendo essencialmente fruto do pensamento renascentista, influenciou inevitavelmente através de seus membros, todas as áreas da atuação humana, inclusive a religião.

A aspiração ao poder caracteriza a igreja e o papado nos finais do século XV e XVI. O papa Nicolau quinto, exigia o uso de imagens que reforçassem essa aspiração.

Necessitavam de espetáculos grandiosos, na mesma medida a arquitetura deveria expressar a autoridade eclesiástica com seus edifícios de grandeza igual aos da antiguidade, mas esta aspiração ao poder e sua representação terrena provocaram a oposição de muitos fiéis.

A ilimitada ambição de poder e a ostentação nociva dos papas, produziram nos finais daquele século, a primeira crise profunda na igreja e as reformas religiosas fundamentais.

Já a perspectiva renascentista promovia o afastamento dos dogmas da igreja, mas não excluía de forma alguma os temas fundamentais da religião para a evolução humana; o papel da academia, foi dar um caráter humano a apresentação das histórias religiosas principalmente através das artes.

Academia de Florença trouxe através do antropocentrismo a ideia de que o homem era o centro do universo e não mais, Deus, como pregava a igreja através do teocentrismo; contudo, o trabalho da academia era trazer harmonia a esses temas enriquecendo o caminho religioso incorporando ideias filosóficas de todas as tradições.

Uma prova disso foi o florescer das artes com total apoio da igreja, pois haviam compreendido a mensagem dos renascentistas levada à religião.

A questão, é que os artistas e cientistas trabalhavam em áreas dominadas pelos dogmas da igreja, e agora buscavam na natureza e na razão as respostas para os anseios humanos, isto afetou fortemente a igreja que pregava total submissão a seus dogmas.

Com o inevitável crescimento das ideias renascentistas, a academia com seu trabalho escolástico, promoveu uma forte corrente humanista despertando o homem, que deixava para trás a passividade promovida pelos dogmas católicos da época.

Neste contexto surgem grandes nomes que ajudaram diretamente na promoção do antropocentrismo e do ecletismo, ideias, fruto da filosofia renascentista na religião, entre eles estão:

Giovanni Pico Della Mirandola (1463/1494) - Embora tenha vivido apenas 31 anos sua genialidade sobrevive até os dias de hoje, dedicou sua vida a conhecer todas as tradições do ocidente e oriente que lhe fosse possível, este trabalho rendeu 900 teses com o objetivo de mostrar a importância dessas linhas de pensamento, convocou (inclusive a igreja) a quem quisesse debater suas teses uma a uma, inclusive oferecendo pagar os custos de quem se dispusesse encontrá-lo para o debate, debate esse que tinha o objetivo de mostrar a harmonia entre as principais ideias religiosas na história da humanidade.

Gentili de Becchi (1439/1497) - foi um bispo, diplomata, orador e escritor italiano, foi tutor de Lourenço de Médici, O magnífico e de seu filho Giovanni, mais tarde Papa Leão X.

Angelo Poliziano (1454/1494) foi um humanista, dramaturgo e escritor italiano, seu trabalho foi auxiliar a reviver o latim durante o renascimento.

Nicolau de Cusa (1401/1464) foi um cardeal da igreja romana, um dos primeiros filósofos do humanismo renascentista, autor de inúmeras obras sendo a principal delas: “Da Douta ignorântia”

Num contexto anterior ao renascentismo propriamente dito, Nicolau de Cusa, sacerdote católico nascido em Cusa, uma pequena cidade da Alemanha, em sua obra: “Coincidentia Oppositorum”, já buscava harmonizar as ideias de todas as tradições filosóficas da humanidade inclusive propondo a reunificação da igreja, que sofreram um cisma, motivada pelas questões políticas e doutrinárias.

Este pensamento foi muito ousado para época que já havia consolidado o pensamento de que só o cristianismo tinha a verdade, por isso o motivo, Nicolau de Cusa, sofreu muitas perseguições, do clero, já que vivia em um contexto medieval.

No mesmo período em que Cosme e Lourenço de Médici, já vinham patrocinando as ideias renascentistas através das artes, chega em Florença uma embaixada com cerca de 700 pessoas, vindas de Constantinopla, para um conselho promovido pela igreja a fim de tratar da reunificação; muitos sacerdotes e sábios bizantinos estavam na comitiva, entre eles destaca-se um, Jorge Gemistos Pleton, o real precursor da academia neoplatônica de Florença, pois já desenvolvera um trabalho semelhante em sua casa, em Mistra, no oriente.

Tendo os Médici, hospedado muitos artistas em sua casa, fez dela um núcleo do pensamento renascentista vindo mais tarde a se tornar a academia de Florença.

Aqui está um pequeno, mas importante momento histórico, descrito em algumas poucas, mas ricas linhas.

Espero que sirva de inspiração para aquele que queira investigar um pouco mais sobre o assunto.

Em outro momento tratarei um pouco mais sobre essa fase inspiradora da nossa história.

Minha sincera gratidão aos que com suas próprias vidas, fizeram o sacro ofício de elevar a consciência dos que, com eles e suas obras tiveram contato.

Que Deus abençoe nossa jornada!!


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Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 51 edição de Fevereiro de 2025 – ISSN 2764-3867

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