As “relações intergeracionais”, o Così è (se vi pare) progressista
Luigi Pirandello foi um dramaturgo, porta e romancista italiano. Recebeu o Nobel de Literatura em 1934. Uma de suas peças mais conhecidas chama-se “Così è (se vi pare)” (Assim é... se lhe parece), escrita em 1917. Nela, o autor retrata o tema da verdade, o contraste entre realidade e aparência, entre verdadeiro e falso, mas questiona a verdade como sendo objetiva.
“Verdade relativa” sempre foi uma das cartas na manga dos casacos vermelhos, pertencentes aos membros da ala progressista; afinal, onde não há freio nem limites no que tange à costumes, existe um verdadeiro “vale-tudo”, sem ordem e sem pensar nas consequências.
Uma dessas “verdades relativas” é: “quem disse que menores não podem decidir com quem se relacionar, mesmo que seja com maiores de idade?” Os progressistas chamam isso de “relação intergeracional”: uma relação amorosa entre um menor e um adulto, com o consentimento de ambos e que não necessariamente resulta em abuso.
Isso foi o que decidiu a Suprema Corte da Colômbia no mês de Agosto. Menores entre 14 e 18 anos agora podem tomar a “decisão livre” de casar-se civilmente ou estabelecer uma união estável, com a “vontade responsável” de formar uma família. Para a Corte, “os maiores de 14 anos e menores de 18 anos” podem, “conforme sua idade e maturidade”, decidir “sobre suas próprias vidas e assumir responsabilidades”. “Ninguém mais poderia ser dono de seus destinos. Assim, devem ser consideradas pessoas livres e autônomas, com a plenitude de seus direitos”, acrescenta o texto. Com a sentença, já não é necessária a autorização dos pais. Infelizmente, cristalizou-se algo que foi durante muitos anos uma bandeira de movimentos da ala vermelha da força.
Essa postura indecorosa foi defendida por Simone de Beauvoir e seu amante, Jean-Paul Sartre (que, sabidamente, aliciavam menores), além de Michel Foucault, Jacques Derrida, pelo romancista e ativista pelos direitos dos homossexuais Guy Hocquenghem, entre outras personalidades.
A feminista radical Shulamith Firestone, em sua obra “A dialética dos sexos”, defendia a “liberdade sexual para que todas as mulheres E CRIANÇAS possam usar a sua sexualidade como quiserem (...) serão permitidas e satisfeitas TODAS AS FORMAS DE SEXUALIDADE.”
Para os progressistas, assim é se lhe parece: se um menor pode dar consentimento, por que ser refreado em sua sexualidade? Para os conservadores, porém, além de um freio moral, há uma verdade incontestável: um menor NÃO tem capacidade de consentir. E mostrarei isso com o caso da própria Beavouir.
A filósofa e seu amante cooptavam menores para sua rede nefasta de abuso. A primeira vítima foi Olga Kosachiewicz, filha de um imigrante perseguido pela Revolução Russa. Simone e Sartre prometeram à família cuidar da menina, que à época, tinha 17 anos, e pagar suas despesas com educação. Aos poucos, a menina foi envolvida em uma teia nefasta e seduzida por Beauvoir. Olga começou a ir mal nos estudos e seus pais a convenceram a voltar para casa. O casal, prometendo mundos e fundos, conseguiram trazer Olga de volta a seu convívio.
A menor relacionava-se com Simone, mas relutava em estar com Sartre, principalmente por conta de sua aparência. Olga aceitava dinheiro do filósofo, porém recusava a ter relações com ele. A pressão psicológica era tão grande que Olga mutilava-se constantemente. Para se “vingar”, Sartre seduziu a irmã da adolescente, Wanda. Infelizmente, as duas irmãs foram as primeiras de uma longa fila de menores cooptadas por este casal psicopata. Das amantes que tiveram, pelo menos uma suicidou-se e outra tornou-se viciada em entorpecentes.
O cerne da questão é: se, de acordo com os que defendem as ditas “relações intergeracionais”, o menor pode decidir entrar e sair do relacionamento, por que as moças cooptadas pelo casal francês não o fizeram?
Devemos sempre lembrar que a ala progressista não possui freio moral, como já dito no início deste texto, e por conta disso, há uma falsa imagem de “liberdade”: podemos fazer tudo se sentirmos vontade, dizem. Relativizam até um atentado gravíssimo contra menores em prol de uma “autonomia sexual infantil”.
Em 2020, a ex-ministra da Família e agora, senadora eleita Damares Alves, denunciou que algo semelhante transita pelos corredores do Congresso. Segundo ela, o projeto de lei de número 236/2012, propõe que a idade do consentimento recue para DOZE ANOS.
De acordo com Damares, apesar do relator da proposta ter rejeitado a medida, alguns assessores parlamentares falavam de reduzir a idade de consentimento para 10 anos, o que seria como legalizar a pedofilia.
– O relator rejeitou, manteve 14. Mas nem foi apreciado o voto do relator e nem foi apreciado o projeto inicial. Eu saí do Senado em dezembro de 2018. Nos corredores, já se falava, entre assessores, da possibilidade de apresentar uma emenda para diminuir para 10 [a idade do consentimento]. O que se faz com isso? Legaliza-se a pedofilia. Então, eu preciso reagir.
Percebe-se a tentativa de se normalizar algo nefasto e que sequestra a infância de milhares de crianças. Mas, já que tudo no mundo moderno é relativizado, não se pode caracterizar isso como “violência”, mas como “escolha”. Afinal, Così è (se vi pare).
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania N.º 21
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