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Os avisos subliminares da sétima arte


Os avisos subliminares da sétima arte

Ao final do filme "O Advogado do Diabo", o personagem vivido por Keanu Reeves sai ao encontro do seu pai, o próprio, interpretado magistralmente por Al Pacino, pra variar. Ao se ver fora do hospital onde sua mulher, enlouquecida por demônios, acaba de se suicidar cortando a garganta com um pedaço de vidro, ele percebe a Big Apple completamente vazia e silenciosa. Essa cena é a chave do filme.

A tomada que mostra as ruas da cidade mais movimentada do planeta, em completo silêncio em plena luz do dia, nos faz entender de maneira subliminar o tamanho da encrenca em que estamos metidos, desde que as Escrituras avisaram que "O mundo inteiro jaz no maligno" (I João 5:19).

A escolha por New York é de uma obviedade irônica. Seu símbolo, uma maçã, remete ao fruto proibido, que sabemos nunca ter sido uma maçã, mas por conta de idiossincrasias latinas, acabou pegando a fama. É claro, tudo fica ainda mais irônico quando lembramos de ‘outra’ Apple, aquela, mordida, símbolo igualmente óbvio do pecado, da queda. Interessante que o filme consagra a frase "Vaidade, o meu pecado favorito". E o que mais pode ser a motivação por trás de se ter um aparelhinho com a maçã mordida no bolso?

Se nos debruçarmos sobre as provocações sistêmicas das elites globalistas, as encontraremos todas neste filme de Taylor Hackford lançado em 1997 e que se tornou um cult. Mas, mais do que procurar referências cruzadas, como as citações bíblicas da mãe de Kevin Lomax, é entender que o que ele expõe como ficção está mais perto da verdade do que jornal diário da grande mídia. As artes, em especial a literatura e o cinema, têm sido férteis em nos alertar sobre a sombra de um globalismo satânico que a cada dia parece avançar mais sobre a humanidade. Em especial a partir das décadas de 30/40, quando livros como “Admirável Mundo Novo” e “1984” foram lançados. No cinema, obras como “Metropolis”(1927) e “Tempos Modernos”(1936) já tratavam de questões acerca de totalitarismo e manipulação de massas. Entretanto, foi somente após a década de 70 que pudemos notar nas produções cinematográficas a questão espiritual de forma mais assertiva, como, por exemplo, na obra-prima “A Profecia”(1976), um trabalho magistral do igualmente magistral Richard Donner, com a clássica trilha sonora de Jerry Goldsmith, capaz de provocar arrepios até hoje. Desde então o cinema vem capturando cada vez mais aquilo que o politicamente não ousa admitir. E “O Advogado do Diabo” é um dos filmes que melhor trata esse assunto.

Absolutamente todo o establishment global está aparelhado por demônios e seus adoradores. Todas as megacorporações, cartéis, multinacionais, enfim, tudo o que, de alguma forma, alimenta o “pecado favorito” do diabo, ainda que isso se trata de licença poética, porque, biblicamente, o pecado favorito de satanás é a desobediência à Palavra de Deus, enquanto que em nós, a cobiça reina soberana no rol das transgressões, como ensina Yeshua, Paulo e Pedro nos Evangelhos. Está tudo ali, na tela. Ganância desenfreada, perversão sexual, apostasia, blasfêmia, e quem não entra no jogo acaba sendo engolido por ele. São os recortes de um mundo vindouro, cada vez mais alijado de Deus.

Esse tipo de obra, normalmente classificada no gênero “teoria da conspiração” nada mais é do que o mundo olhando para si mesmo e dizendo: “Prefiro não acreditar nisso, porque se for verdade, estamos ferrados…”. A condescendência de uma humanidade sem Deus que prefere não crer naquilo que a condenará. É uma estratégia boa, mas como prazo de validade, porque assim é o sistema em todas as suas vertentes e variações. Ou não foi assim que os alemães se comportaram diante do avanço do nazismo na sociedade, de forma “legal”? E aqui, mais uma ironia: Satanás é um advogado. Para quem não entendeu a ironia, nas Escrituras somente uma pessoa recebe esse título: Jesus Cristo (I João 2:1). Ao se revelar como um operador da lei, o diabo não quer jogar uma pecha maligna sobre essa profissão, mas provocar Deus, se identificando como a mesma designação de seu filho. Um tipo de apoderamento que ele já faz há milênios, quando se apossou do arco-íris, sinal de aliança e da misericórdia de Deus com a humanidade (Gênesis 9), que ele transformou em símbolo daquilo que o próprio Deus chama de abominação, ou o tridente, o enorme garfo que era usado pelos levitas no Tabernáculo do deserto, que passou a fazer parte de uma de suas representações míticas, ao lado do chifre e do rabo. Ele não escolhe essa “profissão” por acaso no filme. Ele quer irritar o Criador.

Mas voltando ao raciocínio, sim, estamos ferrados.

Porque existe muita verdade em “O Advogado do Diabo”, assim como em “Matrix”, “John Wick” e “Constantine”. Fico pensando às vezes se Keanu Reeves não é uma espécie de “escolhido”, afinal, nestes últimos tempos, sempre que alguém quis mandar uma mensagem de alerta, ele estava lá. Coincidência? Quem sabe?

Enfim, em um mundo em completa escalada de insanidade como o que estamos vivendo, somente análises e observações igualmente fora da casinha serão capazes de encontrar respostas minimamente plausíveis para o caos. Resta saber quem de fato quer encontrá-las.

“O Advogado do Diabo” tem trilha sonora do ótimo James Newton Howard, indicado oito vezes ao Oscar, e autor de algumas pérolas como a trilogia “Cavaleiro das Trevas” em coautoria com Hans Zimmer, e também a franquia “Jogos Vorazes”. Direção pra lá de segura de Taylor Hackford, que estourou em 1982 com “A Força do Destino”, um drama estrelado por Richard Gere e Debra Winger. A atuação de Al Pacino é fantástica e acaba ofuscando o carismático Keanu Reeves, sempre esforçado. Charlize Theron traz uma interpretação bem honesta da esposa em crise, mas quem chama a atenção é Connie Nielsen, como filha do diabo e irmã de Kevin. Talvez você não a reconheça, mas ela é a Lucilla, irmã de imperador que se apaixona pelo General Maximus em “Gladiador” (2000).


Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867

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