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Por que há tantas famílias desestruturadas?


Por que há tantas famílias desestruturadas?

Faz algum tempo que estou estudando um livro chamado “A conspiração contra a vida humana”, de autoria de José Alfredo Elía Marcos. Diferente de outras obras, não estou correndo contra o tempo para terminá-la, pelo contrário; em doses homeopáticas, estou aprendendo a origem da eugenia e da contracepção.

Eu já tinha conhecimento de que a revolução sexual foi uma das responsáveis pela degradação da sociedade, mas havia uma lacuna em minha mente: como se deu esse processo? Como explicar o reflexo disso nos dias atuais?

Muito provavelmente você se perguntou – assim como eu – por que os papéis dentro da família foram trocados, ao ponto de, nem homens nem mulheres, saberem ao certo qual sua função. E foi aqui que esta obra abriu os meus olhos.

Já ouviu falar em Kingsley Davis? É possível. Davis foi um sociólogo e demógrafo americano, membro da American Eugenics Society, cunhou os termos “explosão populacional” e “crescimento zero”. Foi ele que, digamos, “redefiniu” o conceito de família.

Em Julho de 1937, Davis publicou “Reproductive institutions and the pressure for population”, onde escreveu:

“O Estado deve eliminar todo tipo de ajuda às famílias, a fim de alcançar um sistema em que o papel do pai é assumido pelo Estado e a função da mãe é realizada por mulheres profissionais, cujos serviços são pagos diretamente pelo Estado.”

Essa ideia de gerico não partiu da cabeça de Davis originalmente; na Rússia comunista isso já estava sendo trabalhado desde o início da revolução e propagado por Alexandra Kollontai na obra “O Comunismo e a Família”. Vejamos:

“Porém, é precisamente esta facilidade para obter o divórcio, fonte de tantas esperanças para as mulheres que são desgraçadas em seu matrimônio, o que assusta outras mulheres, particularmente aquelas que consideram o marido como o ”provedor” da família, como o único sustento da vida, a essas mulheres que não compreendem que devem acostumar-se a buscar e a encontrar esse sustento em outro lugar, não na pessoa do homem, mas sim na pessoa da sociedade, do estado.”
“Na Sociedade Comunista de amanhã, esses trabalhos (domésticos) serão realizados por uma categoria especial de mulheres trabalhadoras dedicadas unicamente a essas ocupações.”

Fazer com que marido e mulher estejam deveras ocupados faz com que o vínculo familiar seja quebrado; logo, a família torna-se obsoleta e sem propósito.

Um outro ponto que enfraquece as famílias são as “intimidades não convencionais”, defendido por Davis; ao mesmo tempo em que marido e mulher são afastados por seus “compromissos inadiáveis”, eles têm “direito” a experimentar aventuras íntimas, como o chamado “amor livre”. No processo de transformação da intimidade, filhos são considerados “empecilhos”, portanto, devem ser evitados. Além do mais, filhos criam vínculos, laços eternos; é muito comum ouvirmos “Existe ex-marido, ex-esposa, mas nunca ex-filho”. E Davis fez questão de propor a quebra destes laços.

E é aqui que surgem duas figuras que hoje são muito conhecidas: a mãe solteira e o pai ausente. Com o advento da revolução sexual e normalização de métodos contraceptivos, muitas mulheres se viram “livres” das “amarras da maternidade”, e resolveram se entregar a todo e qualquer tipo de prazer. Contudo, nenhum método é 100% à prova de falhas, não sendo a gravidez de todo descartada.

Obviamente que, quando abordo este assunto, me refiro àquelas que foram seduzidas pelo canto da sereia chamado “empoderamento feminino”. Tenho ciência de que há muitas mães solteiras que se tornaram assim por força das circunstâncias (violência doméstica, viuvez e outros) e que não devem ser incluídas neste bojo que trato no presente artigo.

Quando a gravidez surge de uma dessas “intimidades não convencionais”, via de regra, vemos o homem abandonando a situação e a mulher sozinha. Teria Davis descoberto o ovo de Colombo?

“Se os homens fossem liberados da responsabilidade por seus filhos e se sua identificação com eles fosse rejeitada (...) parece bem provável que, sem ajuda diária de um homem, muito poucas mulheres gostariam de ter e criar dois ou mais filhos”

Mas como fazê-lo quando os filhos já existem? Simples! Para Davis, o “sistema de escola” é o melhor; no Brasil, a obrigatoriedade para matricular os filhos na escola é de quatro anos de idade. Mas, quanto mais cedo enviar, melhor para a quebra dos laços. Hoje, inclusive, a demanda para a criação de novas creches é absurda, e já há quem esteja propondo creches noturnas!

Vejam bem, quando falamos contra o feminismo, defendemos a família tradicional, valores cristãos e coisas deste jaez, é justamente porque estamos vendo diante dos nossos olhos as consequências do tal “empoderamento”, “meu corpo, minhas regras” e afins. No meu caso, não faço isso para ser a “intelectual”, estou anos-luz de ser uma. Faço isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo já havia dito “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32), e alguém deve propagá-la.

Se todo o discurso de empoderamento e “liberdade sexual”, de fato, fosse benéfico, não teríamos como resultado mulheres sobrecarregadas, homens sem responsabilidade, crianças traumatizadas e uma sociedade doente. Voltemos ao básico, àquilo que Deus sempre quis para nós. Não podemos salvar o mundo, mas podemos resgatar nossa família.


Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867



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