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  • Desonrados

    Durante a Copa do Mundo de futebol em 1986, as seleções da Argentina e da Inglaterra se enfrentaram pelas quartas de finais no Estádio Asteca, restando vitoriosa a equipe sul-americana que, ao final do campeonato, se sagraria a campeã do torneio, entretanto, foi durante aquela apertada vitória sobre os ingleses que um episódio entrou para a história do futebol. A estrela da seleção auriceleste, Diego Maradona, marcara o primeiro gol com a mão, de punho cerrado, o astro do futebol argentino conseguiu atingir a bola em uma dividida com o goleiro inglês. Ao deixar o gramado, Maradona respondeu aos repórteres que o gol, validado e que resultou na vitória argentina por dois a um, foi feito com a “mão de Deus”, atribuindo, de forma jocosa, a vitória da seleção de seu país à vontade divina. A galhofa do jogar é irrelevante, uma vez que o erro da arbitragem não poderia ser desfeito após o apito final, em verdade, à vitória se resume a uma passagem do futebol mundial e sua relevância se resume ao universo estrito daquele esporte em particular. A Argentina chegaria ao título daquele campeonato, mas garantir que a Inglaterra se sagraria vencedora da partida não fosse o gol irregular validado, ou ainda, chegaria ao título caso vitoriosa naquela partida é um exercício de mera especulação, sem quaisquer fundamentos práticos. A falha do árbitro, naquela situação, torna-se irreversível, portanto, a seleção argentina, que de fato se beneficiou do erro, seguiu no campeonato, mas o chocante foi a forma pela qual grande parte da imprensa, esportiva ou não, tentou justificar o injustificável, relativizando o erro e, de certa forma, dando ar de seriedade às palavras do jogador. Se por um lado, alguns poderiam argumentar que Diego Maradona não tinha a intenção jocosa quando se referiu à “mão de Deus”, acreditando, de fato, que a vitória veio pela intervenção divina ao favor de seu time, de maneira que, o jogador realmente tinha em seu íntimo que a Argentina merecia e precisava da vitória e, por isso, Deus decidiu dar uma “pequena ajuda” naquela partida. Tratar como uma brincadeira diante de uma pergunta que não tem como ser respondida sem admitir que sua vitória decorrera de um erro e não da competência de marcar gols, fator determinante no futebol. O erro de arbitragem que classificou a argentina poderia ser explicado, não pelo jogador ou torcedores, que devido a sua ligação romântica com a vitória poderiam atribuí-la a algo maior, mas por analistas em geral, de forma simples. Bastava admitir que se tratava de uma simples falha do árbitro e deixar aos entusiasmados torcedores argentinos a tarefa de tornar o momento lúdico em suas lendas futebolísticas. Todavia, movidos por um sentimento de revanche diante da derrota da Argentina na Guerra das Malvinas, na qual o país sul-americano saiu derrotado do confronto em que disputava a soberania das Ilhas Malvinas, ou Ilhas Falkland, com a mesma Inglaterra, grande parte dos analistas passaram a narrar a vitória na Copa do Mundo como uma resposta dos argentinos aos ingleses, uma forma de revanche, o que justificaria, no imaginário transloucado daqueles que conseguem transpor uma guerra para uma partida de futebol sem maiores constrangimentos, a aceitação de uma vitória conquistada através de um erro como sendo justa e limpa. De certa forma, não querendo admitir que se comemorava uma vitória advinda de um erro, para não lhe retirar a nobreza da conquista, despiram-se da lógica de que falhas no esporte acontecem e que a vitória injusta, irremediável, deveria ser aceita e todos deveriam apenas seguir adiante, o que criaria apenas mais uma lenda comum ao futebol, em que os lamentos dos injustiçados, sevem apenas para aos vitoriosos, mesmo que consciente da natureza contestável da vitória, façam troça dos vencidos, grande parte dos que discorreram sobre o tema preferiam usar da guerra para dar, falsamente, um ar glorioso ao gol irregular e a vitória questionável. Cabe ressaltar que na Guerra das Malvinas, ao que apontam as estimativas, o número de baixas da Argentina foi o triplo das inglesas, o que, de certa forma, indicaria que a ajuda divina em favor do país europeu teria sido consideravelmente maior, dando aos argentinos um prêmio de consolação que sequer mereceria um lugar em uma estante velha e tomada por teias. Seria, de fato, pensar pequeno demais considerar que uma vitória desportiva equiparar-se-ia ao infortúnio da derrota em campo de batalha, ou mesmo, significar uma revanche digna de menção. Na realidade, articulistas reduzidos ao mundo do desporto, ou ávidos por comemorar qualquer sopro de vitória sobre o rival, usaram a narrativa de que era sim digno de se vangloriar da vitória conquistada através de um erro ante a justiça divina feita contra os vencedores da guerra. Muito mais digno fora a simples atitude dos torcedores mais simplórios que, de forma sincera, comemoravam a vitória sem se importar em justificá-la moralmente. O simplista, que acolhe como mero golpe de sorte ou consequência de um erro a dádiva do título, em que pese possa ser acusado de despreocupado, é, sem dúvida, mais integro que aquele que, buscando justificar a vitória por artifícios obscuros, relativizando que a injustiça do futebol fora mera injustiça ao seu favor e não goza de qualquer vestígio de reparação divina. A relativização da moral está no cerne da desonestidade, um sujeito amoral é, em sua pior face, aquele que tenta transparecer como alguém que possui valores, entretanto, os relativiza tão somente para não se submeter às regras que, indispensavelmente, imporá sob outrem. Adotando a máxima de que “os fins justificam os meios”, sem qualquer apreciação de quais os fins se pretende alcançar, ou mesmo, quais os meios podem ser tolerados, o relativista assume que tudo é válido quando for a seu favor, portanto, não há quaisquer obstáculos que justifiquem a reversão ou arrefecimento de sua intenta revolucionária. Se, na mente de tais indivíduos, o bem e o mal são relativos, ou seja, a depender do ângulo pelo qual se observa, o bem tornar-se-á mal e vice-versa, de maneira que, pode-se, em busca de um “bem maior”, ainda que tal busca, nitidamente, se resuma a um engodo ou algo que a história provou que se trata de uma empreitada que almeja a utopia, mas que trará a desgraça, como os regimes totalitários e coletivistas que se tentaram implementar no século passado, o socialismo, o nazismo e o fascismo, na mentalidade relativista, admitir que indivíduos sejam solapados em suas liberdades, garantias e mesmo vidas, pois, como não há limites para o mal que se pratica em nome do bem, tudo é permitido quando favorável à luta revolucionária. Não por acaso o Holocausto e o Holodomor foram práticas de extermínio em massa, adotadas por regimes revolucionários em que seus líderes tiranos dizimaram números alarmantes de vidas para “livrar o mundo” daqueles que eram indesejados pelo regime. Seja o povo judeu, apontado pelos nazistas como seres humanos que mereciam a extinção para que a humanidade ascendesse a uma raça superior, ou mesmo, os agricultores ucranianos que se não foram muito simpáticos ao regime soviético e resistiam a entregar tudo o que possuíam e produziam à tirania de Moscou. O Japão também desumanizou tanto chineses como coreanos durante a Segunda Guerra Mundial, justamente, por considerar que não havia limites para sua intenta. Admitir que direitos básicos possam ser violados em nome de uma revolução doentia, que prega a falsa libertação de um grupo em razão do extermínio de outro, o qual apontam como opressor, de maneira que, basta indicar quem seria o alvo do ódio revolucionário para, desumanizando-o, destruí-lo sem qualquer pudor. Podemos citar o exemplo da Universidade de Liége, na Bélgica, que, em seu curso obrigatório sobre ecologia e sustentabilidade , aponta, em sua descrição, ser o “homem branco, cristão e heterossexual” o responsável pela degradação do planeta, demonizando um alvo que uma determinada agenda ideológica parece desejar exterminar. A leitura superficial nos leva a crer que a renomada instituição de ensino está a sugerir que uma forma de proteger o planeta é o extermínio do homem branco, cristão e heterossexual, o que, para os indivíduos acometidos pela doença do relativismo moral pode ser um gatilho para que se justifique a destruição de um grupo determinado, os homens brancos, cristãos e heterossexuais, em busca de um bem maior, que é salvar o ecossistema, e, portanto, o restante da humanidade. Imaginemos a substituição dos termos branco, cristão e heterossexual por judeus e estamos diante de uma clara propaganda nazista, ou, por outro prisma, se fossem os termos substituídos pela expressão “negro”, talvez acreditássemos ser um texto extraído das entranhas da odiosa Ku Klux Klan. Talvez não fosse de grande surpresa se o trecho fosse uma produção do doentio grupo ativista Black Lives Matter , entretanto, ao perceber que a autora da frase bestial é, na verdade, uma renomada universidade europeia, não há como ignorar o quão perigoso é o aval acadêmico entorno de um pensamento que pode servir como base para a eugenia, especialmente, em uma sociedade carente de base moral sólida e que deposita uma fé irracional naquilo que define como ciência, ou seja, se um pensamento absurdo, abjeto ou esquizofrênico é apresentado por alguém que ostenta títulos acadêmicos, há um risco real de ser acolhido como pensamento científico e, no cenário atual, irrefutável com base no argumento de autoridade, por mais que tal autoridade seja uma criação artificial das próprias universidades, devendo, para alguns, ser seguido cegamente. O experimento social totalitário bem-sucedido em âmbito global, que submetera milhares, talvez bilhões, a usarem métodos sem quaisquer explicações razoáveis, criando uma espécie de coerção científica, serve como alerta, no que tange, ao exacerbado poder conferido aos ocupantes de bancos acadêmicos, afirmando que títulos conferidos pelas universidades podem servir de chancela para que um pensamento nocivo seja recepcionado pela sociedade como um mote inquestionável. Ao produzir uma chamada no campo acadêmico que associa um grupo, que parece ser o alvo dos revolucionários, cria-se um arcabouço que serve de fundamento para a propositura de políticas que, de fato, promovam o extermínio do grupo em questão. Ao promover o pensamento de que o homem branco, cristão e heterossexual pode ser, ainda que de forma indireta, o responsável pela degradação do planeta, nutre-se o argumento, nas camadas mais rasas dos revolucionários que o extermínio de tal grupo se justifica por uma causa maior, por analogia, amputar um membro para salvar o corpo. O risco, conscientemente assumido pelos senhores revolucionários, ao propagarem ideias que pregam a eugenia de seus alvos do alto de sua “ torre de marfim ”, figura na interpretação das hordas bestializadas de vassalos da revolução, desprovidas de uma moral consistente, tornam-se agressores em potencial, buscando o “justiçamento” proposto por seus senhores. Em um trágico mundo tomado por pensamentos relativistas, no qual qualquer regra pode ser distorcida conforme os interesses revolucionários, é imperioso cuidar da honra daqueles que, por ventura, busquem o confronto face aos transloucados, de maneira que, a pergunta que devemos nos fazer se trata da linha entre a moralidade e a necessidade que não pode ser cruzada, bem como, considerar os meios pelo qual se pode vencer um desonesto conservando a honestidades. Diante de um confronto no qual, um lado, desprovido de moralidade, utiliza de todo tipo de ardil para chegar à vitória, mas clama para que o outro mantenha a retidão em suas ações, o controle emocional torna-se indispensável, posto que, o maior temor do justo é tornar-se ímpio quando na tentativa de vencer, ou resistir, o ímpio. Pode parecer algo confuso, mas não é um exercício tão complexo se imaginarmos diversos exemplos reais que nos cercam. Citamos os herdeiros ideológicos de anistiados pelo regime militar, alguns dos quais praticaram crimes violentos que resultaram até mesmo na morte de suas vítimas, que bradam para que não sejam anistiados indivíduos que são acusados por supostos crimes sem que estivessem armas, causando lesão a integridade de terceiro e cujo objeto sabe-se impossível. Na mesma toada, aqueles que alegavam lutar contra a censura e buscam criminalizar a zombaria, os chamados “memes”, para, na verdade calar qualquer voz dissonante de sua ideologia política. Como não se espantar com vozes que outrora reclamavam de um Estado policial, adulam inquéritos intermináveis e com objeto indeterminado, podendo incluir qualquer um no rol de investigados e indiciados, impedindo até mesmo que patronos tenham acesso à informações de inquéritos, suprimindo as prerrogativas da advocacia, que na verdade é do indivíduo assistido pelo casuístico. A tão aclamada atuação da Ordem dos Advogados como base de resistência durante o regime militar, ditatorial, parece ter se tornado uma página virada na história, permitindo que, mesmo os advogados sejam tolhidos de sua, até então, nobre missão. O exemplo do professor de Direito que, ao apresentar uma palestra fumando, sendo questionado por um aluno a respeito de exigir-se o cumprimento das normas mesmo praticando algo que era apontado como proibido, respondeu que a placa não se destinava ao professor, pois estava direcionada aos alunos, de maneira que não precisava se sujeitar a regra. O caso foi usado para ilustrar como a lei por ser interpretada conforme a ótica do interprete, dando clara impressão que alguns, ao menos, os que gozam de tal poder, não precisam se curvar aos ditames da lei, posto que, sendo o interprete, poderá relativizar a norma ao seu bel prazer. A grande dificuldade em se opor ao revolucionário reside, justamente, no ponto em que, por se tratar de um indivíduo cuja moral e as regras podem ser relativizadas, está no fato de não poder, o opositor, se rebaixar ao nível de desonestidade de seu adversário, de forma que, ao confrontar alguém que exige o cumprimento das normas de um certame, mas que está disposto a violá-las sem quaisquer constrangimentos, como alguém que, hasteia a bandeira branca, mas ataca de forma pérfida tão logo o seu oponente aceite a rendição, como um covarde que pede ao seu rival que se dispa de armas para tornar a luta equânime quando, em verdade, oculta sua arma para sacá-la logo após se certificar que seu inimigo está desarmado, ou seja, um duelista desonesto. Ao exemplo do que ocorrera na Venezuela, a evidente derrota da ditadura nas eleições não foi reconhecida pelo regime daquele país, haja vista que, o governo revolucionário não se dobrara as regras que foram previstas para o processo eleitoral, o que pode levantar a suspeita acerca de quaisquer eventos de igual natureza, posto que, se o poder está nas mão de relativistas, como não duvidar que estes não se sujeitam às derrotas, distorcendo as regras e resultados para que sirvam ao seu propósito, fazendo com que, tudo sofra a ingerência dos controladores do regime. No filme O Grande Dragão Branco , estrelado por Jean-Claude Van Damme, ator belga de filmes de luta, que interpreta Frank Dux, ao enfrentar o antagonista de nome Chong Li, na final do campeonato denominado Kumite, é surpreendido quando o vilão usa de um artifício para prejudicar a visão do Frank, entretanto, como tinha se preparado para lutar mesmo em condições adversas, o herói da película acaba sagrando-se vitorioso. Neste sentido, por mais que não se pretenda promover a violação das normas, deve-se ter em mente que o outro lado a violará, preparando-se para um inimigo capaz de qualquer medida para alcançar a vitória. Voltando ao caso do embate entre Argentina e Inglaterra, mesmo que a seleção brasileira, anfitriã da Copa do Mundo de 2014, tivesse a ajuda da arbitragem para ganhar o jogo contra a Alemanha, em nada surtiria efeito um gol irregular validado em favor do Brasil, pois, a larga vantagem da seleção europeia não permitiria que uma simples intervenção pudesse virar o resultado, logo, é preciso ter em mente que, uma vez preparado para um adversário ardilosos, deve-se esperar que o desonesto lance mão de todos os recursos, ainda que ilegais, para chegar ao seu objetivo, devendo manter-se forte o suficiente para vencê-lo mesmo diante da desvantagem de se cumprir as regras. Por outro lado, é sabido que algumas vezes, mesmo o árbitro pode ser um jogador disfarçado de imparcial, não cometendo erro que possam desequilibrar a partida, mas atuando diretamente em busca de um resultado favorável ao seu lado, algo que, salvo na mentalidade relativista, é inadmissível. No âmbito do futebol, seria fácil compreender que um árbitro, escalado para um jogo de duas seleções, jamais poderia ser oriundo de um dos países envolvidos, bem como, de um interessado no resultado, portanto, não seria razoável que o árbitro comemorasse a vitória sobre a seleção rival ao término da partida, mas para um relativista, como o outro lado sequer deve ser respeitado, não há problemas em uma violação de tal tipo, ainda que toda a sociedade seja diretamente afetada pelo resultado, uma vez que, não sempre se trata de um simples campeonato de futebol. Para uma sociedade corroída, parece que o senso de justiça é considerado quando se trata de um desporto e não em se tratando dos rumos da sociedade como nação ou civilização, restando claro que a contaminação do relativismo moral tomou as almas das pessoas como a ferrugem que condena engrenagens a não mais funcionarem. “Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti”. Friedrich Nietzsche . Mesmo guardando ressalvas ao pensamento de Nietzsche, a frase em questão se aplica muito bem ao que precisamos compreender na luta contra aqueles que não se dispõem a respeitar as regras, invocando as leis tão somente como obstáculos aos adversários. Como duelistas desonrados que pretendem alcançar a vitória ainda que negociem até com o diabo, dispostos a violarem direitos fundamentais ainda que supliquem que sejam cumpridos até mesmo aos mais atrozes dos criminosos. Cabe o exemplo do revolucionário e professor Elias Jabour que não vê problemas na aplicação da pena capital àqueles que se insurjam contra a revolução, mas que considera tal penalidade inválida em países não socialistas, ou seja, não sendo aplicáveis a crimes hediondos, contudo, aceitáveis, no imaginário relativista ao que não comunguem de sua crença ideológica doentia. O maior desafio dos bons não é apenas vencer o mal, mas não se corromperem no processo. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 – ISSN 2764-3867

  • Transformação e Liderança Cristã

    Em nosso último artigo , discutimos como a Igreja Católica tem sido um berço na formação de líderes. Contudo, é crucial lembrar que esse mérito não é exclusivo do catolicismo, mas de todo cristão que permite que o Espírito Santo atue em sua vida. A verdadeira transformação ocorre quando deixamos de viver para nós mesmos e permitimos que Deus habite em nós, renovando tudo em nossas vidas. A crença na mudança e na transformação é uma das características mais desafiadoras e, ao mesmo tempo, mais belas da fé cristã. Quando permitimos que o Espírito Santo nos toque, nossa vida é profundamente transformada. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Paulo, ao escrever essa passagem, nos alerta contra a adoção das atitudes, valores e comportamentos do mundo que muitas vezes estão em desacordo com a vontade de Deus. O mundo, conforme a Bíblia, frequentemente se refere a um sistema sob a influência do pecado, onde imperam a vaidade, o egoísmo e a falta de moralidade. Conformar-se com o mundo pode nos desviar dos princípios de Cristo. Renovar a mente significa mudar nossa forma de pensar e reagir. É um processo contínuo e profundo, guiado pelo Espírito Santo, que nos ajuda a alinhar nossos pensamentos e ações com a vontade de Deus. Essa transformação permite que vejamos o mundo com os olhos de Deus, discernindo o que é verdadeiramente importante. O objetivo final é experimentar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Acreditar que um simples carpinteiro poderia ser o Filho de Deus foi uma ideia perturbadora para muitos. Afinal, Ele parecia ser apenas mais um entre tantos. No entanto, sua vida e seu ministério provaram que Ele era, de fato, o Filho de Deus, capaz de transformar vidas e renovar corações. A dificuldade em acreditar na divindade de Jesus é ilustrada na famosa passagem sobre a dúvida de São Tomé. Após a ressurreição, Tomé, um dos doze discípulos, não estava presente quando Jesus apareceu pela primeira vez aos outros discípulos. Quando lhe contaram que viram o Senhor ressuscitado, ele respondeu: “Se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei” (João 20:25). Oito dias depois, Jesus apareceu novamente e disse a Tomé: “Coloca aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; estende a tua mão e coloca-a no meu lado. Não sejas incrédulo, mas crente” (João 20:27). Tomé então respondeu: “Senhor meu e Deus meu!” (João 20:28). Jesus disse: “Porque me viste, creste; bem-aventurados os que não viram e creram” (João 20:29). Este episódio não só mostra a dúvida de Tomé, mas também a paciência e compaixão de Jesus em atender sua necessidade de provas. A resposta de Tomé, ao finalmente reconhecer Jesus como seu Senhor e Deus, é um dos testemunhos mais fortes da divindade de Cristo nas Escrituras. A transformação que o Espírito Santo opera não é algo superficial; é uma mudança que toca o âmago do ser, trazendo renovação e nova vida. Esse renascimento espiritual é fundamental para a formação de líderes que possam guiar com sabedoria e compaixão, refletindo o amor de Deus em suas ações. Ser cristão significa ser servo de um Deus que não só nos ensinou como viver, mas também nos mostrou como devemos agir. Jesus Cristo, durante sua vida terrena, não apenas pregou sobre o amor e a justiça, mas viveu esses valores de maneira exemplar. “Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Marcos 10:45). Hoje, assim como nos tempos de Jesus, somos frequentemente desafiados a ver além das aparências e a acreditar no poder transformador de Deus. Muitas vezes, estamos tão presos às nossas percepções limitadas que custa a acreditar que uma verdadeira transformação possa acontecer. No entanto, a fé nos chama a confiar e a ver com os olhos do coração. “Porque vivemos por fé, e não pelo que vemos” (2 Coríntios 5:7). Os relatos de santos que mudaram radicalmente suas vidas são um testemunho poderoso do que significa permitir que Deus tome posse de nossa vida. Esses exemplos nos inspiram e nos mostram que a transformação é possível para todos, independentemente de nossos passados ou circunstâncias. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Coríntios 5:17). O Pentecostes é um marco importante na história cristã. Quando os apóstolos receberam o Espírito Santo, eles foram transformados e capacitados para pregar o evangelho com coragem e sabedoria. “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava” (Atos 2:4). Esse evento não apenas marcou o nascimento da Igreja, mas também destacou a importância do Espírito Santo na vida de cada cristão. O Pentecostes nos lembra que, através do Espírito Santo, todos podemos ser renovados e capacitados para servir a Deus e aos outros. A jornada de fé cristã é, essencialmente, uma jornada de transformação. É um caminho que nos desafia a permitir que o Espírito Santo atue em nossas vidas, renovando e transformando nosso ser. Quando Deus toma posse de nossa vida, tudo nela se torna novo, e somos capacitados a viver de acordo com Sua vontade, servindo aos outros com amor e compaixão. Ao reconhecer que a formação de líderes é um mérito de todo cristão, reafirmamos a importância de nos abrirmos à ação do Espírito Santo, permitindo que Ele transforme nossas vidas e nos guie a sermos servos fiéis e líderes inspiradores. “Sejam transformados pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2). Que possamos, com fé e coragem, seguir o exemplo de Jesus Cristo e dos santos, vivendo de acordo com o plano de Deus para nós e para toda a humanidade. A transformação pela fé não é um processo simples ou fácil, mas é essencial para viver uma vida que reflita a vontade de Deus. É um chamado para todos os cristãos, independentemente de suas circunstâncias, a permitir que o Espírito Santo opere em suas vidas, guiando-os e fortalecendo-os a cada passo do caminho. Este processo de mudança contínua e profunda é o que nos permite experimentar a plenitude da vontade de Deus e nos capacita a servir e liderar com verdadeiro amor e compaixão. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • O eterno trabalho do Sísifo conservador

    Na mitologia grega, Sísifo era filho de Eolo de Tessália e Enarete. Sua astúcia e capacidade em encontrar artifícios para resolver situações difíceis, são os aspectos mais marcantes de sua personalidade mítica. Todavia, o encontro com o seu destino e a pena que a ele foi imposta são os temas que nos importam comentar e que, unidos serão o ponto de partida desta reflexão. Segundo os contos míticos, Sísifo conseguiu por duas vezes enganar a morte. Certo dia Sísifo testemunhara o rapto de Egina, filha de Asopo, por Zeus que se disfarçara como uma águia. Em sua busca por Egina, Asopo chega a Corinto (cidade de Sísifo) e, ao encontrá-lo pergunta se sabe do paradeiro de sua filha. Sísifo então revela que Zeus era o responsável pelo rapto. Com isso, Sísifo atrai sobre si a ira de Zeus. O deus dos deuses determina que Tânatos (o deus da morte) leve Sísifo prisioneiro e o entregue a Hades para ser mantido no submundo. Diante de seu trágico fim, a estratégia de Sísifo para fugir ao seu destino foi lisonjear Tânatos, elogiando sua beleza e oferecendo-lhe um colar como presente. Este colar na verdade manteve Tânatos aprisionado e Sísifo enganou a morte pela primeira vez. A malícia de Sísifo livrou-o de seu destino fatal, mas não permaneceria sem castigo. Com a prisão de Tânatos, a morte ficava impedida de cumprir sua missão. Hades o deus do submundo, assim como Ares o deus da guerra, perceberam o problema, já que as batalhas não podiam mais ser consumadas pela morte dos derrotados e o submundo não recebia mais as almas dos humanos. Assim, Hades liberta Tânatos e ordena-lhe que Sísifo seja trazido imediatamente aos seus domínios no submundo. Desta vez, Sísifo é enfim conduzido ao submundo pela morte, mas não sem antes pedir sorrateiramente à sua mulher (Mérope) que não desse a seu corpo um funeral, mantendo-o insepulto. Quando se vê diante de Hades no submundo e sabendo de seu destino, pede que Hades permita a sua volta ao mundo dos vivos para reclamar um sepultamento digno para seus despojos. Hades concede-lhe um prazo e Sísifo alcançando seu corpo, toma-o de volta e foge com sua mulher. Pela segunda vez a morte fora enganada por Sísifo. Após uma longa existência, Sísifo já velho encontra-se finalmente com Tânatos e é conduzido por Hermes (deus da velocidade e do comércio e patrono dos trapaceiros) até Hades. Sua punição por ter causado a ira dos deuses foi ser obrigado a subir ao ponto mais alto de uma montanha, conduzindo uma pesada pedra e lá depositá-la. Tarefa improfícua que jamais era concluída, pois sempre ao se aproximar de seu fim, a pedra rolava de volta ao início, obrigando Sísifo a eternamente recomeçar a dura jornada. Conhecedores da história de Sísifo, podemos prosseguir e refletir sobre a tarefa que cabe aos conservadores, de alertar aos incautos apoiadores dos governos de esquerda, assim como aos militantes da ideologia marxista, sobre os riscos que atraem para si e para o país como um todo. Tal como o mitológico trapaceiro, ao que parece o movimento conservador foi condenado eternamente a dura e improfícua tarefa de abrir os olhos aos opositores. Se as histórias divergem quanto aos seus enredos, ao menos a punição une Sísifo ao movimento conservador brasileiro. Expliquemos… Quem de nós, enquanto em conversa com alguma pessoa que tenha um ponto de vista diferente do nosso sobre determinado assunto político, não encontrou sérias dificuldades de convencimento? E não importa que tenhamos apresentado fatos e raciocínios lógicos, argumentos válidos e provas cabais, nada muda o ponto de vista ou o pensamento do nosso interlocutor. E quanto mais falamos (e nos repetimos), mais nossos interlocutores se tornam desconfortáveis, irritados, às vezes agressivos. Quem nunca experimentou tal dissabor? Vejamos, palavras ou termos como cidadania, direitos, democracia, estado democrático de direito, fascismo ou liberdade, aparentemente não tem os mesmos significados que poderíamos supor. Debatendo sobre o mesmo tema, falamos idiomas diferentes. Possivelmente tais pessoas tiveram parte de seu vocabulário sequestrado e sequer imaginam que isso aconteceu. Quem sabe estejamos alimentando um debate com bases e pressupostos viciados desde o princípio. Em situações normais, as palavras são compreendidas a partir do seu signo, seu significado e seu significante. Sendo o signo um objeto, o significado o seu conceito, e o significante o contexto em que a palavra é usada. Possivelmente em tais pessoas o significado e o significante tenham sido “sequestrados”, sendo substituídos por emoções. Assim por exemplo, associam-se pessoas ou palavras a emoções, o que no momento certo disparará um conjunto de reações mentais e emocionais que muito longe estarão da racionalidade. Diga-se “fascista”, ou o nome de algum político e um gatilho mental irá disparar uma enxurrada de emoções. Para tornar claro como o processo se dá, tomemos de um “caso hipotético”: se repetidamente o noticiário televisivo exibir reportagens tratando sobre os números de mortes de uma pandemia, o que por si só já carregará um contexto emocional dramático. Se em seguida apresentar a opinião de algum especialista que associe o volume de mortes a questões de genocídios no passado, parte do cenário mental do expectador estará montado. Se na sequência apresentar as medidas de controle sanitário promovidas pelo governo Federal, personificadas pelo presidente Bolsonaro, sutil e indiretamente ligando tais medidas às mortes anteriormente apresentadas. Se finalmente for repetida a receita, sempre que a vítima deste processo de sequestro ouvir a palavra-gatilho “Bolsonaro” automaticamente as palavras “genocídio” e “genocida” surgirão em sua mente. Os gatilhos emocionais serão disparados e toda a racionalidade será suprimida por um estado de emergência mental. Ironias à parte, inegável que os meios de comunicação prestaram com eficiência este nefasto serviço. Diuturnamente! Enquanto pessoas não “sequestradas” usam a razão para compreender aquele conjunto (signo, significado e significante), tais vítimas usam caminhos emocionais, que podem ser racionalizados, mas não são em si mesmos racionais. Em princípio não adiantará discutir, debater, explicar. São níveis diferentes de compreensão se contrapondo: Razão x Emoção. Há ainda alguma dúvida sobre como isto pode ter acontecido? Como dissemos, possivelmente pela repetição e associação sistemática e incansável de determinadas emoções a certas palavras-chave até que a cola das emoções a signos esteja completa. Todos os dias, várias vezes ao dia, nos rádios, emissoras de televisão, internet e, mesmo em salas de aula, é possível promover e consolidar o processo de sequestro mental do vocabulário. Concluído o processo, as vítimas sequer suspeitarão dos danos que lhes foram impingidos ao inconsciente. Há método! Como reverter? Tempo, paciência, repetição, exposição das vítimas aos fatos e a raciocínios lógicos embasados na realidade. Mostrando-as o mundo, comparando signos diferentes e seus significados. Nas palavras do humorista americano Groucho Marx: “Afinal, você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”. A tarefa do movimento conservador é exibir insistentemente a realidade, repetidamente conduzindo nossos interlocutores montanha acima, ainda que eles voluntariamente rolem montanha abaixo. Se nossa pena, como Sísifos do mundo contemporâneo, é tentar conduzir as pessoas ao mundo como ele é, e não como tem sido exibido pelas narrativas, que seja. A tarefa pode ser infinita, até lá, paciência… Nunca devemos esquecer das bolhas midiáticas, dos guetos sociais, da matrix informacional que alimentam o caos e impedem a ascensão do povo. Àqueles que já tendo condições de compreender que estamos lutando uma guerra desigual, cujos argumentos são incompreensíveis aos nossos adversários, incapazes de compreender nosso discurso, posto que tem nas palavras sentidos diversos e sequestrados; àqueles diremos: adiante montanha acima, Monte Castelo será nosso! “Mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom. Abstende-vos de toda espécie de mal”. (1 Tessalonicenses 5 21:22). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 08 - ISSN 2764-3867

  • Eugenismo e identitarismo

    O que acontece quando seres humanos buscam melhorar a sociedade em que vivem, estudando a alteração de características genéticas ou defendendo o privilégio de certas características físicas? O que ocorre quando grupos tentam corrigir injustiças, defender minorias ou quitar dívidas históricas? Possivelmente, o resultado seria uma sociedade melhor e seres humanos perfeitos. O que poderia dar errado em projetos tão permeados por boas intenções? Hoje, falaremos sobre o eugenismo e os movimentos identitários. O eugenismo é uma filosofia social e um movimento que ganhou destaque no final do século XIX e no início do século XX, com o objetivo de melhorar as qualidades genéticas da população humana. O termo “eugenismo” foi cunhado por Francis Galton em 1883, um cientista britânico primo de Charles Darwin. Galton foi inspirado pela teoria da evolução das espécies de Darwin e acreditava que, assim como a seleção natural atuava nas espécies, a humanidade poderia melhorar sua própria espécie por meio da seleção artificial. Ele propôs que a sociedade promovesse a reprodução de indivíduos considerados “superiores” e desencorajasse a reprodução de indivíduos “inferiores”. O eugenismo supostamente se baseava em princípios de hereditariedade e genética. Galton e seus seguidores acreditavam que características como inteligência, saúde e moralidade eram hereditárias e, portanto, podiam ser aprimoradas por meio da manipulação cuidadosa das linhagens reprodutivas humanas. A ciência da genética ainda estava em sua infância, e muitos dos pressupostos do eugenismo eram baseados em entendimentos incompletos e frequentemente errôneos da hereditariedade. Por falta de uma sólida base científica, alicerçada no método científico, hoje se reconhece que o eugenismo nunca passou de pseudociência, no máximo um delírio filosófico propagado como se fosse ciência. Além de Francis Galton, outros nomes importantes no movimento eugenista incluem Charles Davenport, um biólogo zoologista americano, que foi um dos principais defensores do eugenismo nos Estados Unidos. Ele fundou o Laboratório de Eugenia em Cold Spring Harbor e advogou pela esterilização de pessoas consideradas geneticamente “defeituosas”. Também se destaca Karl Pearson, matemático e biólogo britânico, que contribuiu significativamente nos campos da estatística e biometria, apoiando o eugenismo por meio de suas pesquisas em hereditariedade. Incluímos Madison Grant, conservacionista e advogado americano, que escreveu "The Passing of the Great Race", um livro que defendia a preservação das raças “nórdicas” e teve grande influência nos círculos eugenistas. No Brasil, o eugenismo encontrou terreno fértil no início do século XX, influenciado por correntes intelectuais europeias e americanas. Intelectuais brasileiros, como Monteiro Lobato e Renato Kehl, defenderam a aplicação de princípios eugenistas para “melhorar” a população brasileira, frequentemente associados a ideais de branqueamento racial e progresso social. A Sociedade Eugênica de São Paulo, fundada em 1918, foi um marco importante, promovendo campanhas de educação e políticas de saúde pública, baseadas em princípios eugenistas. As políticas eugenistas tiveram consequências desastrosas em várias partes do mundo, e não é tão difícil deduzir por quê. Nos Estados Unidos, leis de esterilização forçada resultaram na esterilização de indivíduos, como no caso Buck v. Bell, de 1927. Na Alemanha nazista, o eugenismo foi levado ao extremo com o Holocausto, onde milhões de judeus, ciganos, pessoas com deficiências e outros foram exterminados em nome da “purificação racial”. Com os avanços na genética e biotecnologia, o eugenismo ressurgiu sob novas formas. Tecnologias como a edição genética (CRISPR), diagnósticos pré-implantacionais e testes genéticos sustentam debates sobre a ética da manipulação genética e o potencial de um novo eugenismo. Embora essas tecnologias ofereçam promessas de cura para doenças genéticas, também levantam preocupações sobre desigualdade, discriminação genética e a definição do que é considerado “normal” ou “desejável” em um ser humano. O eugenismo, em suas várias formas, continua sendo um desafio que nos leva a refletir sobre a essência da humanidade, a diversidade e a dignidade de todos os indivíduos, independentemente de suas características genéticas. Tudo o que o eugenismo proporcionou até então foi a separação entre as pessoas, a falsa ideia de superioridade, e isso levou a ações desastrosas no passado. Agora, tendo visto o eugenismo em perspectiva, vamos analisar os efeitos das novas teorias sociais e suas possíveis consequências. O movimento eugenista do final do século XIX e início do século XX e os movimentos sociais contemporâneos, como o Woke, Black Lives Matter (BLM), movimento feminista e LGBTQIA+, parecem, à primeira vista, estar em posições diametralmente opostas. Enquanto o eugenismo promovia a separação e hierarquia baseadas em características biológicas e genéticas, os movimentos identitários atuais sustentam bandeiras que supostamente buscam igualdade e justiça social, baseadas em características raciais ou de gênero. No entanto, uma análise mais atenta pode revelar pontos de contato, especialmente na forma como ambos os conjuntos de ideologias influenciam a sociedade e a percepção das diferenças. Como já vimos, o eugenismo fundamentava-se na crença de que a humanidade poderia ser melhorada por meio da seleção genética, promovendo a reprodução de indivíduos considerados “superiores” e desencorajando ou impedindo a reprodução daqueles considerados “inferiores”. Essa filosofia justificava políticas de segregação e esterilização forçada. Por outro lado, movimentos como o BLM, o feminismo e o LGBTQIA+ visam corrigir desigualdades históricas e contemporâneas, combatendo a discriminação e promovendo a igualdade de oportunidades. Eles frequentemente exacerbam as diferenças entre grupos para chamar a atenção para as injustiças que esses grupos enfrentam, promovendo políticas e práticas que pretendem corrigir essas desigualdades, mas que, como tem sido facilmente constatável pela simples observação da realidade social, têm causado o afastamento e o isolamento em guetos virtuais e bolhas sociais. O eugenismo utilizava a separação como uma ferramenta para criar uma hierarquia rígida, onde características genéticas determinavam o valor e o papel de cada indivíduo na sociedade. Essa separação era física (através de segregação) e ideológica (por meio de políticas públicas e propaganda). Já os movimentos sociais atuais também utilizam a separação, mas de maneira funcional e estratégica. Eles destacam as diferenças entre grupos, alegando lutar para reconhecer e reduzir injustiças, quando, na verdade, estimulam a animosidade entre os membros da sociedade. Para os eugenistas, a separação era um princípio para alcançar um fim: o ser humano perfeito; para os movimentos identitários, a separação é uma consequência de suas políticas, que pretendem alcançar justiça social. Ambos os movimentos influenciam significativamente as políticas públicas. O eugenismo levou a políticas de esterilização e segregação, enquanto muitos movimentos sociais atuais promovem políticas de cancelamento, convites de adesão de empresas, onde ficam implícitas as consequências da não adesão, lobby no meio político, construção de narrativas, exposição social, vitimização, ressignificação de palavras e revisionismo histórico não pautado em evidências, mas em narrativas. Mas como tanto o eugenismo quanto, principalmente, os movimentos atuais têm alcançado tantas mentes incautas? Nossa principal suspeita recai sobre os meios de comunicação de massa. Recentemente, pudemos estudar um discurso proferido em Harvard em 1978 pelo escritor e historiador russo Aleksandr Solzhenitsyn, onde ele fez uma análise comparativa da situação no Leste Europeu em relação ao Ocidente, particularmente ao caso dos Estados Unidos. Daquele discurso, destacamos o seguinte trecho, que continua incrivelmente atual: (…) “Pressa e superficialidade são a doença psíquica do século 20, e mais do que em qualquer outro lugar esta doença é refletida na imprensa. Como é, no entanto, que a imprensa se tornou a maior potência dentro dos países ocidentais, mais poderosa que o poder legislativo, o executivo e o judiciário? E então gostaríamos de perguntar: por que lei foi eleito e a quem é responsável? No Leste comunista, um jornalista é nomeado francamente como funcionário do Estado. Mas quem concedeu a jornalistas ocidentais o poder deles? Por quanto tempo e com que prerrogativas? Há mais uma surpresa para alguém vindo do leste, onde a imprensa é rigorosamente unificada: onde gradualmente se descobre uma tendência comum de preferências dentro da imprensa ocidental como um todo. É uma moda. Geralmente são aceitos padrões de julgamento, pode haver interesses corporativos comuns, o efeito da soma não sendo concorrência, mas unificação. Existe uma enorme liberdade para a imprensa, mas não para os leitores, porque os jornais dão principalmente ‘estresse’ e ênfase suficientes àquelas opiniões que não contradizem muito abertamente a própria e a tendência geral. Sem censura, no Ocidente tendências da moda de pensamento e ideias são cuidadosamente separados daqueles que não estão na moda. Nada é proibido, mas o que não está na moda quase nunca encontra seu caminho em periódicos ou livros, ou ser ouvido em faculdades. Legalmente, seus pesquisadores são livres, mas eles são condicionados pela moda do dia. Não há violência aberta, como no Oriente. No entanto, uma seleção ditada pela moda e a necessidade de corresponder aos padrões de massa frequentemente impedem pessoas de mente independente de dar sua contribuição para a vida pública. Existe uma tendência perigosa de se travar e interromper o desenvolvimento bem-sucedido. Recebi cartas na América de pessoas altamente inteligentes, talvez um professor em uma pequena faculdade distante que poderia fazer muito pela renovação e salvação de seu país, mas seu país não pode ouvi-lo porque a mídia não está interessada nele. Isso gera fortes preconceitos de massa, cegueira, o que é mais perigoso em nossa era dinâmica. Existe, por exemplo, uma interpretação autoilusória da situação mundial contemporânea. Funciona como uma espécie de armadura petrificada nas mentes das pessoas. Vozes humanas de 17 países da Europa Oriental e a Ásia Oriental não podem perfurá-la. Só será quebrada pelo pé de cabra impiedoso de eventos.” (…) O cenário descrito por Solzhenitsyn já demonstrava o quanto a mídia direcionava o que deveria ser visto e quem deveria ser ouvido. Todavia, Solzhenitsyn não explicitou a quem esse movimento atendia. Tanto o eugenismo quanto os movimentos identitários têm na mídia seu principal aliado, mas pode ser ainda um tanto obscuro para a maioria das pessoas quem manipula as cordas. Das consequências do eugenismo, já temos conhecimento; das consequências dos movimentos identitários, podemos deduzi-las a partir do que sabemos sobre o passado. Esperaremos, como disse Solzhenitsyn, “pelo pé de cabra impiedoso dos eventos”? Esperamos que não! Quando testemunhamos grupos se dividindo, pessoas se odiando e a racionalidade cedendo espaço a teorias utópicas, nos vêm à mente os exemplos do passado. Eugenismo e identitarismos, aparentemente tão diferentes, mas com efeitos tão semelhantes. O primeiro foi superado; quanto aos últimos, precisaremos perseverar. “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.” (Mateus 24:13) Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • A síndrome do homem fraco

    Seu maior inimigo sempre será você mesmo Não cabe analisar as consequências de uma iminente terceira grande guerra, se é que ocorrerá, ou de uma segunda guerra fria, que parece ser mais palpável, uma vez que, os artificies de tal confronto são criaturas dispostas a blefar ou matar pelo poder. Por um lado, temos a ação direta da Rússia em territória ucraniano, deixando de lado uma guerra por procuração, aquele país se expõe como um agressor em face de seu vizinho, o que, em tese, justificaria uma reação dos demais países. Por outro prisma, é nítido que os russos, ainda que apoiados pela ditadura chinesa, sabem que não teriam condições reais de vencer uma guerra física contra a OTAN, sendo natural que o confronto tenha maior desdobramento na seara diplomática. Em um confronto bélico o governo russo sabe que seus possíveis adversários são francos favoritos, contudo, a situação restaria mais grave para o país eurasiano em havendo uma guerra comercial, ainda que tenha buscado uma aproximação com o Brasil e tenha ao seu lado a China, o Kremlin terá grande dificuldades de manter o controle de um país assolado pelo desabastecimento, ciente que possui menos reservas que seus pretensos opositores. Agora muitos imaginarão que tudo não passa de um blefe, que o único objetivo de Vladimir Putin é desviar as atenções de seu povo para que sua imagem, já desgastada, passe ser de um governante altivo e capaz de enfrentar o mundo, mas nada é tão simples assim, tudo indica que o líder que impõe sua vontade por mais de duas décadas não arriscaria um confronto armado tão somente por sua reputação, que ainda lhe garante conduzir sua pátria. Aparentemente existe algo muito maior por trás dos movimentos russo no território de sua vizinha, e irmã, Ucrânia. Duas expressões já presentes no texto devem ser extraídas para que possamos compreender tal ação dos russos, são elas o “eurasiano” e irmã Ucrânia”, pois isso leva ao aprofundamento sobre o que seria o eurasianismo e a compreensão que os povos russos e ucranianos são apenas um, tal relação aplicar-se-á aos chineses e taiwaneses, mas trataremos de tal situação no momento certo. Para melhor expressar o que seria a teoria do eurasianismo , para alguns o neo-eurasianismo, é necessário apontar para a concepção do filósofo Alexandre Duguin ou Dugin, que compreende ter o povo eurasiano o poder-dever de libertar o que define como “centro do mundo” e guiar o restante para uma visão de mundo em que haverá o resgate da tradição, libertando-o do globalismo. Resta evidente que as ações do Presidente Vladimir Putin pautam-se com base na visão da chamada Quarta Teoria Política de Dugin, considerando o liberalismo como inimigo, sendo a primeira teoria, como foco o indivíduo e teria vencido as demais. A segunda seria o marxismo, que norteia-se pela guerra de classe e a terceira o fascismo, o qual trata como essência a nação. Não há uma contraposição direta ao socialismo ou fascismo por tal teoria, que será chamada de eurasianismo, em verdade, julga que ambas fracassaram e foram vencidas pelo liberalismo, ou seja, que o prevalecera o indivíduo sobre a classe e a nação, de maneira que, somente o resgate da tradição superará tal sistema. Buscar entender as ações de Vladimir Putin parece impossível, mas se observado como a materialização do pensamento de Alexander Dugin, tudo faz sentido, posto que, o citado governante tenta colocar em prática os ideais ora apresentados pelo pensador. Iniciando a guerra contra o globalismo através de uma revolução. Tudo faz crer que se trata de uma guerra entre o oriente e o ocidente, talvez uma reedição de tantas outras, uma vez que, desde a idade antiga, tais culturas se chocam. Mas tudo indica que esta não é uma versão remasterizada, pois o confronto envolve duas forças novas, ainda que alimentando seu discurso na velha rivalidade. A chave dos movimentos eurasianos no tabuleiro estão pautadas na visão de Alexander Dugin, que prova-se um astuto pensador, portanto, nada melhor que invocar uma grande mente para contrapor sua distópica perspectiva da realidade. Segundo o Prof. Olavo de Carvalho , “O prof. Alexandre Duguin, à testa da elite intelectual russa que hoje molda a política internacional do governo Putin, diz que o grande plano da sua nação é restaurar o sentido hierárquico dos valores espirituais que a modernidade soterrou. Para pessoas de mentalidade religiosa, chocadas com a vulgaridade brutal da vida moderna, a proposta pode soar bem atraente. Só que a realização da idéia passa por duas etapas. Primeiro é preciso destruir o Ocidente, pai de todos os males, mediante uma guerra mundial, fatalmente mais devastadora que as duas anteriores. Depois será instaurado o Império Mundial Eurasiano sob a liderança da Santa Mãe Rússia”. Por mais abjetos que sejam os globalistas, e o são, acreditar que a teoria de um Império Mundial Eurasiano seria a salvação é escolher uma das formas pela qual o indivíduo será trucidado, uma escolha entre Cila e Caríbdis , decidir entre os males qual seria o menor. Cabe lembrar que Olavo de Carvalho fizera tal previsão há mais de uma década, demonstrando tamanha sabedoria que explica o motivo de seus detratores, não conseguindo depreciá-lo, tentam atribuir-lhe, de forma jocosa, o dom de uma visão desequilibrada e mítica de mundo. Agora, insistirão em negar que era um gênio incompreendido, mas que teve a capacidade de narrar como ninguém uma realidade, que para muitos ainda parece turva, com mais de dez anos de antecedência. Continua o grande pensador brasileiro, “Agora o prof. Duguin promete salvar o mundo pela destruição do Ocidente. Sinceramente, prefiro não saber o que vem depois. A mentalidade revolucionária, com suas promessas auto-adiáveis, tão prontas a se transformar nas suas contrárias com a cara mais inocente do mundo, é o maior flagelo que já se abateu sobre a humanidade. Suas vítimas, de 1789 até hoje, não estão abaixo de trezentos milhões de pessoas – mais que todas as epidemias, catástrofes naturais e guerras entre nações mataram desde o início dos tempos. A essência do seu discurso, como creio já ter demonstrado, é a inversão do sentido do tempo: inventar um futuro e reinterpretar à luz dele, como se fosse premissa certa e arquiprovada, o presente e o passado” . Tal trecho merece grande atenção. O pensamento revolucionário é um mal que deve ser evitado e combatido, ainda que internamente, haja vista, criar uma ilusão para se chegar a um fim imaginário perfeito, uma forçada distorção na realidade para se chegar a uma falsa promessa de mundo ideal, entretanto, ter-se-á destruição em busca de uma mentira utópica que alimentará delírios e ceifará vidas, posto que, não vivemos em um mundo imaginário ou uma realidade que pode ser dobrada conforme a vontade. A imposição de uma teoria sobre o mundo real, forçando os fatos a adequarem-se as narrativas é a contramão da existência e terá seu preço cobrado quando a verdade não puder ser mais estanque pela imposição da vontade dos tiranos, seja pela força ou suas mentiras. Este fluxo antinatural, que inverte o sentido de tempo, precisa que a alvorada ocorra no oeste e as águas das corredeiras sigam para o alto, como isso não ocorrerá, fatalmente, o destino será ainda mais amargo ainda que quaisquer previsões. Conclui o pensamento alarmando para o perigo de um governo mundial, “O Império Eurasiano promete-nos uma guerra mundial e, como resultado dela, uma ditadura global. Alguns de seus adeptos chegam a chamá-lo “o Império do Fim”, uma evocação claramente apocalíptica. Só esquecem de observar que o último império antes do Juízo Final não será outra coisa senão o Império do Anticristo” . A revolução nunca será a solução para a humanidade, pelo simples fato de que, ao destruir para reconstruir, tem como efeito obrigatório que os erros passados se repitam, levando a sociedade à práticas que já se provaram equivocadas e a busca de soluções desesperadas que, naturalmente, resultarão em uma nova ação imediatista, ou seja, uma nova revolução, causando um ciclo de destruições periódicas. O fracasso do eurasianismo decorre justamente de sua visão impositiva de tradição, não algo que floresce da união entre os indivíduos, mas radiando de mentes “iluminadas” capazes de definir os rumos que a humanidade, ainda que de forma compulsória, deve seguir para chegar ao plano da perfeição utópica, ousaria apelidar-lhes de guias cegos , que acreditam saber qual o caminho para sua “ Bifrost ” imaginária. Alexander Dugin, em que pese seja considerado por muitos como um conservador, é um revolucionário que acredita haver uma solução preordenada para o mundo, centralizando em sua pátria mãe, coincidentemente, a salvação da humanidade, nada muito distante dos ditadores socialistas e fascistas que o antecederam. Por mais que alguém defenda uma linha que abrace pautas conservadoras, no caso do pensador eurasianista a preservação das tradições daquilo que considera seu povo, não há como conciliar a ideia de revolução e conservadorismo, pois a evolução depende de uma base histórica, logo, poder-se-ia admitir que o ideal é edificar aproveitando o alicerce conquistado pelos nossos antepassados e corrigindo eventuais erros por eles cometidos, a estrutura deve seguir o rumo natural. A revolução, por outro lado, rejeita o legado como fundamento, criando uma hipótese e forçando sua existência, ainda que incompatível com a realidade e ignorando as falhas ou dando-lhes uma roupagem de acaso, daí o motivo de Dugin asseverar que o socialismo bolchevique e o fascismo deram errados por conta de alguns pontos que podem ser remendados, ignorando que, ao subjugar o mundo ao império eurasiano, estará por transformar seu sonho em um pesadelo para toda a humanidade, salvo pelos poucos tiranos que habitarão o palácio imperial. Não há como negar que o avanço eurasiano é tão somente o prenúncio de uma guerra, que se dará de forma belicosa ou não, entretanto, é natural que as três elites globais  convergiriam em busca do poder, mas se enfrentariam por ele quando acreditassem que sua mão estivesse próxima o suficiente, ou mesmo, percebendo a fraqueza dos demais aspirantes ao “trono do mundo”. Todas as três vertentes buscarão subjugar ou aniquilar as demais para ocupar sua, tão sonhada, posição de liderança, necessariamente haverá o confronto, ainda que em de pontual e reduzido, mas é fato que não há lugar para um condomínio entre tiranos , explicando assim o motivo de nazistas e socialistas bolcheviques, apesar de espécies do mesmo gênero , terem se enfrentado. Presumir que o eurasianismo revolucionário trará um bem maior ou libertará a humanidade de outras chagas que com ele concorrem pelo poder é ser ingênuo demais para perceber que a elite eurasiana não promoverá a harmonia entre a cultura de um império eurasiano, que trará luz ao mundo, e aquela que define como império altlantis , que traduz-se no ocidente que tem o indivíduo em seu cerne. Resta claro que o eurasianismo prega a destruição da cultura, portanto, do povo ocidental, não faz o menor sentido uma reação eufórica ante o avanço do ditador Vladimir Putin. Apontado o quão nefasto é o vento que parece vir dos Montes Urais, é indispensável analisar os demais envolvidos no teatro dos acontecimentos, mas não antes de observar o parceiro e suposto irmão eurasiano da Rússia, uma nação que tem no poder um grupo que consegue transparecer sua face abissal sem a menor timidez, a China declaradamente comunista, que mantém campos de concentração, chamados carinhosamente de campos de reeducação, bem como, faz constantes ameaças a soberania de Taiwan, uma afronta ainda mais grosseira, tendo em vista a relação entre os ambos. Diferente relação entre Rússia e Ucrânia, países que podem ser chamados de irmão dada sua origem histórica, ousaria afirmar que Taiwan não é um país-irmão da China, justamente, por ser uma parte fragmentada na qual o governo nacionalista afastado do poder pela infame revolução cultural se refugiou e ali criou uma espécie de território rebelde da massa continental comunista. A própria China não é uma nação de um só povo, sendo o resultado da anexação de diversas etnias. Não se limitando a ilha tão cobiçada, o grande tigre tem planos de expansão que incluem o mar do sul e uma influência em diversos países, não seria absurdo crer que a soberania de todas as nações da Indochina estaria em risco, em razão das ambições de Pequim. A semelhança entre a visão do governo russo e chinês parecem gritantes, e são, por isso, é importante deixar de olhar para os que dirigem tais países e olhar para a mente por trás do eurasianismo, Alexander Dugin. O comportamento expansionista eurasiano é o que levou Olavo de Carvalho a considerá-lo como uma das três elites globais. A questão da Ucrânia envolve outra elite globalista, que é denominada como Nova Ordem Mundial, muito mais desfragmentada, esta vertente não é facilmente identificável, uma vez que não se limita a um grupo étnico, permeando-se no chamado mundo livre com maior facilidade mas buscando se fazer presente em toda parte. Sutil como uma víbora, a Nova Ordem Mundial não é uma associação de pessoas que simplesmente conspiram por poder, mas todos aqueles que encontram-se em sua zona de irradiação, de forma que, um pequeno grupo pode servir ao centro nervoso sem ter a consciência de sua existência ou mesmo acreditando sinceramente que trata-se de uma teoria da conspiração. Curioso o uso de tal jargão como repelante de argumentos, em que pese grande parte de tais ilações tenham se confirmado com o tempo, podemos mencionar o Foro de São Paulo, um devaneio que provou-se real, agora temos o eurasianismo exposto e, honestamente, fica difícil acreditar que alguém ainda é capaz de duvidar da existência da Nova Ordem Mundial. Aos mais céticos e aos hipócritas basta analisar o recente episódio da pandemia, em que palavras como “novo normal”, “negacionista” e “genocida” foram orquestradamente utilizadas pelos principais meios de comunicação, como se a inspiração aflorasse em todos da mesma forma e ao mesmo tempo, uma espécie de arrebatamento mental, um despertar coletivo, que nada mais é que a repetição de um comando central, ainda que não seja conhecido pelo propagandista das expressões cunhadas pela elite controladora. Nenhum canal de mídia tradicional questionou a segurança e a eficácia das vacinas, na verdade terapias gênicas, mesmo após diversas evidências que as colocavam em cheque. As redes sociais seguiram a mesma cartilha, mas tudo não passa de coincidência. Não há como negar que a grande mídia e autoridades públicas parecem agir em total sintonia, seguindo uma linha uniforma que não parece ser consequência do acaso. Todavia, a elite chamada progressista, o termo liberal também torna-se inadequado, sendo o correto libertina, tem usado de sua influência para impor suas pautas de forma despótica e, por vezes, exacerbada. Fazem das leis instrumentos macabros para retorcer a realidade e do poder coercitivo dos tribunais  para que indivíduos abneguem sua natureza como símbolo de submissão aos poderosos. Constrange as amas a renunciarem sua existência e propagandeiam-se como seres iluminados detentores de um monopólio das virtudes, podendo, até mesmo, confiscar ou conferir mérito àqueles que prostrem-se e assumam uma vassalagem irracional. Esta elite globalista é representada nos governos pelos políticos ditos progressistas, citando suas principais figuras temos o decrépito Joe Biden, o lastimável Emmanuel Macron, acovardado tiranete Justin Trudeau , o desmoralizado Boris Jonhson e o inexpressivo Olaf Scholz, substituto da nada saudosa Angela Merkel, além de outros tantos. Observando que o Canadá não deveria constar na relação, mas as ações autoritárias, dissimuladas e covardes de seu governante fizeram-no ter destaque na lista, uma vez que, tal asquerosa postura traduz o modus operandi da Nova Ordem Mundial, sempre alternando covardia, mentira e abuso. Hasteando as mais diversas bandeiras, permeando várias fissuras e dando verniz de bondade, esta elite globalista pretende fazer sua revolução através da degradação da cultura e da imposição de ideias capazes de subjugar o indivíduo ao coletivismo de nichos, sovietes contemporâneos, as chamadas pautas identitárias. Importante ressaltar que a mídia mainstream, as BigTech e grandes corporações metacapitalistas fazem parte da Nova Ordem Mundial, mantendo uma narrativa orquestrada para ludibriar pessoas através de uma rede de desinformações que são difundidas unilateralmente, um monólogo , concorrente ao controle d informações, existe um emaranhado em que grupos identitários recebem incentivos de granes corporações ou estatal, bem como, contam com a “simpatia” do judiciário, que também integra o sistema. A Nova Ordem Mundial é um emaranhado que se camufla intencionalmente, por isso tão perigosa, podendo se unir com outras forças , ou mesmo, se subdividir  na busca pelo controle. A grande dificuldade existente em perceber as ações desta elite global é justamente o fato de sua revolução ser fragmentada e silenciosa, ao menos até que seja tarde demais, não se revelando ao mundo até que tenha poder suficiente para suplantar seus possíveis oponentes. Similar ao que fez o Foro de São Paulo. Um grupo capaz de se infiltrar no poder, assumindo as rédeas da maior organização internacional e da maior força militar, que mantém-se em um pseudo-anonimato, haja vista que somente quem não quer enxergar consegue negar a evidente relação promiscua entre políticos, imprensa e toda uma rede oligárquica que sustenta as mais diversas organizações, é, sem dúvida alguma a criatura mais perigosa entre todas. É nítida a tirania do Partido Comunista Chinês , do “presidente vitalício” Vladimir Putin e outros tantos, mas quando se trata de um governante canadense , que se retém com aval do poder judiciário, eufemismo para roubo, doações para uma manifestação pacífica e adota outras tantas medidas sem ser rotulados de tirano, podemos citar também o caso do governo da terra dos cangurus , que não recebe o mesmo tratamento dos chineses por manter pessoas em campos de isolamento, conseguimos perceber o quão forte é a Nova Ordem Mundial. Entre as três elites globais esta foi a que mais se beneficiou, tratando da escalada de poder, da pandemia do Covid-19, fazendo inúmeros testes de controle social bem-sucedidos e as rédeas de uma nova fé que chamam de ciência, tratando qualquer cientista que ouse se levantar  como um conspirador criminoso digno do ostracismo, por pouco não assistimos médicos e pesquisadores sendo queimados em praça pública por questionarem a tão volátil ciência. Não duvido que muitos aplaudiriam tais espetáculos dantescos. Aproveitaram para criar uma aberta perseguição aos que resistiam se submeter aos desmandos, tal como o nacional-socialismo alemão fizera com os judeus não início, a Nova Ordem Mundial, de forma escancarada, tratou qualquer indivíduo que se recusasse ao posto de cobaia como um ser abominável merecedor de qualquer mal. Chegamos na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), união de países que forma a maior força militar do planeta, outrora criar para evitar um avanço da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, tal aliança mantém-se como o braço armado dos líderes ocidentais e, de fato, tem agido de forma expansionista no que tange a adesão de novos membros. Um parêntese para contrapor a teoria que o fim da URSS, e consequentemente a resolução do Pacto de Varsóvia, deveria resultar na extinção natural da OTAN, a princípio deveria ser esta a leitura, entretanto, admitir que o comunismo caíra com o Muro de Berlim é ser demasiadamente ingênuo, basta observar que a Rússia ainda mantém grande influência , talvez mais que isso, sobre grande parte das antigas repúblicas soviéticas e, assim como a China, relações, no mínimo, dúbias com demais países socialistas  pelo mundo. Não faria sentido dissolver a OTAN se ainda há indícios de uma ameaça por parte do que “restou” do socialismo, ou colocando em pratos limpos, a aliança faz sentido diante da existência do projeto expansionista eurasiano e do islã. Ter uma aliança de defesa ainda parece ser relevante, por outro lado, não significa subverter sua existência para tornar-se aquilo que deveria combater, uma força militar de força colossal usada para alastrar a influência da Nova Ordem Mundial. A OTAN tornou-se um exército de proporções titânicas, a versão real do mítico monstro Tifão , que acaba serve para os déspotas que conduzem políticas de degradação da sociedade  ao tempo que se apoderam da consciência humana, não há nada de liberdade aqui. Na luta entre o Império Eurasiano e a Nova Ordem Mundial não existem heróis, sendo centro tratar-se de um embate entre duas forças tirânicas, a primeira defendendo alguns valores mas trazendo uma revolução que pretende submeter o mundo a um centro totalitário capaz de causar a destruição para a reconstrução, ainda que precise deflagrar uma terceira grande guerra, e, do outro lado, uma associação nefasta que busca, através de narrativas e imposições de pautas identitárias e outras, constranger a humanidade ao estado de submissão irracional, sombras que reluzem um brilho encantador para tolos que lutam contra um sistema e alistam-se nas fileiras do exército de vassalos de tal criatura, os militantes identitários, por exemplo, buscam um el dourado para sua imaginária subespécie humana que será, inevitavelmente, seu matadouro. Falando brevemente da Ucrânia, atual tabuleiro para os jogos dos “senhores do mundo”, o povo daquele país, após se ver livre da maior chaga que assolou a humanidade, ao menos acreditava ter se libertado do socialismo, mas tal praga é mais mutante que seu vírus de estimação, viu-se em uma nação corroída pela corrupção, como qualquer outra que as elites globais põem suas mãos, tendo decidido livrar-se da sua velha política, alternada entre parceiros corruptos do ocidentes e fantoches da “Mãe Rússia”. Como ato de rejeição aos seus antigos líderes e grito por liberdade, os ucranianos fizeram uma perigosa aposta, elegeram o comediante sem experiência política Volodymyr Zelensky , uma promessa de governo livre da teia de corrupção que dava as cartas naquele país. Entretanto, apostas são ações de risco e o país pagaria caro pela escolha, não que as demais opções fossem dar um destino muito diverso do atual. Em verdade, a pior eleição para o povo ucraniano foi a que se dera no outro lado do atlântico, em que um tirano com sinais de senilidade   abocanhou a cadeira mais importante no banquete geopolítico e sua, propositalmente ou não, desastrosa retirada de tropas do Afeganistão foi a dose de coragem que qualquer um precisava para desafiar o tão temido exército do Tio Sam e, consequentemente, a OTAN. Fazendo uma comparação, seria como um leão mostrar-se fraco diante de outros predadores, todos de seu bando estariam em cheque, no caso, o Presidente dos Estados Unidos da América é acompanhado, em sua constante demonstração de fraqueza e incapacidade, pelos demais líderes de seu bando. As figuras cada vez mais fragilizadas dos senhores políticos da Nova Ordem Mundial, sorrateiros e covardes, como os já citados, lhes confere uma aura falsamente dócil porém incapaz de brandir uma espada e conduzir seu povo a uma batalha. Estes “fracotes” que governam o ocidente, esfregam sua passividade por considerarem-na uma virtude que deve ser incutida na mente das pessoas, criaram uma geração de ovelhas tão frágeis que não suportam a verdade e assumem como criminosos aqueles que ousam lhes contrapor em um debate, uma horda patética que ameaçam seus desafetos mas gritam ao se depararem com insetos sem peçonha. Isso faz com que sejam dependentes dos poderosos, que nos tempos de pandemia deixaram claro que não sujaram suas mão delicadas, mas não se furtaram em soltar suas matilhas, ou mesmo, suas alcateias, contra aqueles que se opuserem aos seus anseios. Sua fragilidade proposital é um exemplo cultura que pretendem estabelecer, rotulando aqueles que não se resumem a um amontoado de células de tóxicos ou termos que tenham um ar de repulsa. A virilidade tornou-se abjeta e a honra dispensável, a corrupção moral fez da civilização ocidental um bando de predadores desdentados, incapazes de empunhar uma arma, desejando que terceiros os defendam, pois assim não terão sua sensibilidade abalada. Clamam por ideais socialistas sem ter consciência que a tinta vermelha daquela bandeira é feita de sangue inocente derramado. O Presidente ucraniano, por sua vez, é o resultado dessa sociedade carcomida por uma visão eufórica de mundo colorido, cuja constituição global é a música Imagine de Jonh Lennon. Infelizmente, o mundo não foi feito de homens fracos e sem fibra, nossa civilização não foi forjada por covardes, como diria um dos maiores intelectuais brasileiros “ homens de geleia ”. Ainda assim, Volodymyr Zelensky, em um lapso de coragem ou loucura, não importa o que seja, ao ter recebido a oferta de Joe Biden para sair de sua pátria deixando seus pares para serem esmagados pelo exército russo, teve a dignidade em declinar do convite de um covarde e portar-se como homem. Mostrou-se mais valoroso que os senhores da Nova Ordem Mundial, que enganaram seu país ao fingir que lutariam por seu povo enquanto usavam sua terra para afrontar o Império Eurasiano, bem como, um adversário respeitável ao expansionismo russo. Respondendo ao chefe da maior força armada do mundo com a seguinte frase, “ preciso de munição, não de carona ”, o Presidente da Ucrânia escancarou a covardia da Nova Ordem Mundial e deixou sua condição de presa fácil para, mesmo sabendo estar em total desvantagem, enfrentar o predador oportunista e afirmar que o leão covarde do ocidente é somente um ser aproveitador que finge defender seu bando mas abandona os seus ao primeiro sinal de perigo. O fragilizado ser que parecia indefeso criou coragem para lutar pelo seu país, sem a proteção dos falsos profetas da OTAN, ao menos para ele, um grande feito. O conflito pode ter desmascarado as intenções das elites eurasianas e da Nova Ordem Mundial, bem como, asseverando a cisão entre ambos, o que não é algo ruim, posto que, os eurasianos tornam-se declaradamente uma força que opor-se-á aos as pautas identitárias, ambientais e todas aquelas que foram instrumento de controle para a NOM. Por outro lado, a Ucrânia tem a chance de libertar-se de ambas as influências e, ao longo prazo, tornar-se uma nação livre e forte. É importante observar o que a terceira elite global tem feito, o expansionismo islâmico tem obtido grande sucesso e sua penetração pacífica na Europa, talvez percebendo a fragilidade da cultural ocidental. Atualmente podemos considerar a narcoguerrilha socialista latino-americano como uma quarta elite global, posto que, já conquistou certa autonomia em relação a Nova Ordem Mundial, mas explicar minunciosamente o que seria tal vertente será uma tarefa vindoura. Importante é compreender que nosso país ainda não consegue lidar com tal moléstia, de maneira que, não é capaz de arrumar o próprio quarto e, portanto, tentar assumir um papel relevante na luta entre duas faces do mão, eurasianos a NOM, que fingem ser representantes do ocidente e do oriente, quando são tiranos, seria danoso demais para nós. O Brasil foi contrário  as ações da Rússia, mas teve a sensatez de manter nossos coturnos fora dessa lama. Retornando para o leste europeu, resta torcer para que a Ucrânia se veja realmente livre de ambos os lados, não se submetendo as intenções eurasianas e as pautas progressistas que corroem tudo que tocam, pois viram que se desarmar foi um erro e confiar sua proteção a outrem acabou custando-lhe caro demais. A guerra trará diversas narrativas, mas uma revolução, seja ela qual for, não trará a solução, pois reside na história de um povo o seu ideal de futuro, não cabe adotar as ideias transloucadas de um czar reciclado ou, ainda pior, de relativistas libertinos e fracos de caráter. O povo ucraniano precisará construir seu futuro alicerceado em suas experiências, ainda que sofridas. Tantos foram os que, abandonados pelos covardes do ocidente, tiveram a coragem de empunhar armas para enfrentar um exército muito mais forte, que, da fibra de tais heróis, aquele país poderá criar sua verdadeira independência, sem precisar de uma solução fácil ou da falsa promessa. A humanidade merece, e precisa lutar por, liberdade, mas ela não virá pelas mão de loucos, tiranos, farsantes ou comediantes, virá pelas ações de cada homem livre que entender que não existe solução imaginária e que cada liberdade conquistada é uma vitória que deve ser comemorada e cada avanço totalitário deve ser resistido de forma sábia, que um povo fortalecido moralmente  é mais forte que um exército de degradado. As elites globais ainda causarão muito sofrimento, mas toda vez que surgirem tiranos a história fará nascer o tanto de heróis quanto forem necessários, nunca podemos perder a fé. “Do justo e duro Pedro nasce o brando, (Vede da natureza o desconcerto!) Remisso, e sem cuidado algum, Fernando, Que todo o Reino pôs em muito aperto: Que, vindo o Castelhano devastando As terras sem defesa, esteve perto De destruir-se o Reino totalmente; Que um fraco Rei faz fraca a forte gente.” Luís Vaz de Camões – Os Lusíada, Canto III Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 06 - ISSN 2764-3867

  • Uma vida maravilhosa

    Estive ausente por alguns meses, tratando das mudanças que ocorreram, recentemente, em minha vida. Precisava me organizar, por dentro e por fora, para voltar a escrever. E nada melhor para um retorno, do que uma coluna sobre um filme inspirador. Estou falando de A Felicidade Não se Compra , ou “It is a Wonderful Life” , em seu título original. Recomendado a mim pelo meu filho Felipe (de 16 anos!), esse belíssimo filme de Frank Capra, lançado em 1947, fala de George e sua trajetória. Nascido em Bedford Falls, desde menino o protagonista sonhava alto e desejava ganhar o mundo. Antes um solteirão convicto, acaba por casar-se com Mary, a quem conhecia desde criança, tendo com ela quatro filhos. Por diversas circunstâncias da vida e sempre em prol do que é melhor para todos ao seu redor, George acaba por nunca sair de Bedford Falls. Após inúmeras dificuldades e frustrações, atravessando problemas financeiros e vendo seus amigos mais próximos e seu irmão alcançarem fama, fortuna e sucesso, enquanto luta pela sobrevivência todos os dias, George decide por fim à própria vida, em uma noite de Natal, devido a uma dívida. Para ele, a falência e a prisão somente viriam coroar uma vida de fracassos e más escolhas. Afinal, ele não é ninguém importante. Acontece que, embora desejoso de um futuro diferente, George sempre fez o bem, ajudou o próximo, salvou inúmeras pessoas da ruína e da desgraça, criando em sua comunidade um círculo de amor e generosidade. À frente de uma cooperativa de dinheiro, juntamente com seu tio Billy, George ampara os outros, proporcionando-lhes recursos para a realização de seus sonhos e planos, mesmo que isso signifique uma vida com algumas privações para si e sua família. Preso aos problemas do dia a dia, George termina por não desfrutar das coisas que conquistou, junto a Mary, sempre de olho no que poderia ter tido e não teve. Por achar que a vida que leva é medíocre e desinteressante, na iminência de ser preso, ele termina por desesperar-se e acreditar que não vale mais a pena seguir desse jeito. Entretanto, o céu ouve as preces de sua esposa e de todos os moradores de Bedford Falls, enviando um anjo – Clarence - à Terra, para demovê-lo desse intento. Essa será a oportunidade de o anjo ganhar suas asas, pelas quais espera há duzentos anos. Não é uma tarefa fácil e Clarence tem, então, uma ideia genial: decide mostrar a George como seria a sua cidade, caso ele não houvesse nascido, e qual teria sido o destino de todas as pessoas às quais ele ajudou, não fosse a sua intervenção em suas vidas. George fica horrorizado com o que vê. Sua cidade destruída pela ganância de Potter, um velho milionário que encarna a figura do mal, da cobiça e da crueldade e é dono do banco local, e contra quem ele sempre lutou. As pessoas estão empobrecidas, desesperançosas, as mulheres prostituindo-se, os homens embriagados e de caráter duvidoso, face a toda a opressão e à falta de condições decentes de sobrevivência, na agora denominada Pottersville. E quanto a Mary… bem, sua esposa tornou-se uma solteirona e cuida da biblioteca local, sendo uma pessoa amarga e retraída, por nunca haver se casado ou tido filhos. Ao constatar tudo isso, George implora a Clarence que devolva-lhe sua vida, compreendendo algumas das lições mais importantes que podemos obter: Vida é o que acontece diariamente, em nossas relações corriqueiras, nosso cotidiano, no seio da família e no impacto que podemos causar, com nossas atitudes, em nosso entorno. Não viva com os olhos no futuro, esperando pela realização de sonhos e planos que deseja concretizar, ignorando o seu presente. Lute pelo que deseja, esforce-se, mas não deixe de estar completamente inserido na sua realidade e no que se desenrola, todos os dias, sob os seus olhos. Apure os seus sentidos. Aproveite a sua rotina e tudo que já conquistou até aqui. O futuro é incerto. O que nós temos para viver é o HOJE. Nós sempre podemos fazer a diferença no mundo. Nunca subestime o seu papel. Os heróis anônimos normalmente são as pessoas mais importantes, na fundação, na estruturação e na manutenção de tudo o que todos nós desfrutamos. George não pôde lutar na segunda guerra mundial, por ser surdo de um ouvido, mas operou nos bastidores, tendo um papel fundamental no suporte a sua comunidade, enquanto os demais homens estavam fora. Cada um torna-se essencial de um modo. O filme termina com todos os moradores da cidade indo à casa de George (que foi vítima de um golpe), para prestar seu testemunho sobre a sua importância em suas vidas, levando-lhe dinheiro e joias, para que quite sua dívida, mostrando-lhe que o que importa, no fim das contas, não é ser importante: o importante é ser BOM e espalhar o BEM. O protagonista teve, na verdade, uma vida maravilhosa. Essas são as lindas lições de A Felicidade Não se Compra. Todos nós, sobretudo em momentos de decisões ou de dificuldades, deveríamos assistir a esse filme, para compreendermos o que realmente IMPORTA e DÁ SENTIDO A NOSSAS VIDAS. Viva intensamente o seu presente, abrace a sua circunstância e faça dela o melhor que puder. Tudo vale a pena, seja como aprendizado, crescimento pessoal ou motivo para elevação moral. A felicidade pode estar ao seu lado, só precisa ser vista! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • O reino do lúmpen proletário

    A ditadura da degradação e a prisão da Sodoma contemporânea O Império Romano tinha um conhecido método para conquistar os populares que passou a ser conhecida, após denunciada em uma sátira literária, como “ panem et circenses ” (política do pão e circo), uma forma de manter na ignorância o povo, voltando sua visão para, tão somente, alimento e diversão. Desta forma, as pessoas não se debruçavam sobre as crises de natureza política, sendo gratos aos governantes por fornecerem sua “distração” e limitando-se a viver em busca do essencial. Naturalmente, aqueles que figuram na base da pirâmide hierárquica de necessidades de Maslow , não irão se imiscuir em questões complexas ou que pretendam alcançar resultados de longo prazo. Há uma tendência na qual construções mais sólidas demandem maior esforço e que projetos de longo prazo produzam resultados mais eficientes, eis o motivo da revolução, via de regra, redundar no fracasso, pois, seu avanço temerário deixa a lucidez de lado para alcançar o resultado pelo caminho mais célere, ignorando conceitos básicos, como no caso da fábula Os Três Porquinhos , caso em que a pressa ou a preguiça podem ser a ruína dos mais afoitos. Viver somente com o mínimo necessário, ou aquém, privará o indivíduo de preocupações que entende como distantes, como política, economia e outros temas que lhe deveria ser caro, não fosse a urgência em prover o essencial. Não há como debater macroeconomia ou ideologia de gênero com alguém que não tem acesso ao saneamento básico, talvez isso explique o motivo de um espectro político lutar tanto para que as pessoas sejam dependentes do Estado em questões tão primárias. Em outros tempos, o acesso à riqueza era bem mais tímido que atualmente, sendo que, mesmo os mais abastados vidadão não gozavam do conforto dos dias atuais, uma vez que, sequer existiam meios para tanto. Por óbvio que um nobre da idade média tinha uma vida bem mais confortável que um plebeu, entretanto, ao comparar suas condições com um assalariado dos dias atuais, é certo que os tempos fizeram do mundo um lugar menos inóspito. Foi relativamente fácil para os idealizadores e líderes revolucionários incutirem na classe trabalhadora, a qual chamaram de proletariado, um grande ressentimento pelos detentores de maior riqueza. Associando as dificuldades vividas pelo primeiro grupo a uma suposta expropriação por parte do segundo grupo, criando assim o imaginário de uma “riqueza geral” única e estática, de forma que, para que alguém tivesse mais que seu quinhão, teria de subtrair de outrem. Criando a narrativa que a riqueza é resultado da má distribuição de renda e por isso, o milionário faz sua fortuna empobrecendo  outras pessoas, o que está equivocado. Se tal premissa fosse verdadeira as classes mais pobres dos dias atuais teriam uma vida menos confortável que seus antepassados, uma vez que mais milionários surgem, mais miseráveis deveriam surgir. Claro que, tal regra se confirma se observado o enriquecimento daqueles que não produzem riquezas, sendo reais parasitas. A massa de trabalhadores foi condicionada a “odiar” os donos dos meios de produção em razão de uma falsa crença de que aqueles só poderiam enriquecer se tirassem uma vantagem indevida do trabalho alheio. Nasceu assim a rivalidade entre o proletariado e a burguesia. O proletário era o indivíduo que vendia sua força de trabalho ao burguês, dono dos meios de produção, por isso, cunhou-se a ideia que o problema estava justamente na propriedade dos meios de produção, de maneira que, se expropriado o burguês e distribuídas suas posses aos trabalhadores, estariam estes libertos da exploração e poderiam enriquecer juntos e de forma igualitária. Parece estúpido e é. A narrativa se destrói quando observa-se que há uma relação de troca, não exploração, entre trabalhadores e proprietários, bem como, pelo caos que emerge em decorrência da forçosa “distribuição de renda”. Há pontos que devem ser apresentados para corroborar a nocividade de tal relação, especialmente, os agentes que são encarregados de redistribuir riquezas, que, verdadeiramente, subtraem suas fontes da propriedade e do trabalho alheio. A narrativa desaba quando o proletário não se vê mais refém de um discurso revanchista quando percebe que pode obter bens através da relação de troca, que a riqueza disponível pode ser ampliada em razão da otimização da produção. Não há motivos para depender do agente expropriador, a produção de bens e a melhora na qualidade de vida propicia ao indivíduo libertar-se de mentiras, e ainda, não depender de uma espécie de “herói” para tirar dos ricos e dar aos pobres. A título de reflexão, seria no mínimo estranho acreditar em uma fábula de repartição de riquezas, posto que, aquele que subtrai dos mais ricos teria que ter meios para isso, ou seja, ser mais poderoso que suas vítimas e, possuindo tamanho poder, não teria motivo para quebrar a cadeia produtiva, que o sustentaria no topo da pirâmide. Nota-se que na fábula, embora o “herói” tire dos ricos para dar aos pobres, o mesmo e seu bando sustentam-se de parte, talvez a maior fração, da riqueza ora arrecadada, entretanto, apesar da simpatia daqueles que eram atingidos por suas benesses, não rejeitou as graças do monarca, reconquistando seu feudo. A fábula tem seu final com o regresso do “herói” a sua condição de senhor, o que, em tese, lhe impediria de praticar as infrações e distribuir seus resultados. Em síntese, poder-se-ia presumir, claro que trata-se de uma fábula e não tem motivos para mergulhar no tema, que Robin De Locksley  teria usado o seu bando de marginais, que poderiam ter sido agraciados ou não após sua ascensão ao feudo, e a simpatia dos mais pobres, ainda que comprada por uma falsa bondade, para recuperar seu poder, não havendo em seu íntimo uma vontade realmente caridosa, mas somente o desejo de reaver suas posses (claro que há mais de uma versão da lenda). De qualquer forma, o suposto herói e seu bando sustentava-se tão somente do espólio de suas ações criminosas, ou seja, nem tudo que era subtraído chegava aos mais pobres, logo, existia um grupo que, alegando distribuir riquezas e fazer uma justiça social, parasitava tanto a classe que produzia quanta aquela que acreditava se beneficiar de sua “benevolência”, um tipo de caridade com o esforço alheio. Qualquer semelhança com o socialismo é mera coincidência. Quando os trabalhadores percebem que podem se sustentar sem a ajuda dos tiranetes ou que estão sendo enganados por tal tipo de impostor, inicia-se a luta para livrar-se de tais parasitas. Como de costume, os seres que se sustentam do trabalho e da propriedade alheia não deixarão de sugar seus nutrientes sem luta. O conforto proporcionado pelos avanços tecnológicos acabam com as narrativas de uma elite política socialista, logo, precisam migrar para outro hospedeiro, ainda que seja aquele que outrora desprezavam. O socialismo, nos dias atuais, se sustenta no lumpemproletariado, esta nova vítima do maior parasita que já assolou a humanidade é um grupo que os próprios idealizadores da moléstia não escondiam seu asco. A palavra lúmpen tem origem no alemão e significa trapo, quando utilizada para um individuo, geralmente grafada “ lump”,  pode ser traduzida como trapo humano, pois inclui a ideia de improdutivo, marginal ou patife. Por falar em patife, para Karl Marx o lúmpen proletário define-se como: “Libertinos, arruinados, com duvidosos meios de vida e de duvidosa procedência, junto a descendentes degenerados e aventureiros da burguesia, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, escrevinhadores, tocadores de realejo, trapeiros, afiadores, caldeireiros, mendigos.” Não há como negar que tal grupo de pessoas era tratado, inicialmente, como uma subespécie da classe proletária, dejetos da principal, ou uma classe abaixo daquele que era alvo do desejo dos tiranos, descartável por ser imprestável aos anseios dos déspotas que ludibriavam os trabalhadores para ascender ao poder. Aqueles que eram considerados “trapos humanos”, apenas de fardo, aos trabalhadores seriam assim definidos como lúmpen proletários. Em um primeiro momento estas pessoas são tratadas com total desprezo, posto que, não teriam serventia nos planos de líderes e nos projetos dos pensadores. Ascender ao poder dependia de fazer com que um grupo, potencialmente forte, fosse convencido que o infortúnio de seus membros era consequência da existência de outro. Assim foi feito na Revolução Francesa , a qual o filósofo irlandês Edmund Burke identificou prematuramente como a subversão de valores que estruturavam a sociedade e resultaria em uma dramática passagem de nossa história. Infelizmente, o pensador estava certo e o caos que se abateu na França lavou o solo daquele país com o líquido rubro extraído dos corpos de seu povo, tragicamente, não se tratava de vinho. A culpa pelas mazelas de uma sociedade poderia ser facilmente creditada a um grupo de pessoas, sejam os nobres, os burgueses, os judeus e qualquer cuja a torpeza dos revolucionários elegesse como alvo. Assim, o povo condicionado a odiar um determinado grupo e aceitar que qualquer atrocidade fosse praticada contra ele em nome do bem comum (como acreditar que pessoas que não se submeteram a terapia gênica  poderia ter atendimento hospitalar negado  ou sofrer outras consequências por não se dobrarem as vontades coletivas). Como mencionado, os diversos fracassos dos regimes totalitários que usaram o ressentimento como bengala de apoio e enganaram os mais pobres para obter o poder, posteriormente deixando-os em condições piores em se comparando as que encontravam-se, provou que confiar o poder aos falsos preditores de fartura e paz é um grande erro. Mas a ilusão reconfortante em transferir as raízes de todo o infortúnio leva o indivíduo a apostar em soluções revolucionárias. A queda dos revolucionários se dá em razão de seu fracasso quando já assumiram todo o poder, infelizmente o custo são inúmeras vidas, já que tais déspotas abnegar-se-ão reconhecer sua falta e insistirão em manter-se no poder, não importando quantas vidas ceifarão para isso. Basta ver a tragédia venezuelana , na qual um tirano e sua claque derramam cada vez mais o sangue de um povo para sustentar sua ideologia assassina. O ideal é interromper a ascensão do totalitarismo ao poder, entretanto, como sua intenta, que deveria ser criminosa, é dissimulada, os autoproclamados progressistas, na verdade revolucionários, usaram de narrativas com a cosmética de justiça social, uma ratoeira para os incautos e um convite aos oportunistas, para controlar qualquer grupo que espie seu infortúnio em outro. Apenas quando há uma percepção dos males que o progressismo trará, ele pode ser freado. O alvo da claque revolucionária precisa ser alguém fácil de manipular ou disposto a negociar sua servidão, portanto, é necessário unir grupos ressentidos ou gananciosos para engrossar as fileiras das tropas do caos. Para isso, criar guerras de classes é essencial, não sendo viável movimento de conciliação ou que estimulem a introspecção para que o individuo conquiste suas próprias vitórias. O mérito deve ser demonizado , pois, alcançar o sucesso sem a bengala do progressismo liberta o indivíduo. A antiga massa de manobra dos revolucionários se viu liberta ao perceber que sua relação com o mundo depende muito mais de suas decisões que de pseudovisionários charlatões que só almejam a vida parasitária e o poder para manter outro na qualidade de escravos. A farsa socialista fracassa quando o “proletário” se liberta das mentiras de tal grupo. Sem o proletariado para cumprir o papel de levar a elite socialista ao poder, resta rebaixar-se para cooptar aqueles que os próprios revolucionários desprezavam, a classe dos inservíveis, o lumpemproletariado. Não dispondo da tropa desejada, recrutar-se-á o refugo, posto que, a persecução do poder é irrenunciável nas mentes doentias dos progressistas, ao ponto de tentarem justificar dezenas de milhões em mortes. É imperioso distinguir que seria o lúmpen proletário, uma vez que, na atualidade, cabe desmembrar três grupos, sendo dois deles objeto do desejo da fome totalitária. A primeira definição é usada de forma equivocada, porém intencional, como argumento dos progressistas atuais, haja vista a necessidade de manter o desprezo por aqueles que não fazem parte de seus planos, contudo, preservando a repulsa pelo termo como fizera o “messias” do socialismo, Karl Marx. Seria impossível esconder a forma como o mestre dos revolucionários tratava as pessoas que julgava como trapos da sociedade e, ao mesmo tempo, tentar seduzir tais indivíduos a alistarem-se na guerra de classes. Os progressistas, preservando somente uma narrativa de desprezo, tentam tratar como lúmpen proletário o indivíduo que não tem a vontade de se imiscuir na política, sendo mais uma de suas mentiras, pois, direcionam tal rótulo aos que, independentemente de seu interesse pela coisa pública, não coadunam das pautas dos revolucionários, logo, para a elite socialista e suas antenas repetidoras , os imprestáveis seriam todos aqueles que não se deixam seduzir por ideais revolucionários e rejeitam suas políticas. Fácil constatar como tal tipo de tirano tem facilidade em descartar pessoas somente por sua visão dissonante. Se Karl Marx chamou aqueles que não possuem consciência de classe de trapos, isso faz com que os progressistas usem tal grupo como alvo, tendo em vista que, assim como o citado, seus seguidores são seres capazes de perseguir qualquer um que considerem não servir à causa, espelhando a psicopatia do autor. No entanto, há dois tipos de definições que englobam o lumpemproletariado, mas que jazem afastadas dos discursos dos marxistas, que são os improdutivos e os marginais, estes que atualmente se tornaram a melhor espécie de idiotas úteis. O ativismo das chamadas minorias tenta cooptar uma gleba de pessoas que se marginalizaram, atribuindo às mais diversas situações o fato de estarem fora do corpo da sociedade, orbitando-o por simplesmente assumirem uma posição agressiva e vitimista que faz com que os mais cautelosos se afastem. As pautas minoritárias, que tentam angariar seguidores associando uma suposta rejeição social em relação à outra classe, ainda conseguem arregimentar militantes, entretanto, se faz mister marginalizar os mesmos para que não sigam o destino dos trabalhadores. As chamadas pautas identitárias criam um comportamento tribal que tem o efeito de excluir seus adeptos de um convívio social saudável e perseguir qualquer um que tente se libertar de tais grupos. Por outro lado, as lideranças de tais “minorias” parecem ter uma vida bem abastada, como o caso de duas cofundadoras do grupo Black Lives Matters, que adquiriram uma mansão de valor considerável  no estado da Califórnia, EUA. As duas possuem outras fontes de renda, mas também decorrem do ativismo que prega “combater” o racismo, por outro lado, verifica-se que as ativistas possuem outros bens de valores consideráveis, mesmo se dedicando exclusivamente à militância em favor dos “menos favorecidos”, tragicômico, mas os tolos ainda acreditam, embora seja fácil perceber o quão se tornou financeiramente interessante  a militância. Curioso como os grupos revolucionários perderam o pudor e servem aquilo que fingiam combater, com ver milionários mimados  ignorando suas raízes para assumir um falso sacerdócio perante as massas iludidas. Revoltados com um inimigo imaginário, juram vassalagem aos mesmos senhores que seus profetas dizem combater, mais uma vez, se deixam iludir por favores, como cotas e outras migalhas são prisões, ou pelo sentimento de pertencimento, acreditando ter um lugar nos salões nobres que conquistarão sem esforço. A sobra das torres de marfim  confortam os que foram convencidos que são vítimas de um mundo que os relegou ao sofrimento por suas escolhas ou sua natureza, como cor de pele, gênero, prática sexual ou qualquer outra característica que possa ser explorada para supressão de vontades individuais em nome de grupos, que nada mais são que feudos ou regimentos de serviçais que interiorizam as pautas de seus senhores como suas, passando a santificar líderes ao ponto de se submeterem a quaisquer abusos , a aceitação do “ rouba mais faz ” é um exemplo. O Partido Democrata dos EUA prova que é possível “ganhar” o amor das minorias, simplesmente, comprando seus líderes e oferecendo migalhas  que pareçam direitos, quando na verdade tensionam diferença entre os grupos ao passo que arregimentam os que por elas são favorecidos. Tal tática tem funcionado de maneira a permitir que o mencionado partido conseguira aproveitar do apoio da Ku Klux Khan e do Black Live Matters, dois grupos idênticos, em que pese tentem se dizer antagônicos. Exemplos não faltam, basta prestar atenção para constatar que as lideranças das “minorias” evitam o choque contra outra ala cujas rédeas são puxadas pelos revolucionários. Mais uma vez, usando um pouco da lógica, é possível se libertar da prisão das minorias, posto que, um indivíduo que busca através de seu esforço suas metas, abrindo mão de uma bengala estatal ou social, pode deixar de lado o chamado sentimento de pertencimento e, deixando a prisão que é a tribo, passará viver como membro da sociedade como um todo, achando em seus pares, independente de suas supostas marcas, um grupo maior do qual faz parte, a humanidade. Livre, poderá se associar com pessoas por interesse comum e saudável, sem que exista uma fogueira, alimentada pela revanche, a ganância e a inveja, para sentar-se à volta. Quando, por exemplo, uma mulher entende que o feminismo é mais uma prisão que um lugar em comum, ela encontrar-se-á livre, o mesmo ocorre com pautas raciais, LGBT e todas as outras. Deixando de ser um agente da revolução, um idiota útil, torna-se inalcançável aos tiranos, fazendo com que tenham de recrutar outros para sua intenta demoníaca. O lúmpen proletário pode estar vivendo de tal forma justamente pelo ostracismo que sua “tribo” lhe impõe, hipoteticamente, poder-se-ia admitir que uma feminista sofre rejeição de homens por ser uma acusadora em potencial, uma vez que, teria uma tendência antinatural a interpretar uma aproximação como assédio , não pense que isso prejudica os manipuladores, tal distanciamento lhes é favorável, justamente, por alimentar ainda mais o revanchismo entre os homens e mulheres, fazendo do feminismo a tábua de salvação  para estas mulheres deslocadas da sociedade. A expressão Deus, pátria e família tornou-se o pesadelo contemporâneo do progressista, exatamente porque a fé impede a submissão total do indivíduo aos grupos, os tais feudos, posto que, não se pode acatar algo contrário aos ensinamentos divinos para aceitar narrativas, é inconcebível curvar a vontade de Deus ou reeditar escrituras sagradas  em prol de uma pauta, seja ela qual for. Decorre daí uma resistência inerente àquele que crê, que se levantará face aos anseios totalitários, por tal motivo, é imperioso aos revolucionários corromper a fé. Especialistas dizem que Antônio Gramsci acreditava que o socialismo seria o herdeiro do cristianismo e não seu coveiro, data máxima vênia, sem destruir a fé cristã, o povo não assumiria como divinos os líderes políticos, tratando-os como inquestionáveis, como é o caso do regime norte-coreano, em que o governante tem status de divindade . Parece que o tal “herdeiro” ganancioso está disposto a eliminar aquele que tornar-se-á o autor da herança. “O Partido Comunista é atualmente a única instituição que pode se defrontar seriamente com a comunidade religiosa do cristianismo primitivo [...] Entre os militantes pela Cidade de Deus e os militantes pela cidade do homem, o comunista não é certamente inferior ao cristão das catacumbas”. A pátria também pode ser um pequeno incômodo, haja vista que, conservar sua identidade nacional fará com que o indivíduo se oponha aos planos transnacionais dos revolucionários, lutando para defender seu povo. Podemos citar o povo russo que resistiu a investida de Napoleão e das nações que compunham a extinta União Soviética, que conservaram sua identidade nacional após a dissolução daquela abominável confederação . Por fim, temos o conceito de família, que serve como porto seguro ao indivíduo, constrói sua base de valores e se traduz em pessoas que lhe são tão caras que seria capaz de confrontar o poder para protegê-las. A vontade em criar uma sociedade sem famílias, em que o sujeito esteja ligado apenas aos valores revolucionários chega a propor abertamente o fim da família , em uma psicopatia social digna da ficção, o discurso progressista ambiciona o poder de tal maneira que seria capaz de triturar quaisquer obstáculos. Não por acaso tal visão de mundo custou tantas vidas. A elite socialista sabe que precisa de uma massa incapaz de se libertar, os eternos decaídos, sendo os serviçais perfeitos, pois, desprovidos de valores morais, tornam-se facilmente corruptíveis e inaptos a desafiar seus mestres. São realmente impossibilitados de caminhar sem bengalas, precisam da ilusão de liberdade conquistada pela subserviência aos tiranos, que consideram seres admiráveis e altruístas, não se queixaram de viver de migalhas pois sua natureza é vagar pelas sombras catando-as com ratos. Identificar uma fonte de indivíduos em tal condição pode ser difícil, mas o próprio Karl Marx já tinha verificado tais pessoas e colocado-as no corpo de sua definição. Os marginais, não aqueles que foram seduzidos pela guerra de classes, ou mesmo, que acreditaram ser de um grupo que sofre o ostracismo por sua condição, mas aqueles que, das trevas, fazem seu meio de existência. Nas palavras do nefasto Marx, “os vagabundos , soldados dispensados, prisioneiros libertos, escravos fugidos de navios, malandros, charlatões , lazarentos, punguistas, trapaceiros, jogadores, cafetões, donos de bordel , carregadores, literatos, tocadores de realejo, trapeiros, amoladores de faca, funileiros, mendigos – em suma, toda a massa indefinida, desintegrada, jogada aqui e acolá, denominada pelos franceses de a boemia (Marx,1851-1852: 149)”. Percebe-se que a definição dos marginalizados já encontra-se na exposição do lumpemproletariado desde sua origem. Alistar o marginal é essencial quando não é mais possível socorrer-se do apoio de trabalhadores, que cada vez distanciam-se mais dos revolucionários, e das chamadas minorias, quando pessoas que eram levadas a crer estarem presos às tribos, começam a despertar e observar que são tratados como massas de manobra e rejeitam a subcultura  que lhes é imposta. Claro que tal rompimento gera uma reação daqueles que pretendem controlar tais nichos sociais e fazer deles seu capital político. A revolução decidiu se aliar com aquilo que desprezava, não que exista problema diante da relativização da moral progressista, mas precisavam esconder seu asco da massa que precisa conquistar, mesmo ciente que está lidando com pessoas que considera o resto, que serão descartadas caso volte a sua situação de poder. Da mesma forma que o senhor feudal da fábula mencionada, conquista o amor dos mais pobres para confrontar a nobreza, omitindo que ao reconquistar seu lugar no castelo, não se importará com estes desafortunados. Considerando que são seres abjetos e sua única serventia é servir de platô para que o revolucionário possa galgar um plano superior na escalada do poder. A grande vantagem em utilizar a mais baixa classe reside, justamente, na incapacidade de tais indivíduos se libertarem, são viciados, marginais e criminosos contumazes, tem com modo de vida a subsistência parasitaria e colocam-se como seres nocivos à cadeia produtiva. Não por acaso a representação política e cultural da esquerda insiste em minimizar os males das drogas, glamoriza a vida boemia e, literalmente, protege facções do crime organizado . A glamorizarão da vida boemia e das drogas é explicita na manifestação cultural, as embalagens vazias  (influenciadores que nada tem a oferecer e são colocados em tal condição para servir como o Flautista de Hamelin ), o chamado funk ostentação seduz os incautos a abraçarem uma cultura de orgias regada ao luxo, vendendo uma falsa ilusão. Uma forma de alistamento para o crime organizado e sua subcultura, arregimentam cada vez mais mão de obra para a revolução dos degenerados, uma classe disposta a culpar outrem por suas vicissitudes e de fácil descarte, serviçais inconscientes de déspotas que não encontram quaisquer traços de pudor em manobrar tais indivíduos. Um bom exemplo é o chamado funk ostentação, oriundo da periferia do São Paulo, apresenta um estilo de vida, ainda que de faixada, inalcançável para a maioria da população, especialmente os que vivem nas comunidades mais carentes, servindo como um canto da sereia para o consumismo desenfreado e, ao mesmo tempo, transferindo para a aqueles que produzem a responsabilidade pelas mazelas sociais. Os artistas do citado metiê, tendem a acusar a classe média , justamente aquela que os revolucionários pretendem subjugar, ao passo que, se rendem ao mainstream. Em um nível ainda mais alarmante temos o chamado funk carioca, este que desde seu nascimento anda de mão dadas com o crime organizado, basta uma pesquisa superficial sobre “ funk proibidão ” para constatar tal enlace, negar isso, além de mentiroso é canalha. É inequívoco que a sexualização, não só das letras, mas das figuras, do funk tem como função central servir de isca e seu comportamento, uma verdadeira ode ao crime e ao ódio a sociedade civilizada, é um convide ao declínio, muitas vezes direcionado aos mais indefesos, como jovens pobres, fingindo ser um movimento cultural. A degradação se agrava quando se observa o ambiente em que ocorre a celebração dos bailes funk, locais, via de regra, literalmente controlados por organizações criminosas dispostas a aliciar, envenenar e estabelecer uma cultura de admiração entre os frequentadores e sua podre nobreza, compostas por barões do crime. Por falar em nobreza do crime, o que dizer das escolas de samba, agremiações que fazem com que gangster do alto escalão desfilem diante de um povo entorpecido e ostentem seu poder, sem que sejam desafiados. O crime organizado aprendeu que, através da propaganda, é possível criar uma cultura própria estabelecendo uma relação de poder e culto a personalidade, antes, através de pequenas benfeitorias, comprar apoio sempre foi um “bom negócio”, nascendo o ideário de um caudilhismo do crime, dando a figura o “padrinho” ou “patrão” uma legitimidade anômala que decorre do assistencialismo e da violência marginal. A autoridade dos senhores feudais do crime é inquestionável dentro se suas jurisdições paralelas e pode estender-se além de suas fronteiras para causar um mal aos seus opositores. Não é por força do acaso a atração entre revolucionários e as organizações criminosas, não é uma coincidência que a subcultura destes artífices seja incutida como natural e a denunciação de seus males seja tratada como um tabu, carimbando como preconceituoso todo aquele que aponta o quão nocivo é a cultura do lumpemproletariado, pois ela é o convite para a degradação humana e indivíduos sem valores são escravos por sua incapacidade em perceber serem massa de manobra. Nada mais óbvio que expandir a cultura da degradação torna-se interessante aos que precisam, cada vez mais de uma sociedade degenerada, não há resistência ao totalitarismo em uma cracolândia , as pessoas naquele ambiente estão reduzidas à condições subumanas, bem como, aqueles que participam da orgia regada à entorpecentes  nas comunidades que são chamadas de baile funk e vendidas como simples como manifestações culturais. Recentemente, uma proposta de emenda a um projeto lei, feita por uma parlamentar progressistas tentou destinar verba de competições esportivas à torcidas organizadas, o que parece uma forma de cooptar as lideranças de tais grupos sabidamente violentos, coincidência ou não, os revolucionários chegaram a usar algumas destas facções para intimidar cidadão reduzindo a adesão daqueles que pretendiam se manifestavam pacificamente. Tais organizações já são infectadas pelas visões revolucionárias, não sendo nada além das demais, entretanto, muitos dos líderes de torcidas preferiram manter-se longe dos embates políticos, fazendo com que a elite progressista buscasse um meio de se aproximar deles. Interessante também o caso da governo da cidade do Rio de Janeiro, quando o então prefeito decidiu reduzir significativamente as verbas repassadas às escolas de samba, medida que era defendida pela maior parte da população carioca, incluindo opositores do chefe do executivo municipal, entretanto, a grande mídia e as lideranças progressistas não digeriram tal medida, posto que, retirava receita de agremiações que, de forma menos enfática, cumprem o mesmo papel dos bailes funk. Capturando consciências através de uma simpatia artificial para arrebatar os corações dos populares. A Lei Rouanet , muito questionada, também servira como uma forma de conquistar a simpatia dos populares através das antenas repetidores, muitas embalagens vazias, que, agraciados com considerável benefício faziam questão de manter o status quo, usando sua popularidade para entorpecer os menos esclarecidos e conduzi-los, gentilmente, ao matadouro. O convite para o reino do lúmpen proletário está em suas mãos, mas saiba, quando as luzes apagarem, você se reconhecerá como uma ferramenta que perdeu seu valor e será descartado como qualquer objeto inservível. Seja bem-vindo, aproveite bastante a festa, descubra-se um idiota útil e garanta seu lugar em um futuro sombrio cheio de sofrimento, ou, desperte e liberte-se. O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e publicam os seus pecados, como Sodoma; não os dissimulam. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. Isaías 3:9 Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 05 - ISSN 2764-3867

  • Aos que bebem do PROGRESSISMO

    O CONSERVADORISMO, os aguarda no fundo da taça. Com o título parafraseando a célebre frase de Werner Heisenberg, a proposta do texto que trago é promover uma reflexão sobre o quanto estamos seguros na nossa caminhada, embora o mundo pareça estar desabando. O assunto do momento em todas as esferas da sociedade mundial é o chamado progressismo; assunto que tem rendido muitas reações, porém com pouco efeito pois parece proposital que a enxurrada de " novidades" tenha chegado em um momento de debilidade intelectual. O movimento, chamado de progressismo, tem prometido uma revolução cultural que trará ao menos em teoria, a tão sonhada paz social que é o ponto cardeal sociopolítico moderno. O que vemos é um show de horrores que nos faltam palavras para descrever. Neologismos, conceitos absurdos, relativização de quase tudo e a cereja do bolo é a falta de definição das palavras. Democracia relativa, justiça seletiva, fuga da realidade, entre outras aberrações. Tudo isto está preparado para o deleite daqueles inconsequentes que percebendo ou não, contribuem para a agenda do fracasso humano. Entre os espinhos deste movimento, vem surgindo vários “grupos sociais e instituições” para amparar a nova forma de sociedade; com tudo, nesse terreno de sofismas sociais vemos brotar algumas sementes que parecem ter caído por ali e insistem em brotar com uma força tão poderosa que só a natureza como ela é, poderia impor. Em um mundo onde honra, gentileza, ternura, bondade, política, medicina, ciência, religião, estado, democracia, família, justiça, liberdade e tantas outras palavras que de uma hora para outra deixaram de ser substantivos para terem o significado que a sociedade achar conveniente, parece que algumas tradições se impõem. Vejamos… Mesmo entre os grupos criminosos, sabemos que seria impossível que se mantivesse de pé sem que houvesse um código de honra, ética, moral, e por fim a cobrança exigente do seu cumprimento, sendo o desvio pago com a própria vida; então fica a pergunta: porque algo tão conservador é tão exigido em um grupo tido como revolucionário, (progressista)? Uma das respostas, é que o homem naturalmente vai buscar por força dessa mesma natureza, conservar o que ele tem de melhor, sua propriedade privada mais importante: sua essência, (pessoal e das relações). Talvez, por isso, todas as revoluções propostas pelos grupos progressistas fracassaram, pois se não houver uma estrutura conservadora amparando qualquer movimento social, ele tende ao fracasso. É preciso saber que a luta pelo conservadorismo – aqui não me refiro apenas ao movimento ideológico – não é apenas da sociedade, mas da própria natureza. Sabemos que se desmatamos toda uma floresta, a tendência é que ela se restabeleça naturalmente, e ainda que seu restabelecimento seja sabotado os ingredientes para que ela volte ao seu estado natural estarão sempre presentes e em algum momento a natureza encontrará um caminho; vemos isto na prática quando em meio a um deserto escaldante encontramos um oásis. Num cenário totalmente contrário encontramos o improvável. Neste sentido, propor uma revolução em ambiente natural é lutar contra a própria natureza, e a pergunta é: quem pode impedir o sol de nascer? Quem pode impedir que a noite venha? Quem pode impedir que o tempo passe? A resposta é: ninguém pode e jamais poderá!! Convido a leitura do livro de Mateus cap7 versos 27 e 29. Ali, o mestre Jesus, nos mostra o poder de estarmos amparados pelas leis da natureza e que não há motivos para ansiedade, ainda que o cenário seja o pior possível, há movimentos que independem de nós, pois estão acima do nosso campo de ação. É claro que há meios de interferir na natureza, porém apenas no imprescindível, no inexorável, jamais!! Em vias de conclusão, o objetivo do texto é aplicar nossos esforços naquilo que importa, é deixar que a natureza faça sua parte, restando apenas como nosso trabalho, manter de pé o ambiente, a atmosfera necessária para que a seu tempo a natureza sociopolítica do ser humano cumpra seu papel. Para tanto, basta que guardemos firmes os elementos que conservam nossa sociedade no caminho das virtudes humanas, onde na sua prática está o real sentido de “Ser humano.” No livro de Mateus cap6 v 33, está escrito: "Buscai primeiro o reino de Deus e todas as coisas boas serão acrescentadas. Entre as coisas a serem acrescentadas está um mundo melhor e uma sociedade mais justa. Nossa trilha não será fácil, mas também não será em vão. É característica de toda a revolução, revolver, bagunçar tudo que está posto, com isso nada de bom fica em seu caminho, já o caminho natural do conservadorismo é deixar que a própria natureza faça suas mudanças cabendo a nós a adaptação. Por esta razão é que estamos seguros em meio ao furacão revolucionário que assola o mundo; nosso abrigo está na natureza divina; Deus para que acredita, por todas essas razões nossa vitória é inevitável. Que Deus abençoe nossa jornada!!! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 47 - ISSN 2764-3867

  • No apagar das luzes

    A alegoria da caverna de Platão ensina que a verdade pode estar além daquilo que podemos ver, mas que aqueles que não a buscarem permanecerão sob as trevas, iludidos e tomados pelo medo do desconhecido, para alguns, liberta-se da escuridão é o suficiente, mas há quem, mesmo arriscando perder tudo, imbui-se de um dever maior. O de levar luz às trevas ou, ainda mais difícil, conduzir aqueles que estão envoltos pelo temor à área externa da caverna, libertando, não apenas a sua alma, mas tantas outras quanto puder salvar. Aquele que, mesmo arriscando a vida movido pela compaixão, decide voltar à caverna para despertar os outros prisioneiros, pode ser uma metáfora para apresentar um indivíduos que, uma vez ciente da verdade, assume o pesado fardo de convencer os que estão em estado de cegueira, da existência de muito mais do que acreditavam ser todo o mundo. Infelizmente, ao tentar chamar para a luz os prisioneiros, libertando-os das amarras, ter-se-á como adversário todo aquele que tira vantagem da cegueira dos cativos, logo, quando os prisioneiros serve a alguém, não será tão simples tentar trazê-los para fora da caverna, haja vista que, ao experimentarem a liberdade, deixarão de servir seus aprisionadores. Tentar soltar os cativos é uma ameaça direta aos senhores daqueles aos quais tamanha compaixão se direciona, levar luz aos escravos das trevas é uma declaração de guerra aos que se alimentam da condição daqueles que não podem enxergar, como libertar escravos é uma afronta aos senhores de escravos. Portanto, qualquer um que tente tirar os prisioneiros da caverna estará se afirmando como opositor àqueles que outrora conduziram e acorrentaram os cativos. Recentemente, a ditadura cubana suspendeu o fornecimento de energia por diversas horas, submetendo os cidadãos daquele país insular a mais uma moléstia resultante do socialismo, sendo alegado o mau funcionamento de algumas usinas de energia, devido à ausência de manutenção, e a inoperância de outras em razão da falta de combustível. Ambos os apontamentos nos levam a uma reflexão simples, pois, se por um lado, o sucateamento de algumas usinas é espantoso, em se tratando de um país que alega ter abundância de engenheiros, o que, salvo se o tão exaltado sistema educacional cubano for uma fraude, não deveria ser um problema, diante da enorme quantidade de mão de obra qualificada, soma-se ainda a escassez de combustível, mesmo quando a nação submetida à ditadura castrista, sim, a família Castro é quem dá as cartas na ilha, mantém parcerias com grandes produtores de combustíveis fosseis, como a Venezuela e a Rússia. Os que ainda insistem em defender o socialismo, ideologia que, junto aos seus pares, deveria ter sido abandonada em razão de todo o estrago que causaram no século passado, mas, que não ousarei chamar de fracassada, uma vez que, considero que foi criada para servir tão somente os lideres revolucionários, logo, no que diz respeito em subjugar os indivíduos à elite socialista, tal ideologia se provou um sucesso incontestável, espalhando a miséria e vendendo como recompensa uma utopia paradisíaca que, na realidade, é experimentada pelos senhores, restando aos vassalos, alimentados por migalhas ou mentiras, culpa uma força externa ao regime. Tornar uma sociedade miserável é, sem dúvida, a melhor forma de domá-la, mas a miserabilidade não precisa ser necessariamente financeira, posto que, embora a falência economia seja um excelente método de aquebrantar um indivíduo ou sociedade, a degradação moral surtirá efeito ainda mais duradoura, de forma que, basta partir da seguinte premissa, fazer de uma pessoa ou grupo refém pela força fará com que busque meios de lutar contra a tirania, tão logo enxergue que limites foram ultrapassados, as pessoas levantar-se-ão contra o poder para lutar por liberdade, entretanto, se a prisão decorre de um estado de falência, será necessário se livrar da dependência econômica, haja vista que, não sendo prisioneiro da insegurança quanto às necessidades básicas, poderá o indivíduo buscar outras metas, o que, por vezes, o levará a reflexões mais profundas. Um grupo de pessoas privadas do básico, como água, comida e saneamento, sequer sabem qual o seu destino na próxima alvorada, portanto, não se pode exigir que lutem por liberdade, de maneira que, os que foram massacrados pela fome nos regimes totalitários eram incapazes de perceber o quão doentio era o sistema além de sua privação. A lista de Stalin, que enviavam diversos presos políticos para os sistema Gulag, a propaganda mentirosa do comunismo ou outras violações não eram preocupação para os ucranianos durante o Holodomor, posto que, sobreviver era a única coisa que podiam buscar, contemplando tão somente algo que lhes matasse a fome. Há um escalonamento em prática, de maneira bem simples, os líderes revolucionários mantém o controle sobre a sociedade por vias diversas, estando no primeiro e mais baixo nível os que estão sob o julgo da força, privados de se manifestar contra o regime pela imposição do medo, sujeitos ao castigo físico, como é o caso dos totalitários em seu ápice. Citar casos como campos de concentração ou reeducação, não há diferença real entra tais alcunhas dadas às prisões políticas de extermínio, as pessoas reféns do crime organizado nas favelas do Brasil, se é que tal prisão se limita às favelas no momento atual, bem como, toda a população de países como Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e outros tantos exemplos, nos remete diretamente ao controle pela força. A imposição através da fome é constantemente usado como forma de enfraquecer uma sociedade ao ponto que, despidos do mínimo para a subsistência, não conseguirão, os indivíduos, reagir diante os desmandos e serão, facilmente, tomados pela força. Em um certo grau de miserabilidade, muitos são os indivíduos que aceitarão migalhas como pagamento o suficiente para açoitar seus pares, como jagunços a serviço de grandes tiranos, despidos de quaisquer valores morais , uma vez que, ao observarem o mundo que os cerca, consideram-se privilegiados diante da não privação do essencial. O controle pela força ou pela miséria são, sem dúvidas, os mais difíceis de se resistir, considerando que o martírio enfrentado no processo de libertação será, por vezes, impossível de suportar. Extermínio, por vezes em massa, é um obstáculo que poucos poderiam suportar, mesmo por ser uma questão supraindividual, não sendo uma faculdade daquele que busca a liberdade sobreviver a uma agressão perpetrada pela tirania que o pretende escravizar, somando-se o fato de que um liberto poderá encorajar mais indivíduos a saírem da caverna. Lutar contra um poder que é capaz de matar, aprisionar, torturar ou levar ao extremo uma situação de privação, pode ser um caminho sem volta e depende, sem dúvida de fatores externos, entretanto, não é tão fácil assim impor o poder por tais meios, tendo em vista que, o colapso no campo da miséria pode fazer com que parte considerável de uma sociedade se levante contra a tirana, sendo impossível controlar tal força, bem como, a fragmentação das tropas usadas para impor o controle pela força, em razão de parte de indivíduos divergir da elite central do poder ou, ainda mais grave, deixar se convencer que a luta para se livrar da tirania é o caminho certo, convertendo-se em uma força contrária à revolução. Manter uma grande força que é capaz de compelir toda uma população pela força não é algo tão fácil, mesmo os ditadores mais cruéis enfrentavam dissidentes que poderiam formar resistência ou mesmo se aliarem a uma já existente. Não por acaso, grande parte dos líderes totalitários promoveu expurgos entre seus correligionários, o mais famosos talvez seja o de Trotsky, realizado com sucesso por seu comparsa Stalin, quando o segundo se sagrou vitoriosos na luta pelo poder na nada saudosa União Soviética. O Comando Vermelho, grupo paramilitar revolucionário que nasceu sob a influência do pensamento socialista, implementando uma guerrilha narcossocialista que controla considerável área na região metropolitana fluminense, em que pese tenha se expandido e imposto o poder pela força, enfrentou o surgimento do Terceiro Comando, um grupo de dissidentes da própria guerrilha, e das denominadas milícias, conceito que abrange diversos grupos de caráter paramilitar. O Terceiro Comando se declarava como alternativa a sua facção embrionária, sendo uma força com características praticamente igual mas com pontos de divergência que sequer merecem consideração, em uma comparação simples, mas não tão rasa, como o nacional-socialismo (nazismo) se propõe como uma alternativa ao socialismo. De igual forma, poder-se-ia comparar as milícias às guerrilhas de menor porte que surgem como promessa de enfrentamento ao socialismo e acabam por se mostrar, como todo grupo revolucionário, uma alternativa tão somente aos líderes da revolução, escravizando aqueles que prometeu libertar para se tornar a tirania em substituição àquela que derrubara, algo muito comum nas guerrilhas socialistas no continente africano. Por outro lado, impor o poder não só pela força e a miséria, mas pela propaganda ou pela fraqueza moral é, em uma meta de longo prazo, muito mais eficiente, uma vez que, escraviza os indivíduos por aquilo que consideram como sua própria vontade, ou seja, faz com que se acreditem livre e suas decisões são, de fato, suas. Para tanto é preciso contaminar os valores da sociedade, corroendo alicerces que outrora serviram como base para sua criação, manutenção e evolução. Não é uma coincidência que todos os movimentos revolucionários que se autodenominam progressistas ou minoritários têm como alvo em comum o cristianismo, em especial a Igreja Católica, justamente, base edificante da sociedade ocidental, haja vista que, a civilização que se pretende corroer tem como sustentáculo primordial o cristianismo, sendo todas as sociedades influenciadas direta ou indiretamente pela Igreja Católica, pois surgiram sob a flâmula do catolicismo ou do protestantismo. A degradação moral está presente em todos os campos em que o progressismo consegue tocar, seja no discurso acadêmico, a política, no meio empresarial e cultural, buscando sempre usar de sua influencia, que inicialmente será mascarada como mera teoria da conspiração, para, ao ser exposta, apresentar-se como algo que não representa perigo algum ou está recheada de boas intenções. O simples fato dos progressistas esconderem suas ações ao máximo, deveria ser motivo suficiente para que o cidadão despreze tal prática atroz, ou, ao menos desconfie da real intenção de seus artífices. Naturalmente, qualquer um gozando do mínimo de sanidade, o que inclui este articulista, busca compreender os motivos dos indivíduos ainda considerarem as narrativas dos revolucionários, mesmo após sua farsa desnuda ser constatada como mero instrumento para propagar as ordens de seus senhores. Há quem ainda se permita sugestionar por artistas que outrora manifestavam pânicos diante de queimadas e juravam maldição contra quem ocupava posição de poder e, segundo a claque, nada fazia para salvar o munda da destruição pelo fogo, mas hoje, procuram outro bode expiatório e ignoram solenemente o que acontece na região pela qual fizeram juras de amores. Na verdade, embora tenham uma grande relação com o público, construída através de suas performances artísticas, quando confrontados com uma base argumentativa que os expõem, grande parte dos famosos perdem prestígio junto aos fãs e, consequentemente, reduzem seu poder de persuasão face sua “vítimas”. Por seu turno, a imprensa mainstream vem sofrendo uma crise em razão da perda de sua credibilidade, seja pela por sua flagrante parcialidade em relação aos fatos que atingem os interesses de seus mestres ou pela possibilidade de seu público-alvo buscar outras fontes de informação. O cartel de imprensa que já ousou se denominar consórcio quando, claramente, decidiu coordenar quais as informações poderiam ser levadas ao público e como seriam transmitidas, em especial, com que viés ideológico. A imprensa mainstream acabou por se revelar, aos que ainda não conseguiam ver, como nada além de um meio de propaganda que determina a direção para a qual cada indivíduo deve olhar, deixando evidente que tem um compromisso, que não é com a verdade como insiste em dizer, mas com seus líderes ou patrocinadores, neste último caso, não apenas as empresas, mas regime de governo. Embora o corte de luz em Cuba possa ser atribuído à crise energética, discurso que se repete a Venezuela, no país sul-americano, o apagão se agravou após o episódio em que a ditadura fingiu ter vencido uma eleição como forma de se declarar legítima, entretanto, o ditador Nicolás Maduro também suspendeu o funcionamento da rede social X , antigo Twitter, naquele país, alegando, o Conselho Nacional Eleitoral, órgão responsável pelo processo eleitoral questionado, que o dono da plataforma, Elon Musk, teria participação em um suposto ataque hacker com o fim de intervir nas, nada confiáveis, eleições. Por mais que pareça uma piada de mau gosto, o bloqueio da rede social cega grande parte do povo venezuelano em relação às notícias, deixando-o refém da emissora estatal do regime chavista. Despudorada, como quem se vende pelas migalhas do regime, a VTV (Venezolana de Televisión) exibiu em sua programação o desenho do “Super Bigote” (Super Bigode), uma peça de propaganda socialista de péssimo gosto e baixa qualidade na qual o ditador se transforma em um super-herói e enfrenta o bilionário que ameaça a “democracia” venezuelana. De fato é patético observar, de longe do alcance de suas garras, o papel ridículo que o ditador se submete para se manter no poder, todavia, se analisarmos pelo prisma dos venezuelanos, em especial os que não gozam de acesso a outro meio de comunicação, podemos assumir que, sendo a única fonte de informação possível, a emissora estatal acaba sendo levada em consideração e suas versões, apresentadas sempre sem um contraponto, tratadas como verdadeiras. Resta claro como, para o regime ditatorial que controla a imprensa, cegar a população em relação a qualquer outro meio de acesso a informação torna-se uma missão central, uma batalha de vida ou morte, pois, uma vez expostas suas mentiras, a crise de legitimidade se abaterá sobre a tirania, restando o uso demasiado da força para calar toda voz dissonante, o que, como um copo que transborda na mesa, não poderá ser ignorado. Os bloqueios contra a rede X em outros países como Rússia, China, Cuba, Irã, Coreia do Norte e outros países totalitários têm o mesmo propósito, que é manter os cidadãos cegos, reféns da informação centralizada em meio que são, na melhor das hipóteses, parceiros dos regimes. Por outro lado, a imprensa tradicional, escolhida pelos tiranos como guia dos cegos, arrasta, sem o menor pudor, todos aqueles que a seguem ao precipício, pois, sua servidão em relação aos déspotas decorre do amor fraterno pela revolução ou das regalias que goza ao servir como jagunço. Mesmo alegando ser a imprensa essencial à democracia, há meios que conspiram contra a liberdade de informação, relatando que o sistema da Starlink, outra empresa de Elon Musk, serve para burlar as regras de alguns países, todavia, quando se observa a matéria , nota-se de que tipo de regime a internet por satélite pode libertar as pessoas, em que pese, a empresa em si não seja a responsável pelo uso indevido, sendo resultado de manobras de grupos ou indivíduos. Além do mais, não seria prudente rechaçar o uso de uma tecnologia devido aos poucos casos em que se dá a ela destino diverso para o qual fora implementada. Em verdade, ao impedir o acesso à internet em países sujeitos a regimes totalitários, impede-se que graves violações sejam denunciadas ao resto do mundo e que os cativos em determinadas nações tenham acesso livre à informação, incutindo narrativas como verdades ao passo que calam aqueles que argumentam em contrário. Uma apresentadora da emissora GloboNews sugere em uma matéria que o bloqueio da rede X no Brasil pode ter como um dos fundamentos a não participação de usuários da rede no processo eleitoral dos municípios , uma suposição gravíssima que, por mas que tenha sido apresentada como tese de defesa da democracia e não proliferação de desinformação, supõe que a Suprema Corte usa de uma via transversa, portanto, não prevista em lei, para se imiscuir no processo eleitoral, por acreditar que usuários da rede X no Brasil, pode, de alguma forma, influenciar no resultado das eleições, logo, justificar-se-ia calar o grupo que não comunga da visão política da emissora e de determinado magistrado, uma vez que, as vozes dissonantes devem ser tratadas como antidemocrática e, por tal motivo, extirpadas do cenário político da democracia. Sugerindo que o Judiciário pode sim, embora não possa assumir isso diretamente, calar os cidadãos de segunda classe que não seguem a cartilha da emissora e das forças autointituladas como democráticas, mesmo utilizando-se da censura, a apresentadora da GloboNews argumenta como uma medida válida que toda uma rede social seja mantida em suspenso ao menos até o pleito eleitoral, como outrora se permitiu a censura apenas à véspera das eleições. Certamente, o ditador venezuelano subscreveria a fala da jornalista . Por derradeiro, podemos temer que um bloqueio à rede X significa que grande parte das pessoas poderá perder sua maior fonte de informação, o que não deveria ser comemorado por que defende a liberdade de imprensa, entretanto, na ausência da rede, seria normal que indivíduos migrassem para outra plataforma que pudesse permitir o acesso a fontes descentralizadas, contudo, o bloqueio de um sistema como a Starlink, além de danoso em razão de outros serviços que a internet dispõe, faz com que o cidadão, desprovido de meios de busca por informações, se torne refém das mentiras propagadas pelo cartel de imprensa, não podendo enxergar além das sombras da caverna. A imprensa, como um cego que guia outros cegos, por ganância ou soberba caminha para a destruição, de forma que, cada um deve ter, ao menos, a oportunidade de se libertar de tamanha rede de mentiras, só assim não seguirá junto de seu guia rumo ao precipício. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867

  • “Chris Rock e seu stand-up biology”

    “Somente mulheres, crianças e cachorros, são amados incondicionalmente. Um homem só é amado sob a condição dele prover algo”. A afirmação acima foi feita pelo ator e humorista Chris Rock durante um de seus shows de stand-up comedy. A declaração é, sem dúvida, chocante e pode soar ofensiva para algumas pessoas. Todavia, aparentemente, o humorista usou um dos artifícios mais comuns no humor: o exagero, criando uma caricatura de uma parte das relações socioafetivas entre homens e mulheres e, por extensão, com suas famílias. Mas, afinal, foi de fato um exagero? O que pode haver de real? Que base histórica ou mesmo científica poderia ter o humorista para tocar num ponto tão sensível? A ideia de que as mulheres, devido ao seu papel na gestação e cuidado dos filhos, tendem a buscar segurança e recursos enquanto os homens buscam a perpetuação de seus genes está fundamentada em algumas teorias evolutivas e sociológicas. A teoria da Seleção Sexual, proposta por Charles Darwin, sugere que as características que aumentam as chances de reprodução são favorecidas pela seleção natural. No contexto humano, isso pode significar que as mulheres têm uma tendência a escolher parceiros que oferecem recursos e segurança. Assim, nesse contexto, o status socioeconômico é um quesito valioso para atender àquela teoria. Por outro lado, os homens procuram características que indiquem saúde e fertilidade nas mulheres, o que coloca a beleza física e elementos de cuidado, asseio e maquiagem como itens visuais relevantes. Ao que parece, ao menos do ponto de vista do darwinismo, o humorista parece ter acertado. Desenvolvida por pelo biólogo americano Robert Trivers, a teoria do Investimento Parental sugere que o sexo que investe mais na prole (geralmente as fêmeas de mamíferos) será mais seletivo na escolha do parceiro, enquanto o sexo que investe menos (geralmente os machos) será mais competitivo. No caso humano, isso implica que as mulheres podem ser mais seletivas na escolha de parceiros que oferecem recursos e apoio parental, enquanto os homens podem ser mais propensos a competir por acesso a parceiras férteis. Complementando a análise biológica de Darwin e a biossociológica de Trivers, encontramos a ‘psicologia evolucionista das relações humanas’, desenvolvida pelo psicólogo americano David Buss, que é uma abordagem que explora como os padrões de comportamento humano podem ser entendidos enquanto adaptações evolutivas. Argumenta-se que as preferências e estratégias de acasalamento dos seres humanos são moldadas por pressões seletivas ao longo da evolução. Portanto, as mulheres podem ter evoluído para valorizar características que sinalizam recursos e comprometimento parental nos parceiros, enquanto os homens podem ter evoluído para buscar sinais de fertilidade e saúde nas parceiras. Essas teorias oferecem uma lente através da qual podemos entender as dinâmicas de relacionamento humano, mas é importante reconhecer que elas representam simplificações de fenômenos complexos e que o comportamento humano é influenciado por uma variedade de fatores culturais, sociais e individuais. Todos esses fatores e teorias são relevantes do ponto de vista material, mas, somente sob este ponto de vista, não se pode dialogar com a experiência humana de modo completo. Assim, poderíamos argumentar que, exclusivamente dentro desse contexto evolutivo, os homens que são mais bem-sucedidos em prover recursos podem ser percebidos como mais atraentes para as mulheres, já que oferecem uma maior garantia de sobrevivência e prosperidade para a prole. Portanto, pode haver uma conexão entre as teorias mencionadas e a ideia de que os homens são amados com base no que podem prover, como sugerido na fala do humorista Chris Rock. No entanto, é importante ressaltar que essa conexão não é uma justificativa para defender ideias revolucionárias que supostamente buscariam destruir estereótipos de gênero ou para afirmar que as relações humanas são exclusivamente determinadas por fatores biológicos ou evolutivos, conforme tem sido defendido por feministas de terceira onda e o movimento Woke. Queremos reforçar que o comportamento humano é muito complexo e influenciado por uma interação ampla de fatores biológicos, culturais, sociais, individuais e metafísicos. Portanto, qualquer generalização ou simplificação deve ser evitada, considerando a diversidade de experiências e contextos sociais. A sociedade ocidental contemporânea tem sido exposta a novas visões de mundo onde, por um lado, muitas mulheres têm sido conduzidas a rever seus papéis sociais, assumindo seu tão falado empoderamento; por outro lado, algumas mulheres têm percebido no empoderamento uma oportunidade de conquista de patamares socioeconômicos mais elevados por meios não muito ortodoxos. Percebendo o alinhamento das teorias citadas, entendemos que elas não têm explicado o comportamento socioafetivo humano, mas dirigido e criado uma fundamentação supostamente científica para um comportamento que poderíamos incluir numa hipotética ‘Teoria da Involução da Espécie Humana’. Parte da sociedade humana (principalmente no ocidente) tem involuído ou se desumanizado ao ponto de, em alguns casos extremos, defender a igualdade entre todos os animais, ou levando muitos a imitar comportamentos sociais e do ciclo reprodutivo das espécies menos evoluídas. Independentemente do sexo biológico, algo nos chama a atenção nas relações entre seres humanos: o amor. Na língua portuguesa, assim como no inglês e em muitas outras línguas, a palavra é empregada para definir um espectro bem amplo que vai desde a emoção até o nível do sentimento. Possivelmente, os antigos gregos tivessem mais facilidade em comunicar o que sentiam. Para essa tarefa, contavam com um arsenal bem mais completo. Eros é a palavra que define o amor romântico e o desejo sexual. Philia apresenta o amor fraternal ou amizade. Ágape , o amor incondicional e altruísta. Storge remete ao amor natural e instintivo. Xenia refere-se à hospitalidade e ao amor e respeito que se espera entre anfitriões e convidados. Como se vê, para eles não seria normal confundir uma emoção como a paixão com um sentimento tal qual o amor genuíno entre dois seres. Em sentido amplo, as relações baseadas no amor sempre existiram e são encontradas através da história e de seus registros. Uma ideia que fazia parte da instituição divina do casamento como algo funcional por tantos séculos era a de que o amor deveria ser construído a dois ao longo da convivência, mas não necessariamente precedendo o enlace. Pode parecer algo difícil de conceber, mas no contexto das comunidades do passado, isso representava segurança. Relações em que o amor idealizado, romântico, deveria preceder a convivência foram se tornando mais comuns a partir do século XIX, quando gradativamente foram se tornando o ideal dos jovens recém-chegados à adolescência. Esse tipo de idealização foi substituindo lentamente os casamentos arranjados entre clãs, famílias ou Estados Nacionais, tendo como pano de fundo os interesses mais diversos. Todavia, passado o período químico da paixão, muitas vezes ocorre uma quebra de expectativas e a possível falência da relação. Não havendo uma ‘ cola ’ que mantenha a coesão entre o casal, abre-se caminho para as separações. Podemos considerar que um dos fatores que mais colabora para a evolução dos relacionamentos, de patamares estritamente biológicos ou evolutivos, incluindo também os fatores econômicos e políticos entre aqueles primeiros, para patamares afetivos é o desenvolvimento de um sentido metafísico e de pertencimento a comunidades religiosas. A partir do momento que um ser humano passa a se desvincular do plano exclusivamente materialista e biológico, passando a encarar a vida de um ponto de vista prioritariamente espiritual, passa a desenvolver amor e atitudes de cuidado, zelo e proteção, não mais vinculados a interesses, necessidades ou qualquer outro elemento que lhe traga algum benefício. Temos então aquela ‘ cola ’ que citamos anteriormente. Queremos antecipar aqui um questionamento: a título de exemplo, pode-se argumentar que leões defendem sua prole e não são religiosos ou metafísicos. Todavia, animais não contemplam a vida senão do ponto de vista de seus instintos e sensações. São dirigidos inexoravelmente por suas necessidades mais básicas, como a perpetuação de seus genes, por exemplo. Seres humanos podem refletir e decidir acima do nível mais rasteiro dos instintos primitivos. Quando os seres humanos começam a se envolver com conceitos metafísicos, como a ideia de um propósito maior na vida, um plano divino ou uma conexão espiritual com outros seres e o Criador, isso influencia profundamente suas perspectivas sobre o amor, o cuidado e as relações interpessoais. Em vez de se limitarem apenas à sobrevivência física e à reprodução, as pessoas passam a buscar significado, conexão emocional e transcendência através de seus relacionamentos. Nesse contexto, as religiões e filosofias espirituais muitas vezes promovem valores como compaixão, generosidade, perdão e amor altruísta, que podem guiar as interações humanas em direção a formas mais elevadas de relacionamento. Esses sistemas de crenças oferecem um quadro moral e ético que pode influenciar as atitudes e comportamentos das pessoas em relação umas às outras, independentemente das considerações puramente biológicas. Em última instância, cabe ao ser humano decidir e agir. Não basta crer, há que se viver o que se crê. Portanto, ao considerar a evolução dos relacionamentos humanos, é importante reconhecer não apenas os aspectos biológicos, mas também o papel crucial que as crenças metafísicas desempenham na ampliação das motivações e dos ideais que moldam as interações humanas. Essa dimensão espiritual pode enriquecer e complexificar as relações humanas, oferecendo novas perspectivas sobre o amor, o cuidado e a conexão interpessoal. Retornando a Chris Rock, o humorista demonstrou em seu aforismo o que percebemos na sociedade apocalíptica em que vivemos. A humanidade se desumaniza no sentido em que se conecta prioritariamente com seu aspecto biológico e se afasta do que verdadeiramente é, ou seja, seres espirituais criados para se distinguirem da matéria, mesmo mergulhados em plena materialidade. Muitos homens e mulheres têm sido arrastados pelos seus instintos e têm se permitido animalizar, no sentido em que renunciam a seu poder de escolha e se tornam inexoravelmente dirigidos por seus instintos. Assim, não seria caso de espanto que homens passassem a ser valorizados pelo que pudessem oferecer financeiramente e mulheres pelas capacidades atrativas e reprodutivas. Por fim, o humorista, intencionalmente ou não, descreveu os efeitos do distanciamento do homem em relação a Deus. Ele 'desenhou' um dos objetivos da força maligna sob a qual o mundo jaz. Na verdade, não exagerou para fazer humor; fez humor com a incapacidade de parte da sociedade em que vive de perceber que não tem sentimentos, mas apenas sensações, emoções e instintos. Essas pessoas não seguem o Caminho, não creem na Verdade e, por consequência, não têm Vida; apenas existem. Não se trata de uma teoria da evolução reversa, mas de um projeto elaborado desde o princípio dos tempos por uma mente perversa. Concluindo, Deus ama homens e mulheres sem distinção de sexo. Quanto a nós, devemos ser imitadores deste divino exemplo nas relações entre uns e outros. “38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”. (Romanos 8:38-39) Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867

  • O Papel do Estado

    Políticas Públicas para impulsionar o Mercado e a Economia Em um cenário global marcado por incertezas econômicas e desafios sociais, a atuação do Estado deve ser focada em um objetivo claro: criar políticas públicas que fomentem o mercado e a economia. A ideia central é que o Estado deve intervir apenas na medida em que for necessário para criar um ambiente propício ao crescimento econômico, sem se intrometer nas dinâmicas de mercado do setor privado. Em vez de ampliar o papel do governo na economia, é preciso reforçar que o melhor caminho para o progresso é através de políticas que fortaleçam o setor privado, gerando oportunidades e crescimento para todos. O Estado, quando atua como facilitador, pode criar o ambiente necessário para que o setor privado floresça. Ao investir na criação de políticas públicas inteligentes, que aumentem o acesso a serviços básicos e promovam o desenvolvimento de mercados locais, o Estado não apenas impulsiona a economia, mas permite que os cidadãos e as empresas se desenvolvam de forma autônoma. Dois exemplos práticos dessa abordagem são a implementação de exames oftalmológicos gratuitos nas escolas e a promoção do turismo local. Ambos os exemplos mostram como políticas públicas eficazes podem fomentar o crescimento econômico sem uma intervenção estatal massiva. Um exemplo claro de como políticas públicas bem desenhadas podem ter um impacto positivo tanto social quanto econômico é a iniciativa de fornecer exames oftalmológicos gratuitos nas escolas. Estudos apontam que muitas crianças em idade escolar sofrem com problemas de visão não diagnosticados, o que afeta diretamente o seu desempenho acadêmico. O simples fato de não enxergar bem pode resultar em notas mais baixas e, consequentemente, em menores oportunidades de sucesso no futuro. A falta de acesso a exames de vista regulares se dá, muitas vezes, pela desinformação ou pelas dificuldades financeiras das famílias. Ao distribuir exames oftalmológicos nas escolas públicas, o Estado estaria promovendo uma política pública que melhora diretamente a educação das crianças, aumentando suas chances de um futuro mais promissor. Além disso, essa política pública estimula o setor privado ao gerar demanda para o mercado de óculos, lentes e serviços oftalmológicos. Quando mais pessoas descobrem que possuem problemas de visão, crescem as oportunidades de negócios para empresas de ótica, médicos oftalmologistas e clínicas especializadas. Ou seja, uma simples política pública de saúde ocular tem o poder de impulsionar não apenas a educação, mas também de fomentar o desenvolvimento do setor privado relacionado à saúde visual. Essa é uma forma clara de o Estado atuar como facilitador, promovendo o bem-estar da população sem que isso signifique uma intervenção direta no mercado. A iniciativa parte do setor público, mas quem colhe os frutos são as empresas e a sociedade como um todo. Outro exemplo prático de como o Estado pode fomentar a economia local sem interferir diretamente no setor privado é o incentivo ao turismo. O Brasil, com sua vasta diversidade cultural, belezas naturais e ricas tradições, possui um potencial turístico imenso. No entanto, muitas cidades pequenas e médias não exploram esse potencial ao máximo. A criação de políticas públicas que incentivem o turismo pode transformar cidades inteiras, gerando empregos, oportunidades de negócios e desenvolvimento econômico local. Quando uma cidade investe na criação de um plano de turismo bem estruturado, ela se torna atrativa para visitantes. Essa atratividade pode ser gerada através de eventos culturais, festas tradicionais, festivais gastronômicos, ou mesmo através da promoção de suas belezas naturais e patrimônios históricos. O turismo, mesmo em pequena escala, tem um impacto econômico direto. Quando uma pessoa se desloca de uma cidade para outra, ela consome serviços como transporte, hospedagem e alimentação. O simples ato de trazer turistas para uma cidade já movimenta a economia local. Se o Estado se limitar a promover políticas públicas que incentivem o turismo, como a criação de rotas turísticas, a promoção de eventos ou a facilitação de parcerias público-privadas para infraestrutura turística, ele estará criando as condições necessárias para que o setor privado prospere. Empresas locais, como hotéis, restaurantes, guias turísticos e artesãos, se beneficiam diretamente do aumento do fluxo turístico. Além disso, o turismo estimula o surgimento de novos empreendimentos e empregos, como escolas de capacitação profissional para guias turísticos e cursos de hotelaria. Essas políticas públicas não exigem grandes investimentos estatais, mas sim inteligência estratégica e parcerias entre o setor público e privado. Quando bem implementadas, essas iniciativas criam um ciclo virtuoso de desenvolvimento econômico local, onde o Estado apenas facilita o crescimento, sem intervir diretamente no mercado. Ao longo da história, economistas clássicos como Adam Smith, Friedrich Hayek e Milton Friedman defenderam que o Estado deve ter um papel limitado na economia, criando apenas as condições necessárias para que o mercado opere de maneira eficiente e livre. Esse pensamento é fundamental para entender como o Estado pode impulsionar a economia sem sobrecarregar o setor privado com regulações e intervenções desnecessárias. O foco deve ser na criação de um ambiente econômico estável, com segurança jurídica, infraestrutura adequada e políticas públicas que incentivem o desenvolvimento. O Estado deve atuar como regulador e facilitador, garantindo que os agentes econômicos tenham as condições necessárias para operar, mas sem interferir diretamente na lógica de mercado. Nesse sentido, políticas públicas que ampliem o acesso a serviços básicos, como saúde e educação, são essenciais, mas devem ser desenhadas de forma que gerem oportunidades para o setor privado e não dependam exclusivamente de investimentos estatais. Isso permite que a economia cresça de maneira saudável, com menos dependência do Estado e mais autonomia para os empreendedores e cidadãos. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867

  • Por que há tantas famílias desestruturadas?

    Faz algum tempo que estou estudando um livro chamado “A conspiração contra a vida humana” , de autoria de José Alfredo Elía Marcos . Diferente de outras obras, não estou correndo contra o tempo para terminá-la, pelo contrário; em doses homeopáticas, estou aprendendo a origem da eugenia e da contracepção. Eu já tinha conhecimento de que a revolução sexual foi uma das responsáveis pela degradação da sociedade, mas havia uma lacuna em minha mente: como se deu esse processo? Como explicar o reflexo disso nos dias atuais? Muito provavelmente você se perguntou – assim como eu – por que os papéis dentro da família foram trocados, ao ponto de, nem homens nem mulheres, saberem ao certo qual sua função. E foi aqui que esta obra abriu os meus olhos. Já ouviu falar em Kingsley Davis ? É possível. Davis foi um sociólogo e demógrafo americano, membro da American Eugenics Society , cunhou os termos “explosão populacional” e “crescimento zero” . Foi ele que, digamos, “redefiniu” o conceito de família. Em Julho de 1937, Davis publicou “Reproductive institutions and the pressure for population” , onde escreveu: “O Estado deve eliminar todo tipo de ajuda às famílias, a fim de alcançar um sistema em que o papel do pai é assumido pelo Estado e a função da mãe é realizada por mulheres profissionais, cujos serviços são pagos diretamente pelo Estado.” Essa ideia de gerico não partiu da cabeça de Davis originalmente; na Rússia comunista isso já estava sendo trabalhado desde o início da revolução e propagado por Alexandra Kollontai na obra “O Comunismo e a Família” . Vejamos: “Porém, é precisamente esta facilidade para obter o divórcio, fonte de tantas esperanças para as mulheres que são desgraçadas em seu matrimônio, o que assusta outras mulheres, particularmente aquelas que consideram o marido como o ”provedor” da família, como o único sustento da vida, a essas mulheres que não compreendem que devem acostumar-se a buscar e a encontrar esse sustento em outro lugar, não na pessoa do homem, mas sim na pessoa da sociedade, do estado.” “Na Sociedade Comunista de amanhã, esses trabalhos (domésticos) serão realizados por uma categoria especial de mulheres trabalhadoras dedicadas unicamente a essas ocupações.” Fazer com que marido e mulher estejam deveras ocupados faz com que o vínculo familiar seja quebrado; logo, a família torna-se obsoleta e sem propósito. Um outro ponto que enfraquece as famílias são as “intimidades não convencionais”, defendido por Davis; ao mesmo tempo em que marido e mulher são afastados por seus “compromissos inadiáveis” , eles têm “direito” a experimentar aventuras íntimas, como o chamado “amor livre” . No processo de transformação da intimidade, filhos são considerados “empecilhos” , portanto, devem ser evitados. Além do mais, filhos criam vínculos, laços eternos; é muito comum ouvirmos “Existe ex-marido, ex-esposa, mas nunca ex-filho” . E Davis fez questão de propor a quebra destes laços. E é aqui que surgem duas figuras que hoje são muito conhecidas: a mãe solteira e o pai ausente. Com o advento da revolução sexual e normalização de métodos contraceptivos, muitas mulheres se viram “livres” das “amarras da maternidade” , e resolveram se entregar a todo e qualquer tipo de prazer. Contudo, nenhum método é 100% à prova de falhas, não sendo a gravidez de todo descartada. Obviamente que, quando abordo este assunto, me refiro àquelas que foram seduzidas pelo canto da sereia chamado “empoderamento feminino” . Tenho ciência de que há muitas mães solteiras que se tornaram assim por força das circunstâncias (violência doméstica, viuvez e outros) e que não devem ser incluídas neste bojo que trato no presente artigo. Quando a gravidez surge de uma dessas “intimidades não convencionais” , via de regra, vemos o homem abandonando a situação e a mulher sozinha. Teria Davis descoberto o ovo de Colombo? “Se os homens fossem liberados da responsabilidade por seus filhos e se sua identificação com eles fosse rejeitada (...) parece bem provável que, sem ajuda diária de um homem, muito poucas mulheres gostariam de ter e criar dois ou mais filhos” Mas como fazê-lo quando os filhos já existem? Simples! Para Davis, o “sistema de escola” é o melhor; no Brasil, a obrigatoriedade para matricular os filhos na escola é de quatro anos de idade. Mas, quanto mais cedo enviar, melhor para a quebra dos laços. Hoje, inclusive, a demanda para a criação de novas creches é absurda, e já há quem esteja propondo creches noturnas! Vejam bem, quando falamos contra o feminismo, defendemos a família tradicional, valores cristãos e coisas deste jaez, é justamente porque estamos vendo diante dos nossos olhos as consequências do tal “empoderamento” , “meu corpo, minhas regras” e afins. No meu caso, não faço isso para ser a “intelectual” , estou anos-luz de ser uma. Faço isso porque Nosso Senhor Jesus Cristo já havia dito “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32) , e alguém deve propagá-la. Se todo o discurso de empoderamento e “liberdade sexual” , de fato, fosse benéfico, não teríamos como resultado mulheres sobrecarregadas, homens sem responsabilidade, crianças traumatizadas e uma sociedade doente. Voltemos ao básico, àquilo que Deus sempre quis para nós. Não podemos salvar o mundo, mas podemos resgatar nossa família. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. III N.º 46 - ISSN 2764-3867

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