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  • Religião, ciência e filosofia

    Apesar de não ser espírita, e sim católico, creio que a melhor forma de correlacionar os três temas abordados, seja o conceito abaixo, nomeado como Tríplice Aspecto da Doutrina Espirita. A ciência, como muitos negam, não é um oposto da religião, e, sim, um complementar. É comum ouvir coisas como “Então as pessoas vieram do barro?” para criticar o criacionismo, porém, esquecem que no evolucionismo, ou darwinismo, os primeiros indícios de vida, tanto unicelulares quanto pluricelulares, foram na água, o que inclui água salgada, misturada com terra, areia, e afins. A religião tem suas explicações de como iniciou-se a vida, o mundo, universo, e ainda mais, variando para cada religião, mas o valor de uma religião não está no conhecimento mundano, físico, experimental, e sim, na criação da moral do indivíduo. Os conceitos expressos na Bíblia, Alcorão, Torá, etc., tem como consequência a criação de um vínculo de crença, e através deste, molda-se a ética daquele povo, pois com a religião, pode-se chegar ao controle social, positivamente ou negativamente. Visando o aspecto positivo, pode-se imaginar que alguém, desprovido de fé, ao pensar em cometer um crime, terá receio apenas de ser descoberto, o que inibe são os casos em que as penas e o risco sejam altos, entretanto, o ser ainda manterá sua vontade, caso tenha uma brecha, o fará sem hesitar. Todavia, caso o indivíduo seja religioso, saberá que mesmo impune no tribunal dos homens, um dia será julgado por quem tudo sabe, o que, subconscientemente, inibe-o de perpetrar tal crime, posto que, este antes mesmo de cogitar cometer o delito, já sabia do tal julgamento desde pequeno. Após o contato com a religião desde novo, introduz-se o indivíduo numa escola, onde este será o “centro de ciência”, enquanto as igrejas, terreiros, mesquita e afins, são centros religiosos, portanto, a escola não tem como dever moldar seu caráter, pois este, já é trabalhado com a família e crença. O conhecimento passado na escola deve sim, ser desanexado da religião, ou se forem correlacionados, dizer abertamente, pois ali terão crianças, e não necessariamente compartilham a mesma crença e estão em fase de construção de caráter, podendo confundir os conceitos e atrapalhar na formação destes, portanto, a escola apresenta conhecimentos físicos, aquilo que pode ser experimentado, visto e descrito. Este conhecimento, mais tarde, quando o caráter já estiver consolidado, e os princípios materiais também, o ser começará a questionar a si mesmo, através da filosofia, pois, “Quem conhece os outros é inteligente. Quem conhece a si mesmo é iluminado. Quem vence os outros é forte. Quem vence a si mesmo é invencível” – Lao-Tsé. Deste modo, a filosofia faz-se necessária para o crescimento do indivíduo para a vida adulta, pois saber quem és, o que queres, seus objetivos, e o principal, onde interliga-se a filosofia com a religião, quais questionamentos, exemplos, posturas, conceitos, moral, e afins, deixará para o próximo. A maior questão, e aquela que nunca terás a resposta ainda vivo é, “eu cumpri meu papel?”, é algo filosófico, mas diretamente ligado com a crença. Cria-se o laço da filosofia com a ciência, quando um experimento não é físico, e, sim, mental. Como é o caso do groupthink , ou seja, não é físico a forma dos indivíduos pensarem de forma irracional quando agrupados – o que é o motivo de incentivarem tanto as pessoas serem partes de grupos, mas isto é tema para outro momento – mas é experimental, o que faz parte do método da ciência, entretanto, é um fato psicológico, não visto por máquinas nem a olho nu, e sim, um fato retratado de forma lógica. Tendo este conceito em mente, é compreensível o motivo de tanto apelo para afastar o povo da religião, pois a ciência é escrita por quem tem poder, se todas as faculdades são de viés pró-vacinas com enormes taxas de alumínio, com tecnologia mRNA, completamente desconhecida, visto que nem mesmo os “cientistas” sabem seus efeitos e como irão agravar-se, a ciência diz que está correto, então o povo aceitará como tal. O exemplo foi para demonstrar o quanto a ciência é maleável, aliás, é um conceito dos homens para os homens, sempre serão abertas para mentiras, da mesma forma que a filosofia cai por terra, através dos grupinhos sociais, você não perguntará quem és, se está sempre auto intitulando-se como ativista LGBT, Black Lives Matter, vegano – o que é muito diferente de vegetariano – e similares, para ser aceito como um membro pertencente ao grupo. O ataque às crenças por progressistas ou crenças más intencionadas, é para reter o controle com si, tanto uma crença desvirtuada, quanto a falta de uma crença bem-intencionada, cria-se uma brecha para o controle total de um povo, pois, mesmo que em um regime tirano, um “Presidente” nunca poderá se colocar como algo além, um deus ou semideus, visto que a crença vai ser contrária à imposição do ditador, muitos irão até mesmo negar-se em aceitá-lo de forma direta, podendo perder sua vida, mas não rejeitar sua fé. Portanto, defender as religiões é algo necessário, assim como reter paridade estatal e acadêmica, pois uma ciência deturpada também ataca a religião, ensinando coisas péssimas para afastar a criança da igreja, e aproximar da escola degenerada. A tríplice é o ponto central para coesão dos três elementos, os quais apoiam-se de maneira pareada, caso uma caia, as demais estarão propensas a cair. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 11 edição de maio de 2022 – ISSN 2764-3867

  • A trama da redução populacional

    Uma vez por semana levo meu filho, que é autista, para fazer suas terapias. Como ele passa por três profissionais (psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional) no mesmo dia – e não assisto a rede Globo, que fica sintonizada na televisão da recepção – decidi levar um livro para estudar. E, à época, escolhi “A conspiração contra a vida” , de autoria de José Alfredo Elia Marcos, da Editora Estudos Nacionais . Na perseverança da leitura apenas uma vez por semana (para não misturar com outros materiais que estou estudando em paralelo) avancei muito, para mais da metade da obra. Está sendo uma leitura onde posso “degustar” com calma cada vírgula e entender muito sobre como surgiu a ideia satânica de antinatalidade. Não farei uma resenha desta obra aqui – e sim no meu canal do YouTube , em breve – mas tratarei sobre um assunto muito importante: a falácia de que, quanto menor a taxa de natalidade, melhor para o meio ambiente. Para quem pensa que esta lorota é nova, não faz ideia de que a mesma é disseminada há mais de trezentos anos. Thomas Malthus, clérigo anglicano, economista, matemático e iluminista, é considerado o pai da demografia, por ser também o “pai” do controle populacional; ele dizia que a melhoria da humanidade seria impossível sem limites rígidos para a reprodução. Malthus acreditava que a capacidade de crescimento populacional seria infinitamente maior que o poder da terra em produzir subsistência para o homem. Isso porque, em seus primeiros ensaios, ele apresentou um cálculo onde, hipoteticamente, as populações humanas crescem, quando não submetidas a obstáculos, duplicando-se a cada 25 anos. Afirmava que, enquanto os meios de subsistências crescem em progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica. Para aplicar o controle populacional, Malthus defendia o que chamava de “controle natural”; além disso, classificou em dois tipos os métodos para redução populacional: preventivos – destinados a reduzir a natalidade; positivos – destinado a aumentar a mortalidade. Sendo favorável a redução populacional, demonstrava falsamente algum tipo de valor cristão; ele defendia a abstinência sexual e condenava radicalmente a prostituição, embora reconhecesse que esta poderia reduzir o número de filhos. Também considerava o uso de métodos contraceptivos dentro do casamento; parece que Malthus vislumbrava o que ocorreria duzentos anos depois: que os métodos contraceptivos iriam contribuir para promover o vício e a promiscuidade. Dentro dos métodos positivos, Malthus defendia a promoção de guerras, fome, epidemias e guerras. “A fome não é apenas uma pressão sutil, mas pode ser a razão mais natural para as pessoas serem industriosas e trabalhadoras e fazerem os esforços mais intensos” “…devemos incentivar as outras formas de destruição que nós próprios obrigamos a natureza a empregar (…) impediremos a cura de doenças.” “Se a população for impedida de crescer mais do que lhe é conveniente, um dos principais estímulos à guerra ofensiva será suprimido.” Como toda ideia – boa ou má –, o Malthusianismo sofreu upgrades ao longo dos anos; seus adeptos acrescentaram a defesa de métodos anticoncepcionais, secularização do casamento (que deixaria de ser um sacramento e se tornaria um mero contrato social, sem a obrigatoriedade da prole), a normatização do divórcio e até mesmo o fim da família tradicional, tudo com a desculpa esfarrapada de reduzir a população para não afetar o meio ambiente. Desde Malthus, a ideia é de reduzir o valor do ser humano e divinizar a natureza. Este movimento ganhou força nos anos 60 com a revolução sexual, através da invenção da pílula anticoncepcional; isso desvincula o sexo da procriação e, ao mesmo tempo, da responsabilidade com o outro; pois, com o vínculo unicamente sexual, a pessoa é rebaixada ao status de objeto apenas. E é nesta fase que o sexo é politizado. O movimento hippie foi um dos grandes causadores desta mazela; foi um comportamento coletivo de contracultura dos anos 60. O movimento, em sua essência, propõe uma crítica ao tradicionalismo e assim desenvolve um novo estilo de vida que repensa a relação das pessoas entre si e com o mundo, cunhando expressões como “Paz e Amor” e “Faça amor, não faça guerra”, promovendo o “amor livre” e sem distinções. Este movimento foi um dos mais utilizados para promover o culto à natureza em nossos dias; misturando religiões orientais (hinduísmo, xintoísmo, budismo e outras) e celtas, seus membros praticavam e promoviam o vegetarianismo, rejeitando produtos industrializados, consumindo produtos artesanais, principalmente na alimentação a opção por produtos naturais e orgânicos, com a prática de agricultura de subsistência. Talvez o leitor se pergunte: qual a relação entre redução populacional e culto à natureza? Explico: quando se retira Deus, o Criador, da equação, não há a quem obedecer, não há limites; logo, o ser humano, criação prima de Deus, criado à Sua imagem e semelhança, pode ser tranquilamente rebaixado a qualquer coisa. E é justamente isso que vem acontecendo há trezentos anos com a disseminação das ideias antinatalistas. Mas, com a graça de Deus, quanto mais se estuda, mais claro fica que a história “quanto maior a população, menor o bem-estar de um país” não passa de uma falácia com o objetivo claro de controle populacional. A lista de bons pesquisadores é imensa, necessitando de um ou mais exemplares inteiros de nossa Revista para tratar exclusivamente deles. Então, vamos tratar dos dois mais importantes: Julian Simon e Norman Borlaug . Julian Simon foi professor de Economia da Universidade de Maryland (EUA) e colaborador do Cato Institute , em Washington. Em 1981, publicou a obra “The Last Resort” , desmontando a falácia malthiusiana. Falácia 1: Ter menos filhos permite que você economize mais gastando menos Associaram melhor qualidade de vida com luxos (viagens, bens caros, etc), quando não é nada disso. A realidade mostra que os pais que têm mais filhos, embora não tenham luxos, se esforçam mais para oferecer o melhor para sua prole. É provado que os filhos nos trazem base e responsabilidade e nos movem para buscar o melhor para nossa família. Falácia 2: Populações maiores consomem mais recursos Trecho extraído da obra de Simon: “O crescimento populacional não atrapalha o desenvolvimento econômico, como defende a teoria malthusiana, mas eleva os padrões de vida ao longo prazo.” Uma grande população traz mais oportunidades; isso explica a migração dentro do nosso país de pessoas saindo do Norte e Nordeste e indo para o Sudeste, pois é nesta região onde há mais recursos. “Coincidentemente” , é onde habita a maior parte da população brasileira. Falácia 3: Com uma população maior, mais poluição e pior qualidade de vida A história recente nos mostra exatamente o oposto; após a Segunda Guerra Mundial, a expectativa de vida aumentou, a agricultura modernizou-se (permitindo que a população possa comer mais e melhor) e o ser humano, em seu processo de criação e modernização, utiliza-se da sustentabilidade, pensando também no meio ambiente. Para Simon, o ser humano é o maior patrimônio da terra, pois é este que cria, inova, reinventa, que se adapta. “Os seres humanos não são apenas bocas adicionais para alimentar, são mais mentes produtivas e imaginativas, que ajudam a criar soluções para os problemas humanos, deixando-nos assim em melhor situação a longo prazo”. Observe os eletrodomésticos criados nos últimos 60 anos e vejam como eles melhoraram e muito a qualidade de vida da população: ar-condicionado, computador pessoal, walkman (que evoluiu até o celular, que hoje possui quase mil e umas utilidades), máquina de lavar (que fez muito mais pelas mulheres do que o feminismo), micro-ondas, entre outros. Em resumo: quanto maior a população, maior o investimento tecnológico na melhoria e praticidade de vida. Norman Borlaug é considerado o pai da agricultura moderna e é chamado de “o homem que salvou um bilhão de vidas” , por conta do seu trabalho cientifico realizado no México, onde projetou, multiplicou e desenvolveu variedades de cereais de alto rendimento, principalmente uma espécie de trigo resistente a doenças. Além disso, desenvolveu a tecnologia necessária para até triplicar essas safras. De militante da causa malthusiana à defensor do agro e da população, ele disse na cerimônia de posse como doutor honoris causa na Universidade de Granada, na Itália: “Agora eu afirmo que o mundo possui a tecnologia necessária para alimentar uma população de 10 bilhões de pessoas em um contexto de meio ambiente sustentável (...) A questão mais pertinente hoje é saber se os agricultores terão permissão para o uso dessa nova tecnologia.” Este é o ponto central de todos os pesquisadores favoráveis à população: por unanimidade, eles afirmam que o problema é estritamente político. Ou seja, não há interesse dos governos de promover a melhoria da qualidade de vida. Para resolver “problemas” , promove-se aborto, permite-se as guerras (especialmente as civis que ocorrem até hoje no continente africano), vírus “escapam misteriosamente” dos laboratórios. Há um esforço conjunto em eliminar o ser humano. E após anos e anos de lavagem cerebral para redução populacional, a conta chegou: segundo dados publicados pela agência consultora McKinsey, países como o Reino Unido, a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos terão de duplicar o seu crescimento de produtividade nas próximas décadas para manter os padrões de vida que foram alcançados na década de noventa. O relatório destaca que dois terços da população mundial vivem em países onde as taxas de natalidade por mulher estão abaixo da taxa de reposição de 2,1 filhos, o que é necessário para manter uma população estável. Esse problema é especialmente evidente em países da OCDE, como Japão, Itália e Grécia, bem como na China e em vários países da Europa Central e Oriental, onde as populações já estão diminuindo. Além disso, o relatório calculou que, na Europa Ocidental, um declínio na proporção de pessoas em idade ativa poderia reduzir o PIB per capita em uma média de US$ 10.000 nos próximos 25 anos. Esse declínio afetaria diretamente os padrões de vida, que têm sido um pilar das economias desenvolvidas. E não é que Julian Simon estava certo? Quem diria, né? (Contém ironia). Não resta dúvida que o projeto de redução populacional visa apenas a eliminação do ser humano. Para o leitor que desacredita disso, recomendo a leitura da continuação deste artigo na próxima edição, onde trataremos sobre relatórios de algumas conferências climáticas. O que alguns tratam como “teoria da conspiração” , aqui chamamos de realidade. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 50 edição de janeiro de 2025 – ISSN 2764-3867

  • As picanhas e os píncaros da picaretagem

    O termo "pícaro" e suas variações, como "picareta" e "picaretagem", têm raízes históricas e culturais, particularmente ligadas à literatura espanhola do século XVI, mais especificamente aos romances picarescos. Esses termos evoluíram ao longo do tempo, mas todos compartilham um vínculo comum com a figura do indivíduo astuto, muitas vezes marginal, que usa de artifícios e dissimulação para alcançar seus objetivos. A origem do termo "pícaro" remonta à figura de indivíduos que, durante a Idade Média e o Renascimento, eram vistos como aventureiros, muitas vezes soldados esfarrapados e famintos, oriundos da Picardia, uma região do norte da França. Embora a conexão com a Picardia seja uma teoria e não uma certeza histórica, o termo passou a ser associado a pessoas em situações precárias, que vagavam pela sociedade sem uma posição definida, mas que possuíam habilidades de sobrevivência, muitas vezes baseadas na esperteza e no engano. Nos romances picarescos, como Lazarillo de Tormes (1554), o "pícaro" passa a ser caracterizado como uma figura de classe social inferior, frequentemente descrita como servente, ajudante de cozinha ou trabalhador de baixo escalão, que se utiliza de artifícios, dissimulação e malícia para alcançar seus objetivos. O "pícaro" é um personagem que, apesar de sua condição precária, exibe uma sagacidade e uma falta de escrúpulos que o tornam capaz de manipular e enganar os outros para garantir sua sobrevivência, frequentemente utilizando de mentiras e de estratégias ardilosas. O termo "picareta", derivado de "pícaro", começou a ser usado para se referir a pessoas que agem de maneira desonesta, enganosa e trapaceira, associando-se assim à prática de "picaretagem", que descreve a atividade de enganar, fraudar ou tirar proveito de situações por meio de artifícios. Hoje, "picareta" e "picaretagem" são termos populares para descrever ações fraudulentas ou enganosas em diversos contextos sociais, especialmente em relações comerciais, políticas e pessoais. Golpes como as famosas pirâmides financeiras, a venda de pontos turísticos ou até mesmo a promessa de picanha, trazem à tona a característica mais básica dos picaretas e seus golpes: se aproveitam da boa fé ou da ambição dos incautos para alcançarem seus objetivos. Popularmente é conhecida uma expressão bastante jocosa que diz que “todos os dias um malandro e um otário saem às ruas, quando se encontram dá negócio”. Algumas vezes nem precisam sair às ruas. Agora que já sabemos da origem das palavras, vamos pinçar quatro histórias de grandes picaretagens históricas. Apenas quatro, visto que o volume de casos possivelmente lotaria uma biblioteca e certamente não queremos cansar os leitores. Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, cuja obra dispensa maiores apresentações, foi, em seus primeiros anos, um artista iniciante e ainda desconhecido. Em 1496, com o objetivo de alavancar sua carreira e ganhar visibilidade, criou uma escultura de Cupido dormindo. A representação de Cupido não era algo particularmente original, sendo um tema comum entre os artistas da época, e ainda mais irrelevante vindo de um desconhecido. Por isso, essa obra teria pouco valor no mercado de arte. Para aumentar suas chances de venda, Michelangelo recorreu a um artifício: tratou a escultura com terra ácida para fazê-la parecer mais antiga. Com isso, conseguiu vendê-la a um negociante chamado Baldassare del Milanese, que, por sua vez, a revendeu ao Cardeal Riario de San Giorgio. No entanto, o cardeal logo descobriu a fraude e exigiu o reembolso. Quando Michelangelo pediu a devolução da escultura de Baldassare, este se recusou, afirmando que preferiria destruí-la a devolvê-la. A relevância dessa história, contudo, não está apenas na fraude em si, mas no fato de que a escultura de Cupido foi responsável por atrair a atenção para os talentos de Michelangelo como escultor pela primeira vez, marcando um ponto de virada em sua carreira. Em 1920, Charles Ponzi, um ítalo-americano conquistou uma grande quantidade de investidores ao prometer lucros de 50% em apenas 45 dias. Seu esquema envolvia a compra de cupons postais de outros países, que eram então trocados por selos nos Estados Unidos a preços mais altos. Contudo, as despesas e o tempo necessário para a conversão das moedas comprometiam qualquer possibilidade de lucro real. Mesmo assim, a propaganda de um cliente a outro alimentava a demanda e, por um tempo, Ponzi conseguiu pagar os investidores mais antigos com o dinheiro dos novos participantes – sempre mantendo para si uma parte substancial dos recursos. Quando o golpe desmoronou, ficou claro que, para manter as promessas de rentabilidade, seriam necessários 160 milhões de cupons postais. No entanto, no mercado só existiam 27.000 unidades disponíveis. Após ser condenado e cumprir pena, Ponzi se mudou para o Rio de Janeiro, onde viveu seus últimos anos em extrema pobreza, falecendo em 1949. Seu nome ficou eternamente ligado ao famoso "esquema de Ponzi", que se tornaria um dos golpes mais conhecidos no mundo. Um dos maiores esquemas de pirâmide financeira do Brasil envolveu as Fazendas Reunidas Boi Gordo, que atraiu cerca de 30.000 investidores e resultou em perdas estimadas em 3,9 bilhões de reais. A proposta era tentadora: lucros de 42% em um ano e meio, levando muitos a investirem suas economias. A empresa, fundada em 1988, iniciou suas operações no mercado, mas foi nos anos 90 que passou a comercializar contratos de investimento coletivo (CICs), criando uma fachada de atividade agrícola focada na engorda de bois e criação de bezerros. No entanto, a verdadeira base do esquema não estava na criação de gado, mas no recrutamento contínuo de novos investidores, que financiavam os pagamentos prometidos aos antigos. Durante uma década, a Boi Gordo cresceu, e até tentou abrir seu capital para regularizar suas operações, algo que não evitou o colapso do modelo de negócios. A empresa também apostou na publicidade, com anúncios estrelados pelo ator Antônio Fagundes durante a exibição da novela Rei do Gado, o que ajudou a atrair mais participantes. Contudo, em 2001, a Boi Gordo começou a enfrentar sérios problemas financeiros e não tinha mais recursos para honrar os resgates solicitados pelos investidores. Em 2004, foi decretada a falência da empresa, mas o processo judicial em torno do caso ainda está em andamento, com esforços sendo feitos para tentar recuperar ativos e indenizar os credores. Em relação à responsabilidade dos envolvidos, o processo criminal contra o fundador Paulo Roberto de Andrade foi encerrado em 2009 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), embora ele tenha sido multado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2003 em mais de 20 milhões de reais e proibido de atuar como administrador de empresas abertas por 20 anos. A falência e as tentativas de recuperação das perdas dos investidores expuseram a fragilidade do sistema, caracterizando-o como um típico esquema de pirâmide, no qual a entrada de novos participantes era essencial para sustentar os pagamentos aos mais antigos. Bem, são casos realmente impactantes. O primeiro, porque quem suspeitaria que Michelangelo faria uma ‘traquinagem’ como a de 1496? O segundo, porque Charles Ponzi popularizou e emprestou seu nome a um dos golpes mais famosos e ainda praticados atualmente: a pirâmide financeira, que se aproveita da ambição que muitos guardam em si. O terceiro, porque trouxe o esquema da pirâmide financeira à televisão, invadindo os lares brasileiros e demonstrando que, desde famosos até anônimos, todos podem ser vítimas da própria ambição. Mas, já que falamos de bois, vamos ao quarto e último estratagema. O então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) fez uma declaração sobre os eleitores voltarem a comer picanha. A declaração ocorreu em 6 de agosto de 2002, durante um evento de campanha em São Bernardo do Campo, no estado de São Paulo. Na ocasião, Lula estava se dirigindo aos seus apoiadores e fez a seguinte afirmação, que se tornou famosa: “ Nós vamos voltar a reunir a família no domingo e nós vamos fazer um churrasquinho e nós vamos comer uma fatia de picanha com uma gordurinha passada na farinha e tomar uma p* de uma cerveja gelada. Aí, bicho, o povo entra em delírio porque é isso que o povo quer ”. A promessa aparentemente alavancou votos para o candidato. Obviamente, não foi apenas aquela promessa rica em proteína e gordura saturada que fez de Lula o 39º presidente do Brasil, mas um conjunto de fatores que não arriscaremos explicar neste artigo. O fato é que aquela promessa despertou a ambição e o apetite de muitos, que, mesmo não possuindo os meios para comprar por si a tão desejada picanha, viram a possibilidade de se beneficiarem. Um gatilho mental que sequestrou a pouca racionalidade de muitos, dando vez aos impulsos mais primitivos. Oferecer vantagem imerecida ou excessiva, despertar a ambição e o desejo sem necessidade de contrapartidas, prometer o que não se pode garantir. Todos são elementos que podemos encontrar em muitos golpes e estelionatos, até mesmo os eleitorais. Assim como em Oséias 4:6, o povo continua perecendo por falta de conhecimento. As classes populares ainda votam com o estômago, ainda são dirigidas por instintos e não por sentimentos nobres. Se a mentalidade não mudar nem mesmo pela via do sofrimento, só nos restará abandonar a vaidade e admitir que sempre estivemos, estamos e estaremos dependentes da misericórdia de Deus, pois nem mesmo pedir nós sabemos. “ Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. ” Tiago 4:3." Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 50 edição de janeiro de 2025 – ISSN 2764-3867

  • A corrupção do léxico

    Imaginando como seria trágico perder a visão em um mundo no qual não se pode mais descrever aquilo que nos cerca, não se vislumbra outra coisa senão uma tragédia, contudo, talvez seja igualmente assustador viver sem conseguir expressar aquilo que o cerca. A perda da capacidade de se comunicar nos tornaria mais animalescos, desprovidos daquilo que nos fez evoluir de forma inconteste, posto que, através da escrita pudemos conservar ensinamentos e criar, ainda que no campo da ficção, visões de mundo que pudessem inspirar o homem. A palavra homem, no parágrafo anterior, refere-se ao ser humano, não se restringindo aos do gênero masculino. Parece estranho e desnecessária tal explicação, de fato o é, porém, considero como um singelo alerta para o cenário atual, no qual o óbvio, infelizmente, precisa ser justificado. A linguística nos ensina a reconhecer quaisquer coisas pelo seu signo , o qual possui significante e significado. O significante é a forma escrita ou sonora da palavra traduzida pela nossa compreensão de mundo, enquanto o significado é o conceito universal da coisa. “ O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o significado e o significante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória. Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um cachorro, o mesmo não seria possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do signo cachorro”. Outra vez parece o exercício de explicar aquilo que é evidente, entrementes, tal compreensão faz-se mister para que se observe o risco da chamada novilíngua , termo originário do livro 1984 do autor britânico Goerge Orewell, no qual a linguagem é adaptada aos anseios dos poderosos. Voltando ao triste ponto em que chegamos, não o da ficção mas dos tempos atuais, precisamos hoje explicar que a grama é verde , e reafirmar isso quantas vezes forem necessárias para que a consciência não seja raptada e a relva assuma, na mente das pessoas, qualquer outra cor que tiranos desejem. A informação tornou-se a arma mais eficaz e, precocemente, uma forma de escravizar milhões de pessoas, antes mesmo do uso da força. Ressignificar, que nada mais é que dar novo significado a uma palavra cujo conceito já é conhecido é uma forma de controlar as pessoas com base em argumentos inexistentes, pois as falácias tornar-se-ão irrefutáveis sem uma contra-argumentação, o que exige, via de regra, o uso de palavras conforme o conceito correto. Não há como afastar um argumento, ainda que falso, sem um debate no qual não se conhece o idioma, ainda pior, seria quando palavras conhecidas passam a ter um significado volátil, normalmente, afixado pelo criador da desinformação. Farei uma pequena pausa, posto que, usarei um exemplo real. Ao compartilhar uma postagem de um grupo (WhatsApp), com a participação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na temática denominada “ Matematiqueer ” (algo sobre matemática e agenda LGBT, com dinheiro público), contendo o texto, “ Confira les membres recém-chegades ao MatematiQueer ”, fui surpreendido com o seguinte comentário, “pensei que estava lendo uma postagem em Francês” , o que me chamou a atenção, pois, tal afirmação era algo que me preocupara. Estava diante de uma publicação com a chancela de uma instituição de ensino superior que deveria zelar por sua história, uma vez que, embora fundada oficialmente em 1920, é a herdeira histórica da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instituição fundada pela Rainha D. Maria I de Portugal, em 1792, antes mesmo da independência do Brasil. Todavia, a mais que bicentenária universidade atirava seu legado na lama em nome de uma agenda progressista que pretende adulterar a língua portuguesa para que se preste aos seus nefastos anseios de controle social. Poderia sentir o pesar aos ver uma renomada, e custosa, instituição naufragando na sujeira, talvez a localização da Cidade Universitária na capital fluminense tenha mais a dizer, haja vista, a Ilha o Fundão cercar-se de um verdadeiro mar de esgoto. Mas não é da UFRJ que pretendo tratar, ao menos por enquanto. A chamada linguagem neutra é, sem sombra de dúvidas um mal que deve ser combatido, assim como toda distorção doentia da linguagem precisa ser rechaçada ou seremos escravos daqueles que ditam as regras, ainda que voláteis. Dando o significado que lhe convém às palavras, os grupos autointitulados progressistas, o que já é uma flagrante distorção, domina o debate público e submete os termos aos argumentos conforme seu abjeto interesse. O aborto, que se traduz no assassinato de seres humanos no ventre de suas mães, passa a ser ressignificado como direito reprodutivo, quando tal expressão deveria levar, e leva, ao intendimento de que a mulher não poderia ter cerceado o direito de ser mãe. Parece que os defensores dos direitos reprodutivos da mulher estão lutando contra aquelas famigeradas imposições estatais da ditadura chinesa acerca de um limite de número de filhos, quando na verdade, querem matar bebês na fase de gestação. A distorção serve para ludibriar as pessoas que compreenderão um fim diverso daquele pretendido. Mais uma vez, peço licença ao leitor para criar uma hipótese, na qual um indivíduo, sabendo o que significa pedir a mão da filha de alguém, o faz, para ter assim o direito de amputar parte do membro da mesma e subtraí-lo. Nota-se que, por mais esdruxulo que seja tal exemplo, não precisou ressignificar as palavras, apenas descontextualizou-as, pois, sabendo-se que dar a mão é leva a entender que trata-se de um pedido de casamento, o indivíduo teria pedido usando da literalidade, confundindo o receptor da mensagem, diferente do que é feito pelos falsamente autointitulados progressistas que, indo além, inventam significados para palavras cujo conceito já existe para ludibriar. A distorção do léxico de forma proposital não é nociva por prejudicar a comunicação, uma vez que, existe uma sórdida intenção conduzindo tal processo. Não se trata de erros inocentes, movidos pela ignorância ou repetição equivocada de um termo, mês, perigosamente, de uma manipulação consciente das palavras para dissuadir indivíduos para que se deixem pautar por uma abissal agenda de controle social. Como mencionado, é imprescindível saber diferenciar os erros e a corrupção, simplesmente pelo fato de que o primeiro se dá pelo desconhecimento ou desatenção e o segundo tem uma finalidade pútrida, de maneira que, aquele que erra pode e deve ser corrigido, com a devida educação, apenas para que compreenda o uso correto de seu idioma, entretanto, aquele que distorce deliberadamente o significado de algo, deve ser combatido, pois busca o resultado maligno que conduz tal ação, ainda que atuando de forma inconsciente, hipótese na qual servirá a um propósito alheio, mas igualmente torpe. A alteração da linguagem de forma preordenada não é natural, portanto, presta-se ao fim de inserir ou modificar conceitos que não estão abarcados pelo termo, assim, pode-se fazer com que o receptor da mensagem tenha a falsa impressão sobre algo, acionando um gatilho ou impedindo que conheça o real significado. Inúmeros são os que repetem mantras mentirosos plantados por um grupo que, de forma artificial, ressignifica palavras para atacar, calar ou até criminalizar seus opositores, por vezes, passando-se por vítimas quando na verdade são algozes. Termos como opinião pública e sociedade civil dão uma ideia genérica de que o povo, de forma ampla e irrestrita, pensa de determinada forma e atua em um conjunto, quando na verdade, ambos são premissas enganosas, uma vez que foram indevidamente apropriadas, ou cunhadas, com o fito de iludir àqueles que buscam o significado mais obvio de tais termos. A chamada opinião pública , expressão que faz o indivíduo crer tratar do pensamento da maioria, em verdade é a linha editorial da mídia mainstream , fazendo com que o indivíduo que discorde de tais posicionamentos se vejam isolados em uma determinada sociedade por conta de uma mentira. Ao crer que um tema é visto pela maioria por um certo ângulo, aquele que possui uma visão dissonante acaba por se enxergar como uma pequena exceção e calando-se para suportar, democraticamente, o posicionamento da maioria, a chamada espiral do silêncio , sucumbindo assim aos ditames de um grupo que controla os meios de comunicação . Por outro lado, a expressão sociedade civil , por sua vez, tem um significado específico, sendo, de fato, um grupo de pessoas que se unem para participar das questões públicas ainda que não integre o Estado, de maneira que, seu significado é honestamente representado no dicionário, contudo, há uma visão hegemônica que acaba por considerar que determinados grupos são dignos de reconhecimento e outros não, bem como, fazendo com que as lideranças de tais grupos sejam, igualmente, considerados aceitáveis ou não. A princípio, parece algo justo considerar que a associação de pessoas em defesa de grupos identitários  seja benéfico, entretanto, basta que tal facção contrarie as pautas progressistas, outra expressão falaciosa, para que seja rechaçado, daí a grande dificuldade de lideranças feministas posicionarem-se contra a inserção de homens no esporte feminino, pois, isso implicaria na infame acusação, ainda que mentirosa, de serem transfóbicas . Na prática, quando se defende a participação da sociedade civil, o que se vislumbra em uma análise mais aprofundada é a legitimação de grupos preordenados que atuam como monopolizadores do debate acerca de um tema, excluindo aqueles que se contrapõe, para criar uma hegemonia política. A sociedade civil, na vida real, é muito mais próxima de sovietes que de um bando de vizinhos que busca melhorias para seu bairro, como tentam incutir na cabeça do cidadão. A ressignificação deturpada serve também para, de forma infundada, promover acusações e até agressões, quando se cola a pecha de fascista em qualquer indivíduo que ouse discordar da elite política, legitima-se, na mente dos mais desprovidos de conhecimento, a agressão aos que foram inveridicamente apontados como sendo integrantes de um espectro político detestável, ainda que, os mesmos agressores façam flagrante defesa do socialismo, pois tal sistema, talvez ainda mais mortal, manipula os chamados antifascistas ao mesmo tempo em que se diz defensor de direitos humanos (parece uma piada, mas não é). Algumas distorções que nos parecem insignificantes, ou mesmo jocosas, podem trazer uma armadilha em seu íntimo, sendo o progressismo é uma víbora, sempre terá em suas presas o veneno, tudo aquilo que se propõe a fazer é, na melhor hipótese uma forma de baixar a guarda do adversário. As chamadas ressignificações não são exceções. Sutilmente, fingindo valorizar a mulher na política, trataram de adulterar a denominação do mais alto cargo da nação usando termo “presidenta”, desconsiderando ser a palavra presidente comum aos dois gêneros, sim, só existem dois. Em época aproximada, uma renomada escola federal da capital fluminense passou a chamar seus alunos de “alunxs”, rasgando mais uma vez o léxico da língua portuguesa. Surgiu então a berração chamada pronome neutro, que visa desconstruir a linguagem em prol de uma agenda identitária surreal, baseada na vontade de indivíduos que tentam capitanear grupos rotulando-os para amestrá-los não antes de “patentear” sua criação, posto que, ao subdividirem os dois gêneros reais, criam diversos “subgêneros” para satisfazer seu nicho de poder . Fracionando quantas vezes forem necessárias para controlar, surrupiar o controle ou constranger aquele que não se enquadra na nova subdivisão como um possível algoz dos recém-emancipados, surge no gênero feminino a figura da “mulher” trans, em verdade um homem que se considera mulher, sendo exigido daqueles que não se enquadram a aceitação de tal visão sob pena (em alguns países real) de ser acusado por homofobia, entretanto, o grupo de “mulheres” trans pode dar origem a uma fração de “mulheres” trans lésbicas, que nada mais são que homens que se autodefinem como mulheres e relacionam-se com mulheres, em síntese, um homem heterossexual que se veste como mulher. Se isso lhe parece complicado, é por não fazer sentido algum. Imaginando que alguém perdera a visão e precise da descrição de um indivíduo, mas seu interlocutor utilize da “linguagem neutra”, o pobre cego estará ainda mais perdido, pois sua mente não conseguirá formar uma imagem com base no significado daquilo que lhe é dito. Torna-se um trabalho hercúleo explicar que um “homem” trans gay engravidou e o pai é uma “mulher” trans lésbica, quando seria simples descrever que uma mulher está grávida e o pai é um homem, em que pese, vistam-se de forma diferente do normal. Tal cenário grotesco também ocorreria se fosse necessária uma descrição pormenorizada de um indivíduo, seja uma pessoa perdida, uma vítima na posse de criminosos, um acidentado ou autor de um delito, tendo em mente que, o ato de descrever pessoas e objetos é nada mais que apresentar características destes. A corrupção do léxico é ainda mais complexa quando se trata de substantivos abstratos, posto que, aos concretos podemos confrontar a alteração e a realidade, de maneira que, homens não engravidam ou menstruam, por mais que determinadas mulheres queiram ser chamadas de homens, isso é um fato que poderá ser usado para afastar a vontade. O risco real de ressignificar uma palavra que se dirige a um substantivo concreto é quando há uma força coercitiva , também corrompida, que buscará fazer com que os indivíduos neguem a realidade, criminalizando a verdade em busca de uma narrativa. Quando se trata de um substantivo abstrato, na mente doentia progressista, basta dar o “pseudossignificado” e repeti-lo para que acreditem ser real, o próprio termo progressismo é falacioso, haja vista que, presume-se progresso , o avanço de um determinado ponto, quando, em verdade, revolucionários buscam destruir uma sociedade para recriá-la à sua maneira , não existe a ideia de evolução, progresso, o que ocupa a mente do revolucionário é a construção do mundo de forma artificial, por isso disfuncional, para saciar sua loucura pelo controle da humanidade e, talvez ainda pior, por acreditarem poder ocupar o Trono dos tronos. Ressignificaram, na mente dos mais fracos, palavras como democracia, fascismo, genocida, desinformação e outras tantas que poderíamos tratá-las de forma separadas, mas o importante é observar como as pessoas acabam por assumir que tais narrativas sejam verdadeiras, concordando com uma liberdade de expressão unilateral, uma democracia pertence aos que estão no poder e que as instituições são mais importantes que o povo ao qual devem servir. Os chamados atos antidemocráticos são aqueles direcionados às pessoas que querem se proteger, contudo, a fustigação contra a nação, inclusive em outras línguas (buscando o clamor internacional) é tratado como mera opinião individual. O mundo torna-se deveras perigoso quando o homem não consegue ver por onde caminha, sendo covardemente atacado pelas sombras, por isso, alterar o significado do racismo para tratá-lo como ferramenta unilateral de perseguição, bem como, criar cada vez mais formas de criminalizar opiniões, calando coercitivamente a verdade e a consciência, para criminalizar a todos fazendo com que precisem da leniência daquele que pode julgar, é doentio, pois cria a insegurança jurídica só vista nas piores ditaduras. A Constituição e todo o ordenamento jurídico transmuta-se em uma colcha de retalhos moribunda com o fim de satisfazer a intenta progressista, tudo aquilo que não agrada a agenda é sumariamente retirado ou transfigura-se para amoldar-se aos anseios daqueles que colocaram-se acima de tudo. Aquilo que fora edificado pela tradição, construído à duras penas, é destruído e varrido por pessoas que, distantes de sua missão, insistem em conduzir um processo artificial. No que tange à linguagem neutra, algo grotesco e sem sentido, a insistência dos revolucionários para inserir tal neologismo corrupto no léxico de nossa língua não é algo fugaz, pois, como mencionado, tem um especial fim, qual seja, criar no subconsciente que não há definições de gênero e que as os conceitos curvar-se-ão perante os ditames dos detentores do poder, assim como a justiça se contorce para satisfação do poder, deixando de ser justa para ser um instrumento de perseguição e controle, o significado, na mente revolucionária, poderá ser livremente alterado para atender à intenta nefasta do centro de poder . Por mais que nos seja atrativo fazer troça da linguagem neutra, devemos encará-la como a víbora que é, por servir ao mal maior que corromperá não só o léxico da língua portuguesa mas levará consigo a consciência de toda a sociedade. Assim como nossos avós diziam para não confundirmos liberdade com libertinagem, assumir o uso de termos como “todes” para aglutinar homens e mulheres, quando é sabido que a palavra todos já o faz, é, na melhor das hipóteses abrir mão do legado linguístico que nos fora deixado pelos portugueses, até mesmo os romanos. Infelizmente, o mundo não é feito da melhor das hipóteses, e se submeter à chamada linguagem neutra é deixar-se escravizar por um grupo que usa deliberadamente distorções do significado para conduzir todos, não “todes”, ao precipício. A agenda avançará determinando como cada indivíduo deve se expressar, impedindo que aquele que não concorde possa exprimir seus argumentos pela deficiência do léxico. Bastaria dizer que a chamada linguagem neutra, em si, fracassará, uma vez que, artificial e sem aplicação prática real, estaria fadada ao desuso, entretanto, como mencionado, universidades e demais instituições de ensino, descompromissadas de sua missão de formar por terem sorvido o veneno da víbora, tentam inserir tal aberração no contexto, fazendo com que seus alunos assimilem a linguagem para repeti-la como um mantra de sua distópica tribo. A tentativa de se comunicar com termos desconexos da realidade acaba sendo vexatória, entrementes, podemos imaginar que em um futuro próximo a adesão por um grande grupo levará aos usuários da linguagem à falsa crença que se trata de algo normal, logo, ter-se-á como regra aquilo que é exceção, fazendo com que, o artificial cubra a comunicação natural que evoluiu com a civilização, ou seja, revolucionando o léxico teremos a ruptura entre a civilização ora construída que servirá de base para a destruição e a construção de uma nova ordem mundial, cujas formas de comunicação são editadas do topo da pirâmide do poder. Importante ressaltar que a imposição carece de legitimidade, ainda que falsa, para convencer a maioria, logo, a incapacidade de entender o conceito de algo resultará na impossibilidade de questionar tal legitimidade, assim, um homem que não pode investigar se aquela que pretende se casar é um homem ou uma mulher, não poderá questionar por que suas relações não resultam em filhos. Parece e é loucura, mas até o conceito de homem e mulher poderá se perder, daí será o acaso o pai das futuras gerações. Na busca pela legitimidade da linguagem neutra as instituições de ensino tem se esforçado para incuti-la na educação, fazendo com que as futuras gerações sejam obrigadas a assimilá-la. Sendo ainda necessário corromper alguma instituição capaz de contaminar de forma mais incisiva, como no caso do ordenamento jurídico, no qual, ultrapassando os muros das universidades, contaminaram-se tribunais e outros órgão, aparelhando por fim a mais alta corte do Poder Judiciário, o que viabilizou a retorção da Justiça em favor da agenda revolucionária. Eis que as perigosas nomeações de agentes revolucionários para a Academia Brasileira de Letras não se resumem à escolhas infelizes para agraciar amigos, posto que, na verdade o aparelhamento da instituição visa legitimar a ressignificação proposital e artificial da léxico para conduzir a vida através da linguagem. Para quem se esquece que o Governo da Alemanha afirmara que o nazismo era do espectro de direita , quando o posto de Chanceler daquele país era ocupado por uma política que iniciou sua vida pública na extinta Alemanha Oriental, ou seja, para os menos esclarecidos basta um governo de esquerda, do país que esteve sob o julgo dos nazistas, apontar que tal nefasto sistema encontra lugar na direita que assim o será. A Academia Brasileira de Letras possui forte influência na linguagem, sendo referencia para pesquisa e até debate acerca da evolução do léxico, por isso, aparelhar tal instituição tem como objetivo legitimar a ressignificação das palavras para que atenda a agenda progressista. Já figuram como imortais, os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso, bem como, escritores declaradamente progressistas como Merval Pereira e Paulo Coelho, o que, com o ingresso da atriz Fernanda Montenegro e do cantor Gilberto Gil, demonstra flagrante inclinação para que a instituição adote, cada vez mais, uma postura agressiva no intuito de avançar com as pautas revolucionárias caindo em descrédito ou legitimando o absurdo. Para quem acha que isso é impossível, basta uma simples leitura , “ Podem se candidatar à Academia brasileiros natos, com obras publicadas de reconhecido valor cultural. A ABL possui uma importância significativa na sociedade, sendo que ela cria vocabulários e dicionários da Língua Portuguesa; estuda e avalia mudanças gramaticais ou ortográficas; publica obras inéditas ou antologias de escritores nacionais; além de distribuir prêmios literários ” . Como a agenda revolucionária não se aproxima da realidade, não importa-se quanto sangue será derramado em nome de seu experimento social, que fracassará sim, mas à que custo. Por tal razão é necessário resistir as ações  dos autoproclamados progressistas ainda que significa colocar a Academia Brasileira de Letras em uma moldura em respeito à sua história, relegando-a dos valores que outrora tinham. Os progressistas do mais alto posto consideram-se senhores de tudo julgando-se deuses, por isso, estão fadados à queda, como aquele que tentou erguer seu trono acima das estrelas  e se igualar a Deus, contudo, os revolucionários não se importam em arrastar tantas almas quanto puderem para o abismo, alimentados pela ganância e a inveja, sempre estarão ávidos a fazer e espalhar seu mal pelo mundo. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 10 edição de abril de 2022– ISSN 2764-3867

  • O Evangelho e a Ética Social

    Filipenses 2:4 – “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” É realmente espetacular como textos escritos há milênios conseguem permanecer atuais. E é esse um dos aspectos fundamentais que colocam a Bíblia em um patamar acima de qualquer outra obra: ela não se prende às amarras temporais que normalmente carimbam como ‘ultrapassado’ qualquer compêndio que trate de aspectos socioeconômicos contemporâneos. Mesmos autores clássicos incensados por gerações a fio, vivos estivessem, teriam que testemunhar a atualização, correção e, em certos casos o completo desuso de suas obras-primas, como, por exemplo, Platão, Marx, Nietzsche e outros. E mais, a Palavra de Deus não só permanece atual como parece imune a todos os ataques desferidos contra ela dia após dia pelos exércitos da liberalidade e do relativismo, embevecidos pela contradição de uma crítica irracionalmente sutil que, usando a máscara de supostos “progresso” e “desenvolvimento” (eufemismos para progressismo e outras pautas destrutivas), trazem em suas entranhas um desconforto brutal em ter que conviver com a verdade traduzida pela vontade de Deus, fonte primária da sabedoria humana. Vejamos especificamente o versículo acima citado. Foi escrito no primeiro século da Era Cristã. Poderia ter sido escrito ontem. Poderia estar estampando camisetas em protestos pacíficos contra os maus tratos que a população recebe de seus governantes. Ou mesmo para reclamar de vizinhos barulhentos ou de quem joga lixo no meio da rua. Em palavras claras e objetivas, o apóstolo diz que, ao mesmo tempo em que cuidamos de nossos interesses, devemos entender que os demais igualmente possuem os seus, em uma afirmação que ganha eco popular lendo-se nas entrelinhas que ‘o meu direito começa quando termina o do próximo’, e vice-versa. Não fala nada estranho ao coração do Deus Criador, que já havia dito ainda no deserto algo que aponta para isso “ (…) mas amarás o teu próximo como a ti mesmo ” (Levítico 19:18). Jesus reafirma a expressão em Mateus 22:39. Ou seja, devo tratar como eu gostaria que me tratassem. Devo respeitar o que não é meu como se fosse. E isso é um ponto fundamental naquilo que gostaríamos de chamar de civilização. Vejamos, por exemplo, o caso dos governantes de uma nação. O modo como eles tratam as três questões mais importantes de uma sociedade, a saber: educação, saúde e segurança, exatamente nessa ordem. Suas preocupações imediatas (“O que é propriamente seu”) são – redundância – imediatamente sanadas assim que chegam ao poder. Carro novo, dependendo do cargo, blindado, casa nova, escola nova para os filhos e plano de saúde com cobertura internacional. E então, eis a questão. Uma vez refestelados em sua nova zona de conforto o “O que é dos outros” cai em esquecimento. Nesse caso, “O que é dos outros” se trata da saúde dos outros, da educação dos outros, da segurança dos outros. Vimos muito isso recentemente nas decisões draconianas de gestores impedindo as pessoas de irem e virem, de trabalharem, de buscarem o sustento dos seus, enquanto estavam seguros em seus gabinetes acarpetados sem que nada lhes faltasse. Os governantes que temos, em sua maioria socialistas e progressistas, não estão sinceramente preocupados com a nação. Pelo menos não desse lado do Equador. Sua preocupação mor é manter-se em evidência no período certo com vistas à próxima eleição, para assim continuar com “Propriamente seu” em alto nível. Certa vez um senador achou de propor que todos aqueles que fossem eleitos matriculassem seus filhos em escola pública. Um delírio indiretamente remetido a Thomas Moore que, de tão onírico, talvez fosse a única saída para a nossa destruída, humilhada e fragmentada educação. Que tal se estendêssemos a ideia para outros setores? E se todos os políticos dependessem de defensores públicos para que seus processos tivessem seus andamentos acelerados? Será que teríamos tão poucos defensores públicos para um tão grande número de processos parados por falta de mão de obra disponível? E se nossas autoridades tivessem que usar a rede pública de saúde, o inefável SUS? Será que teríamos ou não hospitais equipados com o mínimo necessário para a realização dos exames mais básicos, remédios disponíveis e médicos de plantão? E esse é o problema. Um problema que mescla cultura com impunidade. Sem que saibamos exatamente quem veio primeiro, mas tendo certeza de que um complementa o outro. A ideia de que posso manipular a opinião pública para me manter no poder é facilmente alicerçada pela falta de conhecimento político-social de grande parte da população, originada na disfarçada – porém bem-sucedida – política de não deixar que a população tenha acesso a uma educação de qualidade. O que faz com que a população, ignorante de seus direitos ou poderes, por assim dizer, se mantenha alienada ao processo, satisfazendo-se com migalhas que lhe são atiradas do alto dos gabinetes acarpetados da Capital Federal. Ela – a massa – não se importa se a pessoa que ela colocou no poder não se preocupa com ela. E os que estão no poder sabem disso, e trabalham para que tudo continue assim. Atentar para o que é dos outros, segundo Paulo, está inserido no contexto do abrir mão de algo menor para um bem maior. No caso, segue o apóstolo, Jesus Cristo abre mão de sua realeza divina em prol de uma obra sem precedentes: a salvação da humanidade. Executado o intento, o sacrifício mostra-se redentor. Ele –Jesus Cristo – é revelado Senhor, e a ele toda honra é devida. Eis a questão. Quem vai se sacrificar por um bem maior se é mais fácil se fazer de cego e surdo? Isso só se torna possível a partir do momento em que temos no poder homens e mulheres tementes a Deus, embora essa afirmação soe anacrônica e retrógrada nos dias atuais. Não importa, a verdade só é um anacronismo em mentes cauterizadas que já se sentem confortável em chamar o erro de acerto. Líderes que reconhecem a autoridade divina acima de todos e não se envergonham em empunhar as bandeiras defendidas pela tradição judaico-cristã serão sempre a melhor opção para a manutenção da mensagem civilizatória do Ocidente. São "antídotos" contra as agendas diabólicas disseminadas pelo senso comum deturpado por incontáveis teorias destrutivas. Enfim, de modo geral, a ética do Evangelho não se aplica somente às autoridades constituídas. Ela aplica-se a todos os que aspiram viver uma sociedade civilizada. Em países desenvolvidos deixar as fezes do cachorro na calçada gera multa. E por quê? Porque alguém (o ‘outro’) pode passar e pisar. Se o dono do animal quiser deixar sua casa abarrotada de fezes de cachorro é problema dele, mas quando isso se torna um problema para o próximo, deve ter uma atitude civilizada. Civilização implica sociedade organizada, leis igualitárias, liberdade de expressão. Elementos que aos poucos estão sendo colocados em risco a cada dia em que o mundo fica mais moderno. Parece um paradoxo. E é. No final a Bíblia estava certa. Sempre esteve. Sempre estará. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 10 edição de abril de 2022 – ISSN 2764-3867

  • O que os EUA nos ensinam

    Donald Trump toma posse no dia 20 de janeiro, como 47º Presidente dos Estados Unidos da América. Desde que venceu as últimas eleições, de forma histórica e acachapante, seu retorno tem gerado diversos efeitos pelo mundo e creio que continuará assim, até o fim de seu mandato. Trump venceu de Kamala Harris, com os EUA mergulhados em inflação e o mundo consumido por guerras, que trazem riscos enormes para toda a Humanidade. Outro desafio, para o presidente, serão as pautas identitárias e as ideologias, que tomaram o cenário global. Entretanto, ventos de mudança já começaram a soprar. No quesito guerras, há uma possibilidade real de pôr fim ao conflito entre Rússia e Ucrânia e houve a assinatura de um acordo de cessar fogo em Gaza, com libertação de reféns e permissão de entrada de ajuda humanitária no território palestino. Quando o tema são as políticas woke e suas consequências, que fizeram com que grandes empresas mudassem sua postura, regulando as redes sociais e produzindo conteúdo voltado para os grupos que reivindicam “igualdade”, Elon Musk, Mark Zuckeberg e Jeff Beezos tornaram-se aliados de Trump, modificando seus discursos e adotando medidas concretas em suas empresas, para deter o avanço desse discurso ideológico, sendo Musk nomeado como membro da administração, na gestão que inicia-se agora. Na economia, o dólar e a bolsa de valores alcançaram cotação recorde, demonstrando que o mercado financeiro confia em Trump e em suas políticas. Há promessas de redução da inflação e queda dos juros, melhorando a vida dos americanos e, consequentemente, impactando o resto do mundo. Há, também, a promessa de combate eficaz da criminalidade crescente e da imigração ilegal, que gera o ingresso de condenados por crimes e traficantes de drogas, além de membros de grupos terroristas, no território americano. E a renúncia de Justin Trudeau, após mergulhar o Canadá nas drogas e na violência, com suas políticas de extrema esquerda de liberação total das drogas e descriminalização do furto. Tudo isso aconteceu antes da posse, fazendo com que acreditemos que muitas outras transformações estão por vir. Mas é preciso compreender a que se deve sua capacidade de fazer a diferença. Donald Trump não é um super-homem, um semi Deus ou alguém capaz de fazer milagres. Contudo, trata-se de um empresário de sucesso, um homem de negócios com pulso firme e as ideias certas na cabeça, controlando a maior potência mundial e sem receio de enfrentar seus opositores. E o mundo precisa desesperadamente de alguém corajoso. Muitos detestam seu jeito arrogante, sua figura e seu linguajar. No entanto, não se pode negar que Trump é um daqueles jogadores que chegam para definir a partida, não se contentando em assistir do banco de reservas a vitória do seu adversário. Após a catastrófica gestão Biden, que encontra-se senil e deambulante, sem condições de resolver conflitos e tomar decisões arrojadas, ansiava-se justamente por uma presença forte e que cause impacto. Com o mundo à beira de uma guerra mundial e em um precipício de valores e princípios morais, Trump – que foi caluniado, difamado, sofreu tentativa de impeachment, condenações e dois atentados durante sua campanha – manteve-se firme em seu discurso e na exibição de suas virtudes e defeitos publicamente : não esconde quem é e quais são os seus propósitos. Isso faz toda a diferença, humanizando-o frente a seus eleitores. Debaixo de um frio enregelante, Washington espera por seu presidente, rezando para que sua presença possa ajudar o mundo a voltar para os trilhos novamente. Como diz o meu amigo Roberto Motta, na maior parte das vezes, o que se espera é simplesmente a defesa das “ ideias certas” . Go Trump! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 50 – ISSN 2764-3867

  • Inconfessáveis

    No último filme da clássica trilogia O Poderoso Chefão (The Godfather), o protagonista, Michael Corleone, decide se confessar a um cardeal, embora tenha cometido diversos crimes, sua maior necessidade era pedir perdão pela morte de seu irmão Fredo, a que ordenou o assassinato, no filme anterior, após o falecimento da mãe de ambos. Michael sabia que não poderia fazê-lo enquanto sua mãe estivesse viva, contudo, tinha em mente que Fredo conspirou para sua morte e, por isso, considerava o fratricídio justificado e útil para mantê-lo no poder. Assim como fizera com o cunhado, Carlo Russo, responsável pela morte de Sonny, primogênito dos pais de Michael, o líder da família considerava que eliminá-lo era necessário, logo, assim que a sua mãe falecera, tratou de dar cabo à vida de Fredo, entretanto, por mais que Michael contasse com uma considerável lista de vítimas, algumas delas resultado de sua ação direta, ao considerar que Fredo era sangue de seu sangue, filho de seus pais, o chefe família mafiosa mais poderosa naquela obra ficcional, tinha a consciência de que se tratava de um pecado com um peso maior. Diante de um membro do clero que lhe inspirou confiança, posto que, o protagonista da trilogia percebeu naquele sacerdote alguém que realmente, guardava a fé, Michael decidiu confessar-se, em especial, por ter mandado que Fredo fosse assassinado. A ideia passada, ao menos para os que compreendem o Sacramento da Confissão ou Penitência, é que o mafioso, apesar de um criminoso frio e violento, não suportava conviver com a culpa pelo fratricídio. Para alguém acometido pelo relativismo moral, como é o caso dos revolucionários, é impossível compreender o significado da confissão, uma vez que, ao ser arregimentado entre as diversas hordas que marcham conforme o bumbo da elite revolucionária, far-se-á necessário renunciar à realidade, por isso, o mote mais usual entre tais grupos seja a falácia de que “a verdade é relativa”, sendo, portanto, condicionada pelo ponto de vista, logo, é preciso constatar que todo revolucionário é um relativista, posto que, buscando impor sua visão descolada da realidade, trata de, proposital, em se tratando dos líderes, ou por ignorância, quando nas camadas mais baixas, confundindo a realidade com o ponto de vista, tornando-se incapaz de assumir que espia os fatos pelo ângulo que melhor se adequar a sua intenta. Naquela máxima que um seis pode ser um nove, a depender do ângulo pelo qual observa, o relativista verá o número que lhe for mais conveniente, por isso, o apego às estatísticas que sirvam ao seu desejo, desprezando, despudoradamente, quaisquer outras que apontem algo que os contradigam. Para um revolucionário, a mentira será a alternativa ao arrependimento, transferindo a responsabilidade para outros indivíduos ou fatores fora de seu controle. A confissão tem como elementos essenciais o reconhecimento da culpa e o arrependimento pela transgressão, por isso, aquele que a faz precisa assumir sua fraqueza, seu erro, e buscar o perdão, não por uma conveniência social, mas pelo real arrependimento diante do mal que causara. Para alguém que acredita serem a moral e a fé voláteis conforme sua “consciência”, não há necessidade em admitir um erro e buscar o perdão, exceto se isso tiver o fim específico, como evitar a rejeição ou as consequências de seus atos, como aquela figura que, flagrada desviando, vai a público expor, através de um discurso nitidamente artificial, uma espécie de arrependimento, quando, nitidamente, busca conciliar-se com aqueles aos quais acredita podem o prejudicar. Na pele de Michael Corleone, um relativista simplesmente limitar-se-ia a culpar Fredo, que de fato conspirou para matar o irmão, evitando assim assumir a culpa ou suplicar pelo perdão do Cardeal. A degradação moral faz do arrependimento uma mera sinalização de virtude encenada, de maneira que a confissão, aos moldes do catolicismo, jamais faria sentido, pois, não goza do caráter publicitário de um pedido de desculpas em uma rede social. Ao sacerdote é vedado expor aquilo que se diz no âmbito da confissão, uma proibição acolhida mesmo no ordenamento jurídico pátrio que, ao menos por enquanto, garante àquele que se confessa o sigilo daquilo que é falado quando da confissão e protege o sacerdote contra arroubos autoritário que tentem o dissuadir a revelar algo que tomara ciência na qualidade de confessor. Permitir que qualquer que seja a autoridade tenha meios para constranger o sacerdote a expor o teor de uma confissão feriria de morte o sacramento, haja vista que, abalaria a relação de confiança entre o fiel e a Igreja, por isso, não se pode descartar que, sob a alegação do Estado laico, relegue-se a um status de insignificância os sacramentos, retirando tal proteção no âmbito do Direito pátrio. Imperiosos lembrar o sigilo também se aplica a profissionais como advogados e psicólogos, todavia, em que pese não sejam alcançados pelo argumento da laicidade estatal, podemos imaginar que um relativista poderia suprimir prerrogativas de advogados quanto ao sigilo, uma vez que, admitem outras tantas violações à categoria, bem como, aos psicólogos em nome da defesa de um “bem maior”, como no caso de perseguição dos profissionais que defendiam aquilo que apelidaram de “cura gay”, e, por final, temos os médicos, que foram abertamente perseguidos por se oporem às medidas transloucadas durante o episódio de experimento coletivo da pandemia recente, além daqueles que defenderam o chamado tratamento precoce ou alertaram para o risco irrestrito da tecnologia experimental denominada Terapia Gênica . Na prática, em se tratando de relativistas, figuras que lutam até mesmo contra a natureza, todo tipo de loucura pode ser o próximo passo, entretanto, considerando que violações das mais diversas são, na mente revolucionária, justificadas em busca do poder, esperar que destruam um sacramento em nome de sua doentia busca pela utopia é o mínimo que podemos fazer. Ao menos no ocidente, proteger a confissão, bem como, os profissionais supracitados, faz parte da confiança entre aquele que confessa e o que tem o dever de não divulgar aquilo conheceu em razão de seu ofício. O sacramento da confissão deve ser protegido e, aquilo que os revolucionários chamam de Estado laico é, na verdade, um Estado que busca destruir a religião basilar da sociedade ocidental, portanto, o cristianismo, com um foco especial no catolicismo. Por isso, qualquer declaração de ódio em relação aos cristãos é solenemente ignorada por autoridades que fingem que só algumas religiões podem ser protegidas, com o mesmo pretexto fajuto de quem busca, incessantemente, criminalizar o racismo de forma unilateral, tão somente para atiçar conflitos raciais e a ideia de que um determinado secto merece privilégios em troca de sua total vassalagem aos poderosos. Se, por um lado, o revolucionário despreza a Igreja Católica, jurando destruí-la ou se infiltrando para corroê-la, por outro, é incapaz de reconhecer a importância da confissão como autoexame da própria natureza falha do homem e, por conseguinte, a busca pelo perdão e fortalecimento através da penitência, aprendendo com os erros para tornar-se um indivíduo cada vez mais virtuoso. Despido de honradez e humildade, o relativista acredita que sempre poderá se furtar das consequências de suas ações, por mais nefastas que sejam. Não há como esperar que indivíduos que pregam abertamente a destruição de todos que se colocam como obstáculo ao seu desejo totalitário faça uma honesta análise de consciência, algo que aparentemente não possui, para assumir que errou e busque o sincero arrependimento. Um líder socialista jamais importar-se-á com terceiros, podendo exterminar quantas vidas forem necessárias para obter aquilo que almeja, entretanto, uma vez pressionado, poderá simular arrependimento ou, como na maioria dos casos, transferir a responsabilidade a terceiros. Como fizeram com o nacional-socialismo alemão e o fascismo, que, por mais que todos os elementos os enquadrassem no espectro coletivista, foram rapidamente transferidos à vertente política oposta, sendo tratado como forças ligadas ao liberalismo e ao conservadorismo, apenas para que sua má fama fosse transferida, de forma injustificada, àquilo que é conhecido no campo político como direita. Posteriormente, a ditadura chavista que consome a Venezuela foi igualmente adjetivada como sendo do espectro da direita, o que só não foi um movimento exitoso em razão da descentralização da informação propiciada pela internet, algo que os relativistas lutam para destruir, bem como, a cultura “woke” foi tratada em um artigo isolado, mas que serve de ensaio para propostas futuras, como algo embrionado na direita, uma narrativa rapidamente derrubada por, mais uma vez, mérito da informação descentralizada. É praticamente impossível imaginar quantas atrocidades os revolucionários encobriram antes do advento da internet, lembrando que, tais figuras abjetas negam o Holodomor com todas as forças. A negação tem duas razões em especial e a primeira, como podemos facilmente imaginar, é a ausência de arrependimento por parte daqueles que consideram a moral como relativa e a segunda, a incapacidade de assumir seus erros e enfrentar as consequências deles, buscando, para se eximir das responsabilidades, negar ou omitir suas falhas ou torpeza, o que, de fato, é inútil, dado que a realidade, cedo ou tarde, batera à porta. Quando confrontado pela verdade, restará ao revolucionário o suicídio, a negação ou o sacrifício da parte que considere menos essencial, entretanto, nuca confessará seus crimes, pois o arrependimento não é uma qualidade do psicopata ou daqueles que o seguem, por isso, a moral do relativista é nula, haja vista que, precisa conduzir seus seguidores ao abismo se necessário ou, quando nas camadas inferiores, jurar vassalagem doentia em troca de migalhas. Um membro do Tribunal do Povo Alemão ou oficial de alta patente da Schutzstaffel poderia seguir o destino do Führer, insistir que fizeram um bem a humanidade em sua busca pela raça ariana ou, simplesmente, apontar parte do grupo como um “boi de piranha”, que se sacrifica pelos demais, para se furtar das consequências de seus atos, porém, não confessariam seus crimes atrozes salvo se isso fosse o meio ofertado para escapar de uma punição mais grave. Não se pode esperar menos de todos os líderes tiranos que hoje ocupam posições de poder, mas temem, um dia, serem confrontados e responsabilizados pelos males que causam. O exemplo da ditadura venezuelana, que insiste em se manter apesar da flagrante derrota no processo eleitoral, uma vez que lá é possível auditar os votos individualmente, evidencia que o revolucionário se apega ao poder, justamente, para não enfrentar as consequências de suas ações, negando abertamente sua perda de legitimidade, se é que em algum momento foi legitimo, para garantir sua impunidade. Maduro, sabendo ser um tirano fora de controle, se mantém no poder pela força para não ser responsabilizado pelos males que causara, esperando morrer na cadeira do Miraflores, como seu antecessor, Hugo Chavez, fizera. Por não acreditar em algo maior, uma justiça divina ou o dever de fazer algo pelo próximo, Maduro almeja o destino de déspotas que morreram no poder, como Lenin, Stalin, Mao, Fidel e outros tantos seres que jamais se confessariam, por serem orgulhosos demais para submeterem-se a Deus. Adolf Hitler preferiu o suicídio diante da condenação e, no Brasil, temos o exemplo de Getúlio Vargas, que também preferiu a condenação eterna daquele que não se arrepende, alegando que deixava a vida para entrar para a história, quando na verdade, tentava encobrir sua natureza pútrida com um ato que imitava o martírio. Igualmente, os revolucionários que hoje ocupam tronos dos mais diversos, como o próprio Maduro e o ditador nicaraguense Ortega, insistem em negar sua culpa, posto que, nada mais são do que líderes desprovidos de consciência, dispostos a solapar qualquer um que os desafiem ou, simplesmente, os incomodem. No recente episódio de arroubos totalitários durante a pandemia sanitária, diversos exemplos de abusos poderiam ser citados, entretanto, seus artífices buscam, de todos os meios, evitar a responsabilização pelos males que causaram, não confessando que aplicaram medidas descabidas, como soldar portas de empreendimentos comerciais, lacrar gondolas de supermercado e até toques de recolher, sem quaisquer justificativas, posto que, restará nítido o dever de reparar os prejuízos que causaram. Houve ainda aqueles que lutaram contra o chamado tratamento precoce, perseguindo qualquer um que ousasse pregar em defesa de tais medicamentos, mesmo em se tratando de profissionais da saúde, todavia, negam abertamente qualquer responsabilidade. “O choro é livre”, tornou-se um “fique em casa se puder”, sem o menor pudor e a mídia, que fazia contagem de mortos e coordenava notícias em um verdadeiro cartel, o qual apelidou como consórcio de imprensa, como de costume, lavou as mão em relação aos seus feitos e não assume o mal que causara, algo que também se aplica as chamadas “bigtechs”, como os grupos Meta e Google, que, abertamente, atuaram no sentido de suprimir ou reduzir o alcance de qualquer voz dissonante daquela orquestrada cartel de imprensa internacional. Em alguns países, os de maior tradição democrática, já estão em curso processos e investigações que visão responsabilizar aqueles que, de alguma forma, agiram de má-fé no período, entretanto, os povos sob o comando de déspotas totalitários ainda sofrem calados as ações dos mesmos tiranos daquela época, em alguns casos, ainda se exige a administração compulsória da terapia gênica para crianças, tão somente para manter a narrativa de que tal experimento era ou é necessário. O intuito central daqueles que insistem em um experimento que se mostrou desastroso, seja pelos diversos casos de efeitos colaterais devastadores ou pela necessidade em doses subsequentes não previstas, parece ser, não a busca pela imunização, mas a preservação das autoridades que insistem em não confessar as atrocidades que conscientemente, ou não, colocaram em prática. Outra forma de não confessar suas ações é a judicialização da política, em que grupos menores passam a governar em uma espécie de sociedade com o Poder Judiciário, que por não se colocar ao escrutínio do povo, não sofre consequências de suas decisões, ao menos diretamente, podendo assim, tocar os rumos da política ao seu bel prazer sem que sofra um revés nas urnas. Usando de uma hermenêutica ilimitada, o Poder Judiciário pode ser invocado a assumir qualquer face do Estado, pois, se atuar despudoradamente, poderá se imiscuir em quaisquer assuntos alegando ser em nome de um bem maior. Ainda mais grave seria, em raros casos de hipertrófica do Judiciário, tal poder atuar mesmo sem a provocação de interessados, dando início de ofício a feitos com consequências, que solapam os demais poderes e que jamais serão postos no confessionário, pois em alguns ambientes, como tribunais e redações de jornais, parece que o arrependimento não é algo natural. Há sim os seres que adulam tiranos, que, mesmo nos dias atuais, não se importam em servir como cães farejadores de poderosos totalitários, se rebaixando de maneira desprezível em troca de migalhas, tais criaturas são ainda mais miseráveis que seus senhores e negaram seus atos quando confrontados, por isso, tentarão omitir seus crimes, confessando-os tão somente se exposto e, ainda assim, o farão apenas em busca do perdão terreno, não se arrependendo verdadeiramente. Os vassalos do mal serão vermes mesmo no inferno. Aos líderes revolucionários, resta uma luta infrutífera contra a realidade buscando apenas se encastelar como forma de proteção, não contra seus inimigos, mas em relação às consequências de seus próprios atos, pois seus crimes são inconfessáveis. “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (São João 20:23). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 49 – Edição de Dezembro de 2024 - ISSN 2764-3867

  • Europa e a guerra

    Na última semana, Finlândia, Suécia e Noruega distribuíram panfletos, a respeito de como estocar mantimentos e criar abrigos antibombas em casa, prevenindo a população acerca de uma provável ramificação da guerra da Rússia com a ucrânia para países fronteiriços. Até o meio desse ano, meu filho Felipe fazia intercâmbio na Dinamarca, e a garagem da casa em que vivia já havia se transformado em um depósito de alimentos não perecíveis, água e papel higiênico, para quando a guerra chegasse. A Europa inteira acompanha com apreensão as últimas declarações do Presidente Vladimir Putin, dos Estados Unidos e da trinca Inglaterra, França e Alemanha, a fim de buscar a evitação da escalada do conflito e uma solução pacífica. Joe Biden, no apagar das luzes de sua Presidência, deixou uma bomba para seu sucessor, Donald Trump, desarmar, permitindo que a Ucrânia utilize mísseis de fabricação e manuseio americanos, contra a Rússia. Putin já se manifestou publicamente, declarando que sente-se legitimado a avançar contra as potências que forneceram mísseis de longo alcance e minas à Ucrânia, de fabricação própria, para que sejam usados contra o oponente. As embaixadas de vários países em Kiev foram evacuadas, por receio de ataques. A verdade é que as nações armam a Ucrânia, por não quererem, elas mesmas, deflagrar uma guerra contra a Rússia, que culminaria em um conflito de proporções mundiais. Todos têm receio do poder nuclear russo e da impetuosidade de seu Presidente. Assim, vão dando plenos poderes a Volodymyr Zelenski, pois seus dirigentes não querem conviver com o carimbo eterno de que deram causa à 3ª Guerra Mundial. O cenário global da atualidade é muito similar ao que antecedeu a 1ª Guerra Mundial. Há as mesmas tensões entre potências, disputas por territórios e recursos naturais, corrida armamentística, dificuldade de entendimento conjunto e criação de pactos paralelos entre potências, como Rússia, China e Coreia do Norte, bloco totalmente alinhado com o comunismo. Por outro lado, a ONU e as demais organizações mundiais como a OTAN, naufragam em águas profundas, totalmente inábeis para mediar as disputas de interesses e os conflitos existentes. Essa semana, em mais uma decisão isolada e polêmica, que já foi alvo de críticas e descumprimento por diversos países, o TPI – Tribunal Penal Internacional sediado em Haia, expediu mandados de prisão contra Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da defesa de Israel, ao mesmo tempo que expedia o mesmo tipo de mandado contra o dirigente do Hamas, colocando os três na mesma régua de medição (se é que isso seria possível ou aceitável), pela prática de crime de genocídio, em outra guerra imensamente perigosa e desafiadora, que se desenrola no Oriente Médio. Com o Irã e sua capacidade nuclear à espreita, patrocinando o Hamas e o Hezbollah, que sequestraram 240 judeus há mais de um ano, em território israelense e mataram outros 1400, em um ataque surpresa, efetuado em outubro de 2023, jovens desmiolados gritam “Free Palestine” e apoio ao islã por aí, mal imaginando que o que estão defendendo é a propagação do terror, torturas, mutilações, restrições sociais e proibições de todo tipo, assassinato de homossexuais e mulheres, patrocínio de grupos armados terroristas e o fim do mundo ocidental, como o conhecemos. A última barreira, no Oriente Médio, para que o islamismo avance sobre o Ocidente, é Israel. E o mundo caminha a passos largos para a culminância desta situação, sem que se saiba ao certo o que irá acontecer, deixando para a Europa responder a mesma questão que pairou sobre esse continente, nas duas grandes guerras do século XX: como sobreviverão a esse conflito, se não são capazes de prover a própria subsistência, sendo eternamente reféns de importações de outros países, de todo tipo de bem e mercadoria consumido dentro da comunidade europeia. A História é cíclica e se repete. A Humanidade não aprendeu muita coisa, com as guerras do século XX e seus milhões de mortos e mutilados, em meio a pobreza, fome e desespero. Hoje, a capacidade nuclear de inúmeros países é imensa. Foi muito custoso, após a Guerra Fria, trazer a paz de volta. Mas tempos fáceis geram homens fracos , que criam tempos difíceis novamente. O futuro dirá. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 49 – Edição de Dezembro de 2024 - ISSN 2764-3867

  • Quem realmente defende a democracia?

    Albert Einstein, certa vez, disse que seu ideal político era a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo, e nenhum venerado. Nos últimos tempos a palavra democracia passou a repercutir em inúmeras discussões, principalmente quando o assunto é uma suposta crise entre poderes. Muito se está fazendo, inclusive com o afastamento de normas constitucionais claras, com a justificativa de que tais ações seriam para defender a democracia. Por isso a pergunta do título: quem realmente defende a democracia? Bom, para início de conversa já poderíamos responder com um grande e sonoro NINGUÉM! A impessoalidade há de ser a regra em uma república democrática, de forma que ninguém haveria de se arvorar a condição de defensor de nada. O que supostamente garantiria algo, na democracia, seriam as instituições. Porém, nestes sombrios tempos jurídicos, o que vemos é uma extrema pessoalização das instituições, que reverbera não somente nos nortes que tais instituições tomam, mas principalmente nas pessoas que atingem, incluindo-se não somente os membros dessas instituições, quanto também populares. E é sobre referidas pessoalizações que retornamos à pergunta do título. A resposta, que deveria estar na ponta da língua de qualquer cidadão, mostra-se extremamente tormentosa neste caudaloso e conturbado ambiente constitucional de nosso país. Para melhor explicar àqueles que não são da área jurídica, inicialmente há de analisarmos o que é a democracia. Para sermos bem simplistas, citamos o conceito de democracia trazido pela Wikipédia: democracia é um regime político em que todos os cidadãos elegíveis participam igualmente — diretamente ou através de representantes eleitos — na proposta, no desenvolvimento e na criação de l eis, exercendo o poder da governação através do sufrágio universal. Democracia é, basicamente, o regime político em que a soberania é exercida pelo povo. Como no atual contexto social a democracia direta (aquela em que o próprio povo, pessoalmente, exerce a sua soberania) resta impossível, a democracia representativa passou a ser a regra. Na democracia representativa o poder continua a pertencer ao povo, mas é exercido por meio de seus representantes eleitos: Prefeitos, Vereadores, Deputados Estaduais, Federais e Distritais, Governadores, Senadores e o Presidente da República. Não precisa ser especialista em política para facilmente concluir que, na democracia, espelhada encontra-se a vontade da maioria. Nesta seara, onde encontra-se então o Poder Judiciário? Ora, se formos analisar friamente o conceito de democracia, o Poder Judiciário – independentemente de sua extrema necessidade, importância, e integração à tripartição de Poderes na ótica montesquiana – não seria uma instituição democrática. Não confundamos os conceitos de Poder Constitucional – o que, indubitavelmente, o Poder Judiciário é – com instituição democrática. Apesar de estarmos na seara simplista, somente para explicarmos um ponto de vista, temos plena consciência que a discussão é muito mais profunda e, evidentemente, numa análise principiológica e prática, poderíamos bem concluir que, pela indispensabilidade do Poder Judiciário para a manutenção da democracia, de alguma forma temos de considerá-lo como uma instituição democrática. Porém, temos casos claros de situações onde o Poder Judiciário, muitas vezes por situações anômalas, é partícipe de governos totalitários. Relembremos o ano de 1933 quando, logo após assumir o poder total na Alemanha nazista, Hitler passou a expurgar membros do Poder Judiciário que não alinhavam-se ao novo regime, extirpando da vida pública aqueles magistrados que, por suas origens ou posições, mostravam-se adeptos à aplicação de preceitos normativos que não coadunavam com o entendimento do chefe da nação. A partir de então, o Poder Judiciário Alemão passou a comportar-se como uma mera extensão do regime, o que facilitou não somente a aprovação quanto também a plena aplicação dos vindouros diplomas legais que ficaram conhecidos como as “leis de Nuremberg” (1935), que incluía a “Lei de Cidadania do Reich” e a “Lei de Proteção do Sangue e da Honra Alemã”. O resultado é conhecido de todos. No ano de 2016, o Estado Turco simplesmente afastou 2.745 juízes por supostamente participarem de planos para a deposição do presidente Tayyip Erdogan. Será que os juízes remanescentes continuaram a ter plena liberdade para atuação? Caso mais recente pode ser verificado na Venezuela, onde juízes são exonerados dos cargos e presos pelo simples fato de não amoldarem-se ao que deseja o Poder Executivo, havendo inclusive a notícia de juízes presos por simplesmente decidirem de forma que não agrade o Presidente. Aliás, é de bom alvitre ressaltar, no ano de 2017, entre os 33 integrantes da Suprema Corte Venezuelana, oito residiam em embaixadas de países latino-americanos. Finalizamos o exemplo com a situação do Afeganistão, onde após a retomada do Poder pelo Talibã, os Tribunais Islâmicos retornaram como uma extensão do regime. Exemplos tais demonstram que, por vezes, o Poder Judiciário pode ser um mero instrumento de manutenção de governos totalitários. O mesmo podemos dizer das Forças Armadas. Ora, não há qualquer membro das forças armadas, em praticamente nenhum regime democrático, que de algum forma é eleito por sufrágio universal. No entanto, as mesmas Forças Armadas que, em alguns regimes, é a garantidora da democracia, pode ser anomalamente usada para a manutenção de regimes não democráticos. Tudo depende do contexto em que são empregadas. E vamos além: os próprios órgãos policiais podem também ser considerados como ora garantidores da democracia, ora como mantenedores de regimes de exceção. Assim, a consideração de uma instituição como “democrática” vai muito além de sua mera configuração jurídica, dependendo umbilicalmente do contexto em que encontra-se posicionada em determinada nação, em determinado momento histórico e, principalmente, do comportamento de seus membros. Mas, um momento! Se já tivemos a oportunidade de narrar que a impessoalidade deve ser a regra e que a pessoalização não coaduna com a democracia, como sustentar que o comportamento dos membros de determinada instituição possa moldar o seu caráter democrático? Nisto reside a maturidade ou não de determinada democracia. Numa democracia suficientemente madura, o agir antidemocrático de um membro de qualquer instituição imediatamente faz ligar os mecanismos de defesa dessa democracia. Esses mecanismos incluem, internamente, desde a imputação de responsabilidade por eventuais atos antidemocráticos, quanto também a punição extrema de extirpação da vida pública. Quando tais mecanismos de controle interno não funcionam, entra em cena o sistema de freios e contrapesos, cabendo a outros Poderes, que se fiscalizam e controlam mutuamente, exercer o retorno aos limites impostos pela Constituição e pelas Leis. Se, ainda assim, esse sistema falhar, há em nossa Constituição a possibilidade da intervenção das Forças Armadas, a quem cabe a função precípua de garantir os poderes constitucionais e, ainda, a Lei e a ordem. Portanto, não somente os poderes, nesta ótica, hão de ser considerados como instituições democráticas. Ainda que assim consideremos, não podemos olvidar que, pela ausência de legitimação popular, o Poder Judiciário é, dentre os Poderes da República, o menos democrático. Ora, o Poder Judiciário, principalmente por meio de sua corte Suprema, é recorrente em qualificar-se como contramajoritário. Assim o fazendo, deslegitima mais ainda a sua qualidade de democrático. Como esperar que um Poder exercido por membros não eleitos, que vai de encontro e afasta – recorrentemente – a vontade da maioria da população consubstanciada nas leis aprovadas por seus representantes eleitos, possa ser considerado democrático? Na visão de Thomas Jefferson, um dos principais autores da Declaração de Independência dos Estados Unidos, caberia ao Poder Judiciário somente a garantia de direitos, mas nunca a atribuição de benefícios. O ex-presidente norte-americano tinha que o conceito de direito relacionava-se umbilicalmente com prestações negativas por parte de terceiros, ou mesmo do próprio Estado. Para se fazer valer o direito à vida, por exemplo, não haveria a necessidade, em regra, de nenhuma prestação positiva (ação) por parte de qualquer pessoa ou instituição. Bastaria que esses, agindo negativamente, não atentassem contra a vida de ninguém. O que, em teoria, exigisse uma prestação positiva (uma ação propriamente dita) não poderia ser encarada como direito, mas sim como benefício. É o caso, por exemplo, da Constituição Federal Brasileira que outorga a todos o “direito” de assistência à saúde. Para a consecução desse “direito”, há a necessidade do Estado manter toda uma estrutura de assistência (basicamente, o sistema único de saúde – SUS) às expensas dos suados impostos do cidadão. Na ótica Jeffersoniana, tal “direito” não seria, propriamente, um direito, ainda que previsto em Lei. Tal seria um benefício. Neste contexto, caberia ao Poder Judiciário somente defender e assegurar direitos, agindo peremptoriamente para que ninguém – cidadão ou Estado – atente contra ou afaste qualquer direito previsto em Lei e, principalmente, na Constituição. É o Judiciário, enquanto Poder do Estado, que garante a aplicação da Lei. É nessa ótica que o Poder Judiciário pode ser considerado como uma instituição democrática. Porém, não caberia a este Poder conceder, ampliar ou criar benefícios, ou mesmo criar leis abstratas e gerais. Assim o fazendo, a respeito da vontade da maioria consubstanciada na aprovação de leis editadas por seus representantes eleitos (ou mesmo na omissão da aprovação de determinada lei que não espelhe a vontade popular), está sim agindo o Poder Judiciário como uma instituição não democrática. Mais antidemocrático ainda é quando o próprio Poder Judiciário, defensor último da Constituição, age em desacordo com ela. É nesse quesito que residem os limites da jurisdição. Evidentemente que essa discussão, aqui trazida de simplória forma, é muito mais profunda, eis que entre direitos e benefícios há um imenso campo cinzento. O artigo, no entanto, não permite esse aprofundamento. Mas resta patente que o Poder Judiciário brasileiro, por intermédio de um ululante ativismo judicial, encontra-se recorrentemente agindo de forma antidemocrática. Portanto, não podemos responder a pergunta do título caso o leitor espere que a resposta relacione-se a uma pessoa ou a uma instituição. A manutenção da democracia ocorre quando o povo, mantendo o seu poder – ainda que meramente representativo – alicerce a plena possibilidade de extirpar da vida pública aqueles agentes que não agem como se espera. A higidez de um sistema normativo democrático está intimamente ligado à plena e imediata possibilidade da utilização dos sistemas de controle. Por isso não há especificidade em imputar somente a determinada pessoa ou instituição a defesa da democracia. A democracia, enquanto ideal de uma nação, há de estar viva e pulsante dentro das mentes e corações do povo. Uma nação verdadeiramente democrática não necessita confiar a garantia da manutenção de suas liberdades democráticas a ninguém. O verdadeiro perigo é quando um povo, entorpecido por discursos ideológicos, afasta-se do conceito de democracia para tentar imputar a uma maioria silenciosa as inclinações de uma minoria barulhenta. Essa “ditadura” da minoria, potencializada por instituições que agem de forma antidemocrática, não coaduna minimamente com o conceito de democracia. Justamente por tais razões, mostra-se premente a necessidade do povo utilizar-se da maior das prerrogativas que a democracia lhe possibilita – o exercício do voto – para a mantença dessa própria prerrogativa. Benjamim Franklin certa vez disse que “aqueles que abrem mão da liberdade essencial por um pouco de segurança temporária não merecem nem liberdade nem segurança”. Podemos fazer uma analogia a essa frase, para dizer que aqueles que abrem mão do cumprimento da Constituição em nome da Democracia, não merecem nem a Constituição nem a Democracia. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 10 – Edição de Abril de 2022 - ISSN 2764-3867

  • Qual a sua missão?

    Aprendendo com Jonas, o profeta fujão A Bíblia relata a história de um profeta teimoso, um profeta que não queria fazer o correto, aquilo que Deus mandou fazer; esse é o profeta Jonas. “Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do Senhor, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor. Mas o Senhor lançou sobre o mar um forte vento, e fez-se no mar uma grande tempestade, e o navio estava a ponto de se despedaçar. Então, os marinheiros, cheios de medo, clamavam cada um ao seu deus e lançavam ao mar a carga que estava no navio, para o aliviarem do peso dela. Jonas, porém, havia descido ao porão e se deitado; e dormia profundamente. Chegou-se a ele o mestre do navio e lhe disse: Que se passa contigo? Agarrado no sono? Levanta-te, invoca o teu deus; talvez, assim, esse deus se lembre de nós, para que não pereçamos. E diziam uns aos outros: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas. Então, lhe disseram: Declara-nos, agora, por causa de quem nos sobreveio este mal. Que ocupação é a tua? Donde vens? Qual a tua terra? E de que povo és tu? Ele lhes respondeu: Sou hebreu e temo ao Senhor, o Deus do céu, que fez o mar e a terra.Então, os homens ficaram possuídos de grande temor e lhe disseram: Que é isto que fizeste! Pois sabiam os homens que ele fugia da presença do Senhor, porque lho havia declarado. Disseram-lhe: Que te faremos, para que o mar se nos acalme? Porque o mar se ia tornando cada vez mais tempestuoso. Respondeu-lhes: Tomai-me e lançai-me ao mar, e o mar se aquietará, porque eu sei que, por minha causa, vos sobreveio esta grande tempestade.” (Jonas 1.1-12) Muitos cristãos já se depararam alguma vez na vida com esse texto, mas hoje o faremos de forma aprofundada; meu objetivo ao escrever o presente artigo é trazer o leitor a uma reflexão profunda sobre seu chamado diante de Deus e que não adianta fugir, Ele nos encontra (nem que seja no ventre da baleia). Quem não se aprofunda no texto chega ao ponto de julgar o profeta: “Ah, é um homem desobediente, quis fugir” ; do que exatamente Jonas estava fugindo? Ele foi chamado para pregar em Nínive; hoje, Nínive é Mossul, cidade iraquiana; Mossul esteve sob o domínio do grupo terrorista autointitulado Estado Islâmico (EI) , que a ocupou em Junho de 2014 e a declarou sua capital em solo iraquiano. Em meados de outubro de 2016, o governo iraquiano (apoiado pelos curdos e por uma coalizão internacional ) lançou uma grande ofensiva militar para retomar o controle de Mossul e das regiões vizinhas. A cidade foi reconquistada pelas forças iraquianas em 10 de julho de 2017. O espírito radical do Estado Islâmico não se deu apenas neste período, mas vinha de muito tempo atrás; Senaqueribe, rei da Assíria, o mesmo que enviou uma carta de afronta ao rei Ezequias (2 Crônicas 32.1-23), tornou Nínive uma cidade imponente; em esculturas em pedra nas paredes de seu palácio ele fazia questão de exibir suas vitórias e como subjugava os povos inimigos: cenas de batalhas, empalamentos e cenas dos homens de Senaqueribe desfilando os despojos de guerra diante dele. Agora se tem uma ideia de porquê Jonas fugiu: ele não possuía o menor apreço por aquele povo; os ninivitas eram cruéis, ímpios. Para Jonas, não mereciam perdão. E a raiva do profeta não parava por aí: Jonas sabia que, ao pregar, aquele povo poderia se arrepender e ser salvo! E mais um agravante para o leitor entender Jonas: das doze tribos de Israel, ele pertencia à tribo de Zebulom. Em toda a história do povo hebreu, Zebulom era a “tropa de Elite” , uma espécie de Bope, que sempre pegavam em armas para defender sua nação. Ou seja, Jonas quis fugir para não ter que matar alguém. Tudo isso fez com ele fugisse (que iludido!) da presença de Deus três mil quilômetros. Jonas embarcou em um navio saindo de Jope (que ficava em Samaria) em direção a Társis. Esta era uma cidade portuária localizada no sul da Espanha; era considerada a viagem marítima mais longa. A imagem abaixo mostra a distância de Jope para Társis É possível que o leitor, ao chegar até aqui, se pergunte: “Mas então, por que Deus chamou justamente Jonas para esta missão tão difícil?” É porque ele era o que chamamos popularmente de “casca grossa”; Deus sabia que Jonas aguentaria. E não é isso que fazemos hoje? Para não cumprir o chamado de Deus em nossa vida como um todo, tratamos de fugir! Fugimos da profissão, do casamento, da paternidade, da responsabilidade, da instrução, da vida regrada, da disciplina e de tantas outras coisas. Agimos como se Deus não soubesse o que está fazendo! Chega a ser um pecado, pois estamos, com nossas atitudes, dizendo “Eu sei mais que o Senhor” . E é nessa que vem a tempestade e a baleia nos engole. Por que Deus impediu Jonas? Ele não poderia chamar outro que cumprisse a missão? Até poderia. Mas existem situações que temos que confrontar, e enquanto não passarmos por isso, não seremos curados em nossas emoções e nem seremos realizados, pois a alegria verdadeira vem quando cumprimos nossa missão. Era Deus salvando Jonas dele mesmo! Imagine ser engolido por uma baleia! Deve ser bem nojento, não é mesmo? Mas era a única maneira de Jonas ser interrompido na sua fuga e ser colocado, literalmente, em um “cantinho do pensamento” , de onde não poderia sair. Nas trevas, no escuro, na impossibilidade, Jonas teve que refletir sobre o que seria menos custoso: cumprir a missão ou fugir dela. Nesta última edição do ano da Revista quero desafiar o leitor a fazer uma autoanálise: “Será que tudo o que vivi em 2024 foi uma tentativa desesperada de fugir daquilo que Deus me chamou para fazer? Será que não foi Deus que fechou as portas para que eu possa me emendar?” Quando a tempestade veio, os marinheiros perguntaram a Jonas: “Que ocupação é a tua?”; em outras traduções está “Qual é a tua missão?”. Ou seja: qual o teu chamado? Do que você está fugindo? Lembre-se: você não nasceu para fugir, não adianta comprar o ticket mais caro para sair disso, sua missão é insubstituível, só há felicidade cumprindo a missão que Deus deu mesmo que seja difícil. Aquele que escolheu é contigo e conhece a sua capacidade. Não fuja, enfrente! Feliz 2025! Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 49 – Edição de Dezembro de 2024 - ISSN 2764-3867

  • Um general sob Custódio

    No último dia 14 de dezembro, não fomos tomados de surpresa ao saber da prisão do general da reserva Walter de Souza Braga Netto. General de quatro estrelas, ex-secretário nacional de Relações Institucionais do Partido Liberal, ex-interventor federal na segurança pública do Rio de Janeiro, ex-ministro da Casa Civil, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro e ex-candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Infelizmente, poucas coisas têm nos causado espanto nos últimos tempos. O que teria motivado a prisão? Supostamente, Braga Netto teria sido um dos mentores da tentativa de golpe no fatídico dia 8 de janeiro de 2023, em Brasília. Dessa forma, o militar da reserva — que não comandava nenhuma tropa — seria considerado o mentor intelectual de um golpe que, na prática, não aconteceu por vários motivos. O principal beneficiado com o sucesso da “intentona” — Bolsonaro — não queria que ela se concretizasse, conforme depoimentos tomados pela Polícia Federal. Além disso, os participantes do movimento não teriam conseguido táxis para se deslocar em Brasília. Grande parte da multidão que se aglomerava diante dos prédios públicos e poderia ser usada como "massa de manobra" para o golpe entrou, de boa-fé, em ônibus "convidados" pelos próprios militares (a serviço do governo), sendo presa em seguida. Do ponto do Estado, Braga Netto foi preso por planejar atos preparatórios de uma revolta que atentava contra o Estado democrático de direito. Não queremos entrar nos méritos da questão, discutindo se a prisão foi moral ou legalmente correta, deixemos essa tarefa espinhosa para o Brasil do porvir. Como lemos nas mídias sociais, nunca na história do Brasil um general de quatro estrelas havia sido preso. Mas será que nunca um militar de patente tão elevada foi preso nesta República tropical? Não foi um general, mas um almirante com um histórico glorioso de serviço ao Brasil, que também foi preso. Quem? O almirante Custódio de Mello. Por quê? Por participar de uma revolta que atentava contra o Estado democrático de direito. Teremos aqui um precedente histórico? Será? Custódio José de Mello nasceu em Salvador, Bahia, em 9 de dezembro de 1840. Filho de João Custódio de Mello e Rita de Mello, assentou praça de aspirante a guarda-marinha em 01 de março de 1856. Desde jovem, demonstrou uma grande aptidão para a carreira naval, destacando-se nos estudos e em várias missões atribuídas a ele. Durante sua carreira, Custódio de Mello participou de importantes missões navais, sendo promovido rapidamente por seus méritos. Em 1858, foi nomeado guarda-marinha e, já como primeiro-tenente, teve um papel ativo na Guerra do Paraguai (1864-1870), destacando-se em várias batalhas navais. Suas atuações lhe trouxeram reconhecimento e promoções, chegando ao posto de capitão-de-fragata em 1874. Após a Proclamação da República e com a renúncia do marechal Deodoro da Fonseca, Custódio de Mello foi nomeado Ministro da Marinha em 23 de novembro de 1891, no primeiro dia de governo de Floriano Peixoto. Implementou diversas reformas e modernizações na Marinha, alinhando-a aos padrões internacionais da época. Ele é mais lembrado por sua participação nas Revoltas da Armada, duas rebeliões navais nos primeiros anos da República. Custódio de Mello, promovido a contra-almirante no governo de Deodoro da Fonseca, sendo inicialmente defensor do governo, acabou apoiando os revoltosos e participou da primeira rebelião. As raízes da primeira Revolta da Armada podem ser traçadas até novembro de 1891, quando o marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente do Brasil, fechou o Congresso Nacional após falhar em negociar com as bancadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados produtores de café. Liderados pelo contra-almirante Custódio de Mello, unidades da Marinha se sublevaram e ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro. Deodoro renunciou em 23 de novembro de 1891, e o vice-presidente Floriano Peixoto assumiu a presidência, mas não convocou eleições presidenciais, como previa a Constituição, sendo acusado de ocupar ilegalmente a presidência. Assim, Custódio de Mello se rebelou junto a seus pares para defender o Estado democrático de direito. Em 1892, um grupo de 13 oficiais-generais divulgou um manifesto exigindo a convocação de eleições. O presidente Floriano Peixoto declarou estado de sítio e ordenou que os líderes fossem presos. Em 6 de setembro de 1893, Custódio de Mello liderou outra rebelião, iniciando a primeira Revolta da Armada na Baía de Guanabara. A revolta incluiu combates intensos, como o bombardeio de fortes fluminenses e confrontos em Niterói e na Ilha do Governador. Em dezembro de 1893, Custódio de Mello tentou unir-se aos federalistas no sul do país, mas enfrentou derrotas significativas. A Fortaleza de São José foi destruída, e os rebeldes, com pouca munição e víveres, foram derrotados. A capital do estado do Rio de Janeiro foi transferida para Petrópolis devido aos bombardeios. O governo federal adquiriu navios de guerra para enfrentar os rebeldes, e com o apoio do Exército e do Partido Republicano Paulista, a Revolta da Armada foi sufocada em março de 1894. Os rebeldes se refugiaram em navios portugueses, terminando a revolta. A Revolução Federalista continuou no sul, onde Custódio de Mello se uniu a Gumercindo Saraiva. Eles tomaram a cidade da Lapa, mas as tropas do governo continuaram a avançar. Em 16 de abril de 1894, o encouraçado Aquidabã foi torpedeado. Custódio de Mello tentou desembarcar em Rio Grande, mas foi derrotado, refugiando-se na Argentina. Como sabemos, quando se pretende analisar os eventos históricos, nada melhor que consultar as fontes primárias, ou seja, ler a narração em primeira mão, diretamente da pena daqueles que dela participaram. Pois vamos ler o que Custódio de Melo tinha a dizer sobre a revolta que ele liderava. O texto segue em sua redação original: “No manifesto que dirigi á Nação allego a conducta inconstitucional do Sr. Vice-presidente da Republica e a sua política anti-patriotica e sanguinária nos Estados, principalmente no Rio Grande do Sul. Todos os navios e as forças navaes d’este porto se collocaram ao lado da Constituição, que defendo. A única fracção d’essas forças que hesitara, a fortaleza de Vilegaignon acaba de communicar-me que tomou a resolução de não hostilizar-me e de assim o haver declarado no quartel-general da armada. Toda a população da Capital Federal é favorável á nossa causa, que é a causa nacional. A propria guarnição de terra, que por espírito de classe, parece apoiar o Sr. Vice-presidente, está tacitamente dividida, e só quem não tem um conhecimento exacto do espírito tambem de classe dominante na marinha nacional e de patrióticas tradições, poderá duvidar de sua idealidade de conducta em face da Constituição violada. A vossa resolução de imitar a nobre e patriótica resolução da fortaleza de Villegaignon tirarão do Sr. Vice-presidente da Republica o ultimo pretexto para continuar a manter-se ilegalmente no governo da Nação. Nestas condições, eu resolvi convidar-vos a vos pronunciardes entre a Constituição e o seu violador, entre a continuidade do derramamento de sangue de irmãos e a pacificação da família brasileira, reiterando aqui a declaração que fiz no meu manifesto de que não quero o poder. Aguardo até hoje á tarde a vossa resolução para servir-me de governo”. (Custodio José de Mello, Gazeta de Notícias – 8 de setembro de 1893). A Revolta da Armada terminou com a morte de Saldanha da Gama em junho de 1895. Floriano Peixoto governou até novembro de 1894, sendo sucedido por Prudente de Morais, o primeiro presidente civil do Brasil. O Decreto nº 310, de outubro de 1895, anistiou os envolvidos nos movimentos revolucionários, permitindo o retorno de Custódio de Mello ao Brasil. Ele chegou ao Rio de Janeiro em novembro de 1895. Todavia, essa não era ainda a solução definitiva para os problemas de Custódio de Mello. Durante o governo de Campos Salles, o contra-almirante foi designado para assumir uma comissão militar no estado do Amazonas. Essa ordem, vinda do chefe das Forças Armadas, não poderia ser desobedecida. No entanto, não eram esses os planos de Custódio. Com sua recusa, a prisão foi decretada, e ele foi conduzido à Ilha das Cobras (RJ). Embora tenha permanecido preso por pouco tempo, sua recusa em obedecer a uma ordem do presidente legalmente eleito não passou impune. Assim, tivemos um contra-almirante preso em nossa história. Ah os precedentes históricos! Custódio José de Mello é lembrado como um militar dedicado e um homem de princípios, que lutou pelo que acreditava ser o melhor para o Brasil, mesmo que suas ações tenham levado a confrontos diretos com o governo. Sua trajetória ilustra as tensões e os desafios enfrentados pela jovem República brasileira na busca por estabilidade e legitimidade. As trajetórias dos dois militares, Custódio de Mello e Braga Netto, são marcadas pelos bons serviços prestados à nação, mas se separam pelas razões de suas prisões. Resguardadas as devidas proporções e eventos, as ações de um estão sob o exemplo do outro. Braga está sob Custódio, porém, enquanto o primeiro foi preso por suas ações (recusar uma ordem legal e direta de seu superior), o segundo foi preso pelo que supostamente pretendia fazer (mas nunca chegou a realizar). Em ambos os casos, buscavam defender, e não atentar contra o Estado democrático de direito. Eis que temos à nossa frente um Brasil de histórias dignas de uma pintura de Salvador Dalí: histórias surreais. “ A liberdade nunca está a mais de uma geração de sua extinção. Não a transmitimos aos nossos filhos pelo sangue. Devemos lutar por ela, protegê-la e entregá-la a eles para que façam o mesmo.” (Ronald Reagan, 40° presidente dos Estados Unidos). Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. IV N.º 49 – Edição de Dezembro de 2024 - ISSN 2764-3867

  • O paradoxo das minorias

    A mais triste das prisões O escravo acorrentado e cercado por grades é muito mais livre que aquele que está preso por sua própria consciência. Indivíduos de mentes aprisionadas encontram-se reduzido a uma subespécie, um ser mais digno de pena que desprezo. A lógica por trás da escravidão é a servidão, logo, ninguém terá um vassalo para ao qual não vislumbre uma missão, aquele que serve deve ser útil, ainda que não saiba qual o fim de sua miserável existência. Os arregimentados pelas legiões das chamadas minorias, marcham cega e obedientemente para o abismo, guiados por déspotas ou outros cegos. A armadilha das minorias é um substituto para aquela cunhada por Karl Marx que culminou o desastre chamado socialismo, uma vez que aqueles definidos como proletários à época, trabalhadores em geral, em sua maioria, deixaram de acreditar na sedução mentirosa dos revolucionários, tornou-se necessário cativar outras massas para sustentar os doentios planos de poder. A fórmula simples de apontar um grupo como responsável pelo infortúnio de outro foi o que elevou as forças revolucionárias ao poder no início do século XX, o socialismo bolchevique na, nada saudosa, União Soviética, o nacional-socialismo alemão, bem como, o fascismo italiano, todos que espalharam desgraça pelo mundo, tiveram como alvo um grupo que deveria ser sacrificado para que sua revolução pudesse conduzir a humanidade a uma salvação, que na verdade só existia nos discursos de seus líderes. A ideia de que o Estado, sempre totalitário, seria o único meio capaz de elevar a sociedade à níveis melhores, em alguns casos, prometendo até mesmo a utópica existência sem o próprio Estado, foi o combustível para que seres abjetos assumissem o controle de nações e cobrissem a terra de sangue humano. Com o colossal fracasso de tais regimes e a considerável melhora das condições de vida dos trabalhadores de uma forma geral, tornou-se imperioso aos revolucionários arregimentar outras massas para seu levante em busca do poder. As minorias, algumas delas artificialmente criadas, rapidamente passaram a figurar como um capital político desejado por déspotas, surgindo então os seguimentos capazes de cooptar vítimas incautas, ignorantes ou gananciosas. Não abandonaram o proletariado, mantendo sua estrutura sindical para influenciar e tentar controlar tais indivíduos, contudo, era indispensável aglutinar ainda mais tropas para sangrarem em nome de sua demência messiânica, uma vez que, a essência de tal sociopatia é acreditar-se como aquele que tem a missão de guiar outros, ignorando que, o único caminho que são capazes de trilhar é o da destruição. Cabe observar que os líderes das ditas minorias são seres que conduzem grupos ao serviço dos anseios revolucionários, como seus homólogos sindicalistas. A insaciável fome pelo poder é capaz de cegar seus artífices de tal forma que, realmente, acreditam que sua ideologia justifica quaisquer sacrifícios, inclusive dos mais inocentes seres , posto que, perderam a sua capacidade de enxergar a realidade, e, por vezes, se julgam poderosos o suficiente para moldá-la ao seu bel prazer . Capturar legiões de vassalos é uma tarefa complexa, por tal motivo criou-se a chamada engenharia social, permitindo que os mais diversos grupos sejam aliciados, ainda que de forma inconsciente, para servir nas fileiras das forças revolucionárias. A seleção admitirá tantos quanto forem necessários aos propósitos espúrios da revolução, sejam criminosos, rejeitados, inseguros ou mesmo iludidos por uma narrativa de vitimização, todo aquele que possa ser útil  para os anseios de líderes abjetos serão acolhidos, independentemente se o futuro lhes reserva o descarte, são os chamados idiotas úteis. No afã de recrutar pessoal são criadas ramificações para que os diversos grupos sejam alcançados, fomentando o ódio entre pessoas, para, através da segregação, subdividir o exército revolucionário em regimentos, batalhões, companhias e pelotões, o conhecido ensinamento dividir para conquistar (“ Divide et impera ” ou “ Divide et Vinces ”, cunhado pelo Imperador Júlio César)”. Todos seguindo a sua maneira, aparentemente descoordenados, rumo ao abismo. Líderes classistas ou de minorias são responsáveis por conduzir seus rebanhos conforme os anseios de seus superiores, coordenando a massa em favor daqueles que outrora os arrebanharam. Acreditam que podem dirigem suas vidas, mas servem como sovietes para legitimar uma representatividade artificial sem qualquer relevância além de engrossar as fileiras da horda escravizada. Cada vez é mais nítido a subserviência que grupos revolucionários possuem com a mais alta casta, especialmente, quando se observa as maiores corporações aliadas as chamadas pautas minoritárias. Já que foi citada a expressão idiota útil, um ser que de maneira cega serve às piores intenções, por isso, são ainda mais nocivo que se inúteis fossem, não há como deixar de mencionar o grupo que melhor simboliza a idiotice subserviente, os autointitulados Antifas (Antifascistas). A tragédia está no fato de sequer reconhecerem qual a força por trás de suas ações, sendo um grupo guiado nos parâmetros, ainda que controversos, da teoria do Paradoxo da Tolerância. Em primeiro lugar é necessário identificar o que seria o fascismo, para compreender a que tipo de força um Antifa estaria se contrapondo, sendo certo que a conceituação do fascismo o coloca como um regime totalitário, uni partidário, capaz de reprimir liberdades individuais e econômicas para satisfação coletivista, tendo como cerne a revolução. “Comumente, o fascismo é tido como parte da extrema-direita, principalmente pela sua notável oposição ao socialismo. As experiências fascistas contaram com amplo apoio dos banqueiros e industriais , tanto na Itália quanto na Alemanha. O fascismo, contudo, também se opôs ao liberalismo, sobretudo na defesa do Estado forte e dos interesses de massa em detrimento dos interesses individuais. De acordo com Norberto Bobbio, as divergências entre o fascismo italiano  e o alemão  aparecem ao se notar que o primeiro apresentou um caráter revolucionário e radical de esquerda , enquanto o segundo foi essencialmente reacionário e radical de direita ”. Há uma grande discussão sobre o espectro político do fascismo, mesmo no texto acima coloca-se o fascismo italiano como revolucionário e o alemão, nacional-socialismo como radical de direita. Explicar que o nacional-socialismo pertence ao espectro da esquerda  é algo bem simples, tal tema já foi explorado e ultrapassado, restando evidente que considero o nazismo nada mais é que uma vertente do socialismo . O fascismo, por sua vez, sendo um Estado totalitário e revolucionário, a priori, também encontra repouso no espectro da esquerda, o que não pode ser afastado sob a infantil alegação do apoio de banqueiro e industriais ao regime, bastando observar o caso da esquerda atual, que vive um relacionamento mais que estável como a elite. Não por acaso o homem mais rico do Brasil participou e patrocinou evento realizado recentemente fora do país para promover ideias da esquerda , autodenominada progressista, inclusive com a presença de magistrados que jogaram na lama sua imparcialidade no momento que um deles chamara o Chefe de Estado eleito diretamente pelo povo de inimigo, se autoproclamou a democracia e dividiu o picadeiro uma política eleita por um partido integrante da Internacional Socialista, que atualmente migrou para o Partido Socialista Brasileiro. O Antifa tentará argumentar que luta contra o chamado neofascismo, que nada mais é u a narrativa criada para colocar conservadores como herdeiros naturais do fascismo, mesmo que o pensamento conservador seja manifestamente contrário à revolução, em especial, no que se refere ao Estado totalitário, ao monopartidário e a intervenção do governo na religião, liberdade individual e cultura. Na prática, o chamado Antifa está servindo aos anseios mais próximos do fascismo quando tenta calar vozes contrárias, nos mesmos moldes em que os que alegam lutar contra uma elite dominante, prostram-se servis aos que representam a vontade das elites, como no caso dos progressistas e seus metacapitalistas patrocinadores. Parece inacreditável que um indivíduo, sem estar afeto a alguma moléstia mental grave, possa voluntariamente aderir a um movimento que combate justamente aquilo que é, mas tal dilema é facilmente superado quando observamos que há uma ressignificação de temos, a malfadada engenharia social, para fazer com que o tolo assuma que está lutando contra verdadeiros fascistas ao agredir idosas com bandeiras do Brasil ao passo que se sujeitam ao controle territorial por parte do crime organizado ou consideram natural que um político afirme que uma turba “ incomodar ” parente de políticos seja uma ação democrática. Trágico ver pessoas aderindo ao movimento Antifa, como dizeres bizarros como “professores antifascistas” ou “policiais antifascistas”, sem saberem a que se opõem, sendo verdadeiros reféns de seus falsos líderes, que, por óbvio, tinham noção de como tirar algum beneficio disso, e o fizeram, mesmo sabendo que se aproveitavam de seus pares. Estas marionetes, controladas pelos líderes dos movimentos autointitulados antifascista, aderem ao movimento por serem levadas pelo pensamento coletivo, uma vez que, pertencem a um grupo temem ser rejeitadas em caso de insurreição, tornando-se escravas de sua própria vontade, posto que, o medo do ostracismo em uma comunidade que julgam ter lhes acolhidos é o suficiente para jurarem vassalagem. Um norte-coreano não sabe o que lhe espera além das fronteiras e por isso pode acabar por aceitar submeter-se ao regime nefasto daquele país. Quanto aos líderes, nada dignos de pena, são seres parasitários que se colocam como mercadores da consciência do grupo que são capazes de manobrar, tirando vantagem política de seus rebanhos. O despotismo de tais elementos os fazem tal qual ou pior que a elite a qual servem, uma espécie de capitães do mato, no pior sentido da palavra, arregimentam suas tribos para conquistar um lugar à sombra das torres brancas , participando do banquete em troca da tarefa de lidar com a massa acéfala. Outros movimentos como os ditos antirracistas, feministas e ativismo gay, que se denomina LGBT para aglutinar mais grupos, usam de outra retórica para capturar seus membros, são as chamadas pautas identitárias, em que observam um nicho de pessoas com características em comum, nutrem nos indivíduos uma fragilização e fomentam sua falsa união para combater um algoz, ainda que imaginário. Ninguém nega que o racismo exista, mas existem pontos que devem ser colocados acerca de tão abjeta prática. O primeiro ponto é que não se restringir a uma determinada raça, claro que o termo raça é inadequado, mas facilita a compreensão da questão. Qualquer raça pode ser alvo de tal prática, por isso, a proteção deve seguir em todas as direções, não permitindo que um indivíduo cause prejuízo a outrem tão somente pelo ódio em relação ao que considera uma raça diferente, ou seja, dever-se-ia tratar com igual rejeição ataques a diversas raças, portento, é igualmente abjeto preterir brancos em vagas de emprego com base em sua cor de pele, como fizera uma rede varejista  no Brasil. Muitos alegam que as ações afirmativas buscam reparar uma dívida histórica, o que é uma mentira, posto que, a tal dívida se dera em uma época e não há o menor sentido atribuí-la a raça, haja vista, que grande parte do processo de escravidão era promovida por negros, a falácia doentia da dívida histórica, se levada a sério, deveria ser encarada por todo o avanço civilizacional. De que as antigas civilizações que usaram de mão de obra escrava deveriam compensar os descendentes daqueles que exploraram, ainda sem quaisquer comprovações de relação. A primeira falácia da dívida histórica é ignorar que a escravidão ocorreu independentemente da cor de pele, inclusive a imposta no Brasil, uma vez que, os europeus compravam dos negros indivíduos que, por diferentes motivos, já encontravam-se privados de liberdade. A questão racial é superveniente à escravidão, por tal razão Zumbi dos Palmares fazia escravos , o que não faz dele um racista, porém, em tese, colocaria seus descendentes no rol dos devedores, não dos credores. Tal narrativa não identifica a suposta relação devedor e credor, atribuindo somente à cor da pele uma história genérica, ignorando que nem todos os negros que aportaram em terras brasileiras chegaram em navios negreiros e nem todos os portugueses foram senhores de engenho, muitos negros e brancos chegaram ao Brasil após a Lei Áurea, de maneira que sua descendência não participou no momento histórico que gerou a suposta dívida. Outra desinformação é o chamado racismo estrutural, que atribui à sociedade e organismos despersonalizados uma espécie de ojeriza a determinado grupo de pessoas para justificar as chamadas políticas afirmativas, desprezando a ação individual de fato existente e condenável, e alimentando um desequilíbrio proposital, que embora prometa trazer equilíbrio, visa tão somente privilegiar indivíduos para que aliciem cada vez mais seguidores em busca de benefício próprio. Não há nada de justiça nas políticas de cotas identitárias, apenas ocorre a descarada compra de apoio daqueles que beneficiam-se de das mesmas. As organizações que, literalmente, sustentam-se do racismo não lutam pelo fim deste, posto que trata-se de duas fontes de existência, o que também se aplica aos organismos governamentais. O Black Lives Matters, por exemplo, aproveita-se de uma comoção para sustentar-se, mesmo que de forma luxuosa , como fizera no famoso caso George Floyd, em que um homem negro foi morto por um policial branco nos EUA, entretanto, a ideia de que o crime foi motivado por racismo foi plantada nas mentes incautas, pois, muitos não sabem que ambos os envolvidos se conheciam, de forma que acredita-se na motivação pessoal do policial  e não um caso de racismo . Mas para o ativismo negro era necessário que a morte fosse motivada por crime de ódio, assim, outros seriam arregimentados para agirem conforme seu interesse, haja vista, estarem tomados por um frenesi bestial que os impedia de raciocinar, da mesma forma como é feito com os autointitulados antifascistas, alimenta-se a horda com um ódio irracional e cria-se uma narrativa para que ataquem. Não é raro afirmações mentirosas de que forças de segurança no Brasil optam deliberadamente por matarem negros, descontextualizando os casos de morte em razão de resistência contra as forças de segurança. A própria denominação de tais crimes é propositalmente distorcida para dar a falsa impressão a ação policial ser ilegítima, mas isso fica para outro momento. As lideranças feministas seguem o mesmo modus operandi, apresentando falácias como verdades inquestionáveis, entre elas as mais comuns são de que mulheres rebem remuneração menor desempenhando a mesma função, o que no Brasil é ilegal, ou que somente as mulheres são vítimas de violência doméstica. Criando uma forma de medição distorcida para encobrir suas mentiras, o tipo feminicídio foi criado para isso, deixam de relatar que o número de homens assassinados em razão violência doméstica é maior que o de mulheres, pois, sem a tal rede especializada, as mortes masculinas são colocadas na “vala comum”. Fácil constatar que usam narrativas para distorcer a leitura quando, por exemplo, apontam percentuais de homens e mulheres mortos no âmbito de suas residências, desconsiderando números absolutos. Usando o estudo apresentado pelo periódico, parece desproporcional que 39,2% das mulheres tenham sido vítimas de homicídio em seus domicílios, mas no caso dos homens, tal percentual é de 15,9%, entretanto, o que não é colocado com clareza é qual o percentual isso significa do total, uma vez que, 91,8% dos homicídios em geral tem como vítima homens e 8% mulheres. A conta simples leva a conclusão que 15,5% de todo os assassinatos são de homens em seus domicílios, enquanto, os as mortes de mulheres em iguais condições chegam ao percentual de 3,1%. Desprezam um percentual de 15,5% de todos os homicídios para superestimar 3,1%, somente para justificar a implantação de políticas afirmativas para um grupo que se pretende cooptar, logo, criam todo um sistema especializado, como delegacias e varas para apreciar tais crimes, fazendo com que exista um levantamento específico e dissociado de dados, extraindo os 3,1% do total e ignorando os 15,%%, além de dar a tais órgãos a atribuição essencial de enfrentar tais crimes, portanto, existindo, justamente, por ser necessário maior afinco no combate à violência doméstica. Nasce uma relação doentia entre a existência de uma instituição e a da mazela que justifica sua criação, assim, as organizações governamentais ou não, que parasitam determinado grupo fazem como que os indivíduos alvos acreditem que é necessário manter tais seres para dar implementar políticas voltadas às ditas minorias identitárias, resultando em um ciclo de interdependência entre a existência do parasita e a narrativa que alimenta a vitimização. Tanto organizações não governamentais quanto órgão públicos podem explorar tais minorias, seja como forma de existir, como o Black Lives Matters e as DEAM, para direcionar determinadas políticas em interesse próprio, como casos de cota, bem como, para ocupar nichos temáticos, como especialistas vazios. Movimentos de ativismo LGBT seguem os mesmos princípios, assim como ambientais, veganos e tantos outros que podem ser usados para cativar as mentes em prol de um controle social, nada mais são que sindicatos das minorias identitárias. Os sindicatos atuam da mesma forma, fingindo-se representantes classistas, arregimentam os trabalhadores de um determinado setor para, usando o apelo daqueles, obter força política e fazerem-se necessários para a sua categoria, quando na verdade a parasitam. Lideranças de classe são igualmente sorrateiras, defendendo seus próprios interesses e fazendo com que os grupos que as seguem acreditem-se representados, contudo, o que ocorre é somente a aproximação de seus diretores com o poder e a distribuição de migalhas para a grande massa que acredita fazer parte de um movimento maior. De fato, essa parte acaba sendo verdadeira, muitas das lideranças classistas servem a algo maior que aquilo que se pode ver e apenas fazem uma ponte, com um pedágio bem custoso, entre senhores e vassalos. Ficamos diante do paradoxo quando há um flagrante choque entre pautas identitárias, pois, não sendo um conflito berrante será solenemente ignorado. De maneira que, somente quando uma das minorias for nitidamente preterida por outra, haverá um choque entre elas. Quando feministas pregam por mais espaços para mulheres em detrimentos de homens, fato que tal posicionamento deveria fazer com que fossem defensoras do alistamento, ainda que obrigatório para mulheres, mas por ser algo que não lhe é conveniente, de forma dissimulada, não buscam tal “direito” para as mulheres. Algumas alegam, mentindo, que são contra o alistamento militar obrigatório para todos, incluindo os homens, mas não se pronunciam contra e defendem abertamente regimes totalitários. Todavia, o silêncio das feministas ao assistirem homens, autodeclarados mulheres, tomarem seu lugar nos esportes e até mesmo dividindo celas com detentas, nos parece algo chocante, mas é preciso observar à que senhores servem as lideranças, para compreender que as feministas não estão disposta a enfrentar seus mestres, logo, calar-se-ão diante de quaisquer abusos que sejam consoantes com as ideias de seus superiores. Não se trata de uma prerrogativa das lideranças feministas, posto que, o ativismo negro permaneceu calado quando uma lanchonete afixou um cartaz proibindo a entrada de negros  no estabelecimento na China, não houve considerável revolta contra a rede de fastfood ou conta a ditadura além de reclamações em redes sociais. O ativismo LGBT, por sua vez, também se porta de forma tímida quando se referimos à ditadura chinesa ou ao califado islâmico. O problema das minorias identitárias é que usam do chamado sentimento de pertencimento para cooptar seus membros, mas precisam se fracionar para atender anseios de membros dispersos dentro do grupo, assim, criam-se divisões internes que podem, e serão, exploradas por aquele capaz de enquadrar-se na subdivisão. Constata-se que surgirão tantas subfacções quantas forem necessárias alocar novos líderes, sejam para que estes ocupem um espaço que pode ser explorado ou por buscarem independência de seu superior imediato, fazendo com que a cisão dê origem a sua própria minoria. Por serem criados com base em narrativas, as minorias identitárias acabam chocando-se umas com as outras ou apresentando arestas que merecem ser aparadas para o “bom funcionamento” da teia de poder, e, como mentiras não são propícias a criar uma trama, acabam por não se encaixarem, sendo naturalmente impossível conectá-las sem que haja um choque. O que em regra é dirimido pelas lideranças simplesmente desviando a atenção, como nos casos em que grupos de ativistas feministas e por direitos dos gays ignoram o tratamento aos seus supostos representados no mundo oriental enquanto culpam o ocidente por utilizarem adjetivos naturais ou pronomes de pessoais de forma adequada. A solução para o paradoxo das minorias é libertar-se da cerca identitária e perceber que a humanidade não está fragmentada em grupos identitários guiados por mestres. Reconhecendo que o feudo é uma prisão e que o ostracismo não significa uma perda e sim a libertação de um curral no qual o capataz prepara seus escravos para servirem como carne no banquete dos verdadeiros inimigos. Em verdade, as hordas de seguidores serão dispensadas como pinhas velhas assim que sua energia tiver sido drenada, assim como foram todos aqueles que ajudaram tiranos em sua escalada pelo poder. Quando os castelos de areia desabarem, os déspotas erigirão outros sem se importarão com os soterrados. O idiota útil é um ser ainda mais trágico que o idiota inútil, pois servir ao mal é um destino pior que não servir para nada. “ O sucesso dos tiranos reside na felicidade dos escravos com sua própria escravidão”. Túcides, Historiador Grego, 420 a.C. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania  Vol. I N.º 09 – Edição de Abril de 2022 - ISSN 2764-3867

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