A verdadeira compaixão pela mulher
- Danielly Jesus

- 3 de set.
- 6 min de leitura

Nos últimos tempos, o Instagram incorporou algumas características do Facebook. Uma delas é a visualização de postagens de perfis que não seguimos, e, em nosso ímpeto, acabamos por comentar. Às vezes, esta atitude pode nos trazer algumas dores de cabeça, mas, a depender do caso, vale a pena.
Exponho neste artigo minha experiência pessoal sobre isso: dia desses, no Instagram, deparei-me com uma matéria do portal Metrópoles, cujo título é: “Estuprada, mulher tem intestino e útero furados durante aborto legal”. Antes de analisar as diversas problemáticas, vamos conhecer esta história.
A vítima, que era casada, sofreu uma violência sexual em uma rodoviária no Distrito Federal. Não sabemos a razão, a jovem de 24 anos não relatou o fato a seu marido. Contudo, ele acabou por descobrir e a agrediu.
No registro do boletim de ocorrência por agressão, a jovem relatou o estupro. E a situação, que já estava ruim, se transformou em um calvário.
A moça foi levada para realizar o procedimento de aborto no Hospital Materno Infantil (o que seria irônico se não fosse terrivelmente trágico). O local, que deveria servir para trazer à luz foi utilizado para ceifar a vida de um inocente. E para piorar, a jovem foi vítima de nova violência: ela teve o intestino e o útero perfurados durante o procedimento, e agora, ela usa uma bolsa de colostomia.
Ao me deparar com esta situação tão trágica, me comovi por ela: sem marido, em um abrigo com a filha de dois anos, submetida a um procedimento nefasto e, na mesa cirúrgica, foi tratada como carne de açougue.
Imediatamente após isso, lembrei do lema número um das feministas: “Aborto seguro salva vidas”. E então, na postagem, eu questionei: “Ué, mas não era o 'aborto legal' que salvaria vidas?”. E aqui inicia a minha saga.
Imediatamente, uma enxurrada de cometários de pessoas com QI -83 vieram me acusar de estar zombando da vítima. Jamais! Meu questionamento nunca foi direcionado a esta moça, e sim para as defensoras do ato mais nefasto praticado pelo ser humano.
Selecionei alguns para que o leitor veja como atua a turma do “Mais amô, pu favô”:
“essa deve tirar -2 na redação do enem”
“impressionante, 36 anos e não sabe interpretar texto”
“o tamanho do eco que faz nessa sua cabeça é surpreendente”
“você devia estar mugindo e pastando por aí, sério”
“Não dá pra esperar outro comentário da seita Bolsonarista”
“seu comentário provando que sua laia é completamente desprovida de inteligência”
“Desprovida de raciocínio”
“tu é burra ou se faz??”
“chegou a bolsominion que faltava”
“imagina ter falta de cognição assim que lindo”
“no perfil da infeliz ainda fala de ”Jesus ” (que é meu sobrenome, diga-se de passagem)
“mulher conservadora é uma piada tão grande kkkk”
Contudo, de todos os comentários, os que mais me chamaram a atenção foram aqueles que desejaram que eu fosse violentada. Trago-os aqui ao leitor:
"espero q passe pelo msm q ela pra desenvolver sua empatia (...)E sim eu volto a desejar que você passe pela mesma situação que ela, ou que eu passei, porque gente da sua laia só sabe a hora de calar a boquinha quando começa a usar o mesmo sapato"
Antes de tudo, se faz necessário explicar aos jornalistas o óbvio: não existe aborto legal no Brasil. O que existe são exceções, três em específico, que constam no Art. 128 do Código Penal. Logo, dizer que a moça foi submetida a um “aborto legal” é o que Donald Trump cunhou como fake news.
Outro ponto: a Organização das Nações Unidas (ONU) e seus tentáculos disseminaram o termo saúde reprodutiva. Bom, se a mulher realiza um procedimento onde precisa ser introduzida uma agulha de 30 centímetros, com solução salina, cujo objetivo é alcançar o coração do bebê, e ele morre em consequência de uma parada cardíaca, e esse bebê precisa ser cortado em diversas partes para ser retirado, onde que isso pode ser chamado de saúde? Até porque, utilizando os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o aborto é considerado a quinta causa de morte materna no Brasil.
E mais: aborto seguro, não existe. Vou reescrever ipsis literis um trecho de uma reportagem que relata isso:
"Uma das mulheres, A.N.T., 29, saiu do estado (da Geórgia) para fazer o procedimento na Carolina do Norte, mas perdeu o horário da consulta em decorrência de um acidente de trânsito na estrada. Ela foi instruída a usar pílulas abortivas - mifepristona e misoprostol-, UM DOS MÉTODOS CONSIDERADOS SEGUROS e recomendados pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Já de volta à Georgia, "A" precisou ir ao hospital por sangramento excessivo e lá descobriu que havia tecido em seu útero. Um procedimento de dilatação e evacuação resolveria o problema, mas os médicos, temendo represálias, decidiram esperar até não haver batimento cardíaco fetal.
A espera culminou numa infecção generalizada e, quando o procedimento foi autorizado, "A" não sobreviveu à intervenção. Ela deixou um filho de 6 anos."
E atenção a um trecho de um artigo científico (antes que me chamem de “negacionista”), publicado na Revista PubMed Central:
“Na Finlândia (…) o risco de morte por aborto induzido legal é relatado como sendo quase quatro vezes maior do que o risco de morte por parto”.
"…o risco de mortalidade em gestações subsequentes ao aborto aumenta devido a morbidades induzidas pelo aborto, como parto prematuro e placentação anormal."
“Nos Estados Unidos, a taxa de mortalidade por aborto induzido legal realizado com 18 semanas de gestação é mais que o dobro daquela observada em mulheres que tiveram parto vaginal.”
" O risco de morte por aborto legal aumenta em 38 por cento a cada semana após oito semanas de gestação. Está documentado que o aborto induzido, geralmente em gravidez avançada, leva ao aumento do comportamento de risco que resulta em morte por overdose de drogas, suicídio ou homicídio."
Ah, e mais um trecho deste artigo maravilhoso para que o leitor possa mostrar (ou “esfregar”, como queira) no nariz dos defensores do ato:
“Tem havido desinformação generalizada sobre o aborto legal. Parece que as mortes raramente ocorrem e o aborto é considerado um procedimento muito seguro. Ao discutir a mortalidade relacionada à gravidez, é preciso reconhecer que as alterações fisiológicas começam assim que a gravidez começa. O aborto induzido interrompe esta fisiologia normal e existem riscos únicos devido a esta intervenção.”
A quem interessar possa, o título do artigo é "Induced Abortion and the Increased Risk of Maternal Mortality". Desfrutem.
Voltemos ao meu comentário na postagem do portal Metrópoles.
Vendo a proporção que um simples questionamento causou, percebi o seguinte: nós, conservadores, não devemos mais repetir que aborto é assassinato. Quem defende a prática, no fundo, sabe disso.
O que estes que defendem algo tão abjeto não querem que as pessoas saibam é que o procedimento não traz saúde ou dignidade para a mulher. Eles não querem que as consequências nefastas do ato sejam difundidas.
Todos os defensores do aborto repetem o mantra: “Se o aborto for legal, realizado em hospital, com todos os recursos, certamente a mulher não vai sofrer”. Contudo, o ocorrido com a jovem de Brasília é a prova de que não importa se a prática é realizada em um fundo de quintal ou no maior hospital da América Latina. O problema está no ato em si.
Nos comentários, me acusaram de não sentir empatia pela vítima. Oras, na cabeça destes analfabetos funcionais (para dizer o mínimo), se eu sou contra o aborto, não tenho empatia. Meu Deus! Se eu sou contra é justamente por sentir compaixão pela mulher! O que não quero para mim jamais vou desejar ao meu próximo - bem diferente de quem quer meu mal.
Sinceramente, eu gostaria de saber quem é essa moça. Quero ajudá-la. Desejo que ela seja amparada e cuidada. Espero que ela se recupere de todo o mal que lhe fizeram. Quanto àqueles que querem que eu seja estuprada, um recado de Nosso Senhor Jesus: “Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração” (Mateus 12.34).
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Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 57 edição de Agosto de 2025 – ISSN 2764-3867





















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