
MENEZES COSTA
"Com conhecimento se constrói cidadania!"
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- Um povo sem símbolos é um povo sem identidade
Para que a esquerda consiga êxito em seus planos é necessário que algumas etapas sejam concluídas. Uma destas etapas é a destruição do conceito de soberania nacional, a começar pela abolição da propriedade privada. Karl Marx, na obra “O Manifesto Comunista”, escreveu: “Neste sentido, os comunistas podem resumir sua teoria nesta fórmula única: abolição da propriedade privada (...) em resumo: acusai-nos de querer abolir vossa propriedade. De fato, é isso que queremos.” A abolição da propriedade privada reflete a perda da liberdade, a soberania em produzir, em gerar riqueza, suprimindo a individualidade. E assim como a expropriação da propriedade retira a individualidade, o sequestro de símbolos nacionais derruba o conceito de soberania nacional, fazendo com que determinado povo não reconheça sua identidade. Recentemente temos visto este ataque sumário aos símbolos nacionais por parte da ala vermelha do espectro político. O primeiro ocorreu contra o Hino Nacional Brasileiro no início deste ano. Guilheme Terreri, nome civil da drag queen Rita Von Huty, teceu um comentário completamente jocoso ao participar do podcast “Embrulha Sem Roteiro”, que foi ao ar no dia 29 de março deste ano. Formado em Letras pela Universidade de São Paulo (USP), Guilherme inicia seu discurso falando sobre o Parnasianismo: estilo que se desenvolveu na poesia a partir de 1850, na França, com o objetivo de retomar a cultura clássica. “Eu lembro de estar tendo essa aula (de Parnasianismo) muito boa, com uma professora muito boa, e ela explicar ‘Olha, o Parnasianismo é esse movimento que fazia arte pela arte.’ Um dos poemas parnasianos mais famosos é sobre um vaso. Quando você lê os parnasianos, você pensa: que c..., que m... é essa??” Logo em seguida, ele disserta sobre o Hino Nacional: “O Hino Brasileiro é parnasiano. ‘Ouviram do Ipiranga às margens plácidas’. Qual que é o sujeito dessa frase? E por que que não é ‘Às margens plácidas do rio Ipiranga ouviram’? Porque f... o povo, não é pra você entender, é só pra você cantar... que p... de hino é esse que a gente não pode cantar??” Antes de prosseguir com este artigo, uma recomendação: independente do curso superior que se interesse, jamais estude na USP. José de Alencar e Monteiro Lobato revirar-se-iam em seus túmulos ao descobrirem que a universidade, que outrora tinha tanto prestígio, tornou-se antro de obscenidades (principalmente provenientes da esquerda). Dito isto, sigamos. Ao que tudo indica, Guilherme, mesmo sendo graduado em Letras, não conhece muito bem as regras do sujeito e predicado. Então, explicaremos aqui. O sujeito e o predicado são os termos essenciais da oração. O sujeito é aquele que realiza ou recebe a ação, e o predicado comporta o verbo, informando a ação realizada ou recebida pelo sujeito. A oração pode ser construída de várias formas: Ordem direta: quando o sujeito aparece antes do predicado (é a forma mais usual) Ordem inversa: quando o sujeito aparece depois do predicado (a exemplo do Hino Nacional) Sujeito no interior do predicado: quando o sujeito aparece ENTRE o predicado. Para pessoas como o senhor Guilherme, é mais fácil tripudiar da riqueza do Hino Nacional a ensiná-lo. E zombar desta forma de algo tão precioso que representa uma nação mostra apenas que a ala vermelha avança em sua agenda nefasta de anular a identidade do povo brasileiro. Há alguns poucos dias, uma juíza eleitoral deu uma declaração absurda: que a bandeira nacional deveria ser proibida de ser exibida, pois ela representaria apenas “um lado da política”. Ana Lúcia Todeschini Martinez, titular do cartório eleitoral de Santo Antônio das Missões e Garruchos disse durante uma reunião com representantes de partidos que seu entendimento era que a bandeira do Brasil poderia ser considerada uma propaganda eleitoral a partir do início oficial da campanha, no próximo dia 16 de agosto. Para ela, o símbolo nacional tornou-se marca de “um lado da política” no país. Ela não cita o presidente Jair Bolsonaro, mas fica evidente o raciocínio da magistrada. “É evidente que hoje a bandeira nacional é utilizada por diversas pessoas como sendo um lado da política, né? Hoje a gente sabe que existe uma polarização. De um dos lados há o uso da bandeira nacional como símbolo dessa ideologia política (...) se ela tiver fixada em determinados locais, a gente vai pedir pra retirar.” Assim como ensinamos um graduado em Letras regras básicas de uma oração, agora o faremos com esta magistrada que, ao que parece, cabulou as aulas de Direito Constitucional. O artigo 10 da Constituição de 1988 deixa claro: A Bandeira Nacional pode ser usada em todas as manifestações do sentimento patriótico dos brasileiros, de caráter oficial ou particular. E o artigo 13, parágrafo 1°, determina que a bandeira é SÍMBOLO NACIONAL: São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. A referida juíza parece não entender a gravidade da situação ao proibir que brasileiros, cidadãos de bem e patriotas, utilizem a bandeira nacional. Porém, quando a classe artística sequestra e vilipendia o símbolo maior da nação, ficam “elas por elas.” A cantora Bebel Gilberto, filha do cantor de MPB João Gilberto e sobrinha de Chico Buarque, “sambou” em cima da bandeira do Brasil em uma apresentação nos Estados Unidos. Em inglês, ela disse: “Peço desculpas por fazer isso, mas vocês acham que estou orgulhosa de ser brasileira?” Nenhum juiz se manifestou contra este ataque e a “mídia tradicional” (salvo alguns pouquíssimos jornalistas) não abordaram o ocorrido. Boris Casoy, um dos maiores jornalistas do país, que atualmente é comentarista da CNN Brasil, comentou sobre o caso: “Foi um ato deliberado, um ato hostil ao Brasil e extremamente ofensivo ao Brasil e aos brasileiros. Inclusive com o agravante de estar acontecendo no exterior.” Boris, inclusive, ressalta algo interessante: “Estranha muito (quero dizer, a mim não estranha) que a classe artística não tenha se manifestado a respeito disso. Será que é uma identificação ideológica da esquerda brasileira?” Quando atos contra símbolos nacionais são realizados e nada é feito para combater, a identidade nacional, a soberania acaba se esvaindo, e este é justamente o objetivo do progressismo. Quando um povo não possui nada que o destaque dos demais, ele está sujeito a ser dominado por qualquer um. Em resumo: nenhum destes ataques é sem propósito, e o silêncio de quem deveria se manifestar contra mostra que o plano de tornar o brasileiro um “zé ninguém”, segue a pleno vapor.
- Os pioneiros da região da Praça Seca
As ruas da região e quem foi homenageado Rua Barão em 1930 No início do século XX, O Morro Inácio Dias tinha bonito visual, com densa floresta e muitas nascentes. Lá embaixo, no Vale do Marangá, os pioneiros da região possuíam vida bem diferente dos dias de hoje. O cavalo era o auxiliar mais importante do homem. Tudo era feito com ele, inclusive passeios. As mercadorias eram entregues a cavalo: correios, leiteiros, quitandeiros, tripeiros e vassoureiros. Muitas pessoas que hoje são nomes de ruas viveram e confraternizaram-se entre si na região da Praça Seca nessa época. Eles viram surgir o loteamento do vale e, ainda vivos, a homenagem de Ter os nomes vinculados às ruas, devido ao pioneirismo. A casa onde morou Cândido Benício da Silva Moreira ainda existe. Atualmente, funciona o Educandário Nossa Senhora da Vitória, na Rua Cândido Benício número 2.610, em frente ao IPASE. Quando o Cândido Benício construiu aquela casa, em 1885, o logradouro ainda se chamava Estrada de Jacarepaguá. Na década seguinte, por iniciativa do Barão da Taquara, a rua recebeu o nome atual, em virtude dos serviços prestados ao povo de Jacarepaguá pelo jovem médico e político Cândido Benício da Silva Moreira. Ele nasceu em Niterói. No dia 9 de novembro de 1864. Concluiu, com brilhantismo, o curso de humanidades do Colégio Dom Pedro II e se formou pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1885. A tese de doutorado foi apresentada no dia 5 de setembro de 1885: “Estudo Crítico das Operações Reclamadas pelas Coartações Uretrais”. Essa tese foi publicada pela Tipografia Carioca e existe um exemplar na Biblioteca Nacional. Foi interno no Hospital da Misericórdia da Corte, e, depois de passar em diversos hospitais, exerceu os cargos de delegado da Inspetoria Geral de Higiene e delegado de higiene de Jacarepaguá. No dia 30 de outubro de 1892, Cândido Benício recebeu nas urnas verdadeira consagração popular, sendo eleito para o primeiro Conselho Municipal do Distrito Federal. Tomou posse no dia 2 de dezembro de 1892, em sessão de gala do conselho, presidido por Cândido Barata Ribeiro. Depois disso, ainda vivo, sentiu a gratidão popular ao ser dado seu nome à rua onde morava. Cândido Benício faleceu bem jovem aos 33 anos de idade, no dia 19 de dezembro de 1897. O féretro saiu da sua residência na Rua Cândido Benício para o Cemitério do Pechincha, com a presença, entre outras personalidades, do Barão e Baronesa da Taquara. Cândido Benício era casado com Dona Ana (Nicota), descendente da família Rangel de Vasconcelos, de muita tradição em Irajá. O pai de Dona Ana foi D"Antas Rangel de Vasconcelos, antigo intendente (vereador) do Distrito Federal. O seu avô foi o Coronel Rangel de Vasconcelos. A Avenida Ernâni de Cardoso antes se chamava Coronel Rangel em sua homenagem. O irmão de Dona Ana, Carlos D"Antas de Vasconcelos, inclusive, batizou o seu filho com o nome do cunhado: Cândido Benício Rangel de Vasconcelos, que foi promotor da justiça militar. Carlos tinha mais duas filhas: Clarinda e Carlinda. Emília Joana, nascida na Fazenda da Taquara, no dia 6 de outubro de 1861, foi a primeira filha de Francisco Pinto da Fonseca Teles, que, mais tarde receberia o título de Barão da Taquara. Sua mãe, Joana Maria da Penna, faleceu muito jovem. Quando Emília Joana se casou com o português Albano Raimundo da Fonseca Marques, foi morar no antigo Engenho de Fora, propriedade do pai, o Barão da Taquara. O Albano, no mesmo lugar da antiga sede do engenho, edificou a Vila Albano em 1894, bem mais moderna do que a construção anterior. O Albano nasceu em Portugal no dia 29 de agosto de 1852, veio para o Brasil com apenas 13 anos de idade e faleceu, na Vila Albano, em 18 de agosto de 1903. O casal teve seis filhos, todos nascidos na região da Praça Seca: Francisco (o Chiquinho), Maria Emília (a Mocinha), Albano (o Juca), José (o Zezé), Leocádia (a Cidinha) e Antônio (o Toninho). Como os filhos, Emília Joana também tinha apelido: Miloca. O primogênito Francisco Pinto da Fonseca Marques nasceu quando Emília Joana tinha 19 anos de idade, em 1880. O Chiquinho casou-se com Joana França. Dessa união nasceram três filhos: Albano Raimundo, Maria Cristina e Marina (esposa do Ministro Álvaro Dias), todo foram morar na Zona Sul do Rio de Janeiro. Francisco Pinto faleceu aos 42 anos de idade em 17 de novembro de 1922. A Maria Emília (a Mocinha) casou-se com o tio, Francisco Pinto da Fonseca Teles, filho do Barão e a Baronesa. O casal teve apenas um filho: Francisco da Taquara da Fonseca Teles. O Zezé, outro filho de Dona Emília, casou-se com a irmã do Washington Bueno, Dona Consuelo Bueno da Fonseca Marques, que tiveram um filho: Paulo Bueno. O Antônio (o Toninho) também deixou uma neta para a Dona Emília: Marília Geanini da Fonseca. Juca e Candinha permaneceram solteiros. A Candinha, inclusive, morou com a mãe até ela falecer. Em 1918, com a morte do Barão da Taquara, Emília (já viúva) herdou parte da antiga Fazenda do Engenho de Fora. As terras foram vendidas aos poucos. Quando Dona Emília Joana morreu no bairro do Flamengo no dia 18 de março de 1949, aos 87 anos de idade, não possuía mais nada na Praça Seca. As propriedade do Mato Alto, incluindo a Vila Albano, foram vendidas no final da década de 1930, por intermédio do seu filho Zezé, ao jornalista da extinta A Noite, Geraldo Rocha. Este, em dezembro de 1943, revendeu a grande área para o IPASE. Somente a partir de 1956, no Governo de Juscelino Kubitschek, começou a construção do atual conjunto habitacional. Em 1958, chegaram os primeiros moradores. Em 1962, houve grande invasão, quando muitas famílias ocuparam os apartamentos vazios. Em 1978, o IPASE passou a pertencer ao INPS (atual INSS). Assim, todas as terras do Mato Alto fazem parte do patrimônio do IAPAS, mas o conjunto não deixou de ser conhecido como IPASE do Mato Alto. Em abril de 1944, meses após o IPASE comprar a área, o Instituto convidou José Floriano de Souza Portas para morar na Vila Albano, a fim de tomar conta das terras. Atualmente, sua viúva, a octagenária Dulce de Abreu Porta, ainda mora lá com os filhos e mais cinco família de funcionários do IAPAS. Dona Dulce é filha de Celestino Fortunato de Abreu, antigo comerciante da região da Praça Seca, no início do século XX. O Celestino possuía um armazém na esquina das ruas Dr. Bernardino e Japurá. Em 1924, ele vendeu o prédio, quando passou a ser a carvoaria, que existe até os dias de hoje. Dona Maria Luiza da Fonseca Menezes, irmã de Dona Emília, portanto, filha do Barão da Taquara com Joana Maria da Penna, era casada com Jerônimo Alpoim da Silva Menezes, o Capitão Menezes. O Barão da Taquara deixou para o casal a outra parte do Engenho de Fora, da atual Rua Capitão Menezes até a Rua Comendador Pinto, e a antiga Fazenda do Macaco, inclusive, o Morro Santa Rosa (localizado no final do Beco Mário Pereira). O Capitão Menezes nasceu em Portugal e faleceu aos 72 anos de idade em 1923. A Dona Maria Luiza nasceu na Fazenda da Taquara em 1865 e faleceu no dia 22 de fevereiro de 1935. Ambos, morreram numa casa que ainda existe na Rua Cândido Benício número 650, que eles construíram na década de 1910, após o grande loteamento das terras. Até a morte de Dona Maria Luiza, ao redor desse prédio, havia grande área arborizada, que ia até a esquina da Rua Pinto Teles. O imóvel era conhecido como sítio do Capitão Menezes. O Capitão Menezes e Dona Maria Luiza tiveram três filhos: Jerônimo, Bernardino e Joana. Jerônimo era pianista e compositor. Ele faleceu muito jovem, na gripe espanhola em 1918. Bernardino vendeu muitas das terras, após a morte do pai em 1923. Ele casou-se com Arinda Sarres e teve um único filho: Sérgio da Fonseca Menezes. Bernardino faleceu em 26 de março de 1952. Sua esposa e filho morreram recentemente. A filha do Capitão Menezes chamava-se Joana, mas era conhecida pelo nome de Jane. Foi uma das moças mais bonita de Jacarepaguá nas primeiras décadas do século XX. A Jane casou-se com o delegado de polícia Washington Bueno. O casal teve três filhos: Luciano, Osmani e Maurício. O Washington Bueno faleceu em 17 de maio de 1939. Anos depois, a Joana (ou Jane, como gostava de ser chamada), voltou a se casar com Carlos Afonso Botelho Filho, com o qual não teve filhos. A Jane faleceu em 3 de junho de 1949. Os seus três filhos morreram recentemente. Dois deles têm descendentes na região da Praça Seca. A esposa do Osmani, Dona Mercedes Surrage Bueno, reside na Rua Japurá, com as filhas Jane e Ângela Maria. Essas filhas do Osmani vem a ser trinetas do Barão da Taquara e bisnetas do Capitão Menezes e Dona Maria Luiza. No IPASE do Mato Alto, moram Dona Geralda, esposa do Luciano; e os filho Roberto, Sérgio e Sônia Regina, que também são trinetos do Barão da Taquara e bisnetos do Capitão Menezes e Dona Maria Luiza. O Maurício, quando solteiro, morou com a avó na Rua Cândido Benício, mas, depois de casado, residiu sempre na Baixada Fluminense. Com a esposa Carmem, que é irmã de Dona Geralda, teve cinco filhos. O terceiro filho do Barão da Taquara com Joana Maria da Penna foi Jerônimo Pinto da Fonseca, que nasceu em 1873 e faleceu em 14 de abril de 1930. O Barão deixou para ele a parte das terras do Engenho de Fora situada no Tanque, inclusive o Morro da Reunião. O Jerônimo Pinto foi um dos primeiros administradores do Cemitério do Pechincha. Casou-se com Elvira Barbosa da Fonseca, com a qual teve oito filhos: Francisco, Fausto, Nélson, Lauro, Maria José, Olímpio, Dulce e Sílvia. Um dos primeiros desmembramentos do Engenho de Fora se deu na Estrada de Jacarepaguá, perto do Largo do Campinho. Nos dias de hoje, pode-se identificar essas terras pelas seguintes dimensões: ao fundo, o morro; na frente, a Rua Cândido Benício: e nas laterais, as ruas Francisco Gifoni e Comendador Pinto. O foreiro dessa propriedade foi mo agricultor Lodovico Teles Barbosa, plantador de café daquela área. O Ludovico foi bisavô do Geremário Dantas, famoso morador daquelas paragens, desde a infância no final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, quando se tornou político bastante conhecido. O terreno do atual Externato Geremário Dantas, inclusive, foi doado, após sua morte, para as irmãs da Sociedade das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado construir esse estabelecimento de ensino. Antônio Geremário Teles Dantas nasceu no dia 24 de setembro de 1889, na Fazenda do Valqueire, que era cultivada pelo seu avô materno, Francisco Teles (o Chico Teles). A Fazenda do Valqueire ficava na Estrada Real de Santa Cruz (hoje Intendente Magalhães). Em 1927, os proprietários da fazenda (a propriedade era alugada ao Chico Teles) realizaram o loteamento da área, com ruas largas e nomes de flores, que continuou com a designação de Valqueire. Na época do nascimento do Geremário Dantas, seus pais já residiam na Rua Cândido Benício, mas a mãe (Dona Francina Teles de Morais Barbosa) foi para a fazenda ao aproximara a hora do parto. O pai do Geremário, Francisco Dantas de Morais Barbosa, foi professor em Jacarepaguá. O casal teve outro filho: Francisco Prisco Dantas, que faleceu em 1955. O Francisco Prisco morou numa casa, por ele construída em 1919, ao lado do atual Externato Geremário Dantas, mas que na época era uma casa vizinha da residência dos pais. Esse imóvel, que até a década de 1980 ,tinha uma oficina de automóveis nos fundos do terreno, foi vendido pelos descendente de Francisco Prisco em 1985, e derrubado no mesmo ano. No segundo casamento do seu pai, com Anália Paranhos, o Geremário teve mais quatro irmãos: Anália, Moacir, Zenaide e Francisco. Todos habitaram, com Geremário e o pai, a casa da Rua Cândido Benício. O Geremário foi advogado, jornalista e escritor. Escreveu muito livros sobre café e política. Foi intendente (vereador) municipal e secretário de fazenda do antigo Distrito Federal (Rio), nos governos dos prefeitos Alaor Prata e Antônio Prado Júnior. Em 9 de julho de 1925, casou-se com Maria da Glória de Sá Freire Dantas, filha do político Milcíades Mário de Sá Freire (prefeito no Governo de Epitácio Pessoa de 1919 a 1920).Depois de casado, Geremário Dantas foi morar na Rua José Higino, na Tijuca, bairro em que residiam os pais da esposa. O casal só teve um filho: Francisco Geremário de Sá Freire Dantas. O Geremário morreu em Petrópolis em 20 de fevereiro de 1935, vítima de leucemia. No dia seguinte, foi sepultado no Cemitério do Pechincha. Um ano depois, em 1936, a antiga Estrada da Freguesia passou a ser chamada de Avenida Geremário Dantas. Sua esposa, Maria da Glória, faleceu em 1975 aos 82 anos de idade, e ocupa o mausoléu ao lado do marido, no Pechincha. Outro político que habitou o Vale do Marangá nas virada do século XIX para o XX foi o senador Lauro Severiano Müller. Nascido em Florianópolis e diversas vezes governador de Santa Catarina, ele possuía duas moradias no Rio de Janeiro (a capital federal), pois, além de senador, foi Ministro da Viação no Governo do Presidente Rodrigues Alves de 1902 a 1906. Uma residência era nas Laranjeiras. A outra na atual Rua Florianópolis, onde hoje é a Beneficência Portuguesa. O logradouro, que se chamava Emília, passou a ser Florianópolis, após a morte de Lauro Müller em 1926, numa homenagem à cidade em que nasceu. A Rua Emília só não recebeu seu nome, pois já existia na região a Rua Lauro Müller (atual Rua Dias Vieira), onde ele possuía um sítio. A propriedade do senador Lauro Müller na Rua Emília somava cerca de 150 mil metros quadrados, na qual o ministro construiu, no final do século XIX, uma casa assobradada com cinco janelas de frente, onde se avistava todo o Vale do Marangá (hoje em dia, nesse prédio funciona a secretaria e administração dos sanatórios da Beneficência). Lá o senador catarinense viveu com a família, nas duas primeiras décadas do século XX. Ele era casado com Dona Luiza Andrade Müller e tinha três filhos: Lito, Laurita e Antônio Pedro. Além desses, existia um filho de criação, Galdino José da Silva, que herdou fração das terras do lado da Rua Albano. A maior parte das terras (127 metros quadrados) Lauro Müller vendeu em 27 de outubro de 1923, para a Beneficência Portuguesa. A entidade manteve o casarão e edificou, em diversas épocas, os atuais anexos. Quatro desses pavilhões(um misto, dois femininos e um masculino) formam o sanatório de geriatria. Os outros dois (um masculino e outro feminino) são do sanatório de psiquiatria. Ao fazer esses seis blocos, a Beneficência acompanhou a arquitetura do prédio antigo. O sanatório de geriatria foi inaugurado em 1980, ocupando o lugar do sanatório de tuberculose, que a Beneficência transferiu para outro bairro. O sítio do Lauro Müller na atual Rua Dias Vieira foi comparado em 1903 em área desmembrada do Engenho de Fora e pode ser reconhecido nos dias de hoje por dois retângulos. Um formado pelas atuais ruas Dias Vieira, Espírito Santo e Carlos Gros, tendo ao fundo o morro. O outro, pelas ruas Dias Vieira, Espírito Santo, Capitão Menezes e Maricá. Lauro Müller vendeu essas terras em 1923 à Companhia Proprietária Brasileira, que as revendeu em loteamento. Esquina da Rua Cândido Benício com a Praça Barão da Taquara, primeira metade do século XX Outro ilustre habitante do Vale, no início do século XX, foi o Capitão Francisco da Silveira Machado, que possuía um sítio na Rua Cândido Benício, com 58 mil metros quadrados. O Capitão Machado era sobrinho do General Pinheiro Machado, o maior político brasileiro dos primordios da República. Pinheiro Machado visitava muito as terras do sobrinho na Praça Seca, onde passeava quase sempre montando o cavalo Pachá. O general teve morte trágica em 1915: apunhalado pelas costas por Mauro Paiva, no saguão do Hotel dos Estrangeiros. O Capitão Machado, gaúcho como o tio, nasceu em 1864. Estabeleceu-se em Jacarepaguá em 1900, na Estrada do Pau Ferro, no Pechincha. Depois, em 1902, veio para a Rua Cândido Benício, onde expandiu o trabalho de criador e negociante de animais (burros e cavalos). Vendia os cavalos ao exército e os burros, à prefeitura. Dos cavalos fora de venda, para seu uso, o mais famoso foi mo Pachá, que ganhou o 1º Prêmio da Exposição Internacional de 1908, realizada na Praia Vermelha. O treinador do Pachá era o João Felizardo Alves, o João Paradela. O Pachá morreu em 1921 e foi enterrado na própria fazendinha do capitão. As terras do Capitão Machado ficavam situadas desde o atual Supermercado Leão, na esquina da Rua Capitão Menezes com Rua Cândido Benício até junto às lojas do Osório, na esquina da Rua Dr. Bernardino. Os fundos davam para a Rua Pedro Teles. As áreas hoje ocupadas pelo Jacarepaguá Tênis Clube e diversas casas da Rua Capitão Menezes também faziam parte da fazendinha. O Capitão Machado faleceu aos 67 anos de idade no dia 17 de março de 1931. Sua família continuou com as propriedades até 1938, quando começaram os fracionamentos. A área da Rua Capitão Menezes e Beco Mário Pereira (inclusive, onde é hoje o Jacarepaguá Tênis Clube) foi loteada pela Companhia Territorial Riachuelo. Os desmembramentos que deram origem à Rua Guaporanga foram feitos pelo antigo Banco Oliveira Roxo. A outra grande área, onde ficava a casa-sede da fazendinha, foi vendida a Marcelino Martins Filho, exportador de café. Em 1953, o Marcelino loteou essas terras, surgindo as ruas Dr. Jacundino Barreto e General Vóssio Brígido. A primeira residência desse loteamento foi a do Comandante Francisco Frota, na Rua Dr. Jacundino Barreto, que ficou pronta em 1956. Baltazar, um dos filhos do Capitão Machado, até a pouco tempo morava no que restou das terras do pai, em uma casa antiga no meio de grande terreno, em frente ao Jacarepaguá Tênis Clube. Na década de 1970, ele vendeu esse imóvel, onde foi construído enorme edifício na Rua Cândido Benício número 1.201, inaugurado em 1979. O Baltazar atualmente mora na Zona Sul. O Salvador Machado (o Machadinho), que foi comissário de polícia muito conhecido no bairro, é o único filho do Capitão Machado que ainda reside na região, na Rua Capitão Menezes. Outros filhos: Francisco, que mora no Engenho de dentro; Andreia e Idalea. O principal responsável pela descaracterização rural da Praça Seca foi sem dúvida o Gastão Taveira. A partir dos primeiros anos do século XX, com suas edificações, inaugurou a era urbana da praça. Dono de grande área, em dois lados da Rua Cândido Benício, do Morro Santa Rosa até a Rua Pedro Teles, ele mandou construir dezenas de imóveis para alugar, alguns ainda existentes. Em 1910, construiu série de casas na Rua Cândido Benício, da esquina da Rua Dr. Bernardino até o atual Edifício Charlie Chaplin; e na Rua Dr. Bernardino até a esquina da Rua Pedro Teles, inclusive, as três vilas que batizou com nomes das filhas mais velhas: Astrogilda, Mafalda e Zuleika. Em frente ao atual Edifício Charlie Chaplin, ergueu famoso sobrado em 1911. Bem antes, porém, em 1901, o Gastão edificou sua residência ao lado do futuro sobrado. O terreno onde mais tarde surgiria o Esporte Clube Parames também fazia parte das suas terras. O Gastão Taveira nasceu em Portugal em 1877. Aos oito anos de idade, acompanhou seus pais (Joaquim e Leopoldina Taveira) na imigração para o Rio de Janeiro. Anos depois, começou a trabalhar num quiosque na Praça Mauá. Alguns fregueses eram negociantes de café. O contato com eles fez com que aprendesse as artimanhas do ramo. Tornou-se excelente exportador de café e ficou rico ao comprar todo o estoque do café brasileiro e revender para os Estados Unidos. Foi nesse período que adquiriu as terras da Praça Seca e as edificou. O Gastão Taveira casou-se com Dona Julieta da Cunha Bastos Taveira, filha do Dr. Bernardino Marques da Cunha Bastos, autor do projeto das ruas da Praça Seca. O Dr. Bernardino também era negociante de café e proprietário de terras na região da Praça Seca. Morava com o genro na Rua Cândido Benício. O Gastão, além da filhas Astrogilda, Mafalda e Zuleika, teve mais dois filhos, que nasceram após a construção das vilas da Rua Dr. Bernardino: Dulce e Bernardino. Vítima de broncopneumonia, Gastão Taveira faleceu aos 41 anos de idade em 1918. Mais tarde, por causa da inexperiência da família, seus descendentes perderam os imóveis para Ernest Simon, que vendeu tudo para o Banco Francês. Em 1924, o Victor Parames Domingues comprou do Banco Francês todas as propriedades do Gastão Taveira na Praça Seca. O Victor Parames Domingues nasceu na Espanha em 1872. Com apenas 13 anos de idade, veio para o Brasil trabalhar num botequim. Mais tarde, um tio lhe deixou como herança um armazém em São Cristóvão. A partir daí, iniciou fortuna. Em 1924, comprou os imóveis da Praça Seca e os alugou como fazia o Gastão Taveira. O Parames casou-se com Dona Emília e teve cinco filhos: Leotilde, Victor, Isaura, Laurinda e Afonso. A Isaura, que casou com o político e médico Gabriel Capristrano Júnior, foi a única da família que morou nas terras do pai, no antigo sítio do Gastão Taveira, na Rua Cândido Benício. Na década de 1960, nesse sítio, foram realizadas inúmeras festas da Fundação da Beneficência Espanhola. O Victor Parames Domingues faleceu aos 67 anos de idade em 1939. A partir desse ano, o seu filho Victor Parames Fortes passou a administrar os imóveis até 23 de maio de 1985, quando também faleceu. O Victor Parames Fortes, em 1956, derrubou parte do sobrado e levantou o edifício, onde atualmente, entre outras lojas, existem a Drogas Mil e os laboratórios de análise. Os apartamentos foram vendidos, e as lojas alugadas. Depois, no início da década de 1960, demoliu o que restou do sobrado, a fim de construir o prolongamento do edifício, mas houve problema com a imobiliária e a obra nem sequer começaria. Somente em 1977 é que o BANERJ abriu sua agência nesse local e paga aluguel à família do Parames. Também na década de 1970, o Victor Parames Fortes vendeu algumas terras da Rua Pedro Teles, inclusive o terreno onde ficava o Esporte Clube Parames; e a grande área da Cândido Benício, onde morou a irmã Isaura com o Dr. Capistrano Júnior. As casas da Rua Dr. Bernardino (as que imitam tijolinhos) ele reformou e retornou a alugar. Além desses imóveis, continuam pertencendo à família: os prédios comerciais da esquina das ruas Dr. Bernardino e Pedro Teles, inclusive a biblioteca; as casas velhas da Rua Cândido Benício, a partir do curso de idiomas até quase esquina da Rua Dr. Bernardino; e as lojas comerciais do prédio em frente ao Edifício Charlie Chaplin, inclusive o BANERJ. No lugar do Edifício Charlie Chaplin existiu grande área que ia até a Rua Pedro Teles, cujo proprietário, no início do século XX, foi José Luciano Carneiro, também dono do terreno da esquina da praça, onde em 1908 construiu os prédios da padaria Marangá (hoje restaurante Bola Branca), Café Recreio da Praça e da atual farmácia Droga Musa. Na área do futuro Edifício Charlie Chaplin, o José Carneiro ergueu um casarão. Ele locou todos esses imóveis, pois continuou residindo em Cascadura, na Rua da Pedreira. Falecendo em 1929, deixou as propriedades para os filhos: Luciano Carneiro (muito conhecido como Carneirinho) e Maria José Carneiro, que prosseguiram no regime de locação. Entre outros, foram inquilinos no casarão da Cândido Benício: Dr. Manuel de Morais, o Gerard Rocha Duarte (Azinho) e o Cândido Camacho (cabo eleitoral de prestígio na região). Em 1936, Dona Maria José Carneiro casou-se com Frederico Garcez e foi morar no Méier. Em 1945, o casal veio para o casarão da praça, mas não ocupou o terreno dos fundos, que estava arredado pelo português João José. Este transformou a área locada em fértil chácara, com frente para a Rua Pedro Teles (atualmente, no local, existe a vila seiscentos). O chacareiro João José era casado com Dona Nazareth. Os filhos (Augusto, Toninho, Davi e Esmeralda) freqüentavam a praça e eram conhecidos na região. O Garcez, já no final da década de 1950, entrou na justiça com ordem de despejo para o João José. Porém, este ganhou na primeira instância. Na noite desse dia, o João José festejou e espocou foguetes em direção ao telhado do Garcez. Depois, entretanto, a própria justiça deu ganho de causa ao Garcez, e português abandonou as terras. Em 1960, a antiga chácara foi loteada, e começou a surgir a vila número 600 da Rua Pedro Teles. Em 1968, o casarão da Rua Cândido Benício foi demolido. No local, inaugurou-se, em 1973, um posto de gasolina da Petrobrás, que durou até 1979, quando foram iniciadas as obras do Edifício Charlie Chaplin. Após a demolição do casarão o Garcez com a esposa Maria José, foi morar na Rua Marangá e, depois, mudou-se para Copacabana. Os descendentes do casal são donos da maioria das lojas do Edifício Charlie Chaplin, em virtude da permuta do terreno com a construtora. Também continuam proprietários das três lojas do outro lado da rua: Bola Branca, Café Recreio da Praça e Droga Musa. O chacareiro João José era casado com Dona Nazareth. Os filhos (Augusto, Toninho, Davi e Esmeralda) freqüentavam a praça e eram conhecidos na região. O Garcez, já no final da década de 1950, entrou na justiça com ordem de despejo para o João José. Porém, este ganhou na primeira instância. Na noite desse dia, o João José festejou e espocou foguetes em direção ao telhado do Garcez. Depois, entretanto, a própria justiça deu ganho de causa ao Garcez, e português abandonou as terras. Em 1960, a antiga chácara foi loteada, e começou a surgir a vila número 600 da Rua Pedro Teles. Em 1968, o casarão da Rua Cândido Benício foi demolido. No local, inaugurou-se, em 1973, um posto de gasolina da Petrobrás, que durou até 1979, quando foram iniciadas as obras do Edifício Charlie Chaplin. Após a demolição do casarão o Garcez com a esposa Maria José, foi morar na Rua Marangá e, depois, mudou-se para Copacabana. Os descendentes do casal são donos da maioria das lojas do Edifício Charlie Chaplin, em virtude da permuta do terreno com a construtora. Também continuam proprietários das três lojas do outro lado da rua: Bola Branca, Café Recrei9o da Praça e Droga Musa. Na mesma Rua Pedro Teles, também na década de 1910, Francisco Moreira Felgueiras construiu, na esquina com a Rua Dr. Bernardino, uma pitoresca residência, muito conhecida através dos tempos como pavilhão ou castelinho. Na década de 1930, alugava o pavilhão. Foi nessa época que morou ali o Francisco Sales, pioneiro na profissão de repórter-fotográfico e chefe de reportagem do jornal integralista "A Ofensiva", dirigido por Plínio Salgado. O Francisco Sales era irmão de Liberalina Sales da Silva, casada com o poeta Aníbal Teófilo. Foi o Francisco que criou a filha do casal (Elisa), após a morte de Aníbal Teófilo, assassinado pelo escritor Gilberto Amado, no salão nobre do Jornal do Comércio. A Elisa, mesmo depois de casa, continuou com o tio no castelinho da Rua Pedro Teles. Seus filhos (Aníbal, Alcindo, Arnaldo, Armando, Alcélio e Alberto) foram criados no enorme terreno do imóvel, que media 12 mil metros quadrados e possuía até um campo de futebol. Em 1936, caiu um raio na torre do prédio, destruindo-o parcialmente e provocando revoada de andorinhas, que faziam ninho no sótão. No início da década de 1940, o Felgueiras vendeu o imóvel para Adriano Batista de Carvalho. Durante a mesma década morou ali o Amílcar, irmão de Adriano. Os dois eram da Bahia e hospedaram no pavilhão o ator baiano Zé Trindade, quando este veio para o Rio de Janeiro. O Adriano loteou o terreno em 1949, quando o pavilhão foi derrubado e surgiram as duas vilas e diversos prédios. A Rua Cândido Benício, que divide a praça ao meio, atravessa todo o Vale do Marangá, fazendo esquina com outras vinte ruas. Muitos homenageados desses logradouros, como o próprio médico Cândido Benício, residiram na região. Outros, talvez até nunca tenham passado por aqui. Vejamos quem foram as pessoas que emprestaram seus nomes para as ruas que cortam a Cândido Benício, do Campinho até o Tanque. Rua Francisco Gifoni – farmacêutico famoso, que faleceu em 1934 aos 68 anos de idade. Pioneiro a introduzir no Brasil os extratos fluídos, que só existiam na Europa. Em 1935, o trecho inicial da Rua Teles recebeu seu nome. Rua Comendador Pinto – Comendador Francisco Pinto da Fonseca, pai do Barão da Taquara. Rua Ana Teles – Ana Teles Rudge, filha do Barão da Taquara. Rua Pinto Teles – médico Francisco Pinto da Fonseca Teles, filho do Barão da Taquara. Rua Dias Vieira – João Pedro Dias Vieira, falecido em 1870. Foi Ministro da Marinha durante a Guerra do Paraguai. A rua recebeu seu nome em 1993. Antes, era Rua Lauro Müller. Rua Capitão Menezes – Capitão Jerônimo Alpoim Menezes, casado com Dona Maria Luiza, filha do Barão da Taquara. Beco Mário Pereira – Um grande erro. Esse logradouro foi em homenagem à parteira Maria Pereira, que morou ali no século XIX e primeiras décadas do século XX. Maria Pereira fez trabalho de parto em quase todas as pessoas nascidas naquele período na região da Praça Seca. Não se sabe quem trocou o nome de Maria por Mário. Rua Guaporanga - planta brasileira medicinal da família das mirtáceas. A rua ia se chamar Aracuã (nome tupi de ave da família dos cracídeos), mas, por sugestão de um dos seus primeiros moradores, o farmacêutico homeopata Henrique Bandeira, pai do ex-massagista do Flamengo e Seleção Brasileira João Carlos Bandeira, foi oficializada como Guaporanga. Rua Dr. Jacundino Barreto – engenheiro e professor. Foi responsável pelas obras de saneamento da Baixada Fluminense. Lecionou no Colégio Dom Sebastião Leme e foi diretor do Ginásio Santa Cruz. Faleceu em 1935. Foi dado seu nome à rua em 1953. Rua General Vóssio Brígido – General Rodolfo Vóssio Brígido, nascido no Ceará. Foi professor de Português no Colégio Militar, onde começou a lecionar no início do século XX, quando era tenente. Faleceu em 1951. O fato interessante é que, após seu falecimento, alunos do Colégio Militar, num abaixo-assinado, pediram à Prefeitura Que a antiga Rua Universidade, que ficava perto do colégio, recebesse o nome do general, que foi seu primeiro habitante. Mas, sem que ninguém soubesse o motivo, essa rua foi oficializada com o nome de Deputado Soares Filho em 1953. No mesmo ano, passou a ser chamada de General Vóssio Brígido a rua da Praça Seca. Rua Dr. Bernardino – engenheiro Bernardino Marques da Cunha Bastos, autor do projeto que traçou as ruas da região da Praça Seca. Morou na Rua Cândido Benício. Rua Baronesa – em homenagem à Baronesa da Taquara. Rua Barão – em homenagem ao Barão da Taquara. Rua Florianópolis – lembra a capital de Santa Catarina, por causa do Ministro Lauro Müller, nascido em Florianópolis e que morou nessa rua. Antes, se chamava Emília, em homenagem à Dona Emília Joana Fonseca Marques, filha do Barão da Taquara. Rua Albano – Albano Raimundo da Fonseca Marques, marido de Dona Emília. Estrada Comandante Luiz Souto – Luiz Felipe de Figueiras Souto, oficial da Marinha de Guerra, um dos 337 mortos no acidente com o Cruzador Bahia, no dia 4 de julho de 1945, durante a II Guerra Mundial. O antigo Caminho da Chácara recebeu seu nome em 1951. Rua Godofredo Viana – senador pelo Estado do Maranhão, durante a década de 1930. Freqüentava muito a casa do Galdino José da Silva, na Rua Albano. Foi justamente por iniciativa do Galdino que o antigo Caminho do Sapê passou a se chamar Godofredo Viana em 1934. Ladeira da Reunião – por causa do próprio Morro da Reunião. Rua Nuporanga – antiga Rua Batista Pereira. Recebeu o nome atual em 1942 em homenagem à cidade de Nuporanga, em São Paulo. Nuporanga é palavra tupi-guarani que significa campo belo. Rua Elvira da Fonseca – esposa do Jerônimo Pinto da Fonseca, filho do Barão da Taquara. A Rua Pedro Teles, paralela à Cândido Benício, antiga Estrado do Marangá de Baixo, é em memória do tio do Barão da Taquara, Pedro Antônio Teles Barreto de Menezes, que foi irmão de Dona Ana Maria Teles de Menezes, mãe do Barão. A Rua Japurá tem o significado em tupi-guarani de mentira. No início do século XX, seu nome era Rua Adelaide (esposa do Dr. Bernardino). A Rua Içá também vem do tupi-guarani. Içá é um tipo de formigas cheias de ovos, que surgem em bandos na época do calor. Os indígenas comiam os içás fritos com um pouco de sal. Japurá e Içá são nomes de rios na Amazônia. A Rua Capitão Machado é em homenagem ao fazendeiro local, Capitão Francisco da Silveira Machado. A Rua Maricá foi aberta em 1925, com apenas 200 metros após a Rua Capitão Menezes. Não tinha seguimento e terminava na Rua Lauro Müller (atual Dias Vieira). A Lauro Müller ia da Rua Cândido Benício até a Rua Araruama (hoje Espírito Santo). Essas três ruas são do loteamento de 1925, nas terras do Capitão Menezes. Em 1933, é que a Rua Lauro Müller passou a ser chamada de Rua Dias Vieira, estendendo-se novo trecho até a Rua Japurá, que também em 1933 teve prolongamento a partir da Rua Capitão Menezes. As aberturas desses logradouros acabaram com o antigo campo de futebol do Marangá. A Rua Araruama trocou o nome para Rua Espírito Santo em 1948. As ruas Maricá e Araruama tiveram esse nome numa alusão às duas lagoas do Estado do Rio de Janeiro. São palavras do tupi-guarani. Maricá significa espinheiro ou planta espinhosa. Araruama, comedouro ou bebedouro das araras. A Rua Maricá em 1935 teve grande prolongamento em direção ao Campinho, unido-se com a Rua Teles. A Rua Teles é bem antiga e vem desde o início do século XX. Ao contrário do que se pode pensar, ela não é homenagem à família do Barão, mas sim da ascendência do Antônio Geremário Teles Dantas, donos das terras daquele trecho na época da criação da rua. A antiga rua Itapuca, antes conhecida como Rua 21 de Maio, passou a se chamara Gastão Taveira em 1948, numa justa homenagem, embora tardia, ao personagem de muita importância no desenvolvimento da região. A Rua Parintins na década de 1920 tinha o nome de Rua Lorina. A Estrada do Macaco dividiu-se em diferentes épocas, formando dois logradouros. Em 1934, surgia a Rua Luís Beltrão, originada pelo final dessa estrada (da atual Quiririm até a Parintins) e pelo Caminho do Valqueire. Em 1941, outro trecho da Estrada do Macaco, o mais longo, recebeu o nome de Rua Quiririm. A Rua Jerônimo Pinto lembra Jerônimo Pinto da Fonseca, filho do Barão da Taquara. A Rua Francisco recorda um dos netos do Barão, o advogado Francisco Taquara da Fonseca Teles, filho de Francisco Pinto da Fonseca Teles. A Rua Guarapes foi oficializada em 1933. Antes, chamava-se Elza, outra neta do Barão, Elza Teles Rudge, filha de Ana Teles Rudge. A Travessa Pinto Teles, no início do século XX, era Rua Maria Luiza, em homenagem à filha do Barão, Maria Luiza da Fonseca Menezes, esposa do Capitão Menezes. Em 1954, nas ruas Luís Beltrão, Baronesa, Marangá e Capitão Menezes, realizaram-se escavações para colocações de enormes manilhas, com diâmetro de 1 metro e 75 centímetros, que foi parte da obra da Adutora Henrique Novaes, cujos percurso total é do Rio Guandu até a represa dos Macacos, onde abastece de água toda a Zona Sul. A adutora, na sua passagem, também fornece água para outras localidades, inclusive à região da Praça Seca, através do reservatório do Morro da Reunião, no Tanque. Quando a escavação da gigantesca vala chegou na esquina da Rua Cândido Benício, o trânsito foi desviado. Mas os usuários dos bondes tinha que fazer baldeação. Os bondes vinham de Cascadura até em frente ao atual Chopão. Ali os passageiros saltavam e pegavam outro bonde estacionado no meio da praça, a fim de continuarem a viagem à Freguesia ou Taquara. Houve muitos acidentes durante a construção da adutora na Praça Seca. O mais grave foi a morte de um operário, que trabalhava no fundo do valão na Rua Baronesa, em frente ao terreno do General Lauro Dias Barreto, quando houve um desmoronamento de terra em cima dele. A propriedade do General Barreto era onde existe os imóveis da Rua Baronesa números 716, 729, 730 (a vila) e 750 (a Academia Corpus). O terreno era bem grande, com um casarão no centro. Tinha duas frentes: na Rua Baronesa e na Rua Barão. Fonte: https://www.omelhordobairro.com/riodejaneiro-pracaseca/historia
- Princípios gerais do Direito Penal
Caderno Direito nas Escolas na Revista Conhecimento & Cidadania Clique na imagem e assista a aula Princípio da Legalidade (art. 5º, II, da CRFB) É uma das bases de um Estado de Direito – um Estado regido por leis. Segundo esse princípio, as pessoas podem fazer tudo aquilo que a lei não as impede e o Estado pode fazer apenas aquilo que a lei o permite. O princípio da legalidade é aplicado aos indivíduos e ao Estado de maneira diferente. Quando se trata das pessoas, elas são livres para agir como quiserem, desde que não desrespeitem nenhuma lei. O Estado, por outro lado, não tem a mesma liberdade que os indivíduos, pois somente poderá agir dentro do que é lhe permitido pela lei. Fonte:https://www.politize.com.br/artigo-5/principio-da-legalidade/ Princípio da reserva legal (art. 5º, XXXIX, da CRFB e art. 1º, do Código Penal) Uma das exigências trazidas pelo Princípio da Reserva Legal, é de que o agente somente poderá ser processado, se sua conduta for previamente tipificada (com clareza e precisão) como crime. O “Princípio da Reserva Legal”, também denominado “Estrita Legalidade”, é, antes de mais nada uma cláusula pétrea, uma vez que encontra-se disposto no artigo 5º, XXXIX de nossa Carta Magna, ou seja, trata-se de um Direito, e principalmente uma Garantia Fundamental, sendo portanto, inadmissível sua violação, supressão, ou desrespeito à sua prevalência em relação às normas infraconstitucionais. Fonte:https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8600/Principio-da-reserva-legal-o-legitimador-da-atuacao-do-Estado-na-persecucao-penal Princípio da irretroatividade (art. 5º, XL, da CRFB) A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu, impondo-se, assim, a irretroatividade da lei penal, salvo quando a lei nova seja benéfica ao acusado. Fonte: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8062/Da-lei-penal-no-tempo Presunção de inocência (art. 5º, LVII, da CRFB) A presunção de inocência está disposta no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal e é compreendida como uma garantia constitucional de que o réu da ação só será considerado “culpado após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”. Trata-se de um mecanismo de extrema importância no Direito Processual, o qual preceitua que só deverá ser realmente considerado culpado o acusado que teve provada sua culpa em sentença irrecorrível (ou seja, contra a qual não existam mais recursos). Fonte: https://www.politize.com.br/presuncao-de-inocencia-o-que-e/ Princípios do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, da CRFB) Contraditório O contraditório se refere ao direito que o interessado possui de tomar conhecimento das alegações da parte contrária e contra eles poder se contrapor, podendo, assim, influenciar no convencimento do julgador. Ampla defesa A ampla defesa confere ao cidadão o direito de alega, podendo se valer de todos os meios e recursos juridicamente válidos, vedando, por conseguinte, o cerceamento do direito de defesa. Fonte: https://jus.com.br/artigos/56088/principio-da-contraditorio-e-da-ampla-defesa Responsabilidade pessoal (art. 5º, XLV, da CRFB) A responsabilidade penal não pode ser imputada a outra pessoa que não seja o próprio condenado criminalmente. Mas, porém, a reparação deste dano pode ser transferida a outra pessoa, não englobando com uma penalidade e sim como responsabilidade civil. Fonte: https://jus.com.br/artigos/61921/art-5-da-cf-88-inciso-xlv Individualização da pena (art. 5º, XLVI, da CRFB) A individualização da pena consiste em aplicar o direito a cada caso concreto, levando-se em conta suas particularidades, o grau de lesividade do bem jurídico penal tutelado, bem como os pormenores da personalidade do agente. Fonte: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/427/edicao-1/individualizacao-da-pena
- Sugestões culturais
Caderno Variedades da Revista Conhecimento & Cidadania N.º 16 Livro: Ramsés: Sob a Acácia do Ocidente (Vol. 5) Aos 50 anos, após ter conduzido o Egito a uma deslumbrante prosperidade, Ramsés poderia aspirar á serenidade da avançada idade. Mas o seu fabuloso destino não lhe permite ainda: tem de governar. Ramsés tenta, acima de tudo, preservar a paz duramente conquistada. Ramsés oferece à esposa real o mais fabuloso presente: manda erguer, em Abu-Simbel, dois templos como símbolo de seu amor eterno. Neste quinto e último volume - Ramsés, aos cinquenta anos de idade, aspira à serenidade da idade avançada. Porém, mais uma vez terá de ceder ao capricho Hitita: ao perder Nefertari e Iset a Bela, será obrigado a desposar a princesa Hitita para conservar a tão sonhada paz. Música: Música Clássica Relaxante Bach, Weber, Chopin, Tsjaikovski Clique na imagem e ouça Poema: Se Eu Pudesse Poema de Fernando Pessoa com narração de Mundo Dos Poemas Fernando António Nogueira Pessoa (1888 — 1935) foi um poeta, filósofo, dramaturgo, ensaísta, tradutor, publicitário, astrólogo, inventor, empresário, correspondente comercial, crítico literário e comentarista político português. Um dos maiores génios poéticos de toda a nossa Literatura e um dos poucos escritores portugueses mundialmente conhecidos. A sua poesia acabou por ser decisiva na evolução de toda a produção poética portuguesa do século XX. Se nele é ainda notória a herança simbolista, Pessoa foi mais longe, não só quanto à criação (e invenção) de novas tentativas artísticas e literárias, mas também no que respeita ao esforço de teorização e de crítica literária. É um poeta universal, na medida em que nos foi dando, mesmo com contradições, uma visão simultaneamente múltipla e unitária da Vida. É precisamente nesta tentativa de olhar o mundo duma forma múltipla (com um forte substrato de filosofia racionalista e mesmo de influência oriental) que reside uma explicação plausível para ter criado os célebres heterónimos – Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, sem contarmos ainda com o semi-heterónimo Bernardo Soares.
- A tragédia que transformou homicídio qualificado em crime hediondo
Muitos tonaram conhecimento do mais novo documentário da plataforma de streaming HBO Max “Pacto Brutal – O assassinato de Daniella Perez”. Os mais jovens podem não entender a magnitude deste caso e como isso modificou a Legislação Brasileira. Para estes, escrevo as linhas que se seguem. A rede Globo possuía o monopólio da teledramaturgia, embora outras emissoras também investissem nas produções. A única vez que a Globo perdeu o posto de primeiro lugar em audiência foi com a exibição da novela “Pantanal”, em 1990, pela rede Manchete. Essa era uma época em que ser contratado da rede Globo era motivo de status, de grandeza. Não à toa, a emissora era chamada “poderosa”. Artistas de renome compunham o casting da casa, não apenas atores, mas autores de novela. Uma delas era Janete Clair. Janete é considerada até os dias de hoje a maior autora de novelas da teledramaturgia brasileira. Escreveu Irmãos Coragem (1970), Pecado Capital (1975) e Selva de Pedra (1972), esta última, a primeira a quebrar o recorde de audiência da época. A escritora faleceu aos 58 anos, vítima de um câncer. Antes de sua morte, necessitou de colaboração para continuar a escrever a novela “Eu prometo” (1983), pois já estava muito debilitada. Sua nora, então, apresentou a Janete Glória Perez, que continuou a escrever a trama. O ano era 1992. Glória estava escrevendo sua primeira novela solo (as anteriores sempre foram em parceria com outros autores). O nome da produção era “De corpo e alma”. Para o papel principal, Glória escalou sua filha, Daniella, que era bailarina e já havia feito pequenas participações nas obras “Kananga do Japão” (1989), “Barriga de aluguel (1990) e “Dono do mundo” (1991). Na trama, Daniella vivia a personagem Yasmin, que vivia um romance com Bira, mas que terminaria com Caio (Fábio Assunção). Bira, era vivido pelo ator Guilherme de Pádua. Guilherme, mineiro, saiu de Belo Horizonte de moto para tentar a vida no Rio de Janeiro. Fez parte do show erótico “Os leopardos” em 1988, que fez sucesso na época. A “atração” chegou a ser assistida por Lizza Minelli e Madonna. Em 1989, atuou no longa alemão “Via Appia”, que mostrava como era o submundo da prostituição no Rio de Janeiro. Depois, Guilherme fez teste para atuar na peça “Blue Jeans”, dirigida por Wolf Maia. A peça tinha em seu elenco atores em ascensão, como Fábio Assunção, Alexandre Frota e Maurício Mattar. Antigamente, um bom ator era formado no teatro. Apenas após algum tempo atuando, era convidado para participar de teledramaturgias. Assim aconteceu com os grandes artistas como Tarcísio Meira, Glória Menezes, Fernanda Montenegro, entre outros. E com Guilherme não foi diferente, embora fosse um ator medíocre. Em 1990, fez uma “ponta” (minúscula participação) na novela “Mico preto” da rede Globo. Em 1992, foi escalado para a novela “De corpo e alma” de Glória Perez. Mas como isso ocorreu? Ao escrever o personagem Bira, Glória pensou em Alexandre Frota que, à época, atuava na novela “Perigosas Peruas”, do horário das sete. Embora o diretor da novela da Gloria (que era a das oito) e da outra fosse o mesmo, foi o autor de “Perigosas”, Carlos Lombardi, que não permitiu que Frota fosse liberado. Glória e Roberto Talma, o diretor, conversaram e pediram ao departamento de elenco fitas de rapazes na faixa dos vinte anos e que possuíam o tipo físico semelhante ao de Frota, que era o mesmo do personagem. Na busca, encontraram Guilherme. Este seria seu primeiro papel de destaque; tinha tudo para ascender na carreira, pois a novela das 8 era a de maior audiência e dava visibilidade aos atores, que eram constantemente chamados para comerciais e, os rapazes, para festas de debutantes. Porém, a ganância e sede de poder fizeram-no cometer um dos crimes mais brutais dos anos 90. Como citei acima, Bira não terminaria com a personagem Yasmin, mas Caio. Porém, Guilherme andava insatisfeito e não aceitava o roteiro desta forma. Como Daniella, filha da autora, era a personagem principal, ele começou a cercá-la através de ligações e nos estúdios da novela, pedindo para que ela intercedesse por ele à sua mãe, para que Bira, tivesse maior visibilidade. No documentário da HBO Max, colegas da atriz relataram que ela reclamava do assédio de Guilherme, que, inclusive, estaria prejudicando seu casamento. Daniella era casada com o também ator Raul Gazolla há três anos. O ápice da fúria de Guilherme foi quando descobriu que seu personagem não apareceria em dois capítulos. Ele, indignado, procurou os produtores da novela pedindo incessantemente o telefone de Glória Perez, que não foi dado, evidentemente. A partir daí, começa o plano macabro para tentar crescer na carreira, utilizando sangue inocente. No dia 28 de Dezembro de 1992 foi gravada a cena do término de Yasmin e Bira. Neste dia, Guilherme cercou Daniella, de modo a vigiá-la e não permitir que ela saísse sozinha dos estúdios. Naquele mesmo dia, a atriz havia desabafado com o ator Sandro Solviatti, que disse: “Se você não contar para sua mãe hoje mesmo, vou contar amanhã.” infelizmente, foi tarde demais. Por volta das 21h, Daniella e Guilherme saíram dos estúdios. Ele foi na frente e a esperou em um posto de gasolina. A atriz parou para abastecer e na saída, foi emboscada por Guilherme, que deu um soco que deslocou seu maxilar e a fez desmaiar. Ele a colocou em seu carro, no banco do carona, enquanto ele assumiu a direção do carro da atriz. Quem dirigiu o carro de Guilherme era sua própria esposa, Paula Thomaz. No carro, Paula deu 18 punhaladas na atriz. Guilherme e sua esposa deixaram o corpo em um matagal na Barra da Tijuca. Em duas horas após encontrarem o corpo da atriz, a polícia descobriu que Guilherme de Pádua era o assassino e depois, o envolvimento de sua esposa. Em 25 de Julho de 1990, havia sido promulgada a Lei dos Crimes Hediondos. O texto da lei abrangia, praticamente, crimes ligados ao patrimônio. Homicídio qualificado não estava no rol. Logo, quem praticava tamanha barbaridade poderia responder em liberdade e, cumprindo um sexto da pena, poderia retornar à vida em sociedade. Foi o que ocorreu com Guilherme e Paula, que não passaram mais de sete anos na cadeia. E, no caso deles, após o cumprimento da pena, voltaram a ter “ficha limpa”, ou seja, para a lei, é como se nunca tivessem cometido crime algum. Isso fez despertar em Glória, aquela mãe que não pôde viver o luto da perda de sua filha, uma força imensurável para recolher mais de um milhão de assinaturas de todo o país para que a lei dos crimes hediondos fosse modificada. Vale lembrar que, em 1993, quando Glória iniciou esta jornada, não havia os recursos que temos atualmente. Hoje, em questão de horas, conseguimos que uma petição obtenha este número através da internet; porém, no ano em questão, a autora recebeu ajuda de amigos que pediam para transeuntes assinarem a petição. Atores que estrelavam peças de teatro passavam a lista após cada apresentação; barracas eram montadas na rua para colherem as assinaturas. Em três meses, ela conseguiu. Glória, acompanhada dos atores Cristiana Oliveira, Guilherme Karan e outros, levaram todas as assinaturas para Brasília, e pediram aos deputados para votarem. Foi uma vitória para o cidadão de bem. O crime possui inúmeros detalhes que, em virtude de espaço, não podem ser registrados neste artigo; porém, de algo tão bárbaro, Glória tirou forças para mobilizar todos o país a modificar a legislação, de modo a incluir o homicídio qualificado como crime hediondo. Recomendo que os jovens leitores da revista assistam ao documentário para que vejam os detalhes que não puderam ser escritos. E para que possam conhecer a luta de uma mãe para solucionar o crime cruel cometido contra sua filha, para que a mesma pudesse descansar em paz.
- Avenida Central, atual Rio Branco
Caderno Variedades traz também algumas curiosidades sobre nome de ruas, bairros e etc. Marc Ferrez. Avenida Central, atual avenida Rio Branco, na altura da rua do Ouvidor com rua Miguel Couto, 1906. Rio de Janeiro, RJ / Acervo IMS A Brasiliana Fotográfica fez uma seleção de imagens da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, produzidas por fotógrafos ainda não identificados, por Aristógiton Malta (1904-1954), Augusto Malta(1864 – 1957), Marc Ferrez(1843 – 1923), João Martins Torres e pela Phototypia A. Ribeiro. Foram produzidos no início do século XX, quando surgia o Rio de Janeiro da BelleÉpoque. A abertura da avenida foi uma das principais marcas da reforma urbana realizada por Francisco Pereira Passos (1836 – 1913), o bota-abaixo, entre 1902 e 1906, período em que foi prefeito do Rio de Janeiro. Essas transformações foram definidas por Alberto Figueiredo Pimentel (1869-1914), autor da seção “Binóculo”, da Gazeta de Notícias, com a máxima “O Rio civiliza-se”, que se tornou o slogan da reforma urbana carioca. Essa reforma urbana tornou o Rio uma cidade cosmopolita, moderna. A Avenida Central inaugurou um novo eixo da cidade em direção ao mar, a orla foi embelezada com a Avenida Beira-Mar, aberta em 1906, e a cidade, antes portuária, incorporou à sua vida urbana as praias de Copacabana, Ipanemae Leblon. Abria-se, então, o caminho para o litoral da zona oeste através da Avenida Niemeyer, inaugurada oficialmente em 27 de setembro de 1920, pelo rei Alberto I da Bélgica (1875 – 1934), em visita ao Brasil. Em um período de cerca de 20 anos, o Rio de Janeiro assumia sua identidade de cidade balneária. Voltando à Avenida Central. É de autoria do fotógrafo Marc Ferrez o Álbum Avenida Central: 8 de março de 1903-15 de novembro de 1906, importante registro da reforma da principal via da então capital federal, onde ele contrapôs reproduções das plantas às fotografias das fachadas de cada edifício documentado. Esse tipo de fotografia foi fundamental para a construção e para a difusão de uma nova imagem do Rio de Janeiro, uma imagem associada aos ideais de civilização e progresso. A linha central da avenida foi inaugurada pelo presidente Rodrigues Alves (1848 – 1919), em 7 de setembro de 1904 (O Paiz, 8 de setembro de 1904, na sexta coluna, sob o título “Avenida Central” e Gazeta de Notícias, de 8 de setembro de 1904, na última coluna). No ano seguinte, 1905, sob um temporal, a avenida foi aberta oficialmente, em 15 de novembro (O Paiz, 16 de novembro de 1905, na quinta coluna, sob o título “15 de Novembro”). O engenheiro chefe de sua construção foi André Gustavo Paulo de Frontin (1860 – 1933). A Avenida Central, que ligava o novo porto, onde atualmente está a Praça Mauá, à região da Glória, tornou-se logo a principal via de circulação da cidade, e também seu polo econômico e de entretenimento. Seu nome foi mudado, por decreto, em 15 de fevereiro de 1912, para Avenida Rio Branco, uma homenagem ao diplomata e ministro das Relações Exteriores do Brasil, o barão de Rio Branco (1845 – 1912), que havia falecido cinco dias antes (O Paiz, 16 de fevereiro de 1912, sob o título “Barão do Rio Branco”). Na época de sua inauguração, a Avenida Central tinha 1.800 metros de extensão e 33 metros de largura. Cerca de 300 casas coloniais foram demolidas para a construção dos novos edifícios, cujas fachadas foram escolhidas por concurso. Alguns dos jurados foram o prefeito Pereira Passos, o engenheiro Paulo de Frontin, Lauro Muller (1863 – 1926), ministro da Viação e Obras Públicas; e Oswaldo Cruz (1872 – 1917), diretor-geral da Saúde Pública. Além de edifícios do governo, ergueram-se, na avenida, jornais, clubes, hotéis e sedes de empresas. O calçamento, em mosaico português, foi feito por artesãos vindos de Portugal. Passear pela Avenida Central era passear pela espinha dorsal do mundo das compras e do lazer dos elegantes, dos negócios e da cultura. Alguns remanescentes da primeira geração de prédios da avenida são o Teatro Municipal, o Clube Naval, a Biblioteca Nacional, o Museu Nacional de Belas Artes e o Centro Cultural da Justiça Federal. Fonte: Biblioteca Nacional
- O que Schopenhauer tem a ver com a sabatina de Bolsonaro no Jornal Nacional
A Erística (do grego Eris, deusa grega do caos) refere-se a argumentos que visam contestar com êxito o argumento de outra pessoa, em vez de procurar a verdade. Esta dialética foi abordada pelo filósofo Arthur Schopenhauer na obra conhecida “A arte de ter razão”, publicada postumamente. Nela, o autor apresenta 38 estratagemas para vencer uma discussão. Segundo Schopenhauer, a Dialética Erística se preocupa principalmente em tabular e analisar estratagemas desonestos, para que possam ser reconhecidos e derrotados de uma só vez, a fim de continuar com um debate dialético produtivo. É por essa mesma razão que a dialética erística deve admitir ter vitória, e não verdade objetiva, por seu objetivo e propósito egoístas. Quem leu a obra atentamente e assistiu a sabatina do presidente Jair Bolsonaro no Jornal Nacional certamente pensou: os apresentadores mergulharam profundamente nos estratagemas da obra para elaborarem suas citações estapafúrdias contra o candidato à reeleição. A sabatina inicia; aparentando educação e cortesia, William Bonner e Renata Vasconselos cumprimentam Jair Bolsonaro e agradecem por sua presença. Porém, essa elegância britânica acaba tão logo a primeira pergunta é feita: Bonner afirmou que o presidente havia xingado ministros, acusado “sem provas” o modo de como é realizado o processo eleitoral e o acusou de ter ameaçado impedir a realização do pleito em 2022. Então veio a pergunta: “O senhor pretendeu criar um ambiente que, de alguma forma, permitisse um golpe?” Aqui encontramos o estratagema número 1: “Levar a afirmação do inimigo para além de seus limites naturais, interpretá-la do modo mais geral possível, tomá-la no sentido mais amplo possível e exagerá-la”. Ora, o presidente não xingou ministros; aliás, apenas um está esticando a corda ao ponto de ruptura (talvez não seja necessário escrever o nome do “santo”, já está claro de quem se trata). E no que tange às eleições, sabemos que Bolsonaro não é um ditador; ao contrário do que a ala vermelha da força prega, o presidente sentou-se para conversar com todos os que propuseram diálogo republicano. Logo, não seria coerente ser contra as eleições. As duras críticas que ele e muitos fazem é sobre o processo eleitoral, que carece de lisura. Para contra argumentar a fala de Bolsonaro sobre a transparência do processo eleitoral, Bonner utiliza-se do estratagema 30: “Argumento baseado no respeito. Em vez de razões, precisamos de autoridades, segundo a medida dos conhecimentos do adversário. ‘Todo mundo prefere crer a julgar’, diz Sêneca”. Este argumento é aquele onde se traz os “entendidos” de um determinado assunto, já que não se tem base para refutar. E foi isso que William fez ao dizer que vários “órgãos fiscalizadores”, como o Tribunal de Contas da União, Advocacia Geral da União, associações de juízes, de juristas, de delegados da polícia federal tinham atestado a segurança das urnas eletrônicas. Porém, uma importantíssima associação ficou de fora: a dos trabalhadores da área de T.I. Por que será? Mudando para o assunto pandemia, Bonner “passa o bastão” para sua colega Renata, que, devidamente municiada de falas retiradas de contexto, tentou colocar Bolsonaro contra a parede. Um dos questionamentos de Renata foi: “O senhor estimulou e usou dinheiro público para comprar medicamento comprovadamente ineficaz contra a COVID”. Ela utilizou-se do estratagema 5: “Para provar nossa tese, também podemos utilizar premissas falsas (...) então tomamos proposições que são falsas em si, mas verdadeiras ad hominem e argumentamos a partir do modo de pensar do adversário ex concessis” (limitar a validade de uma tese). Por que a premissa de Renata é falsa? Porque o tratamento precoce é algo que os médicos sempre realizaram. E quando há uma “doença nova” e existe a possibilidade de o medicamento X ser eficaz, o profissional tem a liberdade de receitá-lo, já que não existe vacina ou remédio específico naquele momento. Fora o fato de inúmeras pesquisas científicas atestarem a eficácia do tratamento precoce para COVID, pesquisas estas publicadas em revistas científicas importantes, como a Lancet e a Nature. E o presidente, além de refutar este absurdo, acrescentou: “O grande erro disso tudo foi um trabalho forte da grande mídia, entre eles, a Globo, desestimulando os médicos a fazerem o tratamento precoce.” Touché! Parece que os âncoras do jornal não se recordam, mas eu farei o papel da memória e farei isso: inúmeros médicos foram perseguidos unicamente por receitarem o tratamento precoce, embora o próprio -residente do CRM, Mauro Ribeiro, ter dito à época:“O CFM não incentiva o tratamento precoce ou o condena, tampouco bane. Falar que a hidroxicloroquina e a ivermectina matam é falácia. Quem quer fazer o tratamento precoce, que faça. Quem não quiser, não faça”. E disse que o Jair Bolsonaro citou na sabatina: a autonomia dos médicos. “Qual foi a nossa postura sobre o tratamento precoce? Deixar o médico definir o que é melhor para o paciente dele”. Já que Renata não obteve a resposta que tanto desejava, começou a indagar seguidamente o presidente no mesmo tema, sem pausa para respiração, diga-se de passagem: “Mas candidato, o senhor desestimulou a vacinação, isso não tem nada a ver com liberdade; o senhor chegou a dizer que quem tomasse a vacina poderia virar jacaré; o senhor associou a vacinação ao vírus da AIDS”. Aqui foi utilizado o estratagema 7: “Perguntar muitas coisas de uma só vez e em detalhes para ocultar aquilo que realmente se quer que seja admitido e, por outro lado, apresentar rapidamente a argumentação resultante do que foi admitido.” Ou seja: pergunte freneticamente para que seu adversário desista de responder ponto por ponto e seja vencido pelo cansaço. Jair respondeu a quase tudo, exceto a situação mais espinhosa, digamos: as vacinas “causariam” HIV. Como o assunto é complexo, tentarei resumir: em outubro de 2021, na sua live semanal, o presidente leu o título de uma matéria da Revista Exame, que dizia “Algumas vacinas COVID podem aumentar o risco de HIV”. A matéria em questão citou um ARTIGO CIENTÍFICO (deixo bem claro isso porque não foi o presidente quem afirmou isso) publicado na Revista The Lancet, que dizia que, a utilização de um adenovírus na fabricação de vacinas para a pandemia poderia aumentar o risco de que pacientes fossem infectados com o vírus HIV. Um dos médicos que participou do estudo foi o DR Lawrence Corey, que ajudou a desenvolver uma vacina para combater a AIDS em 2007 e constatou: o número de infectados aumentou após as doses. Ou seja: não foi o presidente Bolsonaro quem fez esta associação, e sim algo que foi atestado por médicos. Porém, uma das piores falas de Renata foi, ao citar o lockdown, reescrever o lema da pandemia de “Fique em casa” para “Fique em casa SE PUDER”, numa tremenda falta de respeito aos brasileiros que foram agredidos e presos unicamente porque, necessitando trabalhar para sustentar sua família, “transgrediram” o decreto da quarentena. Aqui, foi utilizado o estratagema 26, que trata do argumento de reversão (inverter o argumento do adversário): “Uma manobra brilhante é a retorsio argumenti: quando o argumento que o adversário quer usar a seu favor pode ser mais bem usado contra ele.” Quando Renata se utiliza da expressão “se puder”, está tentando vender a ideia de que, se a população sofrer, a culpa é do Presidente, e não dos governadores e prefeitos que trancafiaram trabalhadores em casa. Analisando toda a sabatina, a impressão que se tem é a de que William Bonner e Renata Vasconcelos se utilizaram da obra de Schopenhauer dias a fio, preparando-se para esta entrevista. Claro, trato como mera especulação esta premissa, contudo é assustadora a proximidade das perguntas inquisitórias feitas ao presidente e aos estratagemas abordados por Arhur. E quem assiste na íntegra percebe que, de fato, foram utilizados estratagemas desonestos, que não buscavam a verdade dos fatos com o objetivo de esclarecer o eleitor. Aristóteles escreveu: “Pessoas que apreciam a verdade gostam de ouvir boas razões, mesmo da boca do adversário”. E a sabatina mostrou quem gosta de boas razões; e não são os âncoras da rede Globo.
- Caderno Variedades
Caderno Variedades da Revista Conhecimento & Cidadania - Sugestões culturais Livro: Ilíada: A Guerra de Tróia A guerra de Tróia foi a mais terrível daqueles tempos antigos. Durou mais de dez anos, contou com a intervenção dos deuses olímpios e com a participação de heróis lendários como Odisseu, Agamêmnon, Aquiles, Heitor, entre outros. Essa guerra, cheia de sofrimento e beleza, que começa pelo rapto de uma linda mulher, é o cenário da Ilíada de Homero, um clássico da literatura universal. Clique na imagem e ouça Música: Pachelbel in the Garden Poema: O Caminho da Vida O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido. Trecho do discurso finaldo filme de Charles Chaplin "O Grande Ditador" (1940). Filme: Henrique IV – O Grande Rei da França Um soldado que luta pela liberdade religiosa torna-se o Rei da França no século 16. Para ajudar a continuarmos com este trabalho, doe qualquer quantia: PIX: 28.814.886/0001-26
- Serra da Estrela
Pintura feita avistando o paredão de rocha de Serra da Estrela A Serra da Estrela, onde se encontra Petrópolis, era praticamente desconhecida pelos colonizadores portugueses nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma expedição exploratória para tomar posse de sesmarias. Isso se devia ao enorme paredão montanhoso de mais de 1000m de altura que tinha que ser vencido para se chegar até lá; e também pela presença dos bravios índios Coroados que habitavam serra acima. Ali não havia atividade econômica. Somente quando os bandeirantes paulistas descobriram ouro nas Minas Gerais é que foi aberto o Caminho Novo, em 1704, para facilitar a viagem até as vilas mineradoras. O caminho era “novo” porque havia um outro, o “velho”, a variante do Caminho Novo, passando pelo alto da serra onde hoje está nossa cidade desde meados dos anos 1600, muito longo e de difícil trânsito, aberto pelos próprios bandeirantes, constituído de trilhas e picadas até as minas de ouro. O caminho novo O Caminho Novo faz parte de uma rede de importantes caminhos do Brasil Colonial, aos quais era dado o nome de Estrada Real. Muitos desses caminhos eram antigas trilhas e veredas abertas pelos bandeirantes que se embrenhavam pelo sertão, na direção de Minas Gerais e Goiás, à procura de ouro e pedras preciosas. O mais antigo deles, conhecido como Caminho Velho, ia de São Paulo, de Piratininga até Taubaté, subia a Serra da Mantiqueira, passava por São João Del Rey e ia para Vila Rica, Caetés, Sabará. Dali havia extensões para Tijuco (Diamantina), Jaguará, até a região da Fazenda Meia Ponte, hoje Pirenópolis, Goiás. Mas quem vinha da capital, Rio de Janeiro, tinha de ir em uma embarcação até Paraty, subir e descer a Serra do Mar até Taubaté para encontrar o Caminho Velho e seguir adiante. Do Rio eram “99 dias de viagem, sendo 43 a pé ou a cavalo”, conforme descrição do Governador Geral Artur de Sá e Meneses, que fez a viagem em 1699, para avaliar as possibilidades da exploração do ouro. Foi após essa viagem que ficou decidida a abertura de um caminho oficial por onde pudesse ser transportado sob controle, o ouro extraído nas minas e fosse feito todo o suprimento das dezenas de arraiais e vilas que iam surgindo em torno da mineração. O Caminho Novo foi aberto por Garcia Rodrigues Paes e levava vinte ou trinta dias de viagem, um terço do tempo feito pelo Caminho Velho. Ele iniciava num porto do rio Pilar, que desagua no fundo da baía da Guanabara, subia a Serra do Mar na altura de Xerém, passava por Marcos da Costa, Paty do Alferes e Paraíba do Sul, onde havia um Registro para a fiscalização colonial, e seguia para as Minas Gerais, passando por Juiz de Fora e Barbacena. Ocorre que a subida do paredão da Serra do Mar, em Xerém, era muito íngreme, onde muitas vezes pessoas e mulas carregadas rolavam ribanceira abaixo. Depois de vinte anos de sofrimento, Bernardo Proença, um rico fazendeiro da região, se propôs abrir uma nova subida da Serra por antiga trilha de índios em sua fazenda. Aceita a proposta, Proença construiu o Porto da Estrela no fundo da baía da Guanabara, onde é hoje a Praia de Mauá, e que se tornou logo uma importante vila, depósito e escoamento de mercadorias. Esse porto, com sua capela em louvor de Nossa Senhora Estrela dos Mares, está hoje em ruínas, mas ainda pode ser visitado. Ele foi o início da variante do Caminho Novo, por onde os tropeiros subiam a Serra do Mar, atravessando a exuberante encosta da nossa Serra Velha. Chegando ao alto, a Variante de Proença seguia em direção à área onde hoje está situada a Estação de Transbordo Imperatriz Leopoldina, passando pela fazenda do Córrego Seco, onde, mais tarde, surgiria Petrópolis. Dali os tropeiros tomavam a atual rua Silva Jardim até o Quissamã. Para chegar a Corrêas, os viajantes percorriam um trecho que até hoje tem o nome de Estrada Mineira. Vinha depois Pedro do Rio, Secretário, Sebollas, até encontrar o Caminho Novo de Garcia Rodrigues Paes em Paraíba do Sul, prosseguindo, então, até a região das minas de ouro. Em Barbacena, também há hoje um bairro com o nome de Caminho Novo e uma rua Caminho Novo, sobre os antigos trechos da histórica trilha. Segundo o Registro de Paraíba do Sul, em 1824, a cada dia, indo e vindo, passavam em média pelo Caminho Novo 153 mulas dos tropeiros e 77 pessoas. Por ela também passaram os importantes viajantes-naturalistas dos anos 1800 como Spitz, von Martius, Saint Hilaire, Walsh, Freireys e muitos outros que, como o Barão de Langsdorff, queriam conhecer as riquezas do novo país para informar as possibilidades de exploração aos seus governos. Bernardo Proença recebeu pelo seu trabalho uma sesmaria no Alto da Serra, onde hoje está quase toda a cidade de Petrópolis. Outras sesmarias foram distribuídas ao longo do Caminho Novo e logo a região se desenvolveu muito. Se ele não tivesse aberto a Variante do Caminho Novo passando pelo Córrego Seco, todo o desenvolvimento da nossa região teria acontecido no eixo Xerém-Paty do Alferes-Miguel Pereira-Paraíba do Sul, que era o traçado original daquela via feita por Garcia Rodrigues Paes. Bernardo Proença recebe três homenagens em Petrópolis: um monumento próximo à Estação de Transbordo Imperatriz Leopoldina, o nome de uma rua no bairro do Itamarati e o de um conjunto habitacional em Corrêas. Garcia Rodrigues Paes é lembrado em um monumento em Paraíba do Sul. O Brasil, antes desses caminhos, não existia como unidade geopolítica e administrativa. Havia algumas feitorias explorando açúcar no litoral e outros núcleos urbanos na Bahia, Nordeste e São Paulo. Esses caminhos ligaram o interior ao litoral, promovendo uma unificação cultural e de esforços que resultou na ocupação e no desenvolvimento de uma vasta região onde se instalaram fazendas, ranchos, pousos e vendas. Data daí, também, o início da nossa atividade administrativa pública, organizada com o emprego de funcionários para controle da zona mineira, como fiscais, meirinhos, corregedores; a criação dos “Registros” ao longo dos caminhos; monetarização da economia, com a criação da Casa da Moeda, das Casas de Fundição e a formação, enfim, de uma classe média mais sólida, ao lado de outras como a dos mineradores, artesãos, administradores, comerciantes etc. A fazenda do Pe. Correia e D. Pedro I Antônio Tomás de Aquino Correia, filho de Manuel Correia da Silva, nasceu no Rio da Cidade em 1759, estudou na Universidade de Coimbra e foi ordenado em 1783, passando a ser conhecido como o Padre Correia. Transformou sua propriedade na mais progressiva fazenda da Variante do Caminho Novo, citada por todos os viajantes estrangeiros que por ali passaram quando o Brasil abriu seus portos ao comércio internacional. Em 1829, o viajante inglês Robert Walsh cita em seus diários que lá tomou um excelente suco de pêssego. Refere-se também a plantações de café, mostrando dessa forma a importância da fazenda. A casa grande da fazenda era enorme, com varanda na frente e muito bonita. Havia uma capela consagrada a Nossa Senhora do Amor Divino, cuja imagem está atualmente na igreja de Corrêas. Esse conjunto arquitetônico está preservado até hoje como um dos mais antigos e valiosos monumentos coloniais petropolitanos. O Padre Correia criava gado mais para corte do que para o aproveitamento de leite. Como o clima era propício, havia o cultivo de cravos, figos, jabuticabas, uvas, pêssegos, marmelos, milho, maçãs e outras frutas de origem européia. Mas a principal atividade do Padre Correia era cultivo de milho e a fabricação de ferraduras para atender à enorme demanda exigida pelas dezenas de tropas diárias que pernoitavam na Fazenda. Lá também existiam muitos escravos. O Padre Correia foi um dos grandes senhores de terra da região petropolitana. D. Pedro I esteve na fazenda em março de 1822 e retornou várias vezes, passando a ter grande admiração por aquele local. O Padre Correia faleceu em 1824, com 65 anos, de morte repentina, provavelmente problemas cardíacos, tendo Da. Arcângela Joaquina da Silva, sua irmã, herdado a fazenda. Desde a primeira vez que se hospedou na fazenda do padre Corrêa, D. Pedro I desejou adquirir terras na região para o tratamento da saúde de sua filha, Paula Mariana de 5 anos que sofria de problemas respiratórios e se sentiu bem melhor na primeira vez que se hospedou. A fazenda do Córrego Seco Dom Pedro I sentia a necessidade de construir um palácio fora do Rio de Janeiro, pois recebia muitas visitas da Europa não habituadas ao calor tropical. Construir um palácio na fazenda do Padre Correia seria muito oportuno pelo excelente clima da região, que agradaria aos visitantes estrangeiros. Incomodava também ao Imperador a existência de residências muito mais luxuosas que os seus palácios, todos eles muito simples. Um palácio de verão serra acima poderia ser mais qualificado para a sua condição imperial. Além disso, sua filha, a princesinha Da. Paula, que tinha sérios problemas de saúde, vindo a falecer prematuramente aos dez anos, passou um verão na Fazenda do Padre Correia e se sentiu muito bem, repetindo a estadia muitas vezes. Em 1828, D. Pedro I, agora com sua segunda esposa, D. Amélia, continuava a frequentar a fazenda com Da Paula. A comitiva imperial nunca tinha menos de cinquenta pessoas e Da. Amélia sentiu que visitas tão avantajadas estavam trazendo muitos problemas para Da. Arcângela, irmã e herdeira do padre. Pediu então a Dom Pedro que comprasse a Fazenda. O Imperador se entusiasmou com a idéia, mas Da. Arcângela, alegando questões familiares de herança, não concordou com a venda. Ela mesma, talvez querendo se ver livre das incômodas e freqüentes visitas reais, indicou a Dom Pedro I uma fazenda vizinha que estava à venda, a do Córrego Seco, pertencente ao Sargento-Mór José Vieira Afonso. Assim D. Pedro comprou o Córrego Seco por vinte contos de réis, preço considerado muito alto para o valor real da fazenda. A escritura de compra foi assinada em 1830. D. Pedro I ainda adquiriu outras propriedades no entorno, no Alto da Serra, em Quitandinha e no Retiro, ampliando a área de sua fazenda. Ele poderia afinal realizar seu sonho de 1822, construindo um Palácio de Verão. Como enfrentava dificuldades políticas na capital, desejando que reinasse paz entre a Nação e o Trono, passou a chamar o seu Córrego Seco de Fazenda da Concórdia, onde pretendia construir um palácio. Encarregou o arquiteto real Pedro José Pezerat e o engenheiro francês Pierre Taulois de um projeto que denominou Palácio da Concórdia, simbolizando a harmonia que tanto desejava entre a Nação e o ramo brasileiro da Casa dos Bragança. Mas a obra não foi realizada, pois no dia 07 de abril de 1831, o Imperador foi obrigado a abdicar para retornar a Portugal. O projeto do palácio e o orçamento da obra constam dos arquivos do Museu Imperial, infelizmente sem referência quanto ao local da obra. Fonte: https://www.petropolis.rj.gov.br/imc/index.php/petropolis/historia e https://soupetropolis.com/2019/03/16/14-fatos-sobre-a-fundacao-de-petropolis-que-talvez-voce-nao-saiba/
- A raposa e as uvas
E o que Bolsonaro tem a ver com isso Todos temos sonhos. O ser humano possui desde tenra idade (alguns mais, outros menos) objetivos que anseiam cumprir ao longo da vida, e isso é natural. A própria Bíblia diz que é Deus quem efetua em nós tanto o querer como o realizar (Filipenses 2.13), e ela também diz que o desejo cumprido é árvore de vida (Provérbios 13.12). Contudo, há aqueles que, quando não conseguem realizar seus objetivos, sempre procuram, terceirizar suas frustrações: “Não consigo por culpa de fulano, ciclano, beltrano, tetraclano, pentaclano...”. Até porque, desde Adão e Eva, o método mais fácil de se escapar é culpar a todos, menos ter humildade de reconhecer seus erros. A fábula da raposa e as uvas exemplifica isso: uma raposa deitou-se debaixo de uma parreira e viu uvas agradáveis aos olhos e tentou pegá-las. Tentou, tentou, porém sem sucesso. Após várias tentativas, a raposa vou queixar-se com o pássaro: “Eu pegaria as uvas se elas estivessem maduras. Eu me enganei no começo, mas quando me dei conta que ainda estavam verdes, deixei para lá. Uvas verdes não são um bom alimento para um paladar tão refinado como o meu.” E por que estou falando a respeito disso? Porque em eleições tão polarizadas é nítido que há a uva e existem as raposas, e que as raposas estão tão desesperadas que apresentam uma dissonância cognitiva gravíssima: assim como a personagem, emitem as desculpas mais esfarrapadas por não conseguirem alcançar o topo. O exemplo mais recente é das manifestações de 7 de Setembro: quantas não foram as raposas, ou melhor, os jornalistas, que fizeram de tudo para conter este evento? “Cuidado, os bolsonaristas estarão armados com AK-47, haverá snipers, tudo escapará do controle, não saiam às ruas!” Porém, nada disso aconteceu, pelo contrário: eu, que estive presente em Copacabana, pude constatar um povo ordeiro que apenas exigiu, pacificamente, sua liberdade. Famílias inteiras, crianças, idosos, pessoas de todas as classes sociais e cores, e até freiras! Todos uníssonos pelo fim das amarras impostas pela toga. E as raposas, o que fizeram: negaram a realidade! A comentarista da Globo News, Eliane Castanhede, como não pôde pegar as “uvas”, resolveu difamá-las, assim como a raposa da fábula. Na noite do dia 7, em rede nacional, ela disse: “Hoje é um dia triste. Bolsonaro colocou milhoes de pessoas na rua. Foi bom pra ele, foi péssimo para o Brasil.”. Miriam Leitão, outra “raposa”, comentou: “Uma apropriação indébita do 7 de Setembro. Foi um absurdo o que aconteceu hoje.”. Com mais de um milhão de pessoas nas ruas (se fizermos uma conta simples por metro quadrado, somando RJ, SP e Brasília), os jornais tiveram a insensatez de escrever a seguinte manchete: “Bolsonaro reúne 64 mil em Copacabana e 32 mil na Paulista”. E o Jornal Nacional, a maior das raposas, anunciou que o evento de Brasília houve apenas elogios ao governo e “comentários machistas”. Aliás, uma raposa bem peculiar chamada Folha de São Paiulo, ao invés de ressaltar a grandiosidade das manifestações, utilizou-se de uma brincadeira (que nem foi feita pelo presidente) para dizer que o presidente poderia ter “disfunção erétil”. Explico: um animador de rodeios conhecido como Cuiabano, amigo do presidente, disse que Bolsonaro é “imbrochável”, Oras, é óbvio que não se tratava do suposto desempenho sexual do presidente! Cuiabano denominou desta forma para explicar que, mesmo após tantas perseguições da mídia e problemas no governo que nunca faltam, Jair Bolsonaro tem se mostrado forte, aguerrido, erguido. Não há comentário machista ou coisa do gênero! Contudo, a Folha não teve vergonha alguma ao publicar o seguinte: “Problemas de ereção atingem 70% dos homens na idade de Bolsonaro”. Antigamente, as “raposas” da mídia eram ovacionadas, tratadas como semi-deuses, inerrantes, perfeitas e imaculadas; ninguém ousava discordar da velha imprensa, ainda que tivesse motivos para tal. E estas “raposas” deliciavam-se com as “uvas” neste tempo: o prestígio, os elogios, o dinheiro estatal que alimentava suas redações. Então, apareceu Jair Bolsonaro, trazendo a maior “uva”: a verdade. Tendo como lema o versículo de João 8.32 “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, ele passou a expor como de fato funciona a grande imprensa brasileira e, ao assumir a cadeira presidencial, deixou de alimentar a velha imprensa com dinheiro do contribuinte. E o resultado não seria diferente: choro e ranger de dentes. As “raposas” não conseguem ter a hombridade de reconhecer que, se a população já não os adula mais é por culpa de si mesmos; e assim como a personagem da fábula, culpam a falta de maturação das uvas; e como é difícil alcançar esta “uva” denominada verdade, as “raposas” acusam o “pássaro”, o povo, que tem as asas que o levam ao seu objetivo. O sonho das “raposas” a cada dia estará longe e seguirão frustrados se não olharem a si mesmos e reconhecerem: “Se não me delicio mais com esta uva, pedirei ao pássaro ajuda. Quem sabe assim, serei bem-sucedida.”
- Fundação de Petrópolis
Palácio Imperial, 1960 (hoje Museu Imperial) O palácio de verão era uma tradição das monarquias européias. A Casa de Bragança, em Portugal, veraneava no Paço Real e no Palácio da Pena, ambos em Sintra. No Brasil, desde de Dom João VI, a Família Imperial passava seus verões no Convento Jesuíta de Sta Cruz, no Rio de Janeiro, tentando, sem muito sucesso, se livrar do calor do clima de São Cristóvão. Dom Pedro II não tinha muita simpatia nem pelo Convento, nem pela Fazenda de Sta. Cruz. Em 1850, Dom Afonso, primeiro filho do Imperador, tinha dois anos e a Família Imperial estava desde o Natal em Sta Cruz, quando, sem motivo aparente, o menino apareceu morto no seu berço. O monarca ficou desolado e tomou horror pelo Convento, decidindo nunca mais ali voltar, passando a se interessar pelo projeto do seu mordomo. Ele conheceu a Serra da Estrela em 1844, quando esteve na Fábrica de Pólvora. Em 1845, esteve hospedado com a imperatriz na casa-grande do Córrego Seco, especialmente preparada desde outubro de 1843 para recebê-lo. Paulo Barbosa nasceu em Sabará, MG. Aos quatorze anos era cadete e, em 1810, foi promovido a alferes. Como capitão, foi transferido para o Imperial Corpo de Engenheiros. No ano de 1825, embarcou para a Europa em viagens de estudos. Com a queda de José Bonifácio, tutor do imperador, o coronel Paulo Barbosa da Silva passou a ser, por intermédio de uma nomeação, o Mordomo da Casa Imperial, função que ia desempenhar com grande desenvoltura. O mordomo Paulo Barbosa, com seu espírito liberal e ecumênico, era contra a escravidão e prestou relevantes serviços ao Império. A sua participação na fundação de Petrópolis foi decisiva quando mobilizou o seu companheiro de arma, o engenheiro Major Júlio Frederico Köeler. Além disso, foi Ministro Plenipotenciário na Rússia, na Alemanha, na Áustria e na França, onde, em 1851, foi demitido de sua função diplomática. Retornou ao Brasil a chamado de D. Pedro II, em 1854, novamente como Mordomo da Casa Imperial, falecendo em 1868. Júlio Frederico Köeler era germânico da Mogúncia, no vale do rio Reno, dominada na época pela França de Napoleão, com suas instituições que valorizavam o mérito e a riqueza em lugar das convenções e privilégios. Os hábitos e o refinamento franceses marcaram profundamente o temperamento do Mj Köeler e orientaram a sua atuação nos primeiros anos da fundação de Petrópolis. Ainda jovem, ingressou no Exército prussiano, chegando a alferes. Em 1828, foi contratado para servir no Exército Imperial, depois de prestar rigorosos exames perante a Academia Militar do Rio de Janeiro. Casou-se, em 1830, na catedral de Niterói, com D. Maria do Carmo Rebelo de Lamare. Afastado do Exército por questões políticas quando foram demitidos todos os oficiais estrangeiros não naturalizados, Köeler foi contratado como engenheiro civil na Província do Rio de Janeiro. Em 1831, já naturalizado cidadão brasileiro, retornou ao Exército e, nos doze anos seguintes, realizou importantes obras públicas na província, uma delas a construção da Estrada Normal da Estrela, que dava acesso a Petrópolis. Em 1843, arrendou a Fazenda Imperial e iniciou o seu trabalho na região. O plano urbanístico para Petrópolis era complexo porque a cidade deveria ser levantada entre montanhas, aproveitando o curso dos rios. Ele inverteu o antigo estilo colonial português de construir as casas com o fundo para os rios que eram utilizados apenas como esgoto, como na maioria das nossas cidades. Passou a aproveitar os cursos de água para traçar pelas suas margens as avenidas e as ruas que davam acesso aos bairros. Outro aspecto relevante no plano foi a preocupação com a preservação da natureza, determinada pelo seu código de posturas municipais. Köeler faleceu num trágico acidente durante um torneio de tiro ao alvo, na Chácara da Terra Santa, de sua propriedade. Sua curta administração frente à colônia de Petrópolis foi decisiva para o que foi realizado nos anos posteriores. O major Júlio Frederico Köeler, ao projetar Petrópolis, reservou um terreno para a construção de uma Igreja Católica, que anos depois se tornaria a Catedral São Pedro de Alcântara. Na primeira metade dos anos 1800, as consequências sociais e econômicas da Revolução Francesa e da Revolução Industrial resultaram numa difícil condição de vida para os povos de língua alemã. A população estava politicamente desiludida e havia discórdia por toda a parte. Ricos e pobres endividados, o desemprego era grande no Rhur, o coração do aço alemão, com muitos problemas nas minas de carvão. Salvo os que viviam da vinicultura, uma parte da população que, movida pela esperança de vida melhor, deixou tudo e partiu para as Américas. A maioria dos colonos que chegou a Petrópolis era natural de aldeias localizadas nos bispados de Treves e Mogúncia, na Renânia e Westphália, (Grão-Ducado de Hesse-Darmstadt e no Ducado de Nassau), região atualmente conhecida pelo nome de Hunsrück, localizada na confluência dos rios Reno e Mosel. Em 1837, aportou no Rio de Janeiro o navio Justine com 238 imigrantes alemães em viagem para a Austrália. Devido aos maus tratos sofridos a bordo, eles resolveram não seguir viagem, permanecendo no Rio de Janeiro. O Mj Koeler soube da ocorrência e se entendeu com a Sociedade Colonizadora do Rio de Janeiro para trazer os imigrantes para trabalhar na abertura da Estrada Normal da Estrela, pagando uma indenização ao capitão do navio. Assim, foi dada permissão aos colonos de desembarcarem no Rio de Janeiro. Estes, sob as ordens de Koeler, estiveram primeiramente trabalhando no Meio da Serra, depois foram para o Itamarati. A segunda leva de colonos foi planejada pelos presidentes da província João Caldas Viana e Aureliano Coutinho para trabalhar em obras na província, mas eles acabaram em Petrópolis, locando no terreno do plano urbanístico traçado por Koeler. Foram 600 casais de colonos alemães contratados em 1844, exigindo-se que fossem artífices e artesãos com experiência. Treze navios deixaram Dunquerque com 2.338 imigrantes, o primeiro deles chegando ao porto de Niterói em 13 de junho e o último em 7 de novembro de 1845, sendo os imigrantes alojados em barracões ao lado da igreja matriz. Acertados os trâmites legais, eles foram transferidos para o Arsenal de Guerra do Rio, onde se acha hoje instalado o Museu Histórico Nacional, ficando por lá alguns dias e, então, seguiram viagem pela baía da Guanabara e pelo rio Inhomirim até o Porto da Estrela. De lá, para o Córrego Seco, foram a pé ou a cavalo, com escalas na Fábrica de Pólvora e no Meio da Serra, onde existiam ranchos para os viajantes. Muitos dos colonos que deixaram Dunquerque não chegaram a Petrópolis em conseqüência do mau passadio a bordo e do surto de febres nos depósitos. Outros, especialmente crianças, não resistiram à penosa subida da serra e foram enterrados pelo caminho. O diplomata belga, Auguste Ponthoz, em seu livro “Avaliação sobre o Brasil”, afirma que 252 imigrantes morreram, sendo 56 nos portos ou na viagem para Petrópolis. Vieram muito mais alemães católicos do que protestantes. No dia 19 de outubro de 1845, na praça Koblenz, dia de São Pedro de Alcântara, num altar ornamentado com flores silvestres, o Padre Luís Gonçalves Dias Correia celebrou uma missa para os católicos e o pastor Frederico Ave-Lallemant professou um culto para os protestantes. O Presidente da Província, Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho, compareceu a essa solenidade, tendo feito um grande elogio ao trabalho dos colonos. Foram muitas as dificuldades iniciais. Logo que aqui chegaram, foi necessária a compra de 200 cabras para alimentar as crianças, já que suas mães não tinham leite, devido às agruras da viagem. Köeler planejou uma colônia agrícola em Petrópolis sem estudo prévio da geologia do terreno, o que resultou no fracasso do empreendimento. Os colonos abriram estradas, derrubaram matas para a construção de residências e semearam suas hortas para consumo e foram utilizados nas obras públicas, retificando os rios, drenando os lodaçais e construindo os prédios da povoação. Para tornar mais fácil a adaptação dos colonos alemães à nova terra, Koeler nomeou os quarteirões de Petrópolis com o nome de suas regiões de origem, como Mosela, Palatinato, Renânia, Nassau, Bingen, Ingelheim, Simeria, Castelânia, Westphalia. Ele também homenageou a Família Imperial em dois quarteirões, Vila Imperial e Vila Teresa. Em 1854, Otto Reimarus, que continuou o trabalho de Koeler, criou os quarteirões de Darmstadt, Woerstadt, Worms e outros. Também prestou homenagem às várias nacionalidades de imigrantes de Petrópolis, nomeando outros quarteirões: Quarteirão Francês, Quarteirão Suíço, Quarteirão Inglês e mais tarde o Quarteirão Italiano. Para os brasileiros que ajudaram a construr Petrópolis, dedicou o Quarteirão Brasileiro e o Quarteirão Mineiro. Hoje, os descendentes dos colonos estão por toda a cidade e seus nomes de família podem ser encontrados no Obelisco do centro da cidade, nos guias telefônicos e dão nomes a ruas e praças. O progresso dos colonos alemães dinamizou Petrópolis, contribuindo para o seu desenvolvimento. O seu trabalho e a sua lembrança fazem parte da cidade. A partir de 1960, a cidade não conseguiu os grandes investimentos de que necessitava para se modernizar e poder enfrentar a crescente concorrência comercial e industrial. Houve então a grande mudança de rumo na vida do petropolitano e da sua cidade, que se voltou cada vez mais para a sua tradição histórica, para a urbanização e arquitetura que ficaram de seu passado e para a beleza e preservação da sua natureza. A cada dia, novas mansões e palácios abriam suas portas para visitação. A Prefeitura de Petrópolis planejou e organizou o setor de turismo e cultura e uma extensa rede de facilidades foi sendo oferecida ao turista, como informações, eventos, pousadas e hotéis, restaurantes e outras atrações cheias de requinte e particularidades, capazes de atrair o interesse do visitante. Em 1979, um grupo de petropolitanos animados, corajosos e vibrantes com sua cidade se movimentou em torno de entidades preservacionistas como a APANDE e sensibilizou o presidente João Figueiredo, conseguindo que fosse assinado o Decreto 80, em 1981, impedindo demolições e construções que descaracterizavam o Centro Histórico. E ele atribuiu à cidade o título de CIDADE IMPERIAL. Com apenas cinco artigos no seu decreto, Figueiredo salvou o que restou da Petrópolis imperial. Nos anos seguintes, em conjunto com os moradores, a Câmara Municipal promulgou um bem elaborado código de posturas municipais que garantiu as tradições e os valores da cidade. Tanto no Império como na República, Petrópolis se desenvolveu, sempre estimulado pela presença de pessoas ilustres que amaram a cidade e aqui passaram boa parte de suas vidas. Muitos deles estão sepultados em Petrópolis e foram incorporados ao patrimônio cultural de nossa cidade. Especialmente a sua rica tradição ligada à Família Imperial brasileira, em particular a figura de D. Pedro II, passou a ser um valor significativo para a cidade e um forte apelo para turismo cultural de maior grandeza. A educação também é um expressivo valor petropolitano. Os alunos do nosso ensino fundamental público e privado sempre se destacaram nas avaliações oficiais. Também os estudantes do ensino superior, representados pela Universidade Católica de Petrópolis, Faculdade de Medicina de Petrópolis, Universidade Estácio de Sá e, desde 2015, pela primeira universidade pública do munícípio, com a instalação do campus da Universidade Federal Fluminente na cidade, entre outras, destacam-se na vida profissional. Para que esses valores histórico-culturais possam se transformar em riqueza para a cidade, estão sendo feitos grandes esforços pela iniciativa privada e pelo poder público, com ações diretas como investimentos na educação, na divulgação e, principalmente, na transformação da consciência dos que vivem em Petrópolis para que se sensibilizem com esses valores e recebam com toda atenção aqueles que vierem nos visitar. Outras cidades imperiais da América Latina são Ciudad Imperial, no sul do Chile, e a Vila Imperial de Potosi, na Bolívia, que foram as primeiras e receberam seus títulos concedidos por Carlos V. Dom Pedro I deu o título de Imperial à Cidade a São Paulo, à Vila Rica (Ouro Preto) e a Montivideo, querendo consolidar a presença militar brasileira na Banda Oriental do Rio da Prata em 1825. Os regentes de 1831 chamaram uma pequena vila de Goiás de Vila do Porto Imperial. Finalmente, Dom Pedro II preferiu denominar nossa vizinha como Imperial Cidade de Niterói em 1841. Todas essas concessões foram rigorosamente legais, concedidas por decretos oficiais. Petrópolis, porém, entre todas essas, é a única que nasceu sob o patrocínio e com a proteção de Dom Pedro II, em terras da Família Imperial. Até a sua morte, nosso Imperador nunca se desligou de sua cidade. Petrópolis é cidade imperial oficiosa, mas com todo o direito e o orgulho desse título de nobreza. Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania N.º 20 na pág. 23. Link para a versão em flipbook: https://heyzine.com/flip-book/ef7cb9a478.html
- Oikophilia e Oikophobia
Como funciona o amor e o ódio pelo lar "O brasileiro tem síndrome de vira-lata": certamente o leitor já ouviu esta expressão. Criada em 1950 por Nelson Rodrigues, a frase surgiu após a derrota da seleção brasileira na Copa do Mundo daquele ano. Contudo, ela se estende a outras áreas da vida do brasileiro: nunca se achou apto a ganhar nenhuma competição, deprecia a própria cultura, a economia, a inteligência e a moral do seu país. Se considera o resto do resto. A expressão que define este sentimento chama-se oikophobia, que deriva do grego: oikos (casa, lar) e phobos (medo). Dentro do contexto político, é a prática utilizada por determinadas ideologias (de esquerda) para o menosprezo da própria nação. O filósofo britânico Roger Scruton, em sua obra “England and the Need for Nations”, utilizou a oikophobia para significar repúdio ao lar. Ele argumenta que é "um estágio pelo qual a mente adolescente normalmente passa", mas que é uma característica de alguns, tipicamente esquerdistas, impulsos políticos e ideologias que defendem a xenofilia, ou seja, a preferência por culturas estrangeiras. Isso é nítido em nossa cultura: o cinema brasileiro, grandemente patrocinado pela Lei Rouanet, quase nunca aborda aspectos positivos de nosso país. Isso não quer dizer que não tenhamos problemas, pelo contrário; problemas transbordam, não apenas aqui, mas em todo lugar. Contudo, nossos cineastas abordam em demasia as dificuldades, com a desculpa de “fazer uma crítica”. Analisemos o longa “Medida provisória”. Com participação de Taís Araújo, Seu Jorge e Adriana Esteves, a sinopse relata que “em um futuro distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória, em uma iniciativa de reparação pelo passado escravocrata, provocando uma reação no Congresso Nacional, que aprova uma medida que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África na intenção de retornar a suas origens.”. Por mais que seja uma obra de ficção, qual sentimento um trabalho como este desperta? “Tá vendo, é isso que o governo quer fazer, o presidente é racista, querem enviar todos os negros de volta para a África...”. E isso faz alimentar ainda mais a síndrome de vira-lata. Outra questão que é tratada desta forma é a falta de conhecimento do povo brasileiro de sua própria história, que faz com que despreze personalidades, fatos e obras importantes de seu passado. Recentemente, Guilherme Terreri, nome civil da drag queen Rita Von Huty, em entrevista para o podcast “Embrulha sem Roteiro”, disse que o Hino Nacional é elitista e não foi feito para o brasileiro comum cantar, menosprezando a riqueza linguística da obra. Este é um claro exemplo de oikophobia. Porém, graças ao nascimento do movimento conservador no Brasil o desprezo deu lugar ao amor pelo lar, pela pátria: a chamada oikophilia. Scruton também utilizou esta expressão, que foi analisada por Robert George em artigo para o New York Times: “De fato, Roger [Scruton] foi o principal defensor filosófico do amor ao lar e ao próprio, o que ele chamou de ”oikofilia”. É claro que, como humanista e cristão, ele reconhecia deveres para com toda a humanidade – até mesmo deveres de amor (entendidos como sendo menos sobre sentir do que sobre querer): Todos são irmãos e irmãs sob a paternidade de Deus, que nos fez a todos em sua própria imagem. Mas Roger também sustentou que uma pessoa natural e corretamente tem um amor especial e deveres para com os membros de sua família, tradição de fé, comunidade local e região e concidadãos.” Percebam que Scruton, como conservador, entendia que não se pode valorizar o que há fora “do lar” sem antes prestar o devido respeito pelo que existe dentro. Como respeitar autoridades internacionais sem ter a devida reverência às próprias? Como admirar o patriotismo das nações irmãs e desprezar a pátria mãe? A Bíblia diz “ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.” (Levítico 19.18), logo, eu não posso demonstrar nada pelo meu próximo se eu mesmo não nutrir por mim mesmo. Os movimentos progressistas, com suas agendas em curso, esforçam-se para que a população, a nível mundial, despreze seus valores, a beleza, as tradições, ensinando a desdenhar seus antepassados e lançar no lixo tudo o que deu certo desde a Antiguidade. Contudo, é necessário exercermos a oikophilia, o amor pelo lar, a começar pela nossa casa, nossa família, nossa fé, valores e costumes. Muitas vezes pensamos que venceremos agendas progressias com grandes feitos, mas não; Nosso Senhor fala: “A que assemelhare-mos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos? É como um grão de mostarda, que, quando se semeia na terra, é a menor de todas as sementes que há na terra; mas, tendo sido semeado, cresce; e faz-se a maior de todas as hortaliças, e cria grandes ramos, de tal maneira que as aves do céu podem aninhar-se debaixo da sua sombra.” (Marcos 4:30-32). O grão de mostarda é a menor das sementes, e é a que mais cresce. Se grãos de mostarda forem plantados por nós nos corações dos nossos filhos e netos, veremos árvores frondosas e que fornecem sombra, refúgio, aos demais. São as pequenas ações de oikophilia que farão a diferença.











