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Tirania em vertigem

Tirania em vertigem

Aos vinte e seis dias do mês de julho de mil setecentos e noventa e quatro, Maximilien Robespierre, em seu discurso, falou sobre a existência de inimigos internos e conspiradores dentro dos comitês governamentais, sem, contudo, nomeá-los. O tirânico líder revolucionário, em que pese a redundância, haja vista que líderes revolucionários sempre são tiranos, ao afirmar que acreditava existirem inimigos internos e conspiradores, provavelmente, buscava, por meio de ameaça, exigir a lealdade dos membros da revolução, entretanto, o recado passado para os políticos na ocasião era que qualquer um poderia ser considerado um traidor e executado.

A fama de tirano conquistada por Robespierre era tamanha que ninguém ousaria ficar em seu caminho e suas ameaças, ainda que vagas, deveriam ser consideradas como um perigo real, pois havia meios para que ele pudesse pô-las em prática. A reação, por óbvio foi de pânico e, em um movimento natural de reação, foi ordenada a prisão e execução de Robespierre.

O tirânico líder da Revolução Francesa não adotou tal postura ao acaso, pois a prática, já comum, dos expurgos, na qual os líderes revolucionários exterminam, prendem ou ostracizam aqueles que consideram traidores, suspeitos ou que perderam a utilidade para a revolução, era adotada por Robespierre, todavia, sentido seu desgaste político, o tirano precisava recuar ou intimidar ainda mais os insatisfeitos, de forma que, poderia arrefecer sua postura despótica ou se tornar ainda mais maligno e ameaçar todos que ousassem o desapontar.

Na verdade, o tirano Maximilien Robespierre se via acuado, mas sua soberba, somada à falsa percepção da realidade e o temor da responsabilização por seus atos, o fizeram aumentar a agressividade como único meio de se manter no poder.

Se, por um lado, o arrogante revolucionário francês se colocava como uma criatura iluminada e, portanto, acima dos homens comuns, o quê o impedia de reconhecer suas falhas, por outro prisma, a loucura o consumiu ao ponto de se confundir com aquilo que falsamente pregava, logo, o tirano se via como única forma de democracia possível, como único líder digno de ocupar a posição de senhor sobre outros, renegando que outrem poderia ser melhor ou mais desejado pelo povo.

Sim, caro leitor, o título é uma flagrante ironia àqueles que se julgam bastiões da democracia quando, na verdade, sequer anseiam por uma, usando apenas uma faixada para iludir suas presas e, quando ascenderem ao poder, tornarem-se tiranos dispostos a suprimir o poder do povo, ainda que, para isso, tratem o verdadeiro titular do poder em uma democracia como um amontoado de pequenos tiranos.

O mesmo grupo político que admira todo o tipo de ditadura teve a coragem de produzir, com apoio de uma grade empresa de stream americana, um folhetim político fantasiado de documentário no qual a principal mensagem era que a democracia dependia da hegemonia da esquerda, ou seja, a maior ameaça à democracia era a existência de uma oposição e do crescimento dela. Tamanha era dissonância presente na propaganda autointitulada de documentário, que ela apontava que o sistema democrático estava em risco em razão da ascensão da direita e, por conseguinte, a polarização, o quê nada mais é que a verdadeira democracia.

Ao condicionar a democracia à hegemonia do espectro da esquerda, resta evidente que não se tratava da defesa de um regime democrático, mas de um rótulo usado para confundir os incautos e reagir ao surgimento de uma verdadeira democracia no Brasil. O termo falsamente empregado pela esquerda revolucionaria era, tão somente, um verniz para encobrir sua tirania, de maneira que, a reação, que alegava ser a ascensão da direita uma ameaça à democracia, era nada além de um discurso dos tiranos que percebiam a aproximação de sua queda. Como Robespierre, a esquerda queria se colocar como única forma justa de governo e se atribuiu o título de detentora do monopólio da democracia.

Parece insignificante, e deveria ser, pois cada um deveria ser livre para produzir a obra de ficção que sua mente o permitir construir, mas quando os líderes revolucionários parecem acreditar, ou, ao menos, alimentam seus discursos doentios com premissas falsas que parecem tiradas de um filme de ficção ou de um manicômio.

Não por acaso, algumas das mais cruéis ditaduras insistem em se autodenominar como democracias, como a República Popular Democrática da Coreia, em que só o último nome é verdadeiro, ou a extinta República Democrática da Alemanha, que era conhecida também como Alemanha Oriental, além de outros tantos que insistem em usar um rotulo tão descaradamente falso.

Assim como Maximilien Robespierre, um tirano que se percebe exposto e encurralado tenderá a se tornar ainda mais agressivo, posto que, lutando para se manter no poder, precisará intimidar todos que considera como ameaça a sua tirania a qual intitulará como democracia para se revestir de um valor o qual, na verdade, não possui.

Ao final, o brado de um tirano à beira do abismo é nada além de um grito de desespero por estar encurralado e temendo enfrentar as consequências de seus atos, como um criminoso que, cercado pela polícia, reage como uma fera acuada por não saber se a melhor opção é o cárcere ou a morte. Há déspotas, como Adolf Hitler ou Getúlio Vargas, que preferem a morte ao julgamento, entretanto, não há dúvidas que o sonho de um tirano é morrer como Joseph Stalin ou Fidel Castro, impunes em relação aos crimes que cometeram.

Quando o mal se vê desnudo, não podendo negar sua verdadeira natureza, sua tendência é ameaçar para manter seu domínio, um bom exemplo é o do ditador narcossocialista venezuelano Maduro, que, exposto com líder do chamado Cartel dos Sóis, uma organização criminosa assim batizada em razão dos símbolos que o oficialato daquele país ostenta, passou a ameaçar os Estados Unidos da América, responsável por tal exposição, uma vez que o atual Chefe de Estado americano não se olvidou a enfrentá-lo.

O narcoditador venezuelano, acuado pela postura dos Estados Unidos da América que decidiu combater o narcossocialismo latino-americano de forma aberta, chegou a desafiar a nação que conta com o maior aparato militar do planeta a atacá-lo no Palácio Miraflores, local que deveria ser sede do Governo Venezuelano e que se encontra encampado há muito pelo Cartel dos Sóis.

Na prática, os Estados Unidos da América, ainda sob o governo do Partido Democrata, não reconheceu a eleição de Maduro, considerando que houve uma farsa para dar verniz de legitimidade ao governo estabelecido pela força do Cartel dos Sóis, o Brasil e outros países também se negaram a reconhecer as fraudulentas eleições venezuelanas, ou seja, a ação incisiva do Presidente Donald Trump contra a organização criminosa deveria ter respaldo internacional, seja pela ausência de legitimidade do regime imposto pelo cartel narcossocialista na Venezuela ou pela própria natureza do Cartel dos Sóis.

Se, por um lado, o regime venezuelano advém de um golpe de Estado que se prolonga desde Hugo Chavez, por outro prisma, é correto dizer que a organização criminosa que assumiu o controle, pela força, da Venezuela atenta contra o povo daquele país, que é sua vítima, e todas as demais nações que venha a ser inundadas por seus entorpecentes e seus agentes. No caso dos EUA o Trem de Aragua, que conta com o apoio, talvez fraterno do Cartel dos Sóis, é uma ameaça direta.

O regime chavista não se dissocia do Cartel dos Sóis, mas em verdade, a esquerda latino-americana parece ter uma aproximação mais que natural com o narcotráfico, como tratado nos artigos intitulados O braço armado da revolução e A guerrilha, algo que o Governo dos Estados Unidos da América parece ter percebido e assumido o compromisso de investigar, expor e combater.

O próprio Foro de São Paulo, que no passado escondia sua existência, poderia ser associado aos cartéis de drogas que assolam as Américas, uma vez que, as FARC, organização de narcoguerrilha socialista que passou a ocupar espaço na política colombiana, chegou a participar dos encontros de tal grupo. Se, por algum motivo, os Estados Unidos da América investigar e provar alguma ligação real entre o Foro de São Paulo e os cartéis de drogas que tomaram quase tudo ao sul de suas fronteiras, hipótese na qual estaremos diante de uma verdadeira epifania geopolítica na qual a esquerda, se realmente tais laços existirem, precisará se revelar ou abandonar seu braço armado.

Ainda no campo da suposição, se parte da esquerda latino-americana, em quem sabe até da norte-americana, se associou ao narcotráfico não apenas no imaginário ideológico, mas no plano real, como supostamente o regime chavista o fez, seria correto presumir que o Foro de São Paulo pode ser, uma vez somadas suas ramificações políticas, sindicais, narcoguerrilheiras e outros movimentos, a maior organização criminosa do planeta e a preocupação do atual Chefe de Estado americano faria todo sentido.

Uma das medidas adotada pelo Governo Trump foi a inclusão de organizações narcoguerrilheiras como grupos terroristas, entre as quais, o Cartel dos Sóis, o Cartel de Sinaloa, o Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho, movimento que não foi acolhido pelo Governo do Brasil, bem como, pelo regime venezuelano. O Paraguai, em ato recente, reconheceu o Cartel dos Sóis como organização terrorista, se somando ao esforço de combater e, se possível, erradicar o grupo em seu território.

As ameaças de Nicólas Maduro são gritos de uma fera acuada, lutando para não assumir as consequências de suas nefastas ações, que diz ser capaz de lutar contra o imperialismo americano e defender a soberania, não do povo venezuelano, mas a sua própria. O tirano se encastela e tenta colocar no caminho dos Estados Unidos o castigado povo daquele país, para que sirva de escudo como o Hamas faz com os palestinos e os traficantes com os moradores das favelas do Brasil.

Restará ao ditador venezuelano implorar por ajuda e se autoproclamar o defensor da democracia daquela nação, quando, na verdade, ele e seu predecessor foram os algozes do povo e da liberdade na Venezuela. De nada adianta avocar o título de bastião da democracia quando se é um violador de direitos, um tirano em estado de flagrante, senão para intimidar os que o cercam.

Associar-se ao regime chavista tornou-se uma postura repulsiva que atrai, não apenas a ojeriza daqueles que anseiam a liberdade, mas os canhões da maior potência livre do mundo. Ao estender a mão a Nicólas Maduro, o Presidente da Colômbia, por exemplo, adota a postura esperada de alguém que está ligado à ditadura narcossocialista venezuelana, dando maior robustez a uma suspeita no que tange à atuação do Foro de São Paulo junto à narcoguerrilha, quem sabe como centro nervoso.

A Presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, Caryslia Beatriz Rodrigues, alvo de sanções dos Estados Unidos da América e da União Europeia por fazer parte do regime narcossocialista do Cartel dos Sóis que tomou o poder naquele país, sendo a face que ocupou o Poder Judiciário, adotou um discurso em defesa da soberania e das instituições que, na verdade, se propõe a defender tão somente o ditador de quem ela é aliada.

O Judiciário partidário não parece novidade, mas tudo indica que na parte do continente americano ao sul do trópico de câncer, a situação fica ainda mais evidente, rachando o verniz de democracia e expondo que as ditaduras socialistas, consolidadas ou não, se mantém no poder com uma ajudinha de um poder que abriu mão de sua sagrada imparcialidade para se tornar um agente da mudança, sendo que alguns de seus membros ainda se orgulham de tal distorção.

Na América Latina, em que membros e aliados do governo adentram sem quaisquer óbices ou constrangimentos em regiões sob o domínio das mesmas organizações que se recusam a tratar como terroristas, os brados em defesa de uma democracia sem liberdade e da soberania de poucos iluminados sobre um povo que intitulam como pequenos tiranos, nada mais são que demonstrações de desespero diante das consequências de seus atos.

Assim como Solano Lopez armou adolescentes para não perder o poder, Nicólas Maduro não se furtará em colocar os mais frágeis em sua linha de frente para que morram, não por seu país, mas pelo cartel que os escravizou. Usando, deliberadamente, o povo que tanto maltratara como escudo para, a exemplo do Hamas, acusar os Estados Unidos da América de um massacre contra inocentes. Talvez algumas autoridades também prefiram destruir todo um sistema bancário, usando o próprio povo como escudo, para não enfrentarem sanções impostas por seus desvios, mas só o futuro responderá qual o limite do poder de tais tiranos.

Ao perceberem que seus castelos estão prestes a desabar, os tiranos lutarão para permanecer no poder e ameaçarão atacar os dissidentes e qualquer um que não lhes jurem obediência, mas ao final, como Robespierre, os déspotas encontrarão seu trágico fim.

Que Deus proteja o povo venezuelano e guie as forças americanas para que o Cartel dos Sóis, e, se for o caso, o Foro de São Paulo, seja destruído e todo o continente americano possa se ver livre do narcossocialismo, bem como, nos permita conservar a liberdade, a moral e a fé para reconstruirmos as nações ao sul do trópico de câncer.


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Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 57 edição de Agosto de 2025 – ISSN 2764-3867


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