Rastros de sangue
- Leandro Costa

- há 4 dias
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No ano de 71 a.C, Marco Licínio Crasso, encarregado de dissolver a revolta dos escravos que, sob o comando de Espartáco, devastavam o sul da Itália, decidiu encurralar os revoltosos em Brútio, entretanto, o Tenente Múmio, em uma ação impetuosa, decidiu avançar com suas legiões face aos escravos, o que acabou custando uma derrota e a debandada dos legionários.
Crasso conseguiu derrotar os homens de Espartáco em uma investida posterior, entretanto, a derrota causada por Múmio custaria muito às legiões romanas, posto que, para manter a disciplina, Crasso ordenou que fosse imposto o castigo da dizimação, decimatio em latim, uma sanção que importava na execução, por espancamento, de um a cada dez homens das legiões, que deveria ser posta em prática pelos nove décimos sobreviventes.
A dizimação era uma punição grave que visava manter o controle da tropa através de um castigo que eliminava parte dele e exigia que a outra, sobrevivente, fosse responsável por executar seus pares, de maneira que, aos que não sofressem a sanção, restava a lição para não mais incidirem na falta.
No contexto das legiões romanas, tendo em mente que aquelas tropas se prestavam à defesa do Império, a punição capital não era uma exceção, posto que, mesmo nos dias atuais, ações como traição e deserção, em período de guerra são passíveis de punições que custem as vidas dos transgressores.
Os crimes gravíssimos, por vezes, também podem ser motivadores para a aplicação de pena capital, mas tal regra, cada vez mais rara, se volta às infrações cuja natureza é tão abjeta que podemos chamar de hediondos. No ocidente, os casos de pena de morte, já abolidas na maior parte dos países, se focam em crimes como homicídios, latrocínios, estupros e outros tantos, entretanto, a mente doentia dos revolucionários que, em sua máxima de que tudo é relativo e a que a revolução edificará um paraíso utópico, entende que, não há infração mais grave que se opor a sua loucura.
Incapazes de se reconhecer como loucos déspotas degenerados, os revolucionários assumem, como todo desequilibrado faminto pelo poder, que qualquer um que se oponha a sua intenta deve ser destruído, em especial, se tal embate se der no campo das ideias, pois, tal arena é justamente aquela que suas narrativas são expostas, questionadas e destruídas.
A revolução, que alega resolver artificialmente todos os dilemas da humanidade, obviamente se sustenta em mentiras, prometendo o chamado terreno no horizonte, um lugar perfeito e acessível, mas que nunca será alcançado, por tanto, criará inúmeras narrativas para que seus seguidores, movidos pela ganância, por medo ou pelo sentimento de pertencimento, continuem servido aos seus mestres.
Regimes totalitários como o socialismo, o nazismo e o fascismo, bem como, a promessa de uma sociedade sem regras como o anarquismo, sustentam-se sobre os pilares da mentira, da corrupção e do medo, posto que, mentem para os incautos, corrompem os vazios e intimidam os que, por algum motivo, não possam reagir. Portanto, o emprego de violência estará sempre nos planos dos revolucionários.
O maior exemplo histórico é a Revolução Francesa, que prometia libertar o povo de um monarca egoísta e permitir que os mais humildes tivessem participação nas decisões, que chamavam de democracia, no entanto, tão logo os revolucionários assumiram o poder, sendo figuras intelectuais e tomadas por ideias iluministas, que os faziam acreditarem-se salvadores da humanidade, ou melhor, da História com ou sem a humanidade, seus líderes se provaram déspotas cruéis que fizeram do regime removido do palácio de Versalhes algo saudoso para aqueles que não comungavam da loucura que conduziu a Revolução.
A liberdade conquistada no âmbito da Revolução Francesa foi a de concordar com os líderes ou descansar o pescoço em uma obra da engenharia que marcou a época chamada guilhotina. Até hoje, s revolucionários sonham com a oportunidade de apedrejarem, guilhotinarem ou fuzilarem aqueles que não assumam sua visão doentia de mundo como única forma de progresso e, portanto, existência universal.
A mente daqueles que defendem regimes idealizados, que apontam existir uma fórmula capaz de solucionar todos os males do mundo, assume que adotada a sua ideologia, tudo se resolverá, entretanto, tal pensamento só ocorre nas camadas mais baixas de tais grupos, posto que, no centro nervoso, a Torre de Marfim, existe a noção de que a promessa de mundo ideal é tão somente um ardiloso argumento para conduzir os tolos, ao passo que se assume o poder. Alcançada a posição de domínio, os líderes revolucionários não abdicarão de sua condição e, cada vez mais, esmagaram tão quantos forem necessários para, no topo, se manterem.
A frase que melhor define os artífices da revolução é a máxima de que “o sonho do oprimido é se tornar o opressor”, logo, uma vez que tenham o poder que outrora invejaram, tornar-se-ão ainda mais cruéis que aqueles que diziam enfrentar, portanto, podemos até admitir que a monarquia francesa que ofereceu brioches quando faltou pão, pode ter sido um regime autoritário, indiferente ou mesmo tirano, mas não chega perto das atrocidades promovidas pelos revolucionários que a sucedera.
Os revolucionários, em especial aqueles que pregam ideias coletivistas, se agrupam em hordas violentas sob o comando de figuras desprovidas de moral, para tratar de tais bandos ferozes, nos despedimos dos anarquistas em geral, haja vista que sua violência embora também seja animalesca, visa destruir aqueles que tentem impor-lhes regras, mas, no geral, trata-se de uma turba acéfala sem uma liderança. O grande risco das debandadas anarquistas, como recentemente ocorrera no Nepal, é que tais levantes podem ter dois efeitos perigosos.
Um levante anarquista pode ser tomado pelo caos não direcionado, tendo um desfecho em que a destruição consumirá a todos, ou, poderá dar lugar a um líder ou grupo de líderes que assumam o controle da situação, tendo como resultado final uma situação randômica, pois dependerá da índole daqueles que forem alçados ao poder, podendo surgir uma figura que ascendera com a intenção de trazer luz ao momento de trevas, bem como, uma nefasta criatura que se aproveitou do cenário para galgar ao poder e nele assumir a postura despótica que escondia em seu âmago.
A incerteza do momento atual nepalês nos leva a esperar os próximos passos daquele povo em direção ao futuro, tendo em mente que, embora a queda de um regime socialista seja sempre algo que devemos comemorar, não há como negar que a incerteza pode dar lugar a outro regime totalitário, mesmo porque, socialista costumam se desmembrar em diversos grupos para que um se torne a alternativa ao outro. O chamado teatro de tesouras nada mais é que uma experiência multifacetada dos socialistas, que, divididos em diversas bandeiras, fingem oporem-se uns aos outros para que, em meio ao inevitável fracasso do regime, ocorra a substituição pela outra vertente do mesmo espectro ideológico.
A título de ilustração, queda no regime nazista, para os que viviam a leste de Berlim, não trouxe um futuro de liberdade e justiça, mas um regime subordinado a Moscou que se assemelhava, em muito, ao que lhe dera lugar, de tal forma que, a temida Gestapo deu lugar à Stasi, não havendo considerável mudança no que tange a suas práticas de violações em relação ao cidadão alemão.
Não se pode olvidar que a queda de um regime despótico pode dar lugar a outros tiranos, entretanto, os líderes revolucionários sempre estarão à espreita aguardando a oportunidade para se colocarem como salvadores, assumindo o papel de promotores da vontade daqueles que derrubaram o regime.
Por outro lado, quando são os próprios revolucionários que chegam ao poder, no geral, as cadeiras já estão marcadas mesmo antes de uma coroação formal, logo, cada um dos senhores da revolução já sabe qual serão o seu quinhão quando chegarem ao poder, exceto por aqueles que foram usados, que não terão a recompensa almejada, ou aqueles que possam reivindicar mais do quê aquilo que lhes fora prometido, uma vez que, tornar-se-ão ameaçadores aos seus antigos correligionários.
O maior exemplo de líder revolucionário que teve sua parte no poder negada foi, sem dúvida, Leon Trotsky, tendo em vista que, a sua presença nos círculos de poder em Moscou ameaçava diretamente a autoridade de Joseph Stalin, em razão de parte dos Bolcheviques acreditarem ser o primeiro o legítimo herdeiro de Vladimir Lênin no comando do partido e, por conseguinte, da União Soviética. Tal situação acabou por determinar o destino de Trotsky, que acabou sendo expulso do país em 1929, e assassinado em 20 de agosto de 1940, por Ramón Mercader, agente soviético, na capital do México.
A União Soviética também contava com os documentos que ficaram conhecidos com “A lista de Stalin”, nos quais, nomes de supostos traidores ou opositores do regime eram inseridos para que tais figuras fossem perseguidas e enviadas para campos de prisioneiros, o sistema Gulag, ou execuções. Notadamente, o destino cruel não era reservado apenas aos opositores do regime, mas também aos seus apoiadores ou aqueles que permaneceram isentos que, por algum motivo, foram considerados traidores ou meros obstáculos para o regime stalinista.
Na Ucrânia, país integrante da União Soviética no qual a maior parte dos habitantes era contrária à política comunista de Moscou, especialmente pela expropriação de suas terras e os frutos dela, Joseph Stalin promoveu uma política de morte pela fome, conhecida como Holodomor, que foi acobertada pelo regime até seus últimos dias, sendo negada até hoje pelos defensores do socialismo. O Holodomor deveria ser motivo mais que suficiente para que todo o mundo desprezasse o socialismo, não sendo razoável que um indivíduo que conheça tal capítulo abominável da história da humanidade ainda insista em defender tal regime, assim como o Holocausto é a maior evidência do mal que foi o regime nazista.
O assassinato daqueles que se levantam contra o regime totalitário tornou-se a regra nos movimentos revolucionários, haja vista que, o relativismo moral de seus líderes e seguidores, os permite promover a distorção da noção de certo e errado, afastando a ideia de bem e mal, logo, um revolucionário, independentemente, da posição que ocupa na esfera de poder e influência de determinado movimento, assumirá que os fins justificam os meios e estão dispostos a cometerem atrocidades se está for em defesa da revolução.
Não existe resquício de moralidade em alguém que promove a mutilação de crianças em prol de uma ideologia de gênero ou o assassinato indiscriminado de seres humanos em fase intrauterina, com o agravante que seja a própria mãe coautora de tamanha atrocidade. Não haveria maior vitória para o mal que matar um inocente e, ao mesmo tempo, corromper a alma da mãe dele, ao fazer com que ela seja tão vil que atente contra a vida daquele que deveria defender com todas as forças.
Recentemente, após um alerta do atual Chefe de Estado americano, Donald Trump, acerca de possível risco de crianças nascerem com autismo devido ao uso de um determinado medicamento durante a gestação, diversas mulheres adeptas do espectro da esquerda se lançaram em um movimento em que se filmavam grávidas e consumindo a fármaco mencionado pelo presidente daquele país. O espantoso é que tais mulheres faziam uso do medicamento sem precisarem e ignoravam que há estudos apontando para tal risco, de maneira que, mesmo sem qualquer necessidade, colocaram a saúde de seus filhos em risco para demonstrar repúdio a Donald Trump, deixando evidente que estão dispostas a arriscarem aquilo que deveriam considerar como mais precisos em nome de sua nefasta agenda.
Procurar empatia em um indivíduo capaz de dar cabo de seu filho inocente e indefeso para que a ideologia que já matou milhões avance sobre o mundo é como procurar uma agulha no palheiro, portanto, não há como tentar sensibilizar quem assume que seus opositores deveriam ser levados a um bom paredão para receberem uma boa bala e uma boa cova, pois tais criaturas já abdicaram de valores morais e se alimentam de sua própria ganância, inveja e soberba, acreditando que seus vícios se tornam virtudes quando estão a serviço da revolução.
A crueldade passa a ser um fator de orgulho para aqueles que se acreditam promotores de uma revolução que libertará a humanidade de seus tabus, ignorando que as tradições decorrem da natureza humana e das sociedades que dela se desdobram. Tal quais os revolucionários de outrora tentavam justificar suas atrocidades em nome de uma utopia, as hordas atuais que ocupam o espectro da esquerda, tentam anular todo aquele que se coloque como obstáculo a sua escalada ao poder, estando dispostos a derramar sangue até de crianças para conquistarem seus propósitos nefastos, porque, para eles, os fins justificam os meios e como não há bem ou mal, tudo é relativo e que se opõe a loucura que pregam apesar de ter sido comprovada sua podridão em todo lugar que o coletivismo fora implantado.
Não foi obra do acaso que os seres mais abjetos do mundo ocidental saíram de suas valas imundas para comemorar o assassinato covarde de Charlie Kirk, uma vez que, o ativista conservador americano promovia debates que exigiam reflexão a respeito de políticas e conceitos que dominam o pensamento revolucionário, expondo as mentiras e distorções contidas nas narrativas e ideais da esquerda, algo que fez dele um obstáculo ao avanço das hordas virulentas e, por tal motivo, um alvo do ódio bestial dos revolucionários.
Charlie Kirk ameaçava a esquerda com uma arma que ela é incapaz de combater, a verdade, por isso, precisava ser violentamente extirpado do debate, pois, sua presença deteriorava as bases da esquerda e, cada vez mais, levava, principalmente, os jovens e alguns adultos a perceberem que a ilusão encobria uma realidade na qual a revolução socialista é um câncer que destruirá cada um que ouse se levantar contra ela, seja por sua oposição, como fizeram com o próprio Charlie Kirk, por sua omissão e, no caso dos apoiadores, por perderem a utilidade ou se tronarem ameaças aos senhores que assistem a tudo das sacadas de suas torres de marfim.
As mortes de Charlie Kirk e de Miguel Uribe, além de atentados contra Jair Bolsonaro e Donald Trump, apontam que os autointitulados defensores da democracia e antifascista, são os verdadeiros empecilhos à democracia real, pois defendem a política do partido único ou das bandeiras irmãs, hipóteses em que só a esquerda pode governar, sendo dona do poder, mesmo que isso custe a eliminação daqueles que pensam diferente.
A revolução socialista é assassina, do útero aos campos de trabalho forçado, não se permitirá confrontar, mas cairá podre porque sua essência é artificialmente idealizada, não havendo relação com a natureza humana. Será necessário que cada um guarde força e sabedoria para os tempos vindouros e que os mártires não sejam esquecidos pelos que restarem de pé quando finalmente tombarem as hordas daqueles que há tempos espalham rastros de sangue inocente.
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Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 58 edição de Setembro de 2025 – ISSN 2764-3867





















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