A Grande Torre de Marfim
Antes de tudo, é preciso falar sobre um país autoritário de grandes dimensões situado no outro lado do mundo, cuja costa leste é banhada pelo oceano pacífico. Claro que o leitor pensou na China, ledo engano, posto que, tais características também se aplicam a Austrália.
A terra dos cangurus parece ter sido tomada por uma espécie de pânico que beira à demência, além de confinar os recém-chegados, adota postura extremista, como a que se traduz no diálogo entre uma cativa e um agente do governo em um dos campos de isolamento, “A mulher afirma que as regras não fazem sentido e o funcionário responde que elas não precisam fazer sentido, já que todos os locais precisam ter regras e aquelas são as de lá”.
Em ralação ao tenista número um do rank, Novak Djokovic, o governo local não se limitou ao autoritarismo, mas, com requintes de perversidade, demonstrou-se menos confiável que criminosos. Autorizando a participação do referido atleta em um torneio mesmo ante a recusa de vacinar-se para, depois do desembarque, o sequestrar com o fim de constranger-lhe à submeter-se ao experimento.
Na verdade, o atleta foi feito refém com o fim doentio de que dobrasse ao desejo dos senhores daquele país e uma horda de pessoas movidas pelo pânico e pelo sentimento de aceitação. Por sorte, o atleta manteve-se firme e a Justiça daquele país parece não ter sucumbido totalmente à loucura.
Mais presos que o tenista sérvio estão aqueles que aplaudiram a postura totalitária do governo australiano ou lamentaram a decisão de um magistrado lúcido daquele país. Estão aprisionados em uma cela que não pode ser aberta tão facilmente.
Trata-se de uma prisão muito mais cruel que qualquer construção, pois, captura a consciência não o corpo, mantém o indivíduo acorrentado em seus pares, juntando-o e colando-o como se fosse um tijolo em um muro. Sim, como naquela música na qual uma banda de rock inglesa questiona a lavagem cerebral de alunos, embora tal grupo contava com um membro que é a tradução da hipocrisia, o mesmo teve seu pai morto na Segunda Grande Guerra por um regime totalitário e atualmente faz coro, ou vista grossa, para quem governa o povo através da força e da desinformação. Mas isso é uma longa história.
Voltando aos aprisionados que dispensam grilhões, na verdade possuem os mesmos em suas mentes, há quem defenda qualquer tirania por pavor ou por aceitação, tudo de forma inconsciente, entretanto, se libertar de tal prisão torna-se uma tarefa hercúlia, haja vista, a natural tendência do indivíduo em negar sua cegueira ou temer o ostracismo.
A relativização da verdade é a isca fatal que leva a consciência individual para as masmorras, deixando se levar em rebanhos, pois é mais confortável caminhar no escuro acompanhado, ainda que todos estejam rumando para o Labirinto de Creta.
Negar que há uma só verdade, ainda que, possam existir diversas formas de interpretá-la, é assumir que a realidade pode ser modelada conforme a vontade de uma autoridade, de uma elite intelectual, permitido crer que a grama é azul mesmo que veja-a como verde, assumindo que o sol seja fonte de frio, em que pese possa sentir o calor. Contradizer o obvio ou simplesmente assumir que a verdade deve se curvar para que o indivíduo não seja uma peça destoante de um sistema e, por isso, extirpada do todo. A chamada sensação de pertencimento.
Deveria ser algo óbvio que a verdade é uma só, independente de quantas visões se tenha dela, todavia, é importante constatar que não há um senhor da verdade. Tais afirmações podem parecer, mas não são paradoxais, simplesmente pelo fato da primeira não afastar a segunda.
Que a verdade é uma, não há como rechaçar, toda verdade é sim absoluta, entremente, afirmar que não existe o chamado dono da verdade tem como sustentação dois pontos. Em primeiro lugar, não há como ser dono da verdade se ela não se dobra à vontade de quem quer que seja, não sendo modelada pelo querer do indivíduo, logo, se alguém nasce mulher, mulher é. Por mais que isso lhe contrarie, é um fato e não pode ser retocado ou alterado.
Em um segundo momento, dando outra interpretação, não se pode concordar que um ponto de vista seja a verdade, portanto, não há como alguém possa excluir de pronto uma visão diversa da sua, assumindo que sua janela para o mundo é o único ângulo que pode-se considerar o correto.
Conclui-se que a verdade não atende aos anseios humanos e não se pode calar forçosamente as vozes dissonantes sob pena de fechar-se a janela que tem a visão pelo ângulo certo. Considerar que um grupo detém a capacidade divina de apontar a verdade é assumir que este grupo tem o poder de criar ou alterar fatos conforme sua visão, ainda que artificial, sendo os criadores da chamada pós-verdade.
O poder de alienar através da informação concedeu a uma elite de intelectuais a possibilidade de enganar os desavisados acerca dos fatos, fazendo com que, cada vez mais pessoas, assumissem como irrefutáveis fontes extremamente questionáveis, entretanto, a descentralização dos meios de comunicação fez com que a Torre de Marfim ficasse cada vez mais exposta, haja vista sua incapacidade de controlar as vozes dissonantes.
Os poucos que foram capazes de enxergar além das cortinas da alienação, se tornando libertos dos tentáculos, eram incapazes de despertar seus pares diante do poder dos meios usados para alienar, contudo, a já mencionada descentralização da comunicação, maior benção dos dias atuais, ainda que tenha nascido com intenções de maximizar a escravidão, teve seu rumo voltada para o bem, servindo aos que estavam de olhos abertos como canal para propagar a liberdade ainda que tardia.
Quanto à Torre de Marfim, esta se viu exposta e vulnerável, logo, passou a contra-atacar, lançando mão de toda sua vassalagem, de forma homeopática, mas cada vez mais agressiva.
Antes de expor suas faces é importante buscar o conceito de Torre de Marfim, mas pode-se adiantar, tal conceito será uma base para algo maior. Assinala o Professor Fernando Nogueira da Costa que
“A expressão Torre de Marfim designa um mundo acadêmico à parte, onde intelectuais se envolvem em questionamentos desvinculados das preocupações práticas do dia-a-dia. Nele, há uma desvinculação pessoal deliberada do mundo cotidiano”.
A simples leitura deixa evidente uma deficiência por parte dos intelectuais que se isolam do mundo real, mas seria menos grave se tal definição fosse o conceito que buscamos atingir. Teríamos apenas algo abstrato em que alguns grupos de intelectuais saem da órbita da realidade, sendo, na pior das hipóteses um fardo para as pessoas comuns, em tese, seriam sustentados por alguma fonte dispostas a, literalmente, verter seus recursos em um sumidouro. Parece que somente o Estado seria um ser capaz de expropriar da cadeia produtiva para fazê-lo, ainda que fosse flagrante desperdício.
Prover o sustento de intelectuais isolados em tal torre não parece uma boa ideia, mesmo para o Estado que dispões de recursos alheios, parece estranho que alguém queira manter um aparato improdutivo e, normalmente, de custo elevado. Mas não é bem assim que as coisas parecem funcionar.
Se o isolamento dos intelectuais fosse algo pontual, ou mesmo, ocorresse com frequência mas em torres isoladas, o problema resumir-se-ia em uma decadência, mas não teria a capacidade de causar um mal maior.
Imaginemos uma espécie de matriz, uma Grande Torre de Marfim, uma bolha intelectual que está tão distante das pessoas comuns que é capaz de desfrutar de tamanho poder que lhe permite impor sua utopia, mesmo que fadada ao fracasso por não ser real, sendo certo que suas pontas não se juntam, tem o potencial para controlar e aprisionar as pessoas em sua teia de mentiras. Eis a verdadeira Torre de Marfim.
A colossal estrutura alva se isola de tudo e ao mesmo tempo cerca-se de suas filiais igualmente brancas, espiando a tragédia que impõem aos que não são iluminados para adentrar pelas adornadas portas e paredes de presas de paquiderme. Tais seres tornam-se cada vez mais distantes da humanidade, pois se consideram especiais, creem que são capazes de experimentar tudo de suas varandas e não entendem que, não importam o que digam, a verdade ainda se fará presente.
Sob os auspícios da Grande Torre, os que garbosamente ocupam as suas filiais se consideram livres e iluminados, pois acreditam fazer parte da condução do processo, mas ignoram que em sua natureza de satélite estão presos em suas torres servindo seus senhores.
Cabe questionar os métodos que a Grande Torre usa para controlar as demais pessoas, uma vez que, as torres menores parecem estar intrinsecamente ligadas, sendo as maiores mais próximas da torre mãe. Existem diversas formas e não podem ser todas catalogadas, até porque, novas modalidades seriam criadas no caso do fracasso de um.
Mas no que diz respeito à metodologia, é evidente o fato de apoiarem-se em três pilares, quais sejam, o medo, o favorecimento e a desinformação, que podem ser adotados de forma individual ou em concurso. O medo pode advir de uma falsa percepção da realidade propositalmente implantada, o favorecimento poderá ser resultado de uma falsa promessa, bem como o medo pode ter como principal fator a perda do favor ora experimentado, ainda que decorra de uma mentira.
Para controlar alguém pelo medo basta que o agente controlador se coloque, segundo a ótica daquele que pretende dominar, como um protetor, um garantidor. É o que, via de regra, o Estado usa para tomar a liberdade dos indivíduos, basta observar como nos países tomados pela violência é usual que somente o Estado e as organizações criminosas tenham armas a sua disposição, deixando o cidadão, indefeso, totalmente dependente do poder público.
Por outro lado, temos o favorecimento, a hipótese em que o indivíduo acredita ter uma posição de vantagem que não é resultado de seu esforço, na grande maioria das vezes ele tem razão, logo, seu senhor lhe concede vantagens em troca de sua liberdade, muito comum nos sectos de intelectuais ou grupos de minorias, nos quais, renegar as pautas custar-lhe-á o ostracismo e a perda de benesses.
Grande parte das autoridades temem perder o favor que lhes é conferido pelo Estado e pela sociedade como um todo, usufruindo de seu status de poder e servindo aos fins mais sórdidos, mesmo tendo consciência de sua existência abissal, prefere gozar de uma vida de luxos a se opor à besta, sabe que está vivendo em uma zona de conforto ainda que na sombra do monstro, mas teme perder suas benesses, ou pior, tornar alvo da fúria da criatura nefasta que serve.
A desinformação talvez seja o método mais eficiente, podendo ter resultados autônomos ou o poder de gerar medo e favorecimento, a capacidade de incutir o pânico nas pessoas pode ser tanta que elas estarão sujeitas a renunciar de suas liberdades, até mesmo a lógica é deixada de lado em momentos de desespero.
Como fazer com que tais métodos cheguem a todos?
A melhor forma é a desinformação, que assim como os demais métodos, só é eficaz quando não há oposição real.
Se alguém é incapaz de insuflar o medo do coração dos outros, não há como usá-lo ao seu favor, imagine um indivíduo portando uma faca tentando impor sua vontade aos demais membros de uma comunidade através do medo, porém, seus pares possuem armas de fogo. Sua intimidação será algo ineficaz, logo, ele precisa fazer com que os indivíduos se desarmem, como impor é impossível e pedir pode não fazer efeito, a opção seria afirmar que tais equipamentos representam um perigo tão grande que o ideal seria que todos dispusessem do armamento em nome de uma segurança coletiva.
Se isso não funcionar, pode invocar dados falsos de uma comunidade distante ou dados verdadeiros interpretados para servirem seus objetivos, bem como, pedindo àqueles que acreditam lhe dever favores que venham a aderir o desarmamento. Aos que se recusarem a entregar suas armas, restará rotulá-los como violentos, para justificar uma boa campanha de ostracismo resultará em mais adesões. Coincidentemente é o que estão fazendo com aqueles que questionam as “vacinas experimentais”.
O favorecimento também tem seu calcanhar de Aquiles, se o alvo da intenta acreditar que não tem nenhuma dependência em relação àquele que pretende o dominar, não se curvará ao mesmo, daí surge a desinformação para alegar que tal dependência existe. Nos casos de assistencialismo é comum um governante alegar que sua queda do poder importará na perde de determinado benefício, bem como, alegar que a ascensão de outrem ao poder resultará em demissões, algo muito comum nas estatais.
A fraqueza da desinformação é justamente ser exposta e desmentida, o que pode ser feito se aquele que se opõe tiver um canal para se comunicar, agora fica claro a necessidade que a Grande Torre tem no que tange à censura de seus opositores.
O controle dos meios de comunicação é essencial para manter cativar, no pior dos sentidos da palavra, a consciência do indivíduo, mas a mentira não pode se sustentar quando há uma oposição, por isso, vale de tudo para calar quem tenta expor as vicissitudes da Torre de Marfim, não se pode permitir que o templo dos intelectuais alienados perca suas fundações e, por isso, justificar-se-á quaisquer ataques aos que despertaram, para que não tragam luz aos adormecidos.
O papel da mídia e dos artistas cooptados pelos tentáculos da Grande Torre cumprem a missão do Flautista de Hamelin sequestrando as mentes através de sua sedutora, e cada vez mais vulgar, arte, atraindo para a escravidão. Ao representar personagens carismáticos, as figuras dos famosos passam a fazer parte das vidas das pessoas que associam tais personagens ao seu intérprete, logo, nasce um gatilho para que aquela pessoa possa comunicar-se com um certo grau de identificação que não é natural, sendo o reflexo da relação entre a obra ficcional e o receptor dela.
É comum que as pessoas deem maior atenção aos que conhecem e tendem a depositar no artista a impressão que tiveram da personagem a qual ele “deu vida”. Não por acaso a publicidade recorre ao artifício para alavancar vendas, mesmo que, em uma lógica normal, seria mais indicado um dentista promovendo um determinado enxaguante bucal, é comum que artistas o façam e angariem maior atenção do público.
A Torre percebendo tamanha fragilidade, precisa aprisionar os artistas para usar de seus talentos, mesmo que sejam mais uma mentira, pois, utilizará o “canto da sereia” como forma de convencer os menos informados tendo ainda maior alcance na mensagem que pretende disseminar. A simpatia que o receptor tem pela personagem transmite-se ao seu intérprete, dando credibilidade, ao menos na mente do indivíduo, à mensagem que se pretende passar.
O poder seduz e corrompe, daí a supervalorização de determinadas figuras, que, nos mesmos moldes das autoridades, ficam inebriados com a suntuosa vida que aproveitam, de forma que, deixaram de importar-se com as ditas pessoas comuns se isso significar a manutenção do status quo.
Comove-se toda uma rede de indivíduos influentes para que transmitam a mensagens originada na Grande Torre, fazendo que cada um torne-se uma espécie de repetidora, difundindo aquilo que a besta maior pretende. Assim, uma pequena elite é capaz de manobrar uma imensa massa de pessoas, inserindo suas teorias dissociadas da realidade no seio da sociedade de forma pulverizada e gradual.
Os termos cunhados pela elite acabam por se espalhar pelo imaginário do cidadão que, mesmo sendo avesso à ideia espinhal, acaba por assimilar de forma superficial e, portanto, acatando a essência daquilo que pretende-se implantar. Tal qual uma pequena semente ingerida com o fruto, mas que tem a capacidade de germinar no interior do organismo.
Aliciar os meios artísticos tornou-se um meio muito eficaz de propaganda, a Alemanha Nazista conseguiu acentuar muito tal método, mas isso também pode falhar, posto que, a informação descentralizada escancara o abismo que existe entre personagem e intérprete, expondo ao público de uma forma geral que determinadas figuras públicas não guardam quaisquer semelhanças com aquilo que transmitem.
Falar contra o sistema, por outro lado, resulta no ostracismo daquele que se insurge, adotando-se medidas que possam causar prejuízos reais. Qualquer um que não sejam uma repetidora tornam-se imediatamente alvo do que vulgarmente chamam de cancelamento, mais um termo cunhado para determinar um comportamento, que na verdade é algo orquestrado, envolvendo artificies da Grande Torre.
O recente caso envolvendo outro atleta, Maurício Souza, que após se manifestar contrário a uma pauta progressista foi demitido de clube em que jogava por pressão de duas grandes empresas, a Gerdau e a Fiat. Estes tentáculos da besta, de forma asquerosa, cumpriram seus papéis, não só causando prejuízo ao atleta, mas dando um claro recado a qualquer um que pense em se opor as pautas que defendem.
Não apenas as duas empresas citadas fazem parte do jogo, são sim desprezíveis, mas não agem sozinhas, pois, a Grande Torre sabe que suas mentiras não são capaz de sustentá-la, logo, utiliza uma grande rede de apoiadores, que, de forma voluntária ou pressionadas pelos métodos já mencionados, não exitarão me fazer parte da empreitada pútrida.
O caso Maurício Souza e Novak Djokovic, por sua vez, apontam outra fragilidade do sistema, ambos tem sua estabilidade garantida pelo status que alcançaram, o atleta brasileiro por mais de uma vez foi considerado o melhor em sua função entre seus compatriotas e o sérvio é atualmente considerado o melhor do mundo. Podem sim ser alvo de perseguições e ostracismo, mas sabem que não chegaram onde estão se fiando em um castelo de cartas fajuto que pode ser facilmente derrubado, os atletas estão conscientes que fizeram por merecer seu status e, por isso, nada devem ao sistema que tenta-lhes controlar.
Outros nomes influentes, cujo sucesso não está ligado ao esforço ou talento, mas ao apadrinhamento, sabem que qualquer indivíduo medíocre pode ser alçado a sua condição por uma rede, podendo ser facilmente retirado de seu posto e substituído, já que, não chegou ao seu status por mérito mas por favorecimento, sabe que, ao contrariar aquele que o domina, tornar-se-á um brinquedo inútil e irá para a lata do lixo, sendo substituído por alguém que aceite servir a besta em troca de uma vida de luxo e glamour. Observe quantos são os influenciadores que nada tem a oferecer mas que são abraçados pela mídia, quantos deles poderiam ser substituídos sem nenhum problema por voluntários em um show de talentos, é muito fácil constatar as figuras falsas, por isso mais controladas, que foram inseridas nos meios de influenciar e como elas são incapazes de se insurgir contra quem realmente os comanda, bem como, são suscetíveis às pressões de seus pares e externas.
Os atletas citados, tanto o sérvio quanto o brasileiro, se não tivessem taleto para conquistar seus títulos seriam devedores em relação àqueles que os teriam criados, não podendo lutar contra suas pautas. Por outro lado, as embalagens vazias, que nada tem a oferecer, dependem da aceitação do dominante para que permaneçam em seu lugar, não podendo enfrentar o sistema.
Embalagens vazias estão sendo cada vez mais utilizadas para propagar conteúdo, humoristas que não fazem rir, cantores que tem como única utilidade promover uma pauta, influenciadores que nada tem a dizer e outros tantos. A alternativa é sem dúvida uma jogada de mestre, pois, como qualquer embalagem vazia é facilmente substituída, não tem conteúdo, torna-se refém da vontade de seus mestres.
A descentralização das informações fez com que parte dos indivíduos percebessem a enorme distância entre o influenciador e quem são na vida real, muitos puderam ver como as embalagens vazias chegam a fama sem quaisquer dons especiais, apenas por se sujeitarem ao papel de torre repetidoras. Isso fez com que muitos, ainda que enaltecidos pelo mainstream, que nada mais é que a teia da Torre de Marfim, perdessem a capacidade de “encantar a plateia”, algumas pessoas viram o perigo do canto da sereia e acordaram e, para o temor dos nobres encastelados, decidiram agir e despertar seus pares.
Uma avalanche de pessoas foram as redes “livres” para anunciar suas crenças e sua visão de mundo independente daquilo que a maioria professava como verdade, sabiam que havia muitas mentiras sendo tratadas como verdade. Para muitos isso desfaria os nós da teia e libertar a todos.
Não tão rápido, a Grande Torre busca sempre uma alternativa para manter acesa a chama do mal, por isso, sempre buscarão linhas auxiliares. A primeira linha auxiliar geralmente usada são as redações de jornais, mas assim como as embalagens vazias do entretenimento, os redatores da grande mídia caíram em descrédito por mentirem acintosamente, especialmente quanto à sua parcialidade.
Surgem assim os especialistas, profissionais que estão dispostos a corroborar o que se pretende transmitir e ostentam uma diplomação que faz com que o cidadão, leigo no assunto, se curve a autoridade do mesmo. Juristas que admitem a criação de norma penal por força de decisão judicial podem ser um simples exemplo, em outros tantos seguimentos isso ocorrerá. Podendo ser pela convicção dito especialista casar-se com a do veículo ou por prostituir sua profissão em troca de notoriedade, aceitação ou algo ainda pior.
Os meios de comunicação conclamam especialistas com visões consonantes de dua linha editorial, o que não seria absurdo se assumissem de forma explicita seu posicionamento, mas preferem fingir imparcialidade, justamente para evitar que seu alvo procure outra fonte de informação. Precisam se legitimar como os únicos que podem transmitir a verdade, apontam para outras fontes como sendo viciadas por sua ótica, mas evidentemente deixam claro sua parcialidade.
Caindo em descrédito ainda com a ajuda dos especialistas, que são forjados nas universidades, ou seja, pelos intelectuais deslocados da realidade que são justamente a base da Torre de Marfim, a grande mídia se vê como um meio que segue na direção do descarte, o que se agrava quando surgem influenciadores nas redes descentralizadas igualmente vazios e dispostos a jurar servidão aos mestres que outrora alimentavam a grande mídia com luxo.
Jornalistas e artistas desmoralizados olham para os jardins da Torre de Marfim, onde habitam, e contemplam um futuro em que serão despejados e darão lugar a falsos jovens com cabelos coloridos e artistas com dentes de metal, hoje muito mais eficientes em capturar a mente das novas gerações que não conseguem ler mais de um parágrafo. Os decadentes poderiam se orgulhar, afinal o estrago que se propunham a fazer está feito, levaram grande parte dos indivíduos para um pântano que não conseguem compreender, entretanto, como peças obsoletas sabem que serão atirados no lixo e engolidos pela lama do pântano.
Algo digno de pena, não se consideramos os mal que ajudaram a alimentar, mas por serem seres humanos, afinal, não podemos nos igualar àqueles que temos como exemplos negativos, sendo muito melhor deixar o ódio de lado, mesmo que acusados de discurso de ódio.
Nascem então as agências de checagem, tentando dar sobrevida as pautas distópicas da Torre de Marfim, pois, os que vivem na torre ou ocupam seus jardins não deixarão suas benesses de lado, ainda que por um bem maior. Estão enraizados no luxo e viciados no poder, venderam suas almas, a grande maioria nem acredita ter uma, para usufruir do conforto, sabendo ou não estão pagando a estadia.
As agências de checagem, que são essencialmente a mentira, vendem a ilusão que podem ser instrumento útil no combate a desinformação, quando na verdade atuam unilateralmente para calar qualquer voz que possa se levantar contra o sistema. Não rotularam como falsa uma postagem em que determinado instituto afirmava que pessoas estavam mentindo, mesmo depois de comprovado que as pessoas falavam a verdade. A expressão fake news fora usada para desacreditar quem falava a verdade, mas isso tornou-se algo comum e tais agências, fazendo seu papel nos planos da Torre de Marfim, perseguem vozes dissonantes rotulando-as de disseminadoras de desinformação.
Não demorou muito para as tais agências de checagem caíssem em descrédito, nota-se que são patrocinadas pelas grandes redes de comunicações, por isso afirmado no início que a descentralização não ocorreu para dar liberdade, mas para exercer mais controle, porém o tiro saíra pela culatra. Surgiram grupos ainda mais radicais, que pediam boicotes ideológicos valendo-se do anonimato, como o grupo marginal que se apresenta como Sleeping Giant, marginal sim, pois a maior lei de nossa pátria veda o anonimato como forma de se olvidar de responsabilidades.
Curiosamente, algumas das agências de checagem são diretamente ligadas aos grandes veículos de comunicação e outras contam com patrocínio das grandes plataformas, todas parecem fechar os olhos para descaradas mentiras, desde que, sejam ressonância daquelas emanadas pela Torre de Marfim. Talvez por isso estejam tão desacreditadas.
Desmoralizada a Torre de Marfim se viu obrigada a usar a força, as plataformas deram fé às agências de checagem e passaram a remover ou alertar para postagens que tais agências indicavam ser dignas de perseguição, o que, diverso do pretendido, gerou a desmoralização das grandes plataformas de rede, pois a ação censora arrastou para o brejo as mesmas. Não há motivos para se enganar, as grandes plataformas queriam isso, apenas não acreditavam nas consequências, por isso avançam cada vez mais.
Como alternativa cada vez surgem mais redes livres, que não querem impor pautas aos seus usuários e outras tantas que tem a visão contrária e pretendem sim promover a queda das torres de marfim por saber que são belas prisões e, quem sabe, conseguir destruir a Grande Torre.
Após o fracasso das tais agências, que atuaram de braços dados com as “bigtech”, o sistema utilizou ainda mais força, ainda restavam os feudos e o aparelhamento estatal.
Os feudos, são grupos ordenados que utilizam o sentimento de pertencimento como forma de cativar as consciências e da violência física ou moral contra quem se opõe as suas praticas. Tais grupos se apoiam em uma bengala para agir sem quaisquer freios morais e por vezes legais, São os ativistas que definem-se como representantes das chamadas “minorias”, em que pese, não sejam escolhidos pelas pessoas que dizem representar.
Quando as pautas se chocam, simplesmente pelo fato de mentiras não se encaixarem, temos os maiores problemas da Torre de Marfim, não há como um marxista ferrenho admitir que o socialismo é nocivo, ou ativistas LGBT assumirem a farsa da ideologia de gênero, algo que não tem nenhuma base científica e se sustenta unicamente no querer, ou seja, no sentimento de pertencimento, mas tais narrativas tendem a colidir, não havendo uma solução para isso, utilizam-se de mais mentiras, gerando o efeito bola de neve.
Os grupos que alegam representar minorias são apenas feudos, sendo seus senhores feudais vassalos daqueles que ocupam as torres, portanto, não podem desafiar o grande e entrelaçado sistema. Os “rebeldes”, resumem-se a nada mais que revolucionários que servem uma besta maior argumentando justamente que lutam por liberdade, os chamados idiotas úteis, por estarem ao serviço de um senhor que não admite ser questionado, idolatrando líderes vazios, pois estão como senhores feudais alimentando-se de seus esforços e prestando tributos aos nobres de mais elevada estirpe que os observam das janelas das torres.
Conforme as torres se veem cercadas, por mais que se considerem intocadas, e contemplam pessoas sendo libertas de seus feudos, por espiarem que são prisões, precisam reagir ou também serão inúteis aos intentos da Grande Torre, está muito mais vigorosa e estável. Invoca-se o poder coercitivo do Estado, tentando criar lei que possam dar poder legítimo às agências de checagem, ou pior, reconhecendo sua autoridade através do ativismo judicial.
Sim, parece e é doentio, mas a Justiça Eleitoral está materializando o Ministério da Verdade, aquele da obra cada dia menos ficcional, 1984 de George Orwell, contando com agências logadas diretamente a empresas Globo, Estadão e Folha de São Paulo. Sei que parece uma brincadeira de péssimo gosto, mas infelizmente é a trágica verdade.
De tal forma, a grande mídia e os seres avulsos com cabelos coloridos poderão livremente propagar sua versão dos fatos, negando abertamente quem se contrapõe e taxando-os como mentirosos, mas, se ainda assim preferirem a versão do outro lado, invocar-se-á os togados, nada mais que uma guarda pretoriana da Grande Torre para condenar aqueles que pensam diferente em nome de uma falsa liberdade e democracia.
As torres de marfim auxiliares parecem servir prontamente a Grande Torre de Marfim, mas sempre haverá esperança, há uma tese bem fundamentada de que na verdade a Grande Torres se divide em três pilares que buscaram controlar a besta maior, ou ainda melhor explicando, seriam três grandes torres que, em um momento, tentarão se lançar ao posto de a Grande Torre, subjugando as demais ou podendo se destruir no processo. Restando ainda a possibilidade de suas próprias mentiras derrubarem-na, pois assim como outra torre, não há como desafiar a verdade, não há como se opor a Deus, no final de tudo, o destino das Torres de Marfim, sejam elas quantas forem, será o mesmo da Torre de Babel, pois a soberba precede a ruina.
A desinformação é a arma mãe da Torre de Marfim, mas como está alheia a realidade, não consegue juntar os pontos, mentiras não se encaixam, para criar a trama perfeita, de maneira que sempre haverá pontos fracos. Do alto de suas torres, os senhores não conseguem contemplar o todo, cegos pela arrogância ou apenas míopes pelo conforto de sua posição, tentarão colocar escoras para que sua torre não se siga o mesmo destino daquela erguida na Babilônia.
Os que ocupam os mais elevados postos nas torres são os que mais sofrerão com a queda e, por isso, lutarão com unhas e dentes para manter o status quo que os alimenta e, por vezes, bajula. Cair do alto da torre e ter de caminhar entre aqueles que consideram insignificantes é, sem dúvidas, uma derrota considerável, contudo, mais aterrador é perder a proteção das paredes brancas e se sujeitar ao julgo daqueles que fez de ratos de laboratório em suas experiências sociais. Um ótimo exemplo é o socialismo, que, deslocado da realidade, sempre trará destruição, entretanto, todo líder se tentará se furtar de responder pelos males que causara.
Façamos a nossa parte para despertar a todos, especialmente aqueles que nos são mais caros, mantendo a esperança que temos meios para vencer a Grande Torre de Marfim que é uma prisão, não um palácio.
“Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar”. Coríntios, 1, 10:13
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. I N.º 03 - ISSN 2764-3867
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