Jacarepaguá
História do Bairro
Autódromo Nova Caledônia – Inaugurado em 1966
Jacarepaguá é um bairro de classe média da Zona Oeste do Rio de Janeiro, no Brasil. Localiza-se na Baixada de Jacarepaguá, entre o Maciço da Tijuca e a Serra da Pedra Branca.
No entanto, é um bairro em processo de desmembramento, pois importantes áreas do que sempre se entendeu historicamente como a parte principal de Jacarepaguá, com o tempo foram se desmembrando e tornando-se bairros próprios, como é o caso dos bairros Anil, Curicica, Cidade de Deus, Freguesia, Gardênia Azul, Pechincha, Praça Seca, Tanque e Taquara, que junto com Vila Valqueire e o próprio Jacarepaguá, fazem parte da XVI Região Administrativa (R.A.) - Jacarepaguá - do município do Rio de Janeiro.
O que restou do antigo bairro de Jacarepaguá hoje são inúmeras localidades com nomenclaturas próprias, em geral loteamentos ainda recentes e que não foram ainda oficializados como bairros pela prefeitura, além da área onde está o Autódromo e o Riocentro.
“Jacarepaguá” é um termo tupi que significa “enseada do mar de jacaré”, através da junção dos termos îakaré (“jacaré”), pará (“mar”) e kûá (“enseada”).
A História de Jacarepaguá começou em 1567, dois anos após a fundação da cidade do Rio de Janeiro, quando Salvador Correia de Sá assumiu o cargo de primeiro governador da nova cidade e concedeu a dois auxiliares da administração, Jerônimo Fernandes e Julião Rangel, as terras de Jacarepaguá. Porém, Jerônimo e Julião nunca tomaram posse da Sesmarias concedidas. Mais tarde, em 1594, o governador Salvador Correia de Sá revogou o ato anterior e doou as Sesmarias para seus filhos Gonçalo e Martim. A data da carta da concessão é de 09 de setembro de 1594. Os dois irmãos iniciaram a colonização de Jacarepaguá, principalmente Gonçalo. Martim dedicou-se mais à política. Foi governador do Rio de Janeiro, em dois períodos, no início do século XVII. Martim casou-se com a espanhola Maria de Mendonza e Benevides. Desta união surgiu a dinastia Sá e Benevides de grande importância na história de Jacarepaguá, principalmente seus sucessores: os Viscondes de Asseca.
Nas primeiras décadas do século XVII, Gonçalo fundou o engenho do Camorim e dentro do engenho a capela de São Gonçalo do Amarante, que ainda existe nos dias de hoje. No mesmo período, surgiram outras edificações na atual Freguesia que perduram até hoje: a Sede do Engenho D’Água e a Igreja de Nossa Senhora da Pena, no alto da Pedra do Galo. Na época, essa região de Jacarepaguá, já possuía razoável povoamento, em virtude dos diversos arrendamentos feitos pelos Correia de Sá.
Acima a casa da Fazendo do Engenho d´Água em Jacarepaguá (no local hoje chamado de Gardênia Azul). A casa foi construída na metade do século 18 (por volta de 1750) por um dos Viscondes de Asseca, herdeiros e sucessores de Martim Correia de Sá, que iniciou o engenho na primeira metade do século 16, onde lá havia também erguido uma capela.
Jacarepaguá era a região da cidade com mais engenhos de açúcar da época colonial. Os principais eram o Engenho da Taquara, o Engenho Novo (atual Colônia Juliano Moreira), Engenho do Camorim, Engenho D’Água, Engenho da Serra (atual da estrada do Pau Ferro e as encostas da serra da atual Estrada Grajaú-Jacarepaguá) e Engenho de Fora (atual região da Praça Seca).
Durante todo o período imperial, os meios de transportes eram as carroças, carruagens, tropas de cargas e montaria individual a cavalo. Os habitantes de Jacarepaguá tinham que enfrentar a poeirenta Estrada Real de Santa Cruz, para alcançar a cidade. Em 1858, o trem chegou à Cascadura, logo depois, em 1875, o Bonde puxado a burro ligava Cascadura, Freguesia e Taquara. Foi a maior revolução para o povo de Jacarepaguá. A distância entre a região e a cidade diminuiu bastante. O trem, movido a carvão, (a famosa Maria-Fumaça), tinha velocidade espantosa para a época.
O século XX chegou quando a República tinha onze anos. Jacarepaguá continuava agrícola. Mas o café perdia completamente o seu domínio. A atividade granjeira iniciava a sua presença em Jacarepaguá juntamente com o novo século. As chácaras se multiplicavam a cada ano para abastecer o mercado do Centro e das outras partes próximas da cidade, que, na época, já possuíam aspectos bem urbanos. Jacarepaguá, apesar de ser bastante rural, não abdicava de acolher as novidades do progresso.
A transformação do Bairro de Jacarepaguá, mudando completamente a fisionomia agrícola que vinha dos tempos coloniais começou a acontecer a partir da década de 1970, com a formação de grandes indústrias. Surgiram os enormes conjuntos residenciais e os loteamentos legais e clandestinos. Assim, a população cresceu demasiadamente, fazendo Jacarepaguá uma cidade grande dentro de outra cidade, com todos os problemas inerentes dos intensos centros populacionais.
Apesar da brusca mudança, Jacarepaguá não perdeu a elegância dos tempos remotos. Há ainda lugares, como a Vargem Pequena e Vargem Grande, que servem de amostra da época agrícola do bairro. Há também rico patrimônio de construções do Rio de Janeiro colonial: igrejas, sedes de engenhos e um aqueduto. Tudo isso ainda dentre nossas responsabilidades com o futuro está a de valorizar e conservar instalações que contribuem para a vida material e cultural da cidade: os Mananciais nas Serras Limítrofes, o Aeroporto, o Autódromo, o Rio Centro e um Horto Municipal. Junto às escolas, praças dos condomínios, centros comunitários, de importância local, são estes os legados que oferece a região para que se reconstrua o significado de ser carioca por épocas que estão por vir.
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