Débora, a Profetisa
Feminismo e contradições
Mulheres Bíblicas: PARTE III
No último final de semana contribuí em um retiro para jovens. Foi um tanto árduo. Agora com um bebê de sete meses não está sendo muito fácil manter o ritmo das atividades que eu desempenhava antes.
Todavia, o trabalho com jovens sempre me cativou. Afinal, o jovem de hoje será a sociedade de amanhã. E é através dos nossos filhos que nossos valores serão perpetuados às próximas gerações. Entender essa grandeza contida no jovem é de extrema importância para transformação do mundo. Certos grupos compreenderam essa verdade tão bem que mesmo com o passar dos anos não abrem mão de suas atuações no ambiente dos jovens.
O grupo é jovem. Mas os jovens já não são tão jovens. E aqui mora um perigo. O perigo de manipular os pensamentos dos jovens em favor de lutas e conquistas poucos ortodoxas.
Como dito em edições anteriores, Jesus tinha uma mensagem libertadora. Era uma mensagem que cortava os grilhões e correntes da época. Jesus não seguia aquilo que um judeu esperava. Certamente um bom judeu o consideraria um verdadeiro rebelde, um desobediente. Tanto que para tanta heresia, Ele mereceu a cruz.
A mensagem de Jesus era revolucionária para a época, quebrava paradigmas, fugia do senso comum. Jesus era um judeu que não limitava o dia Santo para realização de milagres. Para Jesus o ser humano era mais importante do que as regras. Mas a vida de Jesus não era sinônimo de baderna e desobediência.
Jesus é o nosso protagonista da história da Salvação. Entretanto, para se chegar no ponto alto do Cristianismo tivemos muitos coadjuvantes. A Boa-Nova estava sendo anunciada há longa data. Muitos personagens precisaram passar para que o Cristianismo surgisse.
Hoje iremos abordar a figura do profeta e profetisa. Um profeta é uma pessoa que serve como mensageiro de Deus, transmitindo Suas palavras e orientações ao povo. Na Bíblia, os profetas desempenham um papel crucial, comunicando a vontade divina e corrigindo abusos morais e religiosos.
Os profetas são porta-vozes Divinos. Eles falam em nome de Deus, transmitindo Suas mensagens e revelações. Eles são considerados a “boca” pela qual Deus comunica Sua vontade aos homens.
Além de prever eventos futuros, os profetas frequentemente corrigem comportamentos errados e orientam o povo em questões morais e espirituais.
Muitos profetas recebem visões ou revelações diretas de Deus, que podem incluir instruções específicas ou mensagens sobre o futuro.
No Novo Testamento, João Batista é um exemplo de profeta que preparou o caminho para Jesus, anunciando Sua vinda e chamando o povo ao arrependimento.
Os profetas desempenham um papel vital na história bíblica, ajudando a guiar e moldar a fé e a moralidade do povo.
Além de João Batista existe uma outra figura bem icônica na Bíblia na função de profeta: Débora. Profetisa e juíza em Israel, Débora liderou seu povo à vitória em batalha durante um período de grande opressão pelos cananeus. Ela é um exemplo de liderança feminina e confiança em Deus.
Débora era conhecida por resolver disputas civis entre as tribos de Israel. Ela se sentava debaixo de uma palmeira, conhecida como a “palmeira de Débora”, onde os israelitas vinham buscar suas decisões.
Quando os israelitas foram oprimidos por Jabim, rei de Canaã, Débora convocou Baraque para liderar o exército israelita contra Sísera, o comandante do exército de Jabim. Baraque concordou em ir para a batalha apenas se Débora fosse com ele.
Débora profetizou que a honra da vitória não seria de Baraque, mas que Deus entregaria Sísera nas mãos de uma mulher. Isso se cumpriu quando Jael, uma mulher, matou Sísera, garantindo a vitória de Israel.
Após a vitória, Débora e Baraque entoaram um cântico de louvor a Deus, celebrando a libertação de Israel. Este cântico é registrado em Juízes 5 e é um dos mais antigos poemas hebraicos conhecidos.
Débora é um exemplo poderoso de liderança feminina, coragem e fé. Sua história inspira muitos a confiar em Deus e a assumir papéis de liderança com sabedoria e justiça.
De acordo com algumas interpretações bíblicas, o dom da profecia não foi algo temporário ou passageiro e pode continuar a existir para edificar a igreja e transmitir revelações de Deus, isto é, temos profetas nos dias atuais.
No entanto, é importante analisar cuidadosamente qualquer pessoa que se declare profeta, ou ainda, intitulações de terceiros, comparando suas palavras com os ensinamentos bíblicos para garantir que não contradigam a Bíblia.
Greta Thunberg, profeta da atualidade?
Greta Thunberg é uma ativista ambiental sueca conhecida por seu ativismo em relação às mudanças climáticas. Ela não é uma profetisa no sentido religioso ou bíblico, mas muitas pessoas a veem como uma figura inspiradora e uma voz poderosa na luta contra a crise climática. Sua capacidade de mobilizar milhões de pessoas ao redor do mundo e de falar diretamente aos líderes mundiais é notável.
Começou seu ativismo climático em 2018, quando tinha apenas 15 anos. Ela iniciou um protesto solitário em frente ao parlamento sueco, segurando um cartaz que dizia “Skolstrejk för klimatet” (Greve escolar pelo clima). Esse ato simples rapidamente ganhou atenção mundial e inspirou milhões de jovens a se juntarem ao movimento Fridays for Future, organizando greves escolares e manifestações em todo o mundo.
Greta tem falado em importantes conferências internacionais, como a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP), e se encontrou com líderes globais para pressionar por ações mais ambiciosas contra as mudanças climáticas. Ela é conhecida por seu discurso direto e por sua ousadia de criticar líderes mundiais.
Além de seu ativismo, Greta também escreveu livros e artigos sobre a crise climática e foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz várias vezes.
Mas Greta é uma profetiza? No sentido bíblico, não. Profetas são mensageiros divinos. E no sentido moral? E porque falar dela? Greta é uma jovem com capacidade de inspirar outros jovens, é discutida em grupo, aplaudida.
Nossos jovens hoje possuem preocupações que antes a sociedade pouco se preocupava. Eles são atentos a uma sociedade mais justa e mais auto sustentável. E Greta representa essa bandeira para o jovem atual.
Quando pegamos a fome de justiça do jovem com a vontade de comer de alguns grupos, criamos uma combinação bombástica. Por isso é importante abordamos aqui as pautas levantadas por essa menina.
Existe uma fala assim: “a história é contada pelos vitoriosos”. Eu diria que a história é contada pelo dono da caneta e de poder de voz.
Nossos jovens são contagiados por discussões inflamadas. Pela fala empolgante, sendo o discurso falacioso ou não. E por isso é minimamente fácil que figuras militantes sejam tão amadas pelo jovem, pois eles manipulam os corações. Trabalham nas emoções.
Jesus, era um revolucionário em sua mensagem. Isso é um fato incontestável. Mas justamente por essa característica que alguns grupos conseguem distorcer a mensagem do Evangelho e puxar o jovem para causas inclinadas à esquerda.
Precisamos estar mais atentos aos jovens e mostrar a eles os outros lados da moeda. Apresentar que a história tem mais de uma versão e que todos são agentes da história.
A sociedade atual possui muitas bandeiras hasteadas: direito das mulheres, preservação do meio ambiente, saúde pública etc. Todas essas causas são relevantes, a problemática existe quando essas pautas são usadas para promoção de causas muito específicas.
O direto das mulheres é importante? Claro que é. Mas todo ser humano é importante. Não existe seres humanos mais importantes do que outros. Não pode uma busca por uma suposta igualdade ser justificativa para eliminar bebês.
O meio ambiente é importante? Óbvio. Se não cuidarmos do nosso planeta estamos matando um pouco mais a nós mesmos. Mas não podemos preservar a vida das baleias e ignorar a vida de bebês.
Muitas vezes, as bandeiras levantas parecem ter uma mensagem altruísta, mas no fundo são apenas discursos para movimentos de manadas e privilegiar certos grupos políticos. No fundo, no fundo… “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade” (Joseph Goebbels, ministro da propaganda na Alemanha Nazista).
Em suma, mesmo diante de tantas limitações e dificuldades não podemos deixar de contribuir para um legado melhor para nossos filhos. E você? Quais são suas contribuições para perpetuar seus valores às próximas gerações?
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 43 - ISSN 2764-3867