História de Campos do Jordão
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Por ordem real, com o objetivo de transportar o ouro de minas de Itajubá (MG), em 1720, foi aberto um caminho por Gaspar Vaz, que saía desde o Vale do Rio Sapucaí até Pindamonhangaba (SP). Apesar de o caminho Ter sido fechado, Gaspar Vaz estabeleceu-se na região, transformando-a em importante centro comercial de gado. Em 1771, Inácio Caetano Vieira De Carvalho, também atraído pelos encantos da região, resolver aqui se estabelecer. Em 27 de Setembro de 1790, por meio de carta do Governador da Capitania de São Paulo, obteve sesmaria. Após 1825, a gleba foi vendida ao Brigadeiro Manuel Rodrigues Jordão, ficando, o lugar que era denominado “Os Campos”, conhecido como “Os Campos do Jordão”.
Em 1874, as terras foram adquiridas por Matheus da Costa Pinto, que fundou o povoado de São Matheus do Imbiri, atual Vila Jaguaribe, justa homenagem ao Dr. Domingos Nogueira Jaguaribe, que introduziu importantes melhoramentos no povoado, hoje marco da fundação de nossa cidade. No início deste século, devido ao clima com alto nível de oxigênio, aliado a baixas temperaturas, a região passou a ser referência no tratamento de tuberculose, criando, a partir de então, diversos sanatórios. A cidade, nesta época, passou a atrair médicos e pacientes de todo o país, muitos deles políticos influentes e grandes empresários. Em razão de longos períodos de tratamento que a doença exigia, muitos fixaram residência e trabalho na cidade, colaborando com o desenvolvimento da região.
Domingos José Nogueira Jaguaribe, médico, político, escritor e fundador do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, interessou-se pela região, que já ganhara notoriedade e, em 1891, comprou boa parte das terras de Matheus da Costa Pinto. Então, dividiu em lotes para venda, nos quais foram construídos pensões e hotéis para receberem doentes da tuberculose e do alcoolismo. Em 1918, a vila passou a ser chamada de Vila do Jaguaribe, em homenagem ao morador que trouxe progressos para o local.
Abernéssia, famoso bairro que hoje abriga diversas atrações turísticas, igrejas, lojas e avenidas, teve início com a vinda de um escocês, o engenheiro Robert John Reid, que, por volta de 1907, foi nomeado agrimensor na ação judicial de divisão da Fazenda Natal. Recebeu, como pagamento pelos seus serviços, uma vasta área de terras na região.
Em 1915, Vila Nova passou a ser chamada de Vila Abernéssia, nome da chácara em que Reid viveu, como homenagem ao morador ilustre. O nome Abernéssia foi criado pelo próprio Reid, fazendo alusão às cidades escocesas Aberdeen e Inverness.
Pela Lei nº 2.140 de 01/10/1926, Campos do Jordão transformou-se em Estância Hidromineral. Em 1938, o então interventor federal Adhemar de Barros, encantado com a paradisíaca natureza local, decidiu construir, além de sua casa de campo, uma sede de veraneio do Governo do Estado, em Campos do Jordão. Depois de levantadas as paredes e coberto o “Castelo”, como era chamado pelo povo, permaneceu o prédio fechado por 26 anos. A construção só foi concluída em 1964. Nesse mesmo ano, era inaugurado o Palácio da Boa Vista, contando com a presença do Presidente da República, Marechal Humberto de Alencar Branco, anfitrionado pelo Governador Adhemar de Barros.
No período de 1967 a 1971, o Palácio Boa Vista foi muito explorado em eventos culturais, principalmente em exposições de artes plásticas brasileiras da época pré-modernista e da fase compreendida entre 1913 (ano da primeira exposição de Lasar Segall) e 1950, quando a Pinacoteca do Estado começou a adquirir obras de artistas modernos, o que significou a admissão oficial da arte contemporânea em nosso País. Nessa época o palácio torna-se Museu e Monumento Público, sem, entretanto, perder suas funções de veraneio.
Em 1969, o então governador Abreu Sodré, por solicitação de seu Secretário da Fazenda, Luiz Arrobas Martins, cedeu espaço no saguão interno do palácio para apresentações de música erudita. No ano seguinte, foi criada uma Comissão Organizadora dos Concertos de Inverno de Campos do Jordão, com a pretensão de promover na cidade programas idênticos aos grandes centros turísticos da Europa e Estados Unidos. Devido ao sucesso desses eventos culturais, que passaram a ser frequentes, os espetáculos exigiam a criação de um espaço mais amplo e independente para abrigar um número cada vez maior de expectadores. Em 1979 foi inaugurado o Auditório Campos do Jordão, mais tarde denominado Auditório Cláudio Santoro. O complexo é dotado de 900 confortáveis poltronas numeradas, modernos sistemas de calefação, iluminação e acústica, além de um palco com capacidade para apresentação de grandes orquestras. Em 1998, a Secretaria de Estado da Cultura, que administra o auditório, construiu uma concha acústica para apresentações ao ar livre de música popular. O festival é considerado atualmente um dos mais respeitados concertos de música erudita e de câmara de toda a América Latina.
Por ter característica climáticas e paisagísticas semelhantes a de várias regiões da Europa, Campos do Jordão passou a receber construções com arquitetura típica dos alpes suíços, espalhadas por praticamente todo o seu território. Não é à toa que Campos do Jordão foi batizada carinhosamente de "Suíça Brasileira". O município tem como principal atividade econômica o turismo e é um dos principais destinos de inverno do Brasil.
Brigadeiro Jordão
“Era amigo do Imperador D. Pedro I e fez parte do Governo Provisório. Naquela época, foi incluído entre os 10 maiores proprietários de terras da Província de São Paulo, chegando a ser diretor do Tesouro da Província. Alguns historiadores localizam-no no famoso quadro de Pedro Américo, alusivo ao Grito do Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, quando este subia a Serra de Santos. Ademais, o local da Proclamação da Independência do Brasil, no Ipiranga, ficava na Fazenda Palmeiras, de propriedade do brigadeiro Manoel Rodrigues Jordão”.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania N.º 24
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