Maria, mãe de Jesus
Feminismo e contradições
Mulheres Bíblicas: PARTE V
De todas as figuras femininas bíblicas, Maria, sem dúvida alguma é a mais intrigante. Maria era uma menina simples quando recebeu um chamado: “conceber o filho de Deus”.
Maria de Nazaré, também conhecida como a mãe de Jesus, é frequentemente retratada de maneira tradicional e submissa. No entanto, será que ela realmente foi essa figura?
Independente das suas crenças e convicções em relação a isso, uma coisa é inegável. Jesus não é invenção de mentes criativas e Maria não é diferente. Maria foi uma mulher real, judia e descendente de Davi.
Numa leitura fria do perfil de Maria, diria que Maria foi o que toda feminista gostaria de ser. Numa sociedade patriarcal, Maria foi pela contramão, antes mesmo de se unir a José apareceu grávida. Maria aceitou a missão de ser a mãe de Jesus, mesmo sabendo dos riscos sociais e pessoais envolvidos. Lembrando que tal acontecimento para aquela época era um verdadeiro escândalo, ainda poderia resultar em ostracismo ou até mesmo em apedrejamento.
Vamos avançar um pouco mais na história. Maria recita o Magnificat (Lucas 1, 46-55), durante sua visita a Isabel, sua prima, que também está grávida (de João Batista). Inspirada pelo Espírito Santo, Maria expressa sua alegria e gratidão a Deus.
Contudo, neste cântico Maria fala sobre a derrubada dos poderosos e a exaltação dos humildes. Isso pode ser visto como uma crítica às injustiças sociais e uma esperança de transformação. Este cântico é visto por alguns teólogos como uma declaração de justiça social e igualdade.
Maria começa exaltando a Deus por olhar para a humildade de sua serva. Ela reconhece que, apesar de sua posição social baixa, Deus a escolheu para uma missão grandiosa, mostrando que Deus se importa com os humildes e desprivilegiados.
Aborda também sobre Deus enchendo de bens os famintos e despedindo os ricos de mãos vazias. Este é um forte apelo à justiça social, onde os necessitados são atendidos e os excessos dos ricos são questionados. Isso a posiciona como uma figura de resistência e esperança para as mulheres e outros grupos marginalizados.
Agora vamos dar um salto nessa história. É dia de festa e estamos em Canaã da Galileia. Durante um casamento, o vinho acabou, o que poderia ser um grande constrangimento para os anfitriões. Maria, percebendo a situação, tomou a iniciativa de falar com Jesus sobre o problema.
O episódio das Bodas de Canaã, narrado no Evangelho de João (João 2, 1-11), é um dos momentos mais significativos que destaca como Maria desempenha um papel ativo ao pedir a Jesus que realize seu primeiro milagre, transformando água em vinho. Isso mostra sua capacidade de influenciar e tomar iniciativa.
Maria foi a primeira a notar a falta de vinho e a levar a questão a Jesus. Sua ação mostra sua capacidade de observação e preocupação com os outros. Ao dizer a Jesus: “Eles não têm mais vinho” (João 2, 3), ela demonstra sua confiança na capacidade Dele de resolver a situação.
Apesar da resposta inicial de Jesus, que poderia ser interpretada como uma recusa:
“Mulher, que temos nós em comum? A minha hora ainda não chegou” – João 2,4
Maria instrui os serventes:
“Façam tudo o que ele lhes disser” (João 2, 5).
Isso mostra sua autoridade e fé inabalável em Jesus.
A intervenção de Maria pode ser vista como um exemplo de empoderamento feminino. Ela não apenas reconhece um problema, mas também toma medidas para resolvê-lo, influenciando diretamente o curso dos eventos. Sua ação resulta no primeiro milagre público de Jesus.
O papel de Maria nas Bodas de Canaã vai além de uma simples intervenção prática. Ela atua como mediadora e intercessora, mostrando que sua influência e importância não se limitam ao âmbito doméstico, mas se estendem ao plano espiritual e comunitário.
Vamos avançar ainda mais nessa história. Em Atos 2, 1-4, a passagem começa com os discípulos reunidos em um só lugar. De repente, um som como de um vento impetuoso enche a casa, e línguas de fogo aparecem e pousam sobre cada um deles. Todos ficam cheios do Espírito Santo e começam a falar em outras línguas, conforme o Espírito os capacitava.
Pentecostes é uma festa judaica que ocorre 50 dias após a Páscoa. No Novo Testamento, é o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos e outros seguidores de Jesus, incluindo Maria, enquanto estavam reunidos em Jerusalém. Este evento é considerado o nascimento da Igreja Cristã.
Maria estava presente com os apóstolos e outros discípulos, unidos em oração e expectativa pela promessa de Jesus sobre a vinda do Espírito Santo (Atos 1, 14). Sua presença é significativa, pois ela é a única mulher mencionada nominalmente entre os presentes.
A presença de Maria no Cenáculo demonstra sua perseverança na fé e sua liderança espiritual. Ela, que já havia experimentado a ação do Espírito Santo na Anunciação, agora se une aos apóstolos em oração, aguardando uma nova manifestação do Espírito Santo. Assim, que o Espírito Santo desceu sobre todos os presentes, incluindo Maria, capacitando-os a falar em outras línguas e a proclamar as maravilhas de Deus.
Além de sua maternidade divina, ela também é uma figura de liderança espiritual, pois sua participação é ativa na comunidade cristã nascente. Sua presença em Pentecostes reflete sua coragem e fé inabalável, servindo de exemplo para todos os cristãos.
Nos dias de hoje, Maria continua a desempenhar um papel de intercessora, unindo-se em oração com os apóstolos e preparando-se para a missão da Igreja.
Entretanto, porque a necessidade de apresentar Maria e outras mulheres bíblicas como mulheres empoderadas? A resposta é muito simples, diferente do que alguns grupos gostam de pregar as mulheres cristãs não são “moscas mortas” e são grandes símbolos.
Ser cristã é fazer a diferença no mundo. Ter fé no mundo atual e não ter vergonha disso é um grande desafio. E ser mulher está longe de ser algo discreto e imperceptível.
E mais, muitos “perfis” hoje exaltados por feministas como algo positivo surgiu na verdade entre mulheres de fé, judias. Eis a grande contradição. Mas como dizia um antigo comunicador da televisão brasileira, “nada se cria, tudo se cópia”.
E você cara leitora, vai continuar acreditando nas mentiras feministas ou virá se unir ao nosso legado? Quer fazer a diferença? Quer que seus filhos conheçam o verdadeiro lado dessa história. Então, nos apoie nessa luta.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 45
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