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Pobre América Latina

Quem de nós não conhece a famosa música cantada por Belchior, que se inicia assim: “Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior…”?


América Latina

Acostumamo-nos a um complexo de inferioridade, típico das Américas do sul e central, que sempre justifica o fracasso, culpando os colonizadores.

Entretanto, o maravilhoso Guia Politicamente Incorreto da América Latina, escrito por Leandro Narloch e Duda Teixeira, nos ensina que essa foi a história que te contaram na escola, a qual não corresponde, contudo, à realidade…

Para os que não sabem, mas desejam entender o que se passa pelas bandas de cá, o ponto mais importante é desconstruir a ideia do bom selvagem e do conquistador malvadão. Livros narram a chegada dos espanhóis a várias terras posteriormente colonizadas, desmistificando que a superioridade de armas e de homens tenha sido a razão da “invasão de suas terras”.

Em seu manual, Narloch e Duda explicam que os espanhóis, quando da chegada a terras de posse dos incas e astecas, foram auxiliados por indígenas – havia uma grande disputa territorial pelos silvícolas, que dividiam-se em tribos, as quais praticavam escravidão, assassinato, enterravam rivais ou dissidentes vivos e outros rituais. Algumas dessas tribos viram, nos colonizadores recém-chegados, uma oportunidade de derrotar seus oponentes, aliando-se aos espanhóis.

Não houve uma rendição e uma submissão automática. Os espanhóis passavam fome, não conheciam os produtos agrícolas das regiões colonizadas, eram constantemente atacados, morriam assassinados ou de inanição, e os que sobreviviam, aliavam-se a tribos, para entenderem sobre o solo, os alimentos e o modo de cultivo, dando em troca proteção, produtos trazidos do país de origem ou trabalho.

Nada vem de graça, nessa vida. O negócio tornava-se vantajoso para ambas as partes – para as tribos que sagravam-se vencedoras, eliminando ou expulsando as demais, e para os colonizadores, que encontravam em terras além-mar, produtos de que necessitavam e matéria-prima, para envio às suas nações, além de mão de obra farta e barata. Portanto, é tão despropositada a discussão sobre racismo reflexo, marco temporal, escravidão e outros temas tão em voga, em nossos dias: porque não há como mudar o passado e porque muitas coisas não aconteceram, exatamente, do modo que disseram.

A segunda grande questão envolvendo a América Latina é a tendência ao combate ao capitalismo e à livre concorrência, como se a geração e a circulação de riquezas privilegiassem, tão somente, às grandes elites, outrora colonizadores. Esse é um outro ponto que constrói um discurso hipócrita e tendencioso, porque muitos dos que defendem uma distribuição equânime de renda e de produtos, desfrutam de uma condição diferenciada e privilegiada, e não abrem mão de seus bens de consumo.

Ora, uma nação livre não se sustenta sem livre comércio, gerador de lucro. Sem lucro, perde-se o interesse de produzir, e sem produção, não há o que comprar, vender ou trocar. Por isso, tantas nações que vivem sob o regime comunista passam por escassez de produtos, precisando sobreviver com pouquíssima variedade de bens. A expectativa de lucro é o que movimenta a economia.

A reserva de mercado também esfacela a possibilidade de livre concorrência, enriquecendo apenas aqueles que detém o monopólio da produção ou da revenda , na região.

O terceiro ponto de convergência, nos países latinos, é o populismo. Grandes líderes despontam, nas Américas do Sul e Central, há décadas, por meio de um discurso em que o Estado deve proporcionar muitas coisas aos cidadãos, ainda que se oculte o outro lado dessa moeda: um Estado inchado, corrupto, com arrecadação elevadíssima, por meio do pagamento de impostos altos, pelos cidadãos.

Para que o Estado te dê algo, que você não trabalhou para obter, esse dinheiro precisará vir de algum lugar. Muito provavelmente, será do seu bolso, do bolso do seu vizinho e do seu familiar. Não há mágica para lidar com isso. Para sair, o dinheiro precisa entrar. Portanto, líderes que propõem mundos e fundos com dinheiro público, farão com que o Estado quebre, ou, alternativamente, aumentarão a taxação de todos os cidadãos, se eleitos.

Esses três fatores que descrevi, formam uma trinca que destrói a competitividade das nações, e a sua capacidade de inserirem-se como economias de ponta, no cenário mundial. A América Latina precisa abandonar essa fantasia, recheada de narrativas e de conceitos não confirmados pela História, com um discurso de exclusão, de vitimismo, de bom-mocismo do colonizado e mau-caratismo do colonizador.

Todas as nações latino-americanas, sem exceção, curvaram-se a modelos populistas que apenas trazem pobreza, endividamento, corrupção e regimes ditatoriais de governo. Para que a democracia se aperfeiçoe, esta precisa estar de mãos dadas com o livre comércio e o lucro. Somente desse modo, países de terceiro mundo terão salvação, tornando-se grandes economias mundiais, livres do comunismo e da tirania.

É preciso sair do complexo de primo pobre, deixar de culpar os outros pelos próprios infortúnios, tomar para si as responsabilidades que lhe cabem e ir à luta, trabalhar, gerar riqueza, fazer o dinheiro circular. Cidadãos livres e donos de seu próprio dinheiro: isso é o que torna uma nação forte. É essa a mensagem que a América Latina precisa aprender.

“O problema com o comunismo é que um dia o dinheiro dos outros acaba”.
“Deixe-me dizer em que acredito: no direito do homem de trabalhar como quiser, de gastar o que ganha, de ser dono de suas propriedades e de ter o Estado para lhe servir e não como seu dono. Essa é a essência de um país livre, e dessas liberdades dependem todas as outras”. Margaret Thatcher


Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. II N.º 32

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