Teofrasto e os caracteres
- Edson Araujo

- há 2 dias
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Teofrasto, foi um filósofo da Grécia antiga, sucessor de Aristóteles na escola peripatética, que teve grande influência em sua época e também em pensadores posteriores como, Machado de Assis.
Botânico, literato, filósofo, formado em várias áreas da ciência natural como, mineralogia e zoologia, também teve formação em física e metafísica.
Iniciou seus estudos na academia de Platão, e após sua morte continuou seus estudos no liceu de Aristóteles, que reconhecendo sua eloquência deu-lhe o apelido de Teofrasto (Aquele que tem a fala divina) pois era um excepcional orador.
Seu nome original era Titamos.
Feita então essa breve apresentação do autor, quero destacar sua obra, caracteres, escrita no IV século a/c.
Embora pouco citada entre os pesquisadores da personalidade humana a obra exerce forte influência nessa área, provavelmente um dos primeiros documentos que aborda diferentes fases de comportamento da personalidade, e focado nos vícios, propõe reflexões no sentido de identificarmos tais vícios e tratar de cada um deles primeiro em nós e depois observando nas situações da vida a atuação dos vícios e assim saber como lidar com a situação; lembro que essa é uma chave de interpretação.
Teofrasto apresenta cerca de 30 caracteres dos quais quero destacar um, o enredador.
Qualquer semelhança com os caracteres atuais não é mera coincidência, pois eles estão presente em toda a estrutura da personalidade humana.
Como a intenção do texto é sempre promover reflexão, quero fazê-lo através de um cenário onde possamos encontrar o enredador e diferenciar o adequado, do inadequado no comportamento ético do ser humano.
Assim foi que certa vez que o certo cidadão de uma determinada cidade, queria a todo custo se tornar o prefeito; foi então que teve a ideia de criar uma narrativa tão envolvente que faria com quem ao menos a maioria da população acreditasse em suas ideias e assim o elegesse como prefeito.
A cada oportunidade criava uma história diferente sempre denegrindo a imagem de qualquer um que ameaçasse seu plano.
Uma das narrativas tratava de que seu maior concorrente era um homem que promovia maus-tratos à sua família e que não deixava suas filhas saírem de casa para não se misturarem com a população e sua esposa vivia presa em casa como escrava.
Contratou supostas testemunhas e enredou alguns famosos prometendo vantagens aos que o ajudassem.
Escolheu essa narrativa aproveitando se de que seu concorrente era muito reservado e trabalhava muito no jornal que escrevia no porão de sua residência, as filhas apaixonadas pelo pai e pelo seu trabalho ajudavam dia e noite nas tarefas da casa e na tipografia; a esposa também muito atarefada com as obras de caridade que fazia em oculto, pouco tempo tinha para afazeres externos e que quando os fazia era rapidamente devido a sua postura discreta.
Assim, aproveitando-se das virtudes do concorrente, o enredador, hábil em seu vício, sabendo que pouco tempo teria o oponente para responder às acusações, obteve sucesso no intento de desmoralizá-lo, já que no fundo era infinitamente superior em competência para o cargo.
Carismático e sorrateiro, argumentava que se fosse mentira o que dizia, seu oponente já teria feito sua defesa, mas como fazia tudo em segundo plano e tendo a ingenuidade do oponente que não acreditara que a população fosse levar em conta certa aberração, já que não havia nada que pudesse embasar qualquer calúnia ou difamação.
Assim, no dia da eleição a narrativa correra tão intensamente em meio à população que o enredador obteve sua vitória.
Claro que o texto é uma ficção simples, mas se prestarmos atenção em cada linha temos muito a aprender com relação aos enredos que nos cercam.
Um exemplo disso, foi há cerca de 3 anos quando havia um movimento tido como patriótico onde várias bandeiras do Brasil decoravam as janelas das casas em todo o país, mas bastou um pequeno enredo para que as bandeiras sumissem das janelas, o que prova que o próprio sentimento na época era seu próprio enredo.
O que estou de sentimento verdadeiro ainda respira fundo e forte em algumas ações, pequenas ou não, que servirá em algum momento de respiração boca a boca nos que se sufocarem em enredos que existem e ainda virão.
Que Deus abençoe nossa jornada!
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Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 60 edição de Novembro de 2025 – ISSN 2764-3867





















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