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Zumbi dos Palmares

Herói ou Vilão?


Zumbi dos Palmares Herói ou Vilão?

O dia 20 de novembro é comemorado no Brasil como o Dia da Consciência Negra, uma homenagem a Zumbi dos Palmares. Zumbi é frequentemente celebrado como um herói da resistência contra a escravidão, líder do Quilombo dos Palmares, um refúgio de escravos fugidos que resistiu à colonização portuguesa por quase um século. No entanto, a figura de Zumbi é controversa. Alguns historiadores argumentam que, além de ser um líder de resistência, ele também cometeu atos violentos e cruéis, como a execução de prisioneiros e ataques a fazendas e povoados.

Enquanto Zumbi é lembrado, muitos verdadeiros heróis negros são frequentemente esquecidos pela história. Um exemplo notável é Maria Firmina dos Reis, uma escritora maranhense e romântica do século XIX. Nascida em 11 de março de 1822 e falecida em 11 de novembro de 1917, Maria Firmina não só publicou o primeiro romance escrito por uma mulher negra no Brasil, "Úrsula", como também foi uma professora, musicista e pioneira na educação inclusiva.

Maria Firmina dos Reis fundou a primeira escola mista do Brasil, uma instituição que acolhia crianças de diferentes origens, promovendo a inclusão e a igualdade. Sua obra "Úrsula" é precursora da temática abolicionista na literatura brasileira, tratando de questões relacionadas à escravidão e à luta pela liberdade com uma sensibilidade única. Este romance é considerado o primeiro no gênero a ser publicado por uma mulher negra em todos os países de língua portuguesa.

Visto como um exemplo de superação e contribuição cultural, Maria Firmina dos Reis deveria ser lembrada e celebrada por suas realizações e seu impacto duradouro na educação e na literatura.

Outro negro de destaque, mas esquecido pela esquerda brasileira foi André Rebouças. André Rebouças foi um engenheiro, inventor e abolicionista brasileiro, nascido em 13 de janeiro de 1838, em Cachoeira, Bahia. Ele é conhecido por ser um dos principais articuladores do movimento abolicionista no Brasil e um dos primeiros engenheiros negros a se formar pela Escola Militar. Alguns dos principais feitos de André Rebouças incluem:

  • Contribuições para a abolição da escravidão: Ele ajudou a fundar a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, ao lado de Joaquim Nabuco e outros abolicionistas.

  • Projetos de engenharia: Ele trabalhou em projetos importantes, como a construção de docas e a solução de problemas de abastecimento de água no Rio de Janeiro.

  • Participação na Guerra do Paraguai: Durante a guerra, ele desenvolveu um torpedo que foi utilizado com sucesso.

  • Exílio na Europa: Após a Proclamação da República em 1889, ele se exilou na Europa junto com a família imperial e passou os últimos anos de sua vida trabalhando pelo desenvolvimento de territórios africanos.

André Rebouças também deveria ser lembrado como uma figura importante na história do Brasil, tanto por suas contribuições técnicas quanto por seu compromisso com a causa abolicionista.

Mais um nome esquecido: Teodoro Fernandes Sampaio. Engenheiro, geógrafo, escritor e historiador brasileiro, nascido em 7 de janeiro de 1855 em Santo Amaro da Purificação, Bahia. Filho de Domingas da Paixão do Carmo, uma mulher negra escravizada, e possivelmente do padre Manuel Fernandes Sampaio, Teodoro teve uma infância marcada por desafios, mas também por uma forte dedicação à educação.

Ele estudou no Colégio São Salvador e depois ingressou no curso de Engenharia do Colégio Central no Rio de Janeiro, onde se formou em 1878. Durante seus estudos, Teodoro também lecionou e trabalhou como desenhista no Museu Nacional. Após se formar, ele retornou à sua cidade natal e libertou alguns de seus irmãos que ainda estavam escravizados.

Teodoro Sampaio teve uma carreira prolífica, participando de várias comissões importantes, como a Comissão Hidrológica nomeada pelo imperador Dom Pedro II e a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, onde realizou a primeira medição de base geodésica do Brasil. Ele também foi engenheiro-chefe da Companhia Cantareira e Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo.

Além de suas contribuições técnicas, Teodoro Sampaio também foi um escritor e historiador, publicando obras sobre o rio São Francisco e a Chapada Diamantina, além de estudos sobre povos indígenas como os Tupis e os Krahôs. Ele foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico de São Paulo e do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, e atuou na política, sendo deputado federal entre 1927 e 1929.

Teodoro Sampaio é mais um nome descartado pela esquerda brasileira, mas que deixou um legado significativo na engenharia, geografia e história do Brasil.

Como podemos notar, existem muitos nomes e figuras negras que tiveram grandes contribuições em nosso país. Mas infelizmente foram desconsiderados, pois não viveram alinhados com as narrativas que a política brasileira de esquerda gosta de exaltar. A celebração do Dia da Consciência Negra deveria ser uma ocasião para refletir sobre a verdadeira história e as contribuições dos negros na formação do Brasil. Infelizmente, às vezes parece que estamos mais inclinados a transformar esse dia em um desfile de assombrações zumbis, esquecendo o significado profundo da data e dos sacrifícios de tantos.

Por falar em zumbi, essa tendência de desvirtuar datas importantes não é uma atitude dos dias de hoje. Ao longo da história vivenciamos esse tipo de atitude inúmeras vezes. Coincidência ou não, recentemente passamos por uma onda de exaltação de uma data sombria. Confundir valores e mentes é um artifício bem antigo.

Estamos falando sobre a data do Halloween. Mas o que o Halloween tem a ver com a figura de Zumbi dos Palmares? Vejamos. Essa tática das trevas de recontar histórias e endeusar vilões não é exclusividade apenas do Dia da Consciência Negra no Brasil. A data do Halloween já foi uma festa adotada no calendário cristão. Isso mesmo. Essa tendência de desvirtuar datas importantes pode ser comparada ao que aconteceu com o Halloween.

O Halloween tem suas raízes em uma antiga celebração celta chamada Samhain, que marcava o fim da colheita e o início do inverno, uma época frequentemente associada à morte. Os celtas acreditavam que, na noite de 31 de outubro, o véu entre o mundo dos vivos e o mundo dos mortos era mais fino, permitindo que os espíritos retornassem à terra. Logo, tem origens pagãs.

Contudo, em um momento da história “se aproveitou essa comemoração” e tornou-se uma celebração religiosa conhecida como a véspera de Todos os Santos (All Hallows' Eve). As fantasias sombrias inicialmente foram adotadas como uma catequese em teatrinhos para lembrar aos fiéis a dicotomia Céu x Inferno.

Quando o cristianismo se espalhou pela Europa, a Igreja Católica tentou dar uma nova contextualização a essas celebrações pagãs, estabelecendo o dia de Todos os Santos em 1º de novembro para honrar todos os santos e mártires cristãos. A véspera dessa festa, 31 de outubro, passou a ser conhecida como All Hallows' Eve, que mais tarde se transformou em Halloween.

Passado muitos anos, o Halloween foi transformando-se em uma festa secular e comercial, cheia de fantasias e atividades que pouco têm a ver com seu propósito inicial de honrar os santos e lembrar os mortos. Os cinemas de Hollywood começaram a dar glamour ao lado sombrio da vida (realmente é de pasmar!!!).

Para os cristãos, a véspera de Todos os Santos deveria ser uma noite de reflexão e preparação espiritual, onde se honra a memória dos santos e se reza pelos entes queridos falecidos. Houve uma época que era celebrada uma missa de Halloween, com liturgia dedicada a essa data!!! No entanto, a comercialização e popularização do Halloween têm levado muitos a verem a festa moderna como algo que promove práticas incompatíveis com a fé cristã, como a invocação de espíritos e a glorificação do macabro.

Muitos cristãos argumentam que o envolvimento com elementos como fantasmas, demônios e bruxas pode abrir portas para influências espirituais negativas e afastar as pessoas dos verdadeiros ensinamentos de Cristo. Além disso, há a preocupação de que a celebração do Halloween possa banalizar a seriedade da vida após a morte e a importância do respeito pelos mortos.

Por isso, é muito importante sabermos escolher quem exaltamos como nossos heróis. Exaltar figuras desvirtuadas como Zumbi de Palmares nos abre inúmeras brechas no mundo espiritual. Aplaudir a barbárie e a crueldade é renegar tudo aquilo que Cristo nos ensinou durante sua estadia na Terra.

A fé cristã já é completa e conta com inúmeras festas. Não há necessidade de incluirmos mais celebrações em nossa rotina. Contamos com o Natal, celebração do nascimento de Jesus Cristo que é uma época de grande alegria e reflexão espiritual. Além das celebrações litúrgicas, muitas comunidades realizam atividades que envolvem caridade e ajuda ao próximo.

Em seguida temos a Páscoa, a maior festa do cristianismo, que comemora a ressurreição de Jesus Cristo. É um período de renovação espiritual e celebrações que incluem missas, vigílias e atividades comunitárias.

Essas festas, entre outras, mostram que o cristianismo oferece uma rica tapeçaria de celebrações e rituais que são profundamente significativos e espiritualmente enriquecedores, sem a necessidade de adotar festividades que se desviem dos ensinamentos e valores da fé. Não precisamos de uma festa que exalte figuras diabólicas. O dia de São Cosme e Damião que até pouco tempo era celebrado em escolas e distribuídas sacolinhas de doces tem total repúdio porque o “Estado é Laico”. Mas o Halloween pode? Contraditório, não?

Vivemos tempos de profunda reflexão e que nos chamam a viver em constante vigília para não caímos em armadilhas que parecem bobas, mas que não são nada inocentes. Devemos sempre buscar o discernimento na escolha de como celebrar e lembrar de datas significativas, garantindo que o foco permaneça nas práticas e significados espirituais autênticos e cristãos.

Em suma, o dia da Consciência Negra foi pensando com um propósito – talvez até bem intencionado – infelizmente virou arma na mão de pessoas mal intencionadas que, ao invés de enaltecer “os pobres e oprimidos”, escolhem enaltecer bandidos e pessoas demoníacas. Não se iluda, o Halloween não é somente dia 31 de outubro.


Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. III N.º 48 – ISSN 2764-3867





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