A trama da redução populacional
- Danielly Jesus
- 12 de fev.
- 7 min de leitura
Atualizado: 26 de fev.
Parte I

Uma vez por semana levo meu filho, que é autista, para fazer suas terapias. Como ele passa por três profissionais (psicóloga, fonoaudióloga e terapeuta ocupacional) no mesmo dia – e não assisto a rede Globo, que fica sintonizada na televisão da recepção – decidi levar um livro para estudar. E, à época, escolhi “A conspiração contra a vida”, de autoria de José Alfredo Elia Marcos, da Editora Estudos Nacionais.
Na perseverança da leitura apenas uma vez por semana (para não misturar com outros materiais que estou estudando em paralelo) avancei muito, para mais da metade da obra. Está sendo uma leitura onde posso “degustar” com calma cada vírgula e entender muito sobre como surgiu a ideia satânica de antinatalidade.
Não farei uma resenha desta obra aqui – e sim no meu canal do YouTube, em breve – mas tratarei sobre um assunto muito importante: a falácia de que, quanto menor a taxa de natalidade, melhor para o meio ambiente. Para quem pensa que esta lorota é nova, não faz ideia de que a mesma é disseminada há mais de trezentos anos.
Thomas Malthus, clérigo anglicano, economista, matemático e iluminista, é considerado o pai da demografia, por ser também o “pai” do controle populacional; ele dizia que a melhoria da humanidade seria impossível sem limites rígidos para a reprodução.
Malthus acreditava que a capacidade de crescimento populacional seria infinitamente maior que o poder da terra em produzir subsistência para o homem. Isso porque, em seus primeiros ensaios, ele apresentou um cálculo onde, hipoteticamente, as populações humanas crescem, quando não submetidas a obstáculos, duplicando-se a cada 25 anos. Afirmava que, enquanto os meios de subsistências crescem em progressão aritmética, a população cresce em progressão geométrica.
Para aplicar o controle populacional, Malthus defendia o que chamava de “controle natural”; além disso, classificou em dois tipos os métodos para redução populacional: preventivos – destinados a reduzir a natalidade; positivos – destinado a aumentar a mortalidade.
Sendo favorável a redução populacional, demonstrava falsamente algum tipo de valor cristão; ele defendia a abstinência sexual e condenava radicalmente a prostituição, embora reconhecesse que esta poderia reduzir o número de filhos. Também considerava o uso de métodos contraceptivos dentro do casamento; parece que Malthus vislumbrava o que ocorreria duzentos anos depois: que os métodos contraceptivos iriam contribuir para promover o vício e a promiscuidade.
Dentro dos métodos positivos, Malthus defendia a promoção de guerras, fome, epidemias e guerras.
“A fome não é apenas uma pressão sutil, mas pode ser a razão mais natural para as pessoas serem industriosas e trabalhadoras e fazerem os esforços mais intensos”
“…devemos incentivar as outras formas de destruição que nós próprios obrigamos a natureza a empregar (…) impediremos a cura de doenças.”
“Se a população for impedida de crescer mais do que lhe é conveniente, um dos principais estímulos à guerra ofensiva será suprimido.”
Como toda ideia – boa ou má –, o Malthusianismo sofreu upgrades ao longo dos anos; seus adeptos acrescentaram a defesa de métodos anticoncepcionais, secularização do casamento (que deixaria de ser um sacramento e se tornaria um mero contrato social, sem a obrigatoriedade da prole), a normatização do divórcio e até mesmo o fim da família tradicional, tudo com a desculpa esfarrapada de reduzir a população para não afetar o meio ambiente. Desde Malthus, a ideia é de reduzir o valor do ser humano e divinizar a natureza.
Este movimento ganhou força nos anos 60 com a revolução sexual, através da invenção da pílula anticoncepcional; isso desvincula o sexo da procriação e, ao mesmo tempo, da responsabilidade com o outro; pois, com o vínculo unicamente sexual, a pessoa é rebaixada ao status de objeto apenas. E é nesta fase que o sexo é politizado.
O movimento hippie foi um dos grandes causadores desta mazela; foi um comportamento coletivo de contracultura dos anos 60. O movimento, em sua essência, propõe uma crítica ao tradicionalismo e assim desenvolve um novo estilo de vida que repensa a relação das pessoas entre si e com o mundo, cunhando expressões como “Paz e Amor” e “Faça amor, não faça guerra”, promovendo o “amor livre” e sem distinções.
Este movimento foi um dos mais utilizados para promover o culto à natureza em nossos dias; misturando religiões orientais (hinduísmo, xintoísmo, budismo e outras) e celtas, seus membros praticavam e promoviam o vegetarianismo, rejeitando produtos industrializados, consumindo produtos artesanais, principalmente na alimentação a opção por produtos naturais e orgânicos, com a prática de agricultura de subsistência.
Talvez o leitor se pergunte: qual a relação entre redução populacional e culto à natureza? Explico: quando se retira Deus, o Criador, da equação, não há a quem obedecer, não há limites; logo, o ser humano, criação prima de Deus, criado à Sua imagem e semelhança, pode ser tranquilamente rebaixado a qualquer coisa. E é justamente isso que vem acontecendo há trezentos anos com a disseminação das ideias antinatalistas.
Mas, com a graça de Deus, quanto mais se estuda, mais claro fica que a história “quanto maior a população, menor o bem-estar de um país” não passa de uma falácia com o objetivo claro de controle populacional.
A lista de bons pesquisadores é imensa, necessitando de um ou mais exemplares inteiros de nossa Revista para tratar exclusivamente deles. Então, vamos tratar dos dois mais importantes: Julian Simon e Norman Borlaug.
Julian Simon foi professor de Economia da Universidade de Maryland (EUA) e colaborador do Cato Institute, em Washington. Em 1981, publicou a obra “The Last Resort”, desmontando a falácia malthiusiana.
Falácia 1: Ter menos filhos permite que você economize mais gastando menos
Associaram melhor qualidade de vida com luxos (viagens, bens caros, etc), quando não é nada disso. A realidade mostra que os pais que têm mais filhos, embora não tenham luxos, se esforçam mais para oferecer o melhor para sua prole. É provado que os filhos nos trazem base e responsabilidade e nos movem para buscar o melhor para nossa família.
Falácia 2: Populações maiores consomem mais recursos
Trecho extraído da obra de Simon:
“O crescimento populacional não atrapalha o desenvolvimento econômico, como defende a teoria malthusiana, mas eleva os padrões de vida ao longo prazo.”
Uma grande população traz mais oportunidades; isso explica a migração dentro do nosso país de pessoas saindo do Norte e Nordeste e indo para o Sudeste, pois é nesta região onde há mais recursos. “Coincidentemente”, é onde habita a maior parte da população brasileira.
Falácia 3: Com uma população maior, mais poluição e pior qualidade de vida
A história recente nos mostra exatamente o oposto; após a Segunda Guerra Mundial, a expectativa de vida aumentou, a agricultura modernizou-se (permitindo que a população possa comer mais e melhor) e o ser humano, em seu processo de criação e modernização, utiliza-se da sustentabilidade, pensando também no meio ambiente.
Para Simon, o ser humano é o maior patrimônio da terra, pois é este que cria, inova, reinventa, que se adapta.
“Os seres humanos não são apenas bocas adicionais para alimentar, são mais mentes produtivas e imaginativas, que ajudam a criar soluções para os problemas humanos, deixando-nos assim em melhor situação a longo prazo”.
Observe os eletrodomésticos criados nos últimos 60 anos e vejam como eles melhoraram e muito a qualidade de vida da população: ar-condicionado, computador pessoal, walkman (que evoluiu até o celular, que hoje possui quase mil e umas utilidades), máquina de lavar (que fez muito mais pelas mulheres do que o feminismo), micro-ondas, entre outros. Em resumo: quanto maior a população, maior o investimento tecnológico na melhoria e praticidade de vida.
Norman Borlaug é considerado o pai da agricultura moderna e é chamado de “o homem que salvou um bilhão de vidas”, por conta do seu trabalho cientifico realizado no México, onde projetou, multiplicou e desenvolveu variedades de cereais de alto rendimento, principalmente uma espécie de trigo resistente a doenças. Além disso, desenvolveu a tecnologia necessária para até triplicar essas safras.
De militante da causa malthusiana à defensor do agro e da população, ele disse na cerimônia de posse como doutor honoris causa na Universidade de Granada, na Itália:
“Agora eu afirmo que o mundo possui a tecnologia necessária para alimentar uma população de 10 bilhões de pessoas em um contexto de meio ambiente sustentável (...) A questão mais pertinente hoje é saber se os agricultores terão permissão para o uso dessa nova tecnologia.”
Este é o ponto central de todos os pesquisadores favoráveis à população: por unanimidade, eles afirmam que o problema é estritamente político. Ou seja, não há interesse dos governos de promover a melhoria da qualidade de vida. Para resolver “problemas”, promove-se aborto, permite-se as guerras (especialmente as civis que ocorrem até hoje no continente africano), vírus “escapam misteriosamente” dos laboratórios. Há um esforço conjunto em eliminar o ser humano.
E após anos e anos de lavagem cerebral para redução populacional, a conta chegou: segundo dados publicados pela agência consultora McKinsey, países como o Reino Unido, a Alemanha, o Japão e os Estados Unidos terão de duplicar o seu crescimento de produtividade nas próximas décadas para manter os padrões de vida que foram alcançados na década de noventa.
O relatório destaca que dois terços da população mundial vivem em países onde as taxas de natalidade por mulher estão abaixo da taxa de reposição de 2,1 filhos, o que é necessário para manter uma população estável. Esse problema é especialmente evidente em países da OCDE, como Japão, Itália e Grécia, bem como na China e em vários países da Europa Central e Oriental, onde as populações já estão diminuindo.
Além disso, o relatório calculou que, na Europa Ocidental, um declínio na proporção de pessoas em idade ativa poderia reduzir o PIB per capita em uma média de US$ 10.000 nos próximos 25 anos. Esse declínio afetaria diretamente os padrões de vida, que têm sido um pilar das economias desenvolvidas.
E não é que Julian Simon estava certo? Quem diria, né? (Contém ironia).
Não resta dúvida que o projeto de redução populacional visa apenas a eliminação do ser humano.
Para o leitor que desacredita disso, recomendo a leitura da continuação deste artigo na próxima edição, onde trataremos sobre relatórios de algumas conferências climáticas. O que alguns tratam como “teoria da conspiração”, aqui chamamos de realidade.
Artigo publicado na Revista Conhecimento & Cidadania Vol. IV N.º 50 edição de janeiro de 2025 – ISSN 2764-3867
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